Belive me escrita por Lady Lucy


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Minha primeira história~ Boa leitura



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Tenho medo de ser esquecido, pois isso, é muito pior que a morte.

Veneza – Itália, 1615 d.C.

Uma imensa mansão se fazia presente na maior área seca dessa província. Era novembro, e como previsto para essa época, a chuva torrencial adornava o imenso céu.

Um jovem, de aproximadamente dezesseis anos estava sentado em uma poltrona de mogno com tecido de veludo vermelho, apoiava o queixo na palma da mão. Ele olhava incansavelmente para a lua, único astro que aparecia naquela incrível tempestade, uma lua incrivelmente pálida

– Creio que seja apenas isso? – o jovem falou suavemente, sua voz cheia de autoridade, enquanto ele continuava a olhar para a lua. Não sabendo que a luz da lua deu-lhe um brilho em sua pele pálida que o fazia parecer eterna. Seus olhos pareciam redemoinhos de ouro alaranjados agrupados em torno de uma lagoa negra. Seu cabelo loiro dava-o um ar meigo. As cortinas davam sombras que deram a aparência de asas. Seu terno, este que consistia em uma calça social, a camisa branca e o colete, deixando o paletó de lado, lhe dando-lhe o olhar escuro e astuto, mas inebriante de uma criatura não existente.

– Sim, meu Senhor – respondeu o outro homem que estava no quarto, talvez quatro a cinco anos mais velho.

– Está dispensado – disse o jovem, abanando a mão levemente em direção a saída.

– Claro, meu senhor.

As portas duplas de carvalho esculpidas se fecharam lentamente e silenciosamente após a passagem do homem. O jovem suspirou e levou suas mãos até as têmporas, massageando-as levemente, ato que deveria parar sua dor crônica de cabeça, devido a sua intuição. Abaixando as mãos, levantou-se, caminhando assim até a janela.

As portas se abriram novamente para revelar um jovem, em torno de dezesseis anos, alto e com cabelos vermelhos (talvez rosa) adentrar aquele local. O menino loiro apenas o olhou de relance, reconhecendo sua presença.

– G? Pensei que estivesse em uma missão – falou suavemente.

– Estava – respondeu o outro – Mas acabei de voltar da mesma.

– Então deveria estar descansando – resmungou o loiro, dirigindo um olhar preocupado sobre o amigo.

– Veja quem me fala, não deveria estar dormindo? São apenas seis da manhã.

– Estou sem sono – resmungou cruzando os braços e sorrindo – além disso, tenho assuntos a resolver e ficar o tempo em que Marco me recomendou ficar dormindo é uma chatice. Vou acordar a cada vinte minutos de qualquer modo.

O maior bufou franzindo a testa.

– G, você mesmo sabe o quanto eu odeio ficar parado.

– Sim – disse sorrindo – Eu, melhor que ninguém sei disso. Mas, e o que você me diz? Como está indo com aquela família?

O loiro suspira, passando uma de suas mãos pelos fios loiros.

– A mesma coisa, eles estão se complicando cada vez mais – resmunga – Estou achando-os cada vez mais culpados.

– Giotto.

– Sabe, G, talvez tenhamos que nos mover antes que pensávamos.

O som alto da porta batendo dá lugar a visão do guardião do sol ofegante, como se tivesse corrido todo o percurso da Vongola até a Shimon e voltado, e talvez tivesse mesmo.

– GIOTTO – grita correndo até o chefe – A família Ravazi foi atacada ao EXTREMO.

– O quê? – Vocifera Giotto.

– Ninguém sobreviveu – acrescenta tardiamente o padre.

É, parece que eles vão ter que se mover antes do planejado.

Veneza – Itália, 2015 d.C.

Vongola estava comemorando. Timóteo estava feliz, a ponto de chorar, todos estavam na verdade.

Seu falecido filho, Federico, que se dizia ser morto em circunstâncias desconhecidas ao qual somente seus ossos foi encontrado, está vivo e bem. Foi muito inesperado embora. Mas ninguém pode negar, foi uma ocasião feliz.

