Desejo Duplo escrita por MegumiChan


Capítulo 19
Inferno




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Pare de chorar

                Repeti isso diversas vezes em minha cabeça. Holy estava ao meu lado me abraçando, Edel segurava meu ombro, Dio e Rey ainda dormiam e Azin apenas me olhava bufando.

                - Por que está chorando por ele? Não foi você que queria que ele fosse embora? – ele disse num tom extremamente grosseiro que fez com que me sentisse pior. Ambas as meninas o encararam com desapontamento. – O que foi? – Holy se levantou e o levou, pelo braço, até um lugar separado.

                - Não ligue Lin. Foi o melhor para todos. – Edel tentou me reconfortar mas não me ajudou muito.

                - Eu sei mas... Está doendo tanto... – As lágrimas voltaram com mais força e Edel me aconchegou em seu ombro, como se fosse minha mãe...

                Mãe...

                A cena em que Cazeaje matava minha mãe retornou em minha mente, junto com ódio.

— Você tem razão. O Azin tem razão. Não posso ficar chorando enquanto existe um monstro a solta que pode acabar com tudo.

Holy PVO’s on

— O que pensa que está fazendo? – Perguntei ao Azin enquanto fechava a porta do quarto.

— Ué, apenas falei a verdade. – Ele respondeu com um sorrido malicioso que quase me fez bater nele.

— Você quer ajudá-la ou fazê-la se sentir pior?

— Está me dando sermão agora?

                Respirei fundo.

— Eu gosto de você Azin, mas Lin é minha amiga e não quero vê-la magoada.

— Entendo. Vou me desculpar depois. – Ele levantou uma das sobrancelhas e sorriu. – Me trouxe até aqui só para me dizer isso ou está esperando outra coisa? – Isso me fez corar, e MUITO.

— Q-QUAL É O SEU P-PROBLEMA?  - as palavras nem saíram direito. Isso o fez rir. – Mais uma coisa.

— O que foi?

— Se realmente gosta da Lin por que a está tratando desse jeito? – Ele se assustou com a pergunta.

— C-como?

— Não se faça de bobo. Desde que ela disse que Lupus iria embora você começou a tratá-la como qualquer uma. Começou a ser grosseiro e além de que me cantou agora a pouco.

— CLARO QUE NÃO! EU SÓ...

— Não me interrompa! – O cortei sem dó nem piedade. – Eu não sei o porquê, mas Lupus aparentava sempre gostar dela e como vocês dois tem essa briguinha boba entre vocês se aproveitou disso. Admita que só ficou com ela por causa do Lupus! – Ele ficou quieto. Abriu a boca para dizer alguma coisa, mas desistiu. Abaixei a cabeça em reprovação. – Nossa... Me apaixonei por um babaca.

— Holy... – Seu tom era de arrependimento, mas eu o ignorei.

— Não fale comigo. – Ele segurou minha mão.

— Não conte a ela. Por favor.

— Por que contaria? Diferente de você eu me importo com ela.

Holy PVO’s off

                De repente um barulho ecoa pela região, seguido de um terremoto que faz a cabana tremer. Acabo percebendo uma abertura na madeira que leva até aquele quarto misterioso.

— MAS QUE MERDA FOI ESSA? – Dio acorda num susto e acaba empurrando Rey que cai de cara no chão.

— O QUE ESTÁ FAZENDO IDIOTA? – Ela retribui levantando e lhe dando um soco.

— CASO NÃO PERCEBEU TEVE UMA PEQUENA EXPLOSÃO DO LADO DE FORA E A GENTE QUASE MORREU ESMAGADOS.

— FODA-SE! NÃO É MOTIVO PRA ME ACORDAR ASSIM!

—GENTEEEEEEEE! – Holy gritou interrompendo a briga – Olhem lá fora!

                Todos nos viramos para a janela e abrimos um enorme sorriso. Elesis, Mari, Lass, Zero... Todos apareciam um atrás do outro. Não pude conter um grito de alegria. Abracei Rey e comecei a pular, ela apenas ficou rindo.

