Aquilo não podia estar acontecendo, tinha que ser mentira, não fazia nenhum sentido. Porque ele mataria meus pais? Porque ele se declararia sem que ao menos eu o conhecesse.

Lágrimas escorriam incessantemente pelo meu rosto, seu gosto salgado e frio enchia minha boca...

10 minutos antes.

Corri o mais rápido que pude, entrei, comi uma maçã, tomei um banho bem relaxante e coloquei uma roupa fofa, mas não muito “florzinha”.

Ao chegar perto de Lucas pude sentir o ar pesado e ver sua expressão séria na escuridão.

–espero que me perdoe quando te contar o que queria falar para você.

―pode falar! -disse entusiasmada esperando boas notícias, mas me controlando porque nunca tinha visto ele tão sério e não me parecia coisa boa.

― Clara eu sei sobre o acidente de seus pais e... E eu -ele abaixou os olhos e suspirou, depois procurou meus olhos- fui eu que causei o acidente, eu que fui o responsável por tudo.

―o que? Do que você está falando?

― eu sei o que você viu dentro do caminhão. Eles eram caçadores, eu estava correndo e eles me pegaram de surpresa ai eu surtei e matei eles dai caminhão perdeu o controle e. - ele falava tão rápido que as informações que eu mal conseguia entender.

― Chega...

― Clara tenta entender eu perdi o controle e...

― E o que? Você realmente achou que eu ia levar essa de eu matei seus pais de boa e ficaríamos felizes para sempre como se nada tivesse acontecido?

― Eu te amo, desde a primeira vez que te vi, nunca quis fazer mal a ninguém, mas perdi o controle, tudo o que eu quero é que você entenda. - seus olhos estavam marejados e sua respiração desesperada assim como o som de sua voz.

Aquilo não podia estar acontecendo, tinha que ser mentira, não fazia nenhum sentido. Porque ele mataria meus pais? Porque ele se declararia sem que ao menos eu o conhecesse.

Lágrimas escorriam incessantemente pelo meu rosto, seu gosto salgado e frio enchia minha boca. Meus joelhos cederam e eu cai indo de encontro com o chão, eu soava frio e tremia.

― Clara- senti sua mão encostando-se a meu ombro.

― Não.

― O que?

― Me deixa.

― Não eu não vou te deixar aqui.

Senti meu sangue ferver, minha cabeça latejar. Uma raiva tomou conta de mim, como eu pude ser tão idiota de ficar com o cara que assassinou minha família.

A cada segundo a mais que eu sentia seu olhar em mim mais a raiva aumentava e o desejo de sangue também, mas não sangue de qualquer coisa, e sim o dele, ele ia se arrepender por isso, ia sentir o mesmo que eu senti quando perdi meus pais e não tive mais noticias de meu irmão.

Levantei-me e comecei a andar, não olhava para nenhum lugar, simplesmente andava focada no meu objetivo.

Um tempo depois cheguei ao lago, eu me agachei e olhei meu reflexo, os olhos que vi não eram mais de uma adolescente ingênua e sim duas grandes esferas azuis e frias. Tinha tomado minha decisão, eu não ia rebaixar meu nível e assassinar alguém eu iria apenas fazer quem ele mais amava sofrer assim como eu sofri e até pior; lembro-me da história dos Guardiões que me contaram, e se fosse verdade que eu era mais que um simples lobisomem então eu usaria meus supostos poderes para fazer minha tarefa, eu nem ao menos sujaria minhas mãos, eles fariam tudo por mim.

Agora tudo o que tinha que fazer era aprender mais sobre meu novo eu e dispensar aquele ser irritante e ingênuo que ficava me seguindo e perguntando se eu o ia perdoar.

― a resposta é não- disse grossa e direta.

― Não o que?

― Eu não vou te perdoar.

― Mas...

― Sem choramingo ou coisas do tipo, vou fingir que você nem existe e você volta para sua vidinha antes de eu chegar aqui.

― Não quero te esquecer.

― Pois esqueça.

Voltei-me para ele e penetrei meu novo olhar gélido em seus olhos e disse do jeito mais ameaçador que consegui, já que eu nunca fui muita de ameaças, mas agora eu não ia ser boba, se eu quiser ser a melhor e conquistar meu objetivo de aprender tudo o que puder para me livrar daquele espécime desprezível eu seria a melhor.

― e só se lembre de uma coisa, você não vai sair ileso dessa. Bom. Muito menos quem esta ao seu redor e saiba que tudo o que virá a acontecer é culpa somente sua- dei um sorriso falso e vitorioso até o momento e voltei para meu dormitório.

P.O.V Lucas

Vou ser sincero, eu fiquei muito assustado com aqueles olhos, não era mais ela, toda a vida deles tinha se exaurido junto com sua doce personalidade.

Não sabia se ela voltaria ao normal, só sei que fiquei muito magoado, eu realmente achei que estaria fazendo a coisa certa contando para ela o que eu fiz. E adivinha! Foi a maior burrada da minha vida.

Será que ela realmente se arrependeu do beijo? Por quanto tempo ela iria me odiar? Será que ela voltaria a ser a mesma?

Eram as perguntas que circulavam em minha mente enquanto eu ia voltando para meu dormitório.

Resolvi tomar outro banho. Entrei de roupa e tudo, abri o chuveiro e deixei a água gelada me fazer estremecer de frio. Joguei a cabeça para traz para sentir a frieza tocar meu rosto e foi ai que minha ficha realmente caiu.

Ela era com absoluta certeza uma Guardiã, e a julgar seus olhos ela com certeza não era a boazinha.

Tinha que contar para Hayley, ela com certeza ajudaria e talvez se ela realmente quisesse fazer os que estavam ao meu redor sofrer a faríamos parar do modo que fosse necessário.

Não queria machucá-la de novo, mas tinha esperança de que isso poderia mudar. Mas quando contei para ela e fiz com que seus sentimentos explodissem me senti vitorioso ao vê-la sofrer, mas era como se eu estivesse lutando comigo mesmo, como se algo tentasse me dominar e me fazer matar Clara.