Belive me escrita por Lady Lucy


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Seguuundooo Capítulooooo~
Boa leitura~



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Sinto a escuridão, confortável.

Os raios solares adentraram a janela aberta acordando, efetivamente, o adolescente que estava dormindo na cama. Levando a mão esquerda aos olhos o moreno boceja. Olhando minimamente interessado para o relógio descobre que já são nove horas. Espera... Nove?

Tsuna pula da cama e assusta o pequeno leão que dormia ao seu lado. Se desenroscando do edredom olha novamente o relógio e corre para o banheiro. Porque ninguém o acordou? Tudo bem, ele tem a tendência a dormir demais mas Reborn sempre o acordou, mesmo nas ultimas semanas.

Suspirando entra no banheiro e logo tira o pijama ao qual estava. Liga o chuveiro e entra sem esperar a água esquentar. Com um suspiro tremulo sente a água gelada percorrer cada pedaço do seu corpo, despertando-os.

Fecha o chuveiro e se enxuga enrolado a toalha em si após isso. Caminha em direção ao espelho. Estava pálido, mais pálido que o normal, isso era notável. Seu rosto tinha cortes, frutos das muitas horas que passou treinando, sozinho.

De frente ao guarda roupas, olha a imensidão de roupas ao qual tinha, muitas das quais, Reborn havia ordenado que comprasse. Ternos e roupas sociais caros das melhores marcas. Roupas que, também, usava em seu dia a dia pelo simples fato de estar na Vongola.

Suspirando pega uma calça jeans negra e uma blusa jeans clara desgastada. Calça seus tênis vans pretos.

Era notório que havia mudado sua aparência. Tinha dezesseis anos, já era mais do que na hora de que seu corpo amadurecesse. Tinha crescido, talvez alguns centímetros mas seus olhos eram a grande mudança. Eles estavam, vagarosamente, se estreitando com o tempo. A inocência que havia neles desaparecia pouco a pouco e não havia nada a se fazer para isso. Era culpa deles afinal, empurrando-o para aquele mundo e depois o descartando como lixo.

Tsuna riu secamente. Talvez aquele ditado seja certo, afinal. Você não sabe o que tem, até perder.

Olhando uma última vez para o espelho, encontra uma figura diferente, totalmente diferente de seu eu de anos atrás. Bufa ao prestar atenção ao cabelo. Totalmente rebelde, talvez, como si próprio. Abre uma gaveta e tira um gorro. Simples, bege e com poucos detalhes. Sorriu ajeitando-o em si. Certo. Agora parecia um daqueles garotos que faziam propagandas nas lojas e em comerciais televisivos. Pega a mochila marrom. Havia comprado ela quando chegou na Itália e desde aquele momento não se separava dela. Tinha colocado alguns colares também, notou ao sair do quarto. Força do abito, talvez. Um dos colares tinha dois pingentes, um dizia Fedeltà (lealdade) e o outro Famiglia (família). O outro colar era um terço. Nono havia exigido que ele fosse educado na doutrina cristã. Todos os outros chefes foram, ele não seria uma exceção apenas por ser japonês.

Descendo o último lote de escadas que levaria a sala de jantar, onde fielmente, eram servidas todas as refeições ele se deu ao luxo de olhar para os quadros. Todos sendo obras legitimas de Picasso e alguns outros pintores ao qual não se lembrava naquele momento. As pinturas dos chefes, ao qual gostava de ficar observando, eram mantidas na galeria dos chefes. Belo nome, havia pensado alguma vez, faz sentido.

Com uma mão abriu a porta dupla da sala de jantar apenas para encontrá-la vazia. Não havia ninguém. Todos já haviam se alimentado pois não havia mais nada na mesa. Tudo foi retirado. Suspirando caminhou até a cozinha, cômodo ao lado da atual sala onde ficava a dispensa.

– Deseja algo mestre Tsunayoshi? – falou uma voz firme atrás de si.

