Desejo e Reparação escrita por Ella Sussuarana


Capítulo 47
IV - Capítulo 45: Onde está a mentira?


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, desculpas pela demora. Dessa vez, eu sei que exagerei bastante. Mas, no meio do caminho, surgirão vários problemas técnicos. Explicarei melhor quando responder os comentários de vcs ;*



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Parte IV

{Sobre a loucura, o amor e a guerra}

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Capítulo 45: Onde está a mentira?

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No dia seguinte, Hermione havia acordado irritada, com grandes olheiras debaixo dos olhos. Pela segunda vez na vida, usou feitiços de beleza para dar uma melhorada no seu visual. Afinal, ela não queria que seus amigos pensassem que havia perdido o sono por causa do Malfoy.

Aos poucos, enquanto o dia transcorria normalmente, ela retornou à sua velha e confortável rotina de estudos, evitando qualquer pensamento sobre sonserinos. Ocasionalmente, ela se encontrava preocupada e infeliz. Blaise estava a evitando, e ela também não tinha disposição para pedir desculpas por algo que, obviamente, não fizera. Draco, por outro lado... Ninguém sabia onde ele havia se metido. Alguns diziam que ele havia fugido do castelo para se juntar aos Comensais da Morte, outros não sabiam o que pensar sobre seu desaparecimento por mais um dia consecutivo. Todos que tentaram – este não foi um número grande de qualquer forma – ir até o quarto dele saber se ele ainda estava vivo voltaram dizendo que não escutaram um som vindo de dentro.

A sua imaginação fértil não ajudava a mantê-la calma. Hermione imaginava todas as situações desastrosas em que Draco poderia ter se metido e acabado machucando ainda mais a si mesmo. Ele bem que merecia... Isso era o que ela dizia de novo e de novo, até que seu âmago acreditasse.

Somente no segundo dia após ter sido retirada, sentindo-se humilhada, para fora do quarto dele, foi que soube que o sonserino havia conseguido manter-se a salvo e imaculado por mais de vinte e quatro horas.

Os murmúrios haviam começado por volta da segunda aula, quando alguém disse a outro alguém que tal Amélia havia escutado o Robert do sexto ano, da Sonserina, contando ao seu amigo que recebera ordens da própria Dolores Umbridge para ir até os aposentos de Draco e enxotá-lo para fora de lá. Draco deveria comparecer ao escritório dela às onze horas, pontualmente.

Não foi até adentrar ao Grande Salão para o almoço que viu com os seus próprios olhos a figura de Draco Malfoy sentado em meio aos seus colegas sonserinos e ocasionais garotas que se inclinavam na direção dele, encenando demasiada preocupação e alívio.

Hermione revirou os olhos e foi se sentar ao lado de Rony.

– Quem diria que ele conseguiria sobreviver sozinho? – disse Rony, mastigando um grande pedaço de carne.

– Ele parece estar muito bem, digo, nem um pouco diferente do seu típico ser, mesquinho e arrogante – falou Harry, dando de ombros como se pouco se importasse o que acontecia ao Malfoy.

Hermione ficou calada, enquanto Draco parecia ser o grande assunto de Hogwarts naquele dia.

Ela olhou na direção dele, do outro lado do Salão. Ele parecia bem, apesar de ainda estar pálido. Ele ria e falava gesticulando dramaticamente, fazendo um espetáculo de si mesmo para seus falsos e interesseiros amiguinhos. Hermione gostaria de poder esmurrá-los todos na cara para que parassem de ser tão dissimulados! Nenhum deles realmente se importava com o que estivesse acontecendo a Draco, eles só queriam participar da atenção que o loiro estava recebendo, além de aumentar pontos com o herdeiro de uma das raras famílias ainda existentes de sangue puro.

Eles – incluindo aquelas garotas jogadas – poderiam até tentar conquistar a vaga confiança e o apreço de Draco, mas Hermione sabia que ele jamais confiaria em nenhum deles. Se precisasse de ajuda, não importava o caso, ele tentaria resolver do seu modo, sozinho. Exceto daquela vez, em que ele a convidou para participar de uma ação furtiva e perigosa na Biblioteca. Por um breve momento, ela pensou que ele havia confiado nela. Obviamente, ele só estava a enganando para conseguir o que queria. Até mesmo daquela única vez em que ele a beijou como se realmente tivesse a intenção de fazê-lo, carinhosamente, docilmente, ele estava a manipulando para algum fim. Mesmo quando ela despertou após aquela noite, com o braço dele em volta da sua cintura, ele estava mentindo, fazendo-a acreditar que ele era capaz de se importar e de ser gentil.

Seu peito doía onde a traição dele jazia. Pior do que isso era ter que reconhecer que ela era a única culpada por ter se deixado envolver com um Malfoy. Seus amigos tinham razão... Ela não devia nada a ele, ele era o único que deveria se provar digno da sua atenção.

