P.O.V Clara

“o sol brilhava no céu… em uma pequena clareira estava uma casinha… tinha dois andares, era feita de madeira escura que agora estava apodrecida e se despedaçando, as janelas não passavam de buracos onde o vidro fora estilhaçado e as cortinas balançavam com a brisa.

Caminhei até a casa e entrei. As paredes estavam descascadas e emboloradas, os móveis estavam cobertos de poeira e rasgos. A única luz era a que vinha do exterior.

Subi as escadas e cheguei a uma espécie de sótão, havia uma pequena janela circular no teto e uma cama caindo aos pedaços em um canto. Algumas telhas deslocadas permitiam a entrada do sol.

De repente o tempo fechou e uma garoa fina acompanhada de raios começou. Um homem apareceu e me encarou, a casa se incendiou.

Já não estava mais dentro da casa, olhei para a janela e vi seu rosto coberto por uma máscara e seus olhos penetrantes me consumindo”.

Acordei assustada. Eu estava em meu quarto são e salva atormentada pelas lembranças da noite anterior misturadas com meu sonho confuso e sem nenhum significado aparente.

Levantei-me e fui tomar um banho frio. Sai e coloquei uma roupa. simples, mas não muito desleixada por que queria ter uma conversa com Hayley sobre o que aconteceu.

Quando sai de meu quarto dei de cara com Malia.

–e ai, já ta se sentindo melhor? –me perguntou.

–to sim, só um pouco assustada e confusa - respondi e ela arqueou a sobrancelha - ta bom estou muito assustada, e tudo isso é tão novo que nem sei se é bom ser desse jeito.

–é concordo. No começo achei que eu era um demônio e depois eu fiquei tipo muito animada e agora não faço ideia o que eu acho - ela riu de sua própria confusão e eu a acompanhei.

Depois seguimos para a cozinha e encontramos com as meninas todas em um circulo dando gritinhos e dizendo “ai que fofo” ou “que gracinha”. Eu e Malia nos olhamos e decidimos ver o que aquelas locas estavam aprontando.

–que que é isso que ninguém chama a gente? –perguntei de um jeito indignado.

–Claraaah - gritou Luna e quase me matou pulando em cima de mim.

Depois de todas me abraçarem e me perguntarem se eu estava bem decidiram se lembrar de seja lá o que elas estavam fazendo.

Esperei até que Beckie se virou e em seus braços estava um pequeno cachorrinho vermelho-alaranjado, seu rabo balançava sem parar e seus olhos eram grandes e brilhantes.

Quando ele me viu saltou do colo de Beckie e correu em minha direção e começou a saltitar pedindo colo.

–ownt que fofo, da onde ele é –perguntei.

–depois da primeira transformação cada dormitório ganha um pequeno amiguinho para acompanhar o desenvolvimento de cada um como em um grupo.

Enquanto ela me falava mal prestava atenção porque a única coisa que eu conseguia fazer era olhar para aqueles olhos e sorrir como uma bobona.

.oo0oo.

Depois de paparicar o nosso pequeno e mais novo companheiro sai para finalmente falar com Hayley.

A caminho de sua cabana todos que vi no caminho estavam rindo e dizendo coisas do tipo “agora eu sou muito foda” ou “cara eu ninguém me vence agora” e outras coisas de gente que acha que é tudo mas na verdade não é nada, quer dizer só ignorantes e irresponsáveis.

Chegando na cabana bati na porta e fui recebida por um sorriso.

–oi Clara, está se sentindo melhor? –assenti - quer entrar?

–quero sim, preciso muito falar com você.

Entrei e me sentei em uma poltrona de couro muito bonita, olhei ao redor e percebi que a decoração era bem rústica mas ao mesmo tempo moderna e requintada.

–então o que queria falar?

–bem é que eu... Eu estou meio confusa em relação a tudo o que aconteceu e porque só eu sai igual a uma doida, matei um animal e ainda tive um ataque de pânico.

–tudo o que você é tem uma questão hereditária, mas em relação ao ataque, bom eu não sei mas suspeitamos que você seja uma Guardiã mas não sabemos de qual campo você.

–você quer dizer que não sabem se eu sou uma maníaca psicopata que mata todo mundo ou uma flor que ama ajudar as pessoas?! –suspirei - o que mais eu posso fazer? Meus pais sabiam? E meu irmão? Ele é igual a mim?

–vai com calma com as perguntas –riu Hayley – bom para falar a verdade é que sabemos de uma parte da história que ninguém mais sabe, porém apenas Carlos tem a permissão de falar sobre isso. E o que você pode fazer? Bom varias coisas como sentir cheiros mais profundamente, tem um ouvido superdesenvolvido, se cura muito rápido, corre pra caramba, e de acordo com a lenda você poderia ler mentes e se comunicar pela mesma, tem poderes místicos e tals. E sobre seu irmão ele não é assim, porque na verdade ele é adotado como você já deve saber.

–é muito difícil de controlar?

–seus poderes você ira controla-los de acordo com suas emoções e alto controle, já o resto é uma questão de treino e consciência.

–pelo que vi alguns vão se dar muito mal –revirei os olhos e ri ao me lembrar dos babacas que vi no caminho.

Quando já estava saindo Hayley me segurou e disse.

–e tem mais uma coisa... você é uma imortal.

.oo0oo.

Resolvi deixar a conversa com Carlos para depois era muita informação de uma vez só, e que história era aquela de que Terry é adotado, eu sei que somos MUITO diferentes mas isso nunca me passou pela cabeça e que merda era aquela de que sou uma imortal, pelo o que eu sei imortais são apenas pessoas que não morrem e não uma coisa. Mas parece que eu estava errada.

Saindo de meus pensamentos, resolvi dar uma corrida mesmo não estando de roupa adequada.

Chegando ao fim da trilha dei de cara com Lucas.

–oi minha princesa.

–oie

–tudo bem? Quer dar uma saída? Preciso muito falar com você.

–pode ser só vou passar tomar um banho e trocar de roupa. Te encontro aqui?

–pode ter certeza.

.oo0oo.

Corri o mais rápido que pude, entrei, comi uma maça, tomei um banho bem relaxante e coloquei uma roupa fofa mas não muito “florzinha”.

Ao chegar perto de Lucas pude sentir o ar pesado e ver sua expressão séria na escuridão.

–espero que me perdoe quando te contar o que queria falar para você.