Virando-se encontrou, em limpíssimas roupas, o empregado chefe. Lorenzo Stromani é um homem loiro com um físico perfeito em seus quarenta e tantos anos. Havia ganhado a confiança do nono em seus afazeres. Mas ainda assustava um pouco o moreno pois conseguia aparecer e desaparecer sem que ninguém percebesse.

– Lorenzo. Você sabe que quase me dá um ataque do coração toda vez quando aparece assim – fala sorrindo, encontrando graça na própria voz que havia engrossado alguns tons – Quanto a sua pergunta. Vou pegar alguma coisa para comer.

– Se desejar posso mandar que façam algo para o senhor – sugere já se virando para chamar Pizio, o cozinheiro chefe.

– Não é necessário Lorenzo – acrescenta antes que qualquer coisa seja feita – Quero apenas alguma coisa para beliscar.

Quando finalmente conseguiu convencer Lorenzo que não havia a necessidade de fazer um banquete para si o relógio que ficava na cozinha já demarcava dez horas. Suspirando dá uma última mordida em sua maça antes de descartar o miolo em algum dos lixos pertencentes a cozinha – que era enorme por sinal.

Apanha novamente sua bolsa, que havia colocado no balcão dos funcionários e sai em direção à sala de treinamento. Desde que Federico voltou Reborn havia sido convocado para ser seu tutor por nono. No começo Tsuna ficou em uma espécie de felicidade pois não teria que aguentar mais aquele homem sádico.

Ah, claro. Alguns meses atrás Verde conseguiu achar uma formula para que os Ex-arcobalenos crescessem mais rápido. Escusado seria dizer que o ex-arcobaleno da nuvem foi o coelhinho de testes.

Perdido em pensamentos Tsuna quase não consegue desviar da flecha que vinha em sua direção. Passando por centímetros de seu rosto ela aterrissa no olho de uma das estátuas de querubim pertencentes ao jardim lateral. Voltando sua atenção para a origem do objeto encontra um Gokudera muito estressado gritando com um Federico que segurava um arco. Reborn observava tudo com a aba do seu chapéu cobrindo-lhe os olhos, um sorriso demoníaco nos lábios.

Um arrepio involuntário toma conta de seu corpo quando sua mente viaja lembrando das vezes ao qual aquele sorriso foi dirigido a si. Fita-os por alguns segundos e então continua a andar, não percebendo o olhar de Federico em suas costas.

Naquela semana havia sido assim. Todos os seus guardiões haviam sido convocados por Reborn para ajudar no treino de Federico. Mesmo Hibari não teve como escapar mas em troca conseguiu ‘morder o herbívoro até a morte’ como ele mesmo disse enquanto saia da sala de treinamento que continha um Federico muito, muito machucado.

Rindo secamente alcança a chave de seu carro no bolço traseiro da sua calça. A pouco havia aprendido a dirigir e seu pai lhe dera a opção de ganhar um carro ou uma moto. Carro, com certeza carro. Sua experiência com a moto foi no mínimo traumática. Por fim acabou escolhendo um Maserati Quattroporte Luxury Sedan negro opaco.

Sorrindo para os guardas passa o portão frontal da mansão. Não se incomodou em avisar ninguém da sua saída. A pouco não havia mais nenhuma pessoa que se importasse consigo afinal.

10:26 – Vongola mansão

Reborn suspirou. Sim, o temível melhor assassino do mundo apenas suspirou. Ser o tutor de Federico estava o deixando com os nervos a mil. Tsuna era diferente, afinal. Ele conseguia ser um Dame mas tinha potencial. Se você o jogasse contra um desafio ele ia junto e o superava. Tudo bem, na maioria das vezes ele apenas entrava em pânico mas conseguia afinal.