– Quando será o nosso próximo encontro? – perguntou Hermione, baixinho, para que somente seus dois amigos pudessem escutar.

– Amanhã, na mesma hora do último – respondeu Harry.

– Onde está Gina? Ela continua com raiva de mim?

– Bem... Raiva não é a palavra mais apropriada, mas, se você quiser colocar dessa forma, sim, ela continua complemente louca – disse Rony, encolhendo-se.

– Ela se sente traída, porque nós escondemos bastante dela pelos últimos meses – falou Harry. – Ela tem todo o direito de estar irada conosco, sobretudo com você, Hermione, depois de ela a ter visto tão inclinada a ajudar o Malfoy. Você sabe que ela tem muitos motivos para odiá-lo, assim como todos nós – com a mão livre, ele gesticulou para todo o comprimento da mesa da Grifinória.

– Eu irei tentar acalmá-la...

– Você vai dizer a verdade para ela? Toda a verdade? – perguntou Rony, subitamente, quase cuspindo o suco que bebia na cara de Harry.

Hermione respirou fundo e olhou mais uma vez na direção de Draco. Dessa vez, ele encontrou o olhar dela, e é como se ele dissesse “Vê? Não preciso de você!”.

Não diria toda a verdade para Gina, claro, até porque a noção que seus amigos tinham sobre isso era bem limitada. Eles sabiam somente o que ela não podia esconder enterrado nas profundezas do seu âmago. Eles jamais saberiam, por exemplo, que uma vez ela riu com o inimigo e correu através de um quarto com ele, deixou que ele a beijasse, enquanto enrolava as pernas nas dele.

– Eu direi como acabei tendo que ajudá-lo a monitorar o castelo à noite – foi tudo o que ela disse, antes de se erguer e sair do Salão, deixando a comida para esfriar no prato.

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Draco observou Hermione sair do Grande Salão. Esperou que cinco minutos se passassem para que se erguesse, por impulso, e também se retirasse, usando a desculpa que precisava tomar um banho decente pela primeira vez naquele dia antes de enfrentar uma tarde inteira de aulas novamente. Ninguém realmente insistiu para que ele ficasse. Uma garota ainda tentou enrolar-se nele e perguntar se ele não gostaria de companhia, porém ele a dispensou antes mesmo que ela tivesse a oportunidade de fazê-lo.

Ele percorreu o corredor procurando pela familiar cabeleira rebelde de Hermione. Então, subitamente, estancou no meio do caminho para a Biblioteca. O que ele estava tentado fazer?

Balançou a cabeça para clarear os pensamentos. Mas aquela ação não havia partido de um comando da razão. Não... Quando Hermione estava envolvida, Draco parecia ser incapaz de pensar; ele era regido por seus instintos e impulsos. Precisava aprender a se controlar e, sobretudo, deixá-la partir. Não precisava dela.

A verdade era que ele havia se sentido compelido a dizer a ela o motivo pelo qual fora chamado naquela manhã a comparecer ao escritório de Dolores. Porém, precisava lembrar a si mesmo que não se importava com ela.

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Cerca de duas horas antes, Draco havia despertado tonto com as batidas brutas em sua porta e gritos vindos do lado de fora. Ele permaneceu quieto esperando que a pessoa fosse embora, como as outras que tentaram fazer contado com ele no dia anterior. Porém, dessa vez, quem quer que fosse estava determinado a não sair dali sem falar com ele. Então, ergueu-se, ainda sentindo-se fraco, e abriu a porta.

– Oh, bom saber que você ainda está vivo, Malfoy – disse Robert, um garoto do sexto ano que ele vagamente conhecia. – Dolores está o chamando, é urgente.

Draco murmurou algo, mas não conseguiu dissuadi-lo. No final, ele o seguiu até os aposentos da bruxa. No meio do caminho, encontrou Blaise descendo as escadas dos aposentos dela de forma despojada, como se já tivesse o feito várias vezes. Ele parecia perfeitamente bem, de uma forma suspeita. Suas mãos não estavam marcadas e não havia sinal de sangue ou de pressão em sua fisionomia, pelo contrário, ele parecia relaxado.

Blaise o encarou friamente.

– Você é difícil de matar, Malfoy – disse ele, parando no mesmo degrau que Draco. – Você sabe que, se não fosse por mim, teria descoberto como o ato de respirar é algo extremamente delicado.

Draco franziu a testa, tentando entender o que ele dizia.

– Eu não teria me incomodado em tentar salvá-lo, caso Hermione não estivesse se mostrando tão inclinada a mantê-lo vivo.

– Não o devo nada – disse Draco, defensivamente. Ele se lembrava de ter sufocado após ter despertado de um pesadelo, porém não lembrava como conseguira recuperar o controle de seu corpo.

– Eu também não quero nada de você, porém Hermione merece que se ajoelhe e agradeça por tudo o que teve que aguentar de você.