— O que estamos esperando? –  Dio falou num tom animado até para ele.

                Saímos correndo pela porta, menos Edel que ia andando seriamente como sempre. Quando chegamos ao topo comecei a chorar de novo.

— Gente! – Lire foi a primeira a nos ver e veio correndo nos cumprimentar. Ela sempre com seu jeito fofo e doce segurou nossas mãos sorrindo. – Estou tão feliz que estejam bem!

— Liiiiireeee – Holy gritou pulando nela pra lhe dar um abraço, que foi retribuído com doçura.

                Todos começaram a se aproximar. Amy veio pulando nos receber, logo em seguida Jin que segurava sua mão. Ambos estavam muito animados e ficaram o tempo todo abraçados. Logo depois vieram o Ryan e o Ronan, o ruivo antes de nos cumprimentar tropeçou e caiu de cara no chão, Ronan o ajudou a levantar e ficamos rindo da situação, logo depois veio Elesis, juntamente com Sieghart e Mari. Elesis mal chegou e já começou a discutir com a Rey. Sighart beijou minha mão, assim como as de Holy e Edel, que foi apresentada a todos com a sua seriedade de sempre. Mari não expressou nenhum entusiasmo ou emoção primeiramente, mas sorriu quando lhe dei um abraço. Depois veio Zero, que estava completamente indiferente quanto a todos. Os últimos foram Arme e Lass. Arme foi extremamente fofa, mas quando olhei pro Lass, não pude conter um olhar de raiva. Ele me fez pensar em Lupus. Tive que segurar as lágrimas. Ele percebeu minha reação e perguntou:

— Você está bem Lin?

— S-sim... Só estou pensando.

— Se precisar de alguma coisa não hesite em falar, ok? – Tão gentiu, diferente do irmão dele.

— Obrigada Lass...

                Lass sorriu e logo em seguida olhou em volta.

— Não acredito que vou perguntar mas... Onde está Lupus?

                Todos olharam e começaram a me perguntar o mesmo. Pronto, comecei a chorar de novo. Depois que expliquei tudo a todos, eles ficaram perplexos.

— D-Demônio? – Arme tentou comentar mas estava muito surpresa.

— Como assim? – Amy estava sem entender nada.

— Sempre soube que ele não tinha nada de bom. – Sieghart comentou jogando os cabelos pro lado. O comentário me deixou triste e parece que Ronan percebeu.

— Siegh, de qualquer jeito ele era um de nós, não fale dos outros como se fosse melhor o que eles. – Ronan disse e logo depois sorriu pra mim. Não pude conter um sorriso de agradecimento.

— Ok ok senhor perfeitinho. – Siegh bufou. – Sério Elesis, como você aguenta esse ai? – Elesis ficou vermelha como seu cabelo e logo deu um soco em Sieghart.

— I-IDIOTA- Ela lhe dava chutes, Ronan a segurou pelos ombros e tentou acalmá-la, sempre sorrindo. Eu só conseguia rir da situação.

               Mas estava faltando uma pessoa...

— Onde está Lothos? – Perguntei e todos ficaram quietos.

— Lothos não sobreviveu ao feitiço de Cazeaje. – Mari disse ainda sem expressão.

                Um silêncio pairou no ar. Merda. Foi a única coisa que consegui pensar.

— Pelo menos vocês estão bem... – Respondi tristemente.

— Vamos esquecer disso por agora. – Elesis disse quebrando o gelo. – Por que nos chamou?

— Porque todos tem que estar juntos pra derrotarem Cazeaje. – Ernasis brotou do meu lado e todos tomaram um susto.

— MAS QUE PORRA É ESSA? – Jin estava praticamente agarrado em Amy.

Como é? – Ela fez uma cara assustadora que fez Jin ficar branco.

— Gente, essa aqui é a Ernasis, uma das deusas da profecia. Ela está nos ajudando.

— HAHAHAHAHAHA – Dio começou a rir. – CARA, VOCÊ INSULTOU UMA DEUSA! SE FUDEU!

