No Letters escrita por Gabriela Macedo


Capítulo 1
No Letters


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!
P.s: É mais que essencial que leiam as notas finais!



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Querido amigo,

Há bastante tempo não escrevo para você, e sei que você pode até ter desistido de ler minhas cartas, mas a minha vida começou a ficar tão diferente e tão boa ao mesmo tempo, que eu pensei que talvez fosse melhor eu viver as experiências, do que contá-las, não acha? Mas como dizem, nem tudo são flores.

Muitas coisas boas e ruins aconteceram e as ruins continuam a acontecer, para ser sincero. Estou novamente internado em uma clínica e estou com exatamente vinte e cinco anos. E aliás, ontem foi meu aniversário.

Assim que eu me formei no ensino médio, Sam trancou a faculdade sem avisar absolutamente ninguém e veio me ver. Me chamou para que pudéssemos sair e logicamente, eu aceitei. Fomos de carro até o parque central da cidade, onde, sentados no gramado sob as estrelas, ela me disse que quueria que fugíssemos. Que me amava. Que precisava de mim.

- Eu também te amo. – foi o que eu disse, antes que pudesse cair na tentação e beijá-la intensamente.

Nós fugimos juntos na mesma noite. Fomos para um apartamento que possuía condições não muito boas de estado físico, mas pelo menos, estávamos juntos. Não sabíamos o que iria acontecer no dia seguinte, mas a única coisa que importava para mim e pelo que ela afirmava dizer, é que estávamos juntos e sozinhos, algo que ninguém poderia atrapalhar.

Depois que entramos no apartamento e colocamos as coisas em ordem, Sam simplesmente foi ao banheiro, e quando saiu de lá, estava coberta por um roupão de seda, o qual eu não fazia ideia de onde ela havia tirado.

Sinalizou para que eu deitasse na cama, e eu o fiz. Com o roupão ainda preso por uma fita em sua cintura, chegou ainda mais perto de mim e tirou minha camisa. Tirou meu tênis e minhas meias, jogando-os fazendo com que batessem na porta de entrada do apartamento.

Ela se afastou, ficando na ponta da cama, então tirou o belo roupão azul. Ela estava completamente nua. Não era o que eu esperava. Digo, eu pensei que ela estaria vestida com uma lingirie bonita, mas ela estava completamente nua. O que fez com que um calor se intensificasse dentro de mim e o desejo em beijá-la aumentasse repentinamente.

Subiu na cama engatinhando e, em cima de mim, começou a me beijar freneticamente. Os beijos eram longos, demorados e nada delicados. O que me faziam ter uma mudança de pensamento sobre ela.

Tudo aconteceu da melhor maneira possível que você deve imaginar, mas que eu não me sinto confortável o bastante em descrever, até que ambos adormecemos.

Me recordo de ter acordado no meio da madrugada e perceber que ela estava abraçada comigo enquanto dormia. Seu rosto era suave e demonstrava plena paz e felicidade, mesmo sendo alvo involuntário.

O sol emanava pela janela do quarto, me fazendo acordar bem cedo na manhã seguinte. Mas toda minha felicidade se esvaiu ao perceber que ela não estava mais lá.

Claro que de início, imaginei que ela pudesse ter ido comprar algo para comermos, ou até mesmo comprar um jornal. Mas minhas esperanças foram todas embora, assim que eu encontrei um bilhete na lateral de minha cueca, entre ela e meu quadril.

See, i've already waited too long
And all my hope is gone
You shut your mouth
How can you say
I go about things the wrong way ?
I am human and i need to be loved
Just like everybody else does”

- The Smiths

Espero que algum dia consiga me perdoar e encontre alguém que realmente desista de tudo por você.

E isso era tudo. Era tudo que dizia no bilhete. Entrei em pâncio. Comecei a chorar e a chorar com cada vez mais intensidade até que alguém bateu na porta. Com os olhos vermelhos, inchados e derramando lágrimas, usando apenas uma cueca e com o corpo tremendo de frio, abri a porta.

Era Patrick. Ele me abraçou, não tendo repulsa por eu ser um garoto em prantos que havia sido deixado e talvez enganado por sua irmã. E ele não disse absolutamente nada. Simplesmente havia me abraçado e ficamos ali durante um bom tempo.

Ele me levou para casa assim que me vesti. Explicou para meus pais o que havia acontecido, poupando os detalhes para si mesmo. E eu me perguntava como ele sabia tudo sem ter me perguntado ou presenciado absolutamente nada.

Me deixaram a sós no meu quarto. Meus pais saíram. Meus irmãos não moravam mais ali. Patrick foi embora. Eu estava completamente e literalmente sozinho. Comecei a chorar ainda mais.

Ela realmente havia ido embora. Por que ela simplesmente precisou despertar todos os meus sentimentos para depois ir embora? Ela não poderia simplesmente ter ido na calada da noite? Era o que eu me perguntava com cada vez mais desespero em minha mente.

No dia seguinte acordei aqui. Deitado na cama de um quarto de hospital. Meus pulsos estavam enfaixados e cheios de curativos. Eu estava com uma bolsa de soro que estava sendo aplicado em minha veia.

Em um todo isso foi tudo o que aconteceu antes de eu ser internado e obrigado a ficar aqui por praticamente um ano e sem receber nenhuma visita. Nem mesmo de minha família.

Semana passada recebi a notícia do falecimento de meu pai em um acidente de carro, mas os enfermeiros disseram que eu havia piorado, e não era uma boa ideia ir ao funeral, o que me obrigou a continuar preso aqui.

Conheci há algum tempo e estou me dando muito bem com a nova enfermeira, que é apenas dois anos mais nova que eu e disse que eu sou o paciente mais meigo que ela já conheceu. Ela me presenteou com os dois melhores livros que eu já li em toda a minha vida. Mesmo que eu considere todos os que eu já li, os melhores, até que eu leia novos melhores.

Não vejo Patrick desde o dia em que ele me deixou na casa dos meus pais e eu fui internato as pressas por tentativa de suicídio. Não me mandaram cartas. Então não tenho notícias dele, nem de Sam, nem de Mary Elizabeth, e nem de nenhum de meus outros antigos amigos.

E é basicamente isso que acontece. Fico dentro de uma clínica de reabilitação esperando que algo, sendo motivos atuais ou passados, ou alguém me faça piorar e eu tenha que ser socorrido às pressas. Mas enquanto isso ainda não acontece, estou aqui, apenas a existir, como um ameba parasita que ainda não descobriu sua utilidade real para o mundo.


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Notas finais do capítulo

Olá de novo! Estou aqui com minha terceira one shot e, infelizmente, com poucos leitores. A que mais está tendo acesso é a de Cidades de Papel, fazendo a de Quem é você, Alasca? ficar em desvantagem, mas tudo bem, né, fazer o quê?!
Espero que tenham gostado e que este livro tenha te tocado tanto quanto a mim. Mandem reviews, favoritem, recomendem, divulguem, nadem em purpurinas e deem comida aos unicórnios!



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