Draco abriu a boca para retrucá-lo, mas foi rapidamente cortado.

– Não é sensato deixar a professora Dolores esperando.

Após dizer isso, Blaise continuou o seu caminho como se nada tivesse acontecido.

Draco precisou de um minuto a mais para se recuperar e entrar nos aposentos de Dolores. Ele havia esquecido o quão rosa era o lugar. Por um momento, fechou os olhos, sentindo-se enjoado. Respirou fundo e abriu-os para encontrar a figura nada feliz da mulher que, agora, comandava Hogwarts.

– Sente-se – ordenou ela, enchendo duas xícaras com chá gelado. Draco detestava todo e qualquer tipo de chá, mas obrigou-se a engoli-lo. – Mais de um mês se passou desde a nossa última conversa e, francamente Draco, não vejo você fazendo nenhum progresso para descobrir o que o Potter e a sua turminha de delinquentes estão planejando.

Draco bebeu um longo gole, pensando com cuidado sobre o que deveria dizer para manter a sua posição intacta.

– Não é fácil supervisionar de perto cada uma das ações suspeitas deles sozinho. Tento manter o olho no Trio Maravilha, mas até isso é complicado. Não posso dedicar todo o meu tempo a viajá-los, tenho que cumprir as obrigações do meu cargo, além de ter que estudar e fazer extensos trabalhos. Infelizmente, estou sobrecarregado. Se eu tivesse alguma ajuda, seria consideravelmente mais fácil descobrir o que eles estão tramando.

Dolores não parecia satisfeita com a resposta dele, porém ela nunca o parecia de qualquer forma.

– Você pode usar alguns de seus colegas para ajudá-lo. – Ela tomou um gole do chá e afagou o gato branco em seu colo. Por um minuto, ela apenas o observou, o sorriso maldoso em seu rosto crescendo. – Eu o chamei aqui porque tenho algo muito importante a revelar. Essa conversa não poderá deixar essas paredes, você compreende?

Ele assentiu. Algo na forma como ela sorria dizia que ele não iria gostar nenhum pouco do que viria a seguir.

– Blaise está se infiltrando na turminha do Potter com o objetivo de espioná-la de perto.

De repente, Draco soltou uma gargalhada. Ao ver que a expressão de Dolores se contorcia em desagrado, ele se calou.

– Você está falando sério? – perguntou ele, surpreso.

Ela não se dignou a responder.

– Era por isso que ele estava aqui? Ele a convenceu a acreditar que está fingindo gostar da Granger para se aproximar do Trio? – Draco precisou se esforçar para não começar a rir. Quem diria que Blaise teria conseguido enganar a mulher mais dura que ele já tivera o desprazer de conhecer! Ele precisava reconhecer que o garoto tinha uma habilidade muito especial em termos de manipulação. Talvez, Draco até se candidatasse para uma ou outra aula. – Ele a ama de verdade, de uma forma muito estúpida, claro.

– Nós tivemos uma longa conversa, poucos depois de ele admitir publicamente estar namorando aquela sangue ruim amiga do Potter. Obviamente, eu não seria enganada tão fácil ao confiar na palavra de um sonserino. Nada pessoal, eu própria pertenci à Casa da Sonserina, e é exatamente por isso que devo dizer que não se pode acreditar na palavra de um. Eu usei um feitiço para garantir que ele somente me dissesse a verdade.

Draco controlou o impulso de perguntar, mais uma vez, se ela realmente falava sério. Ele não acreditava por um momento que Blaise não sentisse algo de verdade por Hermione.

– Como eu estava dizendo, ele está usando a sua influência sobre a sangue-ruim para se aproximar do Potter e descobrir o que ele planeja e o que ele sabe sobre aque-que-não-deve-ser-nomeado. Infelizmente, Potter é mais sagaz do que esperava, ele não confiaria tão fácil em um sonserino de sangue puro. Ele está se mostrando difícil de dobrar. Quero que ajude Blaise a conquistar a confiança dele. Se isso significa encenar discussões e chamá-lo de traidor do sangue, não hesite em fazê-lo. Antes que o mês termine, quero saber a verdade!

Qual verdade?

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Draco não conseguiu tirar aquela conversa da cabeça. Não acreditava veemente que Blaise pudesse estar fingindo gostar de Hermione, porém também não parecia estar inclinado a duvidar que existia, sim, essa possibilidade. Afinal, eles eram ambos sonserinos.

A real questão era – Para quem Blaise estava mentindo?

Ele estava determinado a descobrir.

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Após atravessar todo o castelo duas vezes, olhando atrás de estandartes, dentro de armaduras, debaixo de tapetes, por entre os cantos sombrios de passagens secretas e salas de aulas vazias, Draco encontrou Blaise na Sala Comunal da Sonserina, sentado ao lado de dois rapazes do quarto ano que contavam uma piada sobre fadas.

