—Ainda teve aquela vez em que o Percy foi ao lago e voltou cheio de algas na cabeça — Thalia disse — Foi muito, muito engraçado.

Todos rimos. Estávamos eu, Thalia, Luke, Jason, Percy e Silena, que nesse dia decidiu sair de casa, de frente ao portão da escola jogando conversa fora.

—Thalia, — disse Percy mais vermelho que um tomate — eu disse pra você não contar isso ninguém. Nunca.

—Ah, fica calmo cabeça de alga — eu disse, o que só gerou mais umas rodadas de risadas.

—Eu não vejo graça nenhuma... — disse Percy.

—Que tal sairmos pra comer alguma coisa mais tarde? — interrompeu Thalia — Agente pode sei lá, comer no Bob’s.

Eu e Percy nos entreolhamos.

—Não! — dissemos juntos e logo em seguida caímos na gargalhada.

Thalia, Silena, Luke e Jason se entreolharam confusos. O que só fez nós dois rimos mais.

—Seria de mais se perguntássemos do que vocês dois estão rindo? — Questionou Luke.

Eu e Percy levamos alguns minutos para nos recompor e entre algumas risadas contamos a história do que aconteceu no Bob’s pra eles. O que só gerou mais e mais risadas.

—Annie... — disse Thalia entre suas gargalhadas — Eu não acredito que você começou uma guerra de sorvete.

Ao olhar ao redor reparei que nem todos estavam rindo. Luke estava me olhando com reprovação.

Notando meu olhar ele disse:

—De certinha para baderneira Annie? — não havia nenhum humor em sua voz.

Os outros também pareceram notar e pararam de rir na hora.

—Luke, eu acho que você não entendeu — disse Thalia — Foi só uma brincadeira, e eles pagaram todo o prejuízo.

—Não, eu entendi muito bem Thalia — ele desviou seu olhar de Thalia para olhar Percy — Impressionante o modo que você pode influenciar as garotas a fazer coisas erradas.

—Ei, — eu disse — Ninguém me influenciou a nada, como a Thalia disse foi eu que comecei a guerra. E outra coisa. Eu nunca fui nem vou ser certinha Luke.

—Deu pra defender ele agora Annabeth? — Luke perguntou com mágoa na voz.

—Não Luke, eu estou dizendo a você a verdade. Ninguém me influenciou a nada, eu não sou influenciável. Pensei que você, você entre todos sabia disso.

Ele não disse nada apenas se virou e começou a se afastar, eu estava quase o seguindo quando sinto alguém segurar meu braço.

—Ele precisa ficar um pouco sozinho — disse Thalia.

—Mas...

—O deixe pensar um pouco nas coisas que ele disse. — ela disse — Tenho certeza de que depois de fazer uma longa reflexão ele vai perceber as coisas erradas que disse e vai se desculpar com vocês. Mas não agora. Ele está de cabeça quente é melhor deixa-la esfriar um pouco você não acha?

Com isso ela soltou meus pulsos.

—Você está certa — eu disse — não vai ajudar em nada eu ir atrás dele agora.

—Eu acho que aonde vamos não tem área filha — meu pai disse notando que eu não largava o telefone — Desculpa, mas vai ser dois dias sem telefone.

Com um longo suspiro guardei meu celular no bolso. Já era sexta-feira. Eu estava no carro com meu pai, estávamos indo passar o fim de semana em uma casa de praia que meu pai tinha alugado pra esse fim de semana. Eu já havia pegado meu celular pra ver se havia alguma mensagem ou ligação perdida umas cem vezes desde que entramos no carro. Ao contrário do que Thalia disse Luke não se arrependeu do que disse, e agora resolveu me ignorar. Eu nunca o vejo na escola, mesmo sabendo por Thalia que ele tem ido às aulas. Ele não retorna minhas ligações e não responde minhas mensagens. Eu liguei pra ele e deixei tanta mensagem de voz que a sua caixa de mensagens ficou cheia e não deu pra eu deixar mais.

—Eu só queria que ele me escutasse — eu disse — não entendo porque ele está fazendo isso.

Meu pai me olhou pelos contos dos olhos e logo em seguida voltou sua atenção pra estrada à nossa frente. Eu havia contado tudo o que aconteceu a ele. Eu sempre converso com o meu pai quando preciso de conselhos. É sempre bom saber que você tem alguém que viveu muito mais que você para lhe ajudar com as confusões da vida.

—Annie, você realmente não sabe por que ele está assim?

—Mas é claro que não, — eu disse elevando um pouco a voz — ele está agindo muito estranho de uns dias pra cá.

Meu pai suspirou.

—Eu acho que já te disse isso, mas vou dizer de novo. Eu acho que esse garoto gosta de você Annie.

—Eu tenho certeza de que eu já disse isso pai, mas eu não me importo de dizer novamente. Eu e Luke somos só amigos. É só isso que eu sinto por ele. Amizade.

—Mas é isso que ele sente por você? — ele disse num tom super calmo.

—É claro — eu disse um pouco rápido de mais.

Eu estava certa né? Luke é só meu amigo. Ele sempre foi só meu amigo. Ele nunca demonstrou querer mais que isso. Ou se demonstrou, não percebi.

Passei o resto da viagem fingindo está dormindo, mas na verdade minha cabeça estava em Luke, como ele sempre foi gentil comigo, como ele estava sempre do meu lado quando eu precisava, como ele me fazia rir mesmo quando tudo o que eu queria era chorar. Todo esse pensamento levou minha mente a Percy. Eu o conheço a menos de uma semana e ele, salvou minha vida e fizemos uma guerra de sorvete. O eu mal conheço e ele já estava presente em dois dias que marcaram minha vida, o primeiro, o dia mais assustador de toda a minha vida, e o segundo o dia mais engraçado de toda a minha vida até agora. Fora a parte que ele parecia estar sempre querendo me ajudar. E parece nunca se estressar com os foras que eu dou nele.

Eu quase ri com esse pensamento, mas lembrei-me que estava fingindo dormir.