Federico? Ele era bom com pistolas, avisou o nono, mas terrível com qualquer outra coisa. E quer saber? Ele tinha total razão. Diferente do deu Dame aluno, Federico não ia junto. Ele não pegava o jeito da coisa de maneira nenhuma. Era simplesmente frustrante. Por isso ele estava desde as cinco da manhã com Gokudera no jardim da mansão. Ambos tentavam inutilmente que Federico conseguisse lançar uma flecha corretamente. Apenas uma e ele se dava por satisfeito.

Reborn observou que o guardião da tempestade tentasse novamente ensinar a maneira correta de atirar. Federico tomou a posição e disparou. A flecha passou a cerca de dois metros do alvo para a direção das estátuas. Suspirando Gokudera voltou a gritar com Federico. Voltei meu olhar para a estátua que havia sido atingida apenas para encontrar meu Dame aluno parado a alguns metros dela, provavelmente a flecha quase o havia acertado. Sorri pensando em como ele havia mudado e o vi estremecer quando olhou na minha direção. Se virando em direção ao estacionamento ele continuou a andar. Iria sair?

– Reborn aquele é o seu aluno, certo? – veio a voz de Federico.

Voltei meu olhar para ele apenas para encontra-lo olhando para o Tsuna. Gokudera também havia parado de falar e agora apenas o olhava.

– Sim – respondi simplesmente.

– Mas, se ele é seu aluno, não devia estar treinando junto conosco ou com qualquer um dos outros guardiões?

– Jyuudaime está treinando sozinho nessa última semana – respondeu Gokudera orgulhoso.

Parando para pensar eu não o tenho visto muito nos últimos dias. Por causa de Federico eu tive que deixar de ficar no pé dele vinte e quatro horas por dia. Ele me pareceu mais pálido ultimamente também, achei que fosse minha imaginação mas o Nono também me perguntou sobre isso.

– Reborn eu não o vejo muito, ele é meio retirado não é? – Federico perguntou.

Olhei para o Tsuna, mas ele já havia ido embora. Algo estava errado, afinal.

– Não – respondi – Ele não é.

10:58 - Centro de Veneza

A água da fonte localizada na praça principal de Veneza estava anormalmente gelada para aquela época do ano, constatou pelos respingos que o alcançavam. Sentado na borda da fonte com sua fiel mochila ao lado, Sawada Tsunayoshi observava o cotidiano das pessoas que por ali passavam.

Estava calor então desabotoou os dois botões de cima da camisa que usava. Também havia colocado um de seus óculos de sol. A claridade estava machucando seus olhos. Eles estavam muito sensíveis pelo tempo que passou trancado na mansão.

Tudo estava lindo. Simplesmente de tirar o folego. As flores coloridas enfeitavam as janelas. Meninas caminhavam pelas ruas com cestas cheias de rosas. Crianças corriam com pipas e bolas em suas mãos. Mas os olhos do moreno não captavam nada como a câmera que estava em sua mão fazia. Sua mente estava confusa demais para pensar na beleza da primavera italiana.

Afinal, por quê ainda aguentava aquilo? Era essa a resposta que buscava. Gostava da Vongola. Tinha amigos maravilhosos, mas então, por que? Era como um quebra cabeça. Só que o dele estava com algumas peças faltando. Haviam sido perdidas ao longo do caminho. Suspirando resolveu parar de pensar naquilo. Pegou sua mochila do chão e ligou a câmera novamente.

Enquanto caminhava pelas ruas comerciais tirava fotos daquilo que lhe interessava. Flores. Casas. Meninas... Ele era homem afinal, poderia pensar nelas, não é?

Ouviu um cochicho suave atrás de si. Ignorou em um primeiro momento mas depois percebeu que estava perdido. Ótimo, pensou. Olhando em volta encontrou um grupo de meninas sentadas na mesa de um restaurante. Sorriu para elas. A primeira era loira, tinha corpo de modelo. Seus olhos azuis elétricos o olharam de cima a baixo. A morena tinha um sorriso doce e seus olhos caramelo tinham uma certa inocência que fez um sorriso brotar nos lábios do Tsuna. A última tinha os cabelos em um tom arroxeado e os olhos verdes escuros, uma combinação interessante.