Há meses Draco não pisava no seu antigo lar, porém não o bastante para que ele houvesse se esquecido da atmosfera luxuosa do recinto. As paredes de pedra escura eram recobertas com brilhantes estandartes esverdeados bordados com o símbolo da Casa em fios de prata e ouro. O desenho dos móveis remetia à antiga e pomposa Inglaterra vitoriana, com suas curvas acentuadas e contornos delicados, o seu estofado sedoso e o seu material de madeira robusta. A lareira era uma obra impressionante, sua enorme boca escancarada gritando chamas intensas em sua coloração. Ali, não havia barulho estridente como nos aposentos das demais casa, o que existia era um silêncio lúgubre, risadas curtas e sussurros comportados. Aquele não era um ambiente para jovens sentarem, jogarem e conversarem alto; era um ambiente para lordes e duques passearem acompanhados de belas moças, dialogando vagamente sobre política e sobre os prazeres refinados da Corte.

Draco sabia que aquele era o lugar ao qual pertencia, mas não conseguia sentir saudade daquela atmosfera de ostentação. Ele preferia a solidão comedida do seu quarto, sobretudo quanto esta era perturbada pela presença de Hermione. Essa é uma das coisas que ele não estava pronto para admitir, por isso o pensamento foi direcionado para o fato mais urgente do momento.

– Zabini, levante-se e siga-me – ordenou com a sua voz soberba.

Blaise o observou por um longo minuto, antes de virar-se e despedir-se dos rapazes sentados ao seu lado. Ele seguiu o loiro para fora do Salão Comunal.

– O que você quer, Malfoy? - Para o descontentamento de Draco, a voz dele estava carregada de tédio na medida exata.

Abruptamente, Draco retirou a varinha do bolso da calça e a pressionou contra a garganta de Blaise, empurrando-o até que suas costas batessem contra a parede.

– Eu acho que isto é desnecessário! – falou Blaise, rispidamente. – Abaixe a varinha!

Draco sentiu algo pontudo sendo pressionado contra a sua garganta. Em algum momento, de forma tão rápida que ele não fora capaz de perceber, Blaise havia puxado a sua própria varinha e apontado-a na direção do adversário. Apesar da surpresa, Draco ignorou a sugestão do outro sonserino.

– Eu nunca o entendi, Zabini – disse Draco num tom de voz que claramente remetia a escárnio e impaciência. – Você se faz de santo para a Her... Granger, mas, pelas costas dela, mostra que é um verdadeiro sonserino babaca como todos nós!

– Alguns dos nossos colegas de classe discordariam dessa afirmativa, eles diriam que não sou um sonserino comum – falou Blaise em tom de deboche.

Os olhos escuros dele e os azuis de Draco estavam presos numa disputa por poder.

– Eu costumava pensar o mesmo até ver o pânico que causou naqueles garotos. – Draco sorriu de lado. Se alguém o visse nesse momento, diria que o seu sorriso pareceria com o de um maníaco sádico satisfeito com a destruição que causara.

O loiro esperava despertar algum sentimento avermelhado em Blaise, mas tudo o que conseguiu foi um ligeiro sorriso de lado, que se comparava em intensidade nociva ao seu.

– Eles machucariam a Hermione se ninguém os detivesse. Eles mereceram aquilo – falou Blaise, sem denúncia de emoção na sua voz. Apesar de ele permanecer estático, Draco sentiu uma pontada de dor no pescoço. – Você não concorda?

Draco abriu a boca para responder que sim, que concordava inteiramente, sem um segundo pensamento. Porém, na iminência de responder, ele percebeu qual a sua resposta seria, e o efeito causado por esta compreensão foi como um chute no seu estômago. Ele deu um passo para trás, como se realmente tivesse sido atingido e se sentisse desequilibrado.

Pensou, então, que a resposta mais adequada seria dizer – Não, jamais concordaria que o bem-estar de uma sangue-ruim possa ser mais importante que o de sonserinos. Mesmo para ele, que estava acostumado com mentiras, aquilo soava bastante forçado. Respirou fundo, debatendo-se sobre se deveria escolher a fuga do covarde ou se deveria dizer a verdade. Se havia um ser neste ou em outro no mundo capaz de compreender o que Draco sentia, mesmo que o próprio ainda estivesse confuso sobre tais insustentáveis, frágeis, sentimentos, este seria Blaise.

– Eu teria os feito correr, chorando, de volta para as saias das suas mães – falou o sonserino loiro cujos olhos adquiriram uma tonalidade obscura.

Blaise sorriu, porém até isto parecia um ato de degustação do desprezo que ambos sentiam.

– Você se importa com ela, de verdade? – perguntou Draco, a voz profunda, sombria.

Essa era uma pergunta que exigiria uma resposta simples, ou seria sim, ou seria não.