— CALA A BOCA IDIOTA! – Jin respondeu ainda tremendo.

— E como faremos isso? – Arme perguntou diretamente para Ernasis.

— isso não posso dizer. – Ela disse e depois sumiu. Deixando todo mundo com cara de poker face.

— Sério? – Elesis comentou, parecia que ela ia matar alguém.

— Acho que vamos ter que descobrir sozinhos... – Ryan comentou meio aos risos.

— Jura? Você é um gênio! – Elesis estava já parecendo o capeta.

— Calma El... – Ronan a abraçou por trás e eu a vi corando.

— Que coisa fofa. – Sieghart comentou irônico. - Ei Mari, se até a Elesis cedeu você podia me dar uma chance né? – Mari apenas olhou pra ele sem dizer nada, logo saiu de perto dele. Jurei que vi uma lagriminha nos olhos dele.

                De volta a cabana, todos os casais estavam juntos. Um mais fofo e estranho que o outro. Lire fazia cafuné em Ryan, Amy e Jin estavam rindo e se abraçando, Elesis estava nervosa, pra variar, e Ronan sempre sorrindo. Sério, não sei como eles ficaram juntos. Arme e Lass estavam do lado de fora da cabana conversando, Dio e Rey... Não fazia ideia de onde eles estavam, mas não queria nem saber. Me senti meio deslocada. Azin estava estranho comigo. Quando ele passou por mim nem me olhou, me ignorou por completo, aquilo me deixou um pouco pra baixo, mas não muito, não entendo por que. Olhei pra Holy que também estava meio na bad e fui falar com ela.

— Tá tudo bem? – perguntei me sentando ao seu lado.

— Ah sim! Eu só estou cansada!

— Acho bom você dormir um pouco. – Sorri

— Você tem razão... Você também garota! Não queremos uma deusa acabada na hora da treta né?

                Rimos por um tempo até que ela seguiu meu conselho e foi se deitar. Olhei em volta para ver se alguém precisava de alguma coisa, mas todos pareciam bem ocupados. Zero estava num canto conversando com... Sua espada? Really? Que cara estranho. Foi quando notei que ela tinha um olho. OK EU JÁ NÃO TAVA ENTENDENDO NADA. Edel tinha saído, provavelmente para procurar pistas sobre seu irmão. E Azin estava meditando lá fora. Pensei em ir falar com ele, mas achei melhor não. Lupus me voltou à mente.

                O que eu estava fazendo? Eu tinha que esquecer isso. “Por que eu me importo tanto?” sussurrei pra mim mesma. Foi quando lembrei que o terremoto havia aberto um buraco na parede daquele quarto. Levantei e fui até lá com cuidado para que ninguém me visse. O buraco era pequeno, mas eu sentia que devia entrar de qualquer forma. Abaixei e comecei a entrar no quarto. Estava escuro, não conseguia ver nada, apenas um facho de luz que vinha de traz de algo que parecia uma cortinha. Estava com dificuldade pra passar, o que fez com que uns pedaços de madeira me arranhassem e cortassem minha pele. Mesmo assim não desisti.

                Já inteira dentro do quarto, comecei a tossir por causa da quantidade de pó. O facho de luz iluminava apenas uma pequena parte da porta, que eu vi que estava lacrada com tábuas. “por que será que Lupus trancou este lugar?” me perguntei em voz alta. Comecei a ir até a janela para abrir a cortina, mas acabei ouvindo um barulho abaixo de meus pés. Papel. Muito papel. Folhas jogadas por todo o quarto. Fui cuidadosamente andando até a janela tentando não estragar nada. “Por que tem tanto papel aqui?” mais uma vez me perguntei. Finalmente cheguei na janela. Peguei na cortina e a puxei. Veio uma montanha de pó na minha cara e fiquei tossindo por um tempão. Depois de me recuperar, virei para ver o que aquele lugar escondia. O que eram todas aquelas folhas.

                Meu coração parou.

                Eram desenhos.

               

Desenhos de mim.


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