– Diggory Júnior está no bar, - a voz de Dorcas foi ouvida pelo auricular. – Ele não me reconheceu.

– Certo – afirmou Lene. – Lily, estás bem?

– Define bem, - pedi, nervosa. Sem dúvida, eu não estava bem.

Senti as minhas mãos tremerem contra o tecido preto que me envolvia. Eu usava um biquíni curto, preto, e por cima uma camisola de lã larga. Tinha uns óculos colocados e uns chinelos nos pés. Simples mas sexy.

A ideia era ser a distração. A isca! Eu tinha de chamar as atenções, mas saber que Amus estava a menos de 30 metros de mim não ajudava.

– Vamos lá, ruiva – incentivou Lene ao auricular. – Preciso que entres agora. Caminha até metade da piscina, para termos a certeza de que todos te notaram. Ok?

Suspirei.

– Certo, – confirmei.

Estava tudo pronto. Dorcas andava por ai a servir bebidas às pessoas, Remus estava no bar com a pen pronta. Lene estava na carrinha juntamente com Sirius, eles eram os olhos da missão. James estava no bar, se eu precisasse de alguma ajuda ele estaria ali. Só faltava eu entrar em cena.

Tudo o que eu tinha de fazer era andar a mostrar o meu corpo. Chamar as atenções de todos, incluindo do idiota do Diggory para que Remus conseguisse colocar a pen.

Mas eu estava com medo. Eu admito! Eu, Lilian Evans, estava com medo. Não da missão, mas de mim! Do que eu iria sentir quando o visse. A ele, Amus Diggory! Eu não podia voltar a ser aquela menina de antes.

– Lily? – A voz de James interrompeu-me os pensamentos. – Lily?

– Sim?

– Estás bem? – Ouvi a preocupação na sua voz.

– Não, - admiti. – Não, não estou!

Ouvi-o suspirar.

– Sabes o que mais me chamou a atenção em ti, na discoteca? – Questionou ele. – Quer dizer, para além das tuas pernas, - brincou. Não respondi, mas James não esperou pela minha resposta. – A tua confiança! Tu vieste direita a mim com aquele sorriso na cara e cheia de confiança em ti mesma, como se soubesses que eu não iria conseguir resistir. Bem, tinhas razão nesse aspeto – afirmou.

– C-Com..?

– Achaste mesmo que eu não te tinha visto? – Ouvi-o rir-se. – Vamos ser sinceros, ruiva, tu chamas a atenção assim que entras pela porta. Eu vi-te assim que entraste – admitiu. – Mas a questão não é essa! O ponto aqui é que eu sei que tu consegues – disse. – Eu sei que assim que entrares em cena, todos os olhos estarão em ti. E, mais importante, todos te desejarão, incluindo o Diggory – afirmou.

– Mas, James…

– Sem, mas, Lily – cortou. – Acredita em mim quando te digo que ele vai arrepender-se muito do que fez assim que te vir – indicou. – Porque não há maneira nenhuma de ele não gostar do que irá ver agora!

Sorri.

James tinha razão. Ele iria gostar! Ele tinha de gostar! Eu não sou aquela menina! Eu sou uma mulher… uma mulher com uma missão!

– Obrigada, James, - agradeci, chamando-o pela primeira vez pelo nome.

– De nada, ruiva – disse. – Mas vamos mudar o plano sim?

– O que queres dizer? – Perguntei confusa.

– Vamos mostrar ao Diggory exatamente o que ele perdeu! – James parecia decidido. O seu tom de voz mostrava isso, misturado com um tom maroto.

POV DORCAS

– Ela esta demorada, - disse quando cheguei ao balcão. Remus sorriu-me.

– Eu sei – admitiu. – O James está a falar com ela, - apontou com a cabeça para onde o moreno estava. Olhei nessa direção.

Remus tinha razão - James estava a falar com ela. Mesmo aquela distância, eu conseguia ver os seus lábios mexerem, a alguns centímetros do copo de cerveja que ele tinha pedido para disfarçar. Havia um pequeno sorriso no canto da sua boca e um brilho nos seus olhos que só aparecia quando Lily estava envolvida.

– Aqueles dois, - suspirei e sorri.

– Seja o que for, é melhor que a Lily se despache – afirmou Remus. – O Diggory não deve ficar muito mais tempo por aqui. Está quase a acabar a bebida!

Trocamos um olhar preocupado.

– Como te estas a aguentar aqui? – Perguntei, tentando mudar de assunto, apontando para o bar em geral.

– Bem, como bartender não é nada de especial – afirmou. – Mas eu gosto de participar na missão… dá-me uma sensação e importância! Estou a ajudar nalguma coisa, - sorriu.

– Sei o que queres dizer – concordei.- É emocionante, não é?

– Sim, é – afirmou e sorriu. – Mas, o que vai ser agora? – Questionou referindo-se ao nosso disfarce.

Sorri.

– Vou querer um gin tónico e uma coca-cola com limão, por favor – enumerei o pedido.

Remus começou a preparar as bebidas enquanto eu o observava. A farda do bar era simples, calças creme e uma tshirt azul clara, mas assentava-lhe lindamente. Quem eu quero enganar? Remus Lupin era lindo! Com aquele ar de responsável e o sorriso doce nos lábios.

– Aqui está – disse ele entregando-me as bebidas e interrompendo os meus pensamentos.

– Obrigada – sorri e virei-me.

– Ah, Dorcas, - chamou-me. Olhei-o. – Eu não sei se já te disse, mas tu estás linda. Como sempre, - elogiou com o sorriso que eu adoro nos lábios e as bochechas coradas.

– Obrigada – agradeci, sabendo que eu provavelmente estaria tão vermelha como ele.

POV LENE
– A sério que vocês notaram a Lily assim que entrou na discoteca? – Confrontei Sirius, sentado ao meu lado, depois de ouvir James dizer isso.

– Nós não, o James, – confirmou. – Ele comentou algo sobre ela quando a viu a entrar. – Sirius olhou-me e sorriu malicioso. – Mas, podes apostar que se fosses tu, naquela noite, eu teria notado a milhas, - disse, aproximando-se de mim. – Principalmente, nesses calções! - Colocou a mão na minha perna, logo abaixo da linha dos meus calções vermelhos.

– É bom que tires essa mão da minha perna! – Ameacei.

– Porquê? – Perguntou ele, aproximando-se ainda mais. Sirius estava a poucos centímetros de mim.

Porquê?! Essa era uma ótima pergunta. Porquê?

Porque u não estava a gostar? Mentira, estava sim! Porque não queria? Outra mentira, eu queria… e muito! Mas não podia… para além de Sirius ser parte de uma missão, ele ainda me afetava de maneira que mais ninguém o tinha feito.

Talvez pelo ar badboy, ou pelo sorriso maroto que sempre estava nos seus lábios. Ou o olhar malicioso que eu recebi dele sempre que aparecia. Ou a maneira como ele andava, ou falava, ou se sentava, ou…

– Sem resposta? – Insistiu ele, aproximando os lábios dos meus. Dois centímetros de ar, era tudo o que nos separavam…

– Porque…porque…- e agora? – Porque eu não quero! – Empurrei-o de volta ao seu lugar.

Sirius bufou, irritado e cruzou os braços, olhando para o ecrã.

Era melhor assim… cada um no seu lugar!