– Por que, subitamente, você está tão preocupado com ela? Você realmente perdeu a sua mente enquanto estava delirando? – O sorriso de Blaise alargou-se, tornando-se mais revoltante de se ver. – Se me recordo bem, aqueles como você – ele usou um tom pejorativo nesta frase – usam uma denominação especial para chamar pessoas que, como ela, não tiveram a graça de nascer em grandes e decadentes famílias de soberbos narcisistas sangues-puros.

– Ela é diferente.

Foi a única coisa que Draco pensou para falar naquele momento, com a tensão vibrando em sua corrente sanguínea. Havia tanto mais que ele gostaria de dizer para se defender, mas seus pensamentos surgiam um por cima do outro, gritando, sussurrando, falando em línguas estranhas, sensações de sutileza e de ação se propagando como uma onda que quebra sobre outras ondas.

– Não, ela não é diferente de você nem de mim. Ela é exatamente igual a nós! Isto é o que você precisa entender, Malfoy!

– Cale-se, Zabini! – exigiu Draco, pressionando sua varinha numa veia no pescoço dele. – Não se atreva a me enganar! Você está mentindo para ela sobre a porra de seus sentimentos. Por que você está a enganando? O que você pensa que irá conseguir? A graça e a confiança do Santo Potter? Isso você já tem, não?! Estou certo de que você sabe, detalhadamente, o que ele e o seu grupinho de encrenqueiros estão tramando, e você está os ajudando! Então, por que não os denunciar logo para Dolores? O que você está esperando?!

– Eu devo nenhuma satisfação a você.

Não havia rancor no seu tom de voz, mas algo que Draco não arriscaria supor.

Blaise deu as costas e começou a andar de volta para a Casa da Sonserina, como se desse o inconveniente encerrado após seu último ponto. Obviamente, Draco não deixaria que ele tivesse a última palavra.

– Você está jogando um jogo muito perigoso, Zabini.

Estava exaltado, mas não iria começar uma briga. Por isso, deixou que Zabini partisse.

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Dois dias se passaram antes que Draco cedesse ao desvairo da razão emocional. Durante estas quarenta e oito horas, ele passou de um estado de irritação crescente, para um profundo desassossego e um senso ainda maior de estranhamento.

No primeiro dia, Draco acordou sozinho em sua enorme cama. Tivera um sono sem sonhos nem pesadelos. Apesar disso, dormira muito pouco. Hermione não havia aparecido para os deveres que lhe foram impostos por ele no começo daquele ano. Em todas as hipóteses, Draco deveria ter se sentido agraciado por não ter na sua presença uma sangue-ruim amiga do Potter e do Weasley pobretão, as categorias mais baixas na sociedade bruxa, que ficava logo abaixo de elfos domésticos, segundo o que o seu pai lhe falava. Contudo, ao se encontrar sozinho pela primeira vez em muito tempo no seu quarto, ele sentiu-se vazio. Tentou se ocupar com leituras e tarefas atrasadas, mas a sua mente insistia em retornar para aquele ponto no sofá, mais à direita, onde ele fora atingido por um súbito ato de loucura ao beijá-la pela primeira vez.

Sua cabeça ainda doía quando ele se deitou, observando as chamas na lareira.

Ele não sabia no que acreditar: A quem Blaise estava traindo?

E deveria ele contar à Hermione a verdade? Teria ele dito a ela que estava fingindo estar do lado de Dolores nessa batalha para conseguir vantagem estratégica ao descobrir os seus planos e os seus segredos?

Ele caiu no sono sem conseguir desvendar essas questões.

Ao acordar, rolou e desejou poder passar o dia inteiro na cama, mas já havia negligenciado por demais as suas obrigações.

Ele fez como lhe foi ordenado – manteve olhos atentos no Potter e nos seus amigos. Com a ajuda de Goyle e de Crabbe, passou boa parte do seu tempo livre seguindo-os como detetive atrapalhado, que não tem ideia do que faz. A verdade era que os seus dois capachos estavam mais empenhados na tarefa do que ele próprio. Por algum motivo, Draco estava relutante a descobrir o segredo do Potter. Talvez porque este estaria diretamente ligado a Hermione...

E?

Desde quando ele se importava tanto com ela?

Ele não se importava nenhum pouco com o que quer que acontecesse com ela! Ela e seus amigos poderiam muito bem ser capturados e torturados até a morte por uns comensais, e ele ainda não poderia se importar menos.

No meio da linha de pensamento, Draco interrompeu-se. Por um momento, ele ficou completamente petrificado. Aquela não era a primeira nem a segunda vez que se pegava pensando sobre o bem-estar dela. E em todas as ocasiões anteriores... Bem, se Draco se esforçasse um pouco para encontrar as recordações certas, perceberia que, em todos os casos, havia se negado e ratificado sua negação em pensamento, mas, na hora da ação... Ele não poderia deixá-la se machucar.

