Capítulo 3


POV´S Clara

Já havia se passado um mês desde que Marina viajou. Parecia uma eternidade. Passei minhas férias dentro de casa, trancada no meu quarto e percebi que era mais dependente dela do que imaginava. Nada parecia ter graça sem a presença dela. Marina era sempre muito empolgada e sempre fazia várias programações para as férias. Estava difícil sem ela, muito difícil.

Tentei falar com a Marina algumas vezes, mandei e-mails, sms, liguei, e todas as vezes fui ignorada. Aquilo estava doendo, doendo muito! Principalmente porquê aparentemente ela estava muito bem e muito feliz. O tio Diogo sempre contava sobre tudo que ela estava fazendo por la, nos mostrava fotos e ressaltava o quanto a filha estava feliz.
Imaginar que Marina conseguia estar feliz na minha ausência não me agradava em nada.

**

Amanhã acabam as férias,e eu nunca pensei que ficaria tão feliz por isso. Pelo menos iria sair de casa e, quem sabe, fazer novas amizades. Pelo menos alguém poderia aparecer pra tentar suprimir meio por cento da falta que Marina me faz.

POV´S Marina

Há um mês estou em Londres, aqui é incrível. Conheci pessoas maravilhosas, não podia ser mais perfeito.Sim. Poderia.Mas, prefiro não pensar nisso.
Clara me ligou algumas vezes, mandou e-mails e sms, ignorei todos. Decedi ter uma nova vida sem ela e faria isso. Essa viagem era minha chance de esquece-la e esquecer tudo que ela me disse. Não estava sendo fàcil,mas eu estava disposta a tentar

POV´S Clara

–Bom dia! – disse assim que entrei na cozinha e me deparei com minha família-.

–Bom dia! – disse Leninha aparentemente animada. Felipe parecia estar numa ressaca constante, então não sabia dizer o que aquela expressão dele realmente dizia-.

–Minha filha, senta aqui e toma seu café tranquila, não sei o que te deu, mas você acordou mais cedo que o normal hoje. Estou até surpresa que decidiu ir a aula hoje, já que você nunca gostou de ir a aula no primeiro e útltimo dia.

–Só que hoje deu vontade- disse de forma rude, o que fez todos olharem em minha direção e pronunciarem um quase inaúdivel “nossa”-. Vamos, logo? – chamei por Leninha e Felipe que se levantaram e juntos seguimos para o colégio-.

POV´S Marina

–Sabia que te conhecer foi uma das melhores coisas que me aconteceu nessa viagem, ate agora? – disse acariciando o rosto da Vanessa, a ruiva que havia me encantado em poucos dias desde que me aventurei por Londres-.

– É tão bom ouvir isso, Marina. Sabe, acho que me apaixonei desde a primeira vez que te vi, mas eu tinha tanto medo que você não me correspondesse. Você chegou aqui com um olhar tão vazio e triste.

–Mas você sabe que agora as coisas são diferentes. Eu não estava num bom momento quando cheguei aqui e você sabe o motivo, mas eu não quero falar sobre isso agora.

–Eu sei. E estou muito feliz por você ter me deixado ficar do seu lado. Tentar de alguma forma te fazer sentir bem.

–Eu nunca saberei agradecer tudo que você faz por mim- selei os lábios daquela que agora era oficialmente minha namorada.

Vanessa foi a primeira pessoa que conheci quando cheguei em Londres. Foi sempre tão carinhosa e atenciosa comigo.Nossa relação fluiu naturalmente e apesar de não sentir por ela todo amor que ela merece, quero faze-la muito feliz, assim como ela me faz, todos os dias.

–Vem, vamos da uma volta. Quem sabe não entramos em um pub e você não encontra coisas legais pra fotografar?- sempre gostei de fotografia, mas agora fazendo um curso especializado, sinto que encontrei minha verdadeira vocação, ser uma grande fotografa tinha se tornado meu sonho.-.

–Vamos. Mas, antes, deixa eu registrar esse nosso momento –disse tirando uma foto nossa pelo meu celular e postando logo em seguida em uma rede social-.

POV´S Clara

As aulas nunca duraram tanto tempo ou foram tão tediosas.Passava boa parte do tempo mexendo no celular. Até que algo me chamou atenção, Marina havia postado uma foto na qual parecia muito feliz na companhia de uma ruiva de pele pálida. Aquilo me causou um arrepio, um misto de dor no estômago e tontura. Quem era aquela que havia conseguido arrancar um sorriso tão lindo dos lábios da Marina?

Havia apenas cinco minutos que ela havia postado a foto, o que significava que provavelmente estaria com o celular por perto. Resolvi arriscar mais uma vez mandando um sms, me limitei ao mais sincero “ Saudades” que poderia dizer a alguém. Mas, assim como em todas as outras vezes que me arrisquei a tentar fazer algum contato com Marina, ela me ignorou.

Durante muito tempo foi assim, eu mandava mensagens, e-mails, comentava as fotos de Marina e ela, simplesmente, me ignorava. Aquilo começou a doer muito mais quando as fotos dela ao lado da ruiva começaram a aparecer constantemente.

–Clara? Clara?

–Ah, oi Babi – disse tirando a atenção do celular e me concentrando na minha colega de classe-.

–Ta tudo bem?-ela disse enquanto se sentava na cadeira a minha frente- Você parece, distante, sei la?

–Tudo bem, sim. Só com um pouco de sono. Bom, agora que a aula acabou, vou indo – ia me levantando e arrumando minhas coisas, numa presa enorme e Babi me olhava assustada-.

–Calma, Clara, desse jeito você vai sair derrubando tudo – ela me ajudava com algumas coisas-. Eu e o pessoal vamos no clube, comemorar, a volta as aulas, se é que se comemora isso- ela falava rindo, enquanto me ajudava a arrumar minha coisas-. Sabe, tem aquele garoto novo, e todas querem conhece-lo, vamos?

–Ai Babi, hoje eu não estou no clima, mesmo. Quem sabe numa próxima? – disse me retirei da sala, sò queria ir para casa-.

Aquela foto de Marina me deixou completamente perturbada, eu me olhava no espelho e não me reconhecia. Eu queria falar com ela, mas nem sabia o que realmente queria dizer. Não sei o que esta havendo comigo, basta pensar nela e sinto um arrepio percorrer toda minha espinha, meu estômago parece dar voltas e num dia desses, me esqueci de respirar enquanto via uma foto dela.
Insiste inúmeras vezes no celular e ela não me atendia. Pensei em ir falar com o tio Diogo, pedir pra ele ligar e me deixar falar com ela, mas desisti. Eu preciso entender o que esta havendo comigo, preciso entender o que mudou dentro de mim depois daquele beijo, a declaração e esse afastamento.
Na verdade, eu sò preciso dela, pra tudo voltar a fazer sentido.