– Ciao ragazze. Estão ocupadas? – Tsuna falou mansamente se aproximando da mesa ao qual estavam.

– Ciao – respondeu a loira.

– Posso ajudá-lo? – perguntou a morena.

– Bem, você vê, eu moro no Japão e estou aqui de visita por enquanto – explicou sorrindo – Não conheço muito bem a cidade e meio que me perdi.

Elas se entreolharam e sorriram.

– Então você quer que lhe mostremos a cidade – disse a roxeada.

– Se vocês, lindas ragazze fizerem esse favor a um humilde turista viajante.

– Meu, meu, não é que ele é bom com cantadas... – comentou a loira.

– Desculpe-me mas os seus nomes são?

– Ah, claro – falou a loira – Essas são Roseta e Mirian – falou apontando para a arroxeada e a morena respectivamente – E o meu nome é Sophia.

– Vamos? – perguntou Mirian se levantando.

Sorrindo Tsuna se juntou as garotas em uma volta pela cidade. Brevemente esquecendo tudo o que o afligia. Lembraria novamente em um outro momento, em uma outra ocasião.

O toque irritante do despertador soou no quarto. Uma mão apareceu no meio do ninho de cobertores e desligou o alarme. Quatro da manhã. Com um gemido o moreno se sentou na cama. Um arrepio percorreu seu corpo quando seus pés descalços tocaram o chão gelado.

Suspirando pelo nariz o moreno levou a mão aos olhos. Não se lembrava ao certo o que havia acontecido ontem, mas estava com uma ressaca maldita que poderia muito bem estourar sua cabeça. Olhando para si, mais especificamente para suas mãos ele arregalou os olhos.

O anel Vongola havia sumido. Certo, isso já era um exagero.

Alcançando o celular no criado mudo ele discou o número que a pouco havia decorado. No terceiro toque a pessoa atendeu, sua voz se destacando no silêncio do quarto.

– Tsunayoshi?

– Olá, Chequer Face, sua proposta ainda está em pé, estou correto?

– Chefe! Temos uma má notícia! – Grita um membro regular da Vongola explodindo na sala de reuniões. Reborn, Iemitsu, Nono e os guardiões da Nona geração foram surpreendidos pela pequena explosão.

– O que aconteceu? – pede Timóteo em seu tom autoritário enquanto os outros permanecem em silêncio esperando uma resposta.

Basil aparece atrás do homem ofegante e com um semblante aterrorizado.

– Está confirmado! Nenhum vestígio dele! Nós não podemos encontra-lo! – Exclama enquanto recupera o folego.

– Basil? O que está acontecendo? Eu ordeno que me diga o que está errado! – vocifera o líder da CEDEF.

– Senhor, o seu filho...

– O que aconteceu com Tsuna? – pergunta Reborn levantando-se, ele iria fazer esse garoto falar nem que tivesse que o encher de balas – Basil. – Vocifera, com certeza ele não estava para brincadeiras.

– T-Tsunayoshi-dono desapareceu...

– O quê? – grita Iemitsu.

– Nós não conseguimos encontra-lo em nenhum lugar – fala o homem tentando ajudar o menino que agora havia começado a soluçar – Estávamos de olho nele como o senhor pediu. Ontem à noite ele voltou para a mansão, mas hoje cedo não havia ninguém em seu quarto. Seu carro continua guardado na garagem e nenhuma roupa foi retirada do guarda roupa. Não há nenhuma pista que alguém tenha entrado ou saído daquele quarto. Os guardas não o viram hoje de manhã também.

– Tsunayoshi-kun então... – começou Nono.

– Desapareceu como fumaça? – terminou Coyote, o braço direito do Nono.


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