A compreensão desse fato o assombrou durante toda a noite.

O dia seguinte foi dolorosamente longo.

Aquela era uma sexta, o que significava que ele teria aulas até às 16 horas e treino de quadribol até às 18 horas. Mas esta foi apenas umas das derivadas que fizera com que aquele dia se tornasse praticamente insuportável.

Para onde quer que virasse o rosto, encontrava Hermione e Blaise.

Como havia se levantado para enfrentar o dia uma hora depois da que deveria, Draco não apenas chegou atrasado na sua primeira aula do dia, a qual felizmente não era ministrada pela professora Dolores nem pelo professor Snape. No final da aula, ele correu até a cozinha, salivando na expectativa de encontrar alguma torta ou uma deliciosa taça de sorvete. Ao entrar na cozinha, ele logo perdeu a voracidade de um minuto atrás.

Num canto afastado, Hermione estava sentada sobre o balcão, mordiscando pedaços de pão. Ela não o viu entrando no cômodo, porque estava muito ocupada conversando com Blaise. Ele estava em pé, ao lado dela, falando algo enquanto brincava com as uvas em suas mãos. Ele jogou uma delas para Hermione, obviamente mirando a sua boca, já que a própria garota tentou o possível para abocanhar a bolinha roxa no ar. Ela acertou-lhe o nariz, e Hermione riu sozinha.

Blaise jogou outra uva, esta acertou primeiro o queixo dela e depois caiu na saia. A terceira tentativa foi certeira. Hermione esticou o pescoço para trás e abriu bem a boca, fazendo um rápido movimento para seguir a trajetória da uva.

De longe, escondido por trás de uma pilha gigantesca de pratos que se limpavam sozinhos, Draco observou-a mastigando e retirando o caroço da boca com a ponta dos dedos, o suco da uva derramou pelo canto do seu lábio. Blaise inclinou-se para limpá-lo com a ponta do seu dedo, mas teve uma ideia melhor – lamber o queixo dela e ir subindo, no movimento contrário ao da gota, até alcançar os lábios de Hermione para beijá-los.

Esta foi uma das cenas mais nojentas que Draco já vira.

Apesar de ter perdido a fome, ele se forçou a comer pedaços de um bolinho durante o caminho para a sua próxima aula, que infelizmente era Poções.

Hermione e Blaise chegaram atrasados e receberam um olhar desaprovador do professor acompanhado de uma promessa de punição. Esta foi a única alegria do seu dia. Depois disso, ele os encontrou novamente após o almoço, os dois conversavam animadamente debaixo de uma árvore no pátio, e os encontrou também enquanto ia em direção ao campo de quadribol. O treino foi igualmente terrível. Draco não conseguia se concentrar nem se lembrar de todas as regras e limitações que Dolores criara para tornar o jogo mais seguro.

No caminho para o seu quarto, ele encontrou-se com Hermione. Ela olhava pela janela, distraída. Pelo perfil de suas roupas, poderia deduzir que ela iria se encontrar com Blaise para um passeio ou jantar romântico ou qualquer coisa do tipo. Ela vestia um vestido rodado, curto, com um decote em forma de U e alças grosas sobre os ombros. Por ironia, o vestido era verde, da tonalidade exata da Casa da Sonserina.

Ele quase riu, porém não havia espaço para humor dentro de si. Hermione virou-se e, naquele momento, viu-o. Seus lábios pintados de vermelho entreabriram-se, toda a sua feição adquiriu a expressão de surpresa.

O cabelo dela estava preso, com alguns cachos caindo ao redor do seu rosto. Ela estava linda, muito, muito linda.

Draco não sabia como reagir – deveria passar direto como se não a visse ou deveria fazer um apontamento sarcástico?

Felizmente, ele jamais teria que decidir.

Blaise apareceu por uma curva do corredor, e Hermione virou-se para encontrá-lo. Ele passou a mão pela cintura, beijando-a na bochecha, e a levou por outra curva no corredor.

Draco movimentou-se, andando até o ponto em que ela estivera. Ele encostou as duas mãos no parapeito da janela e inspirou profundamente. Havia uma fragrância diferente no ar, um aroma único, que pertencia a ela.

Naquela noite, ele foi assombrado por sua imaginação. Não conseguia deixar de pensar como o tecido do vestido dela parecia macio e como gostaria de deslizar a mão por ele, seguindo a forma do corpo dela, até a barra da saia, continuando o trajeto, por dissimulada desatenção, pela pele dela, sentindo os pelinhos se erguerem ao seu toque. Ele tocaria na parte de trás do joelho dela, somente pelo prazer de vê-la vacilar o passo, então subiria a mão pela coxa dela, infiltrando-a debaixo do vestido para tocá-la na região em que é mais sensível.

