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P.O. V Clara

Depois de deixar aquele ridículo do Lucas se lamentando resolvi dar uma caminhada para ver se tinha alguma inspiração para meus próximos passos.

Fui para a floresta do lado Norte, próxima ao refeitório.

Quando cheguei lá tirei os sapatos e deixei minhas coisas de lado. Logo depois comecei a caminhar, eu fechei os olhos deixando meus instintos me levarem para qualquer lugar. Eu sentia a grama macia sobre meus pés, a terra úmida e fria por causa do orvalho que também refrescava minha pele; pedras de todos os tamanhos massageavam meus pés enquanto dava passadas lentas e calmas deixando a floresta me guiar.

Os sons ao redor eram poucos, um besouro aqui e outro ali, nada de especial. Com toda aquela calmaria podia sentir a presença dos animais que dormiam tranquilos e que logo despertariam junto com o nascer do sol.

Em um ponto da floresta comecei a ouvir um zumbido que oscilava entre grave e agudo. Abri meus olhos e me deparei com uma figura embaçada de um lobo cinzento. A figura tinha um brilho espectral e seus olhos eram negros e penetrantes.

Minutos se passaram não nos movemos, até que a figura dava a impressão de caminhar em minha direção, a cada passo o tempo parecia dar uma parada, os pelos balançavam como se aquilo fosse um lobo real, o que não podia ser bom pelo menos não parecia.

Conforme foi se aproximando seu tamanho foi aumentando, seu rabo havia sumido, sua coluna começou a se alongar e se tornar vertical e ereta, os pelos foram diminuindo até que sumissem por completo, as patas adquiriram aparecia de mãos e pés, a cabeça começou a ter um aspecto masculino. No final era apenas um espectro de um homem de jaqueta e jeans surrado a milímetros de meu corpo.

Ele aproximou seu rosto e sussurrou em minha orelha “Me siga”. Sua voz era grave e tentadora, incrivelmente atraente.

E eu o segui como se fosse a coisa mais normal do mundo. Seu caminhar era lento e gracioso, sua fisionomia era bela e seu corpo bem esculpido.

Em nenhum momento tirei os olhos dele, e em um momento ele olhou discretamente para trás e ao ver que eu o admirava deu um sorriso e continuou a andar, e eu simplesmente corei e sorri discretamente.

Depois de uns vinte minutos de caminhada paramos na encosta do vale que dava para uma espécie de penhasco, que acabava com as ondas do mar se chocando com a base e trazendo uma brisa fresca e proporcionando um som relaxante.

Observei ele se sentar no chão. Depois de alguns segundos ele me olhou e fez um gesto para que eu me juntasse a ele. E foi o que eu fiz.

Sentei-me e esperei que ele dissesse alguma coisa, mas como ele não o fez resolvi ser a primeira a falar.

– então... posso saber que é você?

– Bom, essa não é a prioridade aqui.

– E qual seria a prioridade.

– Ajudar você a descobrir seu Campo.

– Campo?

Ele deu uma riso abafado e olhou para o horizonte – Campo se refere ao lúcido e o não lúcido.

– E o que isso significa?

– É o mesmo que bem e mal. Quem é bom é lúcido, sabe o que faz e tem consciência disso e não deixa a raiva domina-lo por todo. Já quem é mal é tomado pelos atos cegos e sentimentos que tentam se sobrepor aos outros.

– Hmm... isso tem à ver com aquela historia de Guardiã não tem?!

Ele acentiu.

– E como vai me ajudar a descobrir algo se não sei quem ou o que você é?Como posso confiar em você para seja lá o que for?

Ele deu um sorriso – Já que insiste tanto. Chamo-me Delyrious Taylor, mas pode me chamar de Delly ou Tay.

– vou te chamar de Delly, Tay me lembra a Taylor Swift – disse rindo, e ele fez o mesmo.

– Como achar o campo exige trabalho e tempo, agente podia conversar sobre suas supostas “próximas atitudes”.

Suspirei e o encarei – Você já sabe disso?

– Sim.

Uma pausa.

– Olha eu realmente quero que você desista disso e foque no que tem à aprender pela frente.

– Vou tentar.

[...]

Passei parte da noite conversando com Delly e depois voltei para o dormitório.

O caminho foi tranquilo e silencioso.

Quando cheguei todas já estavam dormindo e nosso novo amiguinho veio me cumprimentar.

Fui ao meu quarto até onde ele me seguiu.

Ao entrar ele pulou na cama e ficou abanando o rabinho como se me convidasse para deitar.

Ri e mandei ele esperar um pouco enquanto eu tomava uma ducha. O mesmo virou de barriga para cima e resmungou.

Tomei um banho rápido coloquei um pijama, segui para a cama e me ajeitei junto com nosso amiguinho que a propósito precisava de um nome.

“ Max.. seu nome vai ser Max”

Pensei sabendo que teria que falar com as meninas sobre isso.

Logo depois adormeci.