O pensamento o fez estremecer. Ele girou, ficando de barriga para baixo na cama, e afundou-se, pressionando as pernas no colchão e movendo-se para gerar atrito.

O que tornava a cena apetitosa era imaginar Hermione retorcendo-se em suas mãos, gemendo alto, enquanto vestia aquele vestido da exata cor da Casa da Sonserina. A sua fértil criatividade a fazia parecer ridiculamente sensual.

Ele virou-se na cama novamente, chutando o lençol para longe. Não poderia aguentar a pressão da sua ereção por mais tempo, teria que se satisfazer daquela necessidade primária. Puxou a calça do pijama e tocou-se, pensando como seria se fosse ela quem o fizesse... Melhor seria se ela chupasse a sua ereção, acariciasse-a com a sua língua e os seus lábios macios, mordiscando-a, enquanto a estimulava com a mão.

Sentia dor, tamanha era a sua excitação. Nunca antes estivera tão desesperado para encontrar o alívio sublime do gozo. Quando ele chegou, sentiu o seu corpo tremer como se tivesse se transformado em estática e lágrimas encheram-lhe os olhos.

Ele desmanchou-se na cama. Após o êxtase, chegou o dilúvio, uma torrente de emoções que faziam a pressão no interior do seu corpo ascender para níveis perigosos. O peito inflou-se, o ar saiu pela boca aos montes. Ele fez o que tinha prometido jamais fazer.

Esperava sentir-se enojado ou enraivecido, porém o que lhe apunhalava no peito era algo completamente diferente.

No dia seguinte, acordou sentindo-se horrivelmente culpado. Tudo o que havia feito para distrair-se nos dias anteriores tinha o objetivo de ocupar a sua mente, para que ela não chegasse a conhecer a sua verdade mais íntima – o que havia dito à Hermione havia sido cruel e frio, e ela não merecia isso dele. O fato era que ele não queria ser essa pessoa para ela, aquela que somente a machucava e a entristecia.

Se não queria ser isso, o que é que queria de verdade? Para isso, ainda não havia resposta.

Sentia-se desassossegado, impaciente. Queria reparar o seu dano, mas não tinha coragem de falar com ela. Então, fez o seu melhor para evitá-la nas aulas, nos corredores e no Salão Principal. Seu plano estava indo muito bem, até a chegada inevitável do destino.

Draco foi à Biblioteca procurar algum livro para ler durante a madrugada, para se distrair enquanto o sono não vinha. Apesar daquele lugar lembrá-lo excessivamente de Hermione, ele sabia que não a encontraria ali naquele horário, pois ela estaria na aula de Trato das Criaturas Mágicas.

Encontrou a sessão de Feitiços Avançados e escolheu dois livros por mero acaso. Achou a lombada deles atraente e pegou-os. Virou-se e dobrou à esquerda, seguindo um caminho estreito por entre as estantes. Movia-se ligeiro, sem absorver muito do que acontecia ao seu redor. Vez por outra, tinha a percepção de algum movimento pelo canto do olho, mas não se voltava para observar quem era. Ele quase deixou-a, também, passar como um semiborrão óptico. Por um acaso, não o fez.

Ele estava andando distraído, já próximo à porta, quando uma criatura peluda meteu-se em seu caminho. Por pouco, não pisou na coisa. Ela, muito contrariada com a ousadia daquele infeliz humano, miou irritada e mostrou seus dentes para Draco.

Ele reconheceria o Bichano em qualquer lugar, mesmo que ele se comportasse de forma dissimuladamente carinhosa.

Quando o gato perdeu o interesse, continuou o seu trajeto, andando a passos curtos e majestosos, como se fosse ele, de fato, um soberano a caminho do seu trono. Draco o seguiu com os olhos; para além dele, havia uma garota apoiando-se na lombada de alguns livros para manter o equilíbrio, enquanto ficava na ponta dos seus pés e esticava a mão o máximo que podia. Isso era tão típico dela, que Draco não conseguiu evitar um sorriso.

O gato esfregou a sua cauda em torno da perna dela, mas ela estava ocupada demais para lhe dar a devida atenção.

Draco permaneceu no mesmo lugar, encarando a cena, sem ter certeza de como deveria agir. Deveria sair logo da Biblioteca antes que ela o visse ou deveria aproveitar a chance para se desculpar? Se escolhesse a primeira, pareceria um medroso desesperado. Se escolhesse a segunda, perderia todo o orgulho que ainda tinha. Ademais, onde já se viu um Malfoy desculpar-se por qualquer coisa que falara ou que fizera? O seu pai, certamente, não aprovaria o ato, sobretudo ao saber que uma sangue-ruim estava envolvida na situação.

Contudo, não poderia simplesmente forçar-se a ir embora. Havia algo sobre ela... Ele sentia falta da presença dela, mesmo que esta também acarretasse uma série de desventuras e problemáticas irritantes. Quando ela não estava por perto, a sua vida era exatamente o que deveria ser, sem surpresas, sem desastres incomuns; era tediosa, e o excesso de pretensão daqueles à sua volta o deixava doente. Ela nunca pretendia ser aquilo que não era. Draco admirava-a por isso, secretamente.

Ele deu um passo para frente, então outro e mais um. Ele não hesitou.

– Hermione – chamou-a, suavemente.

Ela estava folheando um livro, distraída; ao escutar a voz dele, ficou tão surpresa que não soube como reagir. Ergueu os olhos e franziu as sobrancelhas. Olhou ao redor, confusa, e de volta para ele. O que ele queria agora?

Quando a supressa passou, ela lembrou que deveria se sentir irritada com a petulância dele de a chamar pelo primeiro nome, depois do que havia lhe dito.

– O que você quer? – perguntou ela, dando as costas para ele. Ela fingiu que a presença dele não a incomodava nem fazia qualquer diferença, concentrou-se em achar um livro interessante que ainda não havia lido sobre Runas.

– Eu queria... – O que ele queria, de verdade? – Pedir desculpas pela forma como a tratei.

Ela estancou. Por um momento, Draco acreditou que ela jamais o faria. Porém, ela virou-se e observou-o com aqueles olhos curiosos dela. Ela esperou que ele continuasse.

Draco engoliu em seco, lá se ia o resto do seu orgulho junto com a sua dignidade.

– Eu agi como o babaca que seus amigos estão certos de que sou e odeio dar esse gostinho a eles. Você cuidou de mim... Estou muito agradecido por isso, é mais do que muita gente cogitaria... Por isso, bem, não foi justo que eu descarregasse minhas frustrações em você. Eu não sei o que deu em mim, eu não estava totalmente ciente do que estava fazendo. – Era mentira, mas, por enquanto, ela não precisava saber disso. – Eu não acho você nojenta...

– Mas acha que o meu sangue é? – questionou ela, erguendo o queixo.

Ele não esperava ser encurralado contra a parede.

– Sangue é nojento...

Ela sequer o deixou terminar a sentença.

– Você acha que sou impura por causa do meu sangue? Acha que, por causa dele, sou de alguma forma inferior a você?

Literalmente, ele deu um passo para trás.

Por que ela sempre tinha que tornar tudo tão complicado? Será que já não bastava ele ter se desculpado? Isso era muito mais do que ele jamais fizera a outra pessoa.

Sentia raiva e nervosismo e temor. Se não dissesse o que ela queria escutar, ela poderia se virar e nunca mais retornar. Isso o assustava, como a incerteza acerca do seu futuro, sobre os dias em que ele caçaria e mataria colegas de classe, amigos e amantes.

– Eu acho que você é a bruxa mais brilhante da nossa geração – disse ele, com uma sinceridade que até ele próprio desconhecia.

Ela não parecia satisfeita, mas também não parecia estar ofendida. Então, ele deduziu que tinha conseguido alguns pontos com ela.

– Bom – disse ela, balançado a cabeça. Ela virou-se e continuou a procurar por um livro na estante.

Bom? – falou Draco, indignado. – Eu acabei de dizer que você é a bruxa mais ridiculamente inteligente dessa escola, além de ter engolido todo o meu orgulho para pedir desculpas, e tudo o que você tem a dizer é bom?

– O que você esperava?

– Que tal “Isso foi muito legal da sua parte” ou “Muito obrigada”?

Ela sorriu.

– Eu não acredito em gentileza – disse ela.

Agora, ele também sorria. Ela estava fazendo isso só para provocá-lo.

– Eu o perdoo, Malfoy.

Ela beijou-o na bochecha, repentinamente. O ato foi simples e ligeiro, mas mesmo o mais sutil dos toques dela poderia deixar uma marca fervente na pele dele.

– Chame-me de Draco – pediu ele.

– Draco – falou ela, ainda com um largo sorriso no rosto –, eu não recomendo que você continue a praticar aquele feitiço sozinho, já que se provou ser um completo desastre nisso.

– E o que você sugere?

– Que você me deixe ajudá-lo.

Ele acenou, sem hesitar, e disse:

– Você pode vir hoje à noite.

Ela ficou vermelha, desviou os olhos dele, fingindo está procurando o Bichano.

– Eu já marquei algo com o Blaise, mas estarei livre amanhã à noite.

Ele não gostou nenhum pouco do que havia implícito no que ela falara. Porém, conseguiu controlar as palavras venenosas de destruírem o acordo de paz que fizera com ela.

– Estarei esperando – disse ele, antes de sair da Biblioteca.


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Notas finais do capítulo

Espero que vcs gostem! ^^
O próximo capítulo tá de matar.
Haverá cenas muiiiito hots! Então, fiquem preparados! Não se preocupem com a demora, porque irei postá-lo sábado sem falta!
Beijão!



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