Entretanto, durante a celebração, Tsuna foi para seu quarto sozinho, na Vongola mansão. Natsu, seu pequeno leão, olhava para seu dono com uma mistura de preocupação e medo. Á muito não via seu mestre tão confuso.

– Todo mundo parecia tão feliz, na verdade, nunca vi o nono tão feliz. Mas eu não posso culpá-lo – sussurrou - Eu estaria chorando lágrimas de alegria se eu descobrisse meu filho morto estava vivo - Tsuna suspirou e deitou em sua cama.

O moreno virou-se na cama, ficando de frente para a parede. Suspirando, levantou-se sentando na imensa cama. Levando o dedo médio e o indicador as têmporas ele suspira. Quantas vezes havia feito aquilo nas últimas horas? Várias, tinha certeza. Sua intuição o estava deixando maluco, e o pior de tudo era que todos estavam ocupados demais com Federico para escutá-lo.

Rosnando baixinho em insatisfação, Natsu se aconchegou em seu colo como um gato doméstico. Rindo da sua box, o jovem Don se levantou, levando consigo o animal e caminhou até a varanda do quarto. Queria olhar para o céu. Afinal, era a única coisa que o acalmava.

Reborn, provavelmente, atiraria nele se o visse fazendo isso, pois, havia repetido várias vezes para o menino:

– Faça o que fizer, não abra as janelas ou portas quando estiver sozinho. Você é o herdeiro da Vongola, Dame-Tsuna, isso o torna um alvo. Pessoas vão querer mata-lo, e que melhor oportunidade seria do que quando estiver sozinho?

Dane-se. Queria ver as estrelas e não seria um assassino ou outro que o impediria. Ele queria sentir a brisa da noite. Entretanto, antes mesmo que ele conseguisse alcançar a tranca da porta seu corpo ficou dormente. Natsu caiu no chão olhando para seu mestre em preocupação.

Como ele odiava quando isso acontecia. O moreno caiu de joelhos no chão de madeira polida, suas mãos pousaram rapidamente sobre sua cabeça. Mas, nada poderia ser feito. A super nova que explodia em sua caixa craniana era como ser perfurado por trezentas balas de revolver. Acredite, ele sabia como era.

Com um gemido e soltando uma ou duas maldições ele aguentou. Sempre foi assim e sempre será.

Fracamente ele se levantou usando a parede como alavanca. A dor finalmente havia aliviado. O processo era rápido, no máximo durava cinco minutos, mas parecia uma eternidade.

Tsuna só conseguia se questionar: Por que eu?

Ele era jovem, o mais jovem a levar o anel Vongola do céu. Mesmo primo levou-o apenas em sua idade adulta, ou pelo menos, um pouco mais velho que o moreno. E ali estava ele, com uma doença que certamente o consumiria antes que ele atingisse vinte anos de idade.

Ainda apoiado na parede ele fechou os olhos. Demoraria um pouco até a tontura passar, além de que, mesmo que quisesse se mover, seu corpo não obedeceria.

– Eis um grande problema que você tem, Sawada Tsunayoshi.

Os olhos do Tsuna estalaram abertos e se arregalaram quando por fim, levantou a cabeça para olhar a fonte da voz. Rangeu os dentes enquanto olhava para o ser. Na porta da varanda havia um homem, com chapéu de ferro e uma máscara quadriculada.

– Como você conseguiu chegar até aqui? – Tsuna perguntou com cautela e um certo veneno na voz. Ele não tinha forças para se mover, quanto menos lutar, mas não iria se render tão facilmente.

– Meu, meu, é muito indelicado não chamar os outros por seus nomes, Tsunayoshi, eu gostaria de que você me chamasse de Chequer Face se não se importa.

Os olhos do moreno se estreitaram enquanto observava o homem caminhar pelo quarto e se sentar na cadeira ao lado de sua cama.

– Você não respondeu minha pergunta – resmungou.

Chequer Face apenas olhou para ele.

– Porque. Você. Está. Aqui?

– Bem – ele começou – Está bastante vazio aqui em cima, no terceiro andar. Você é a única pessoa aqui em cima, até mesmo os empregados estão nos dois primeiros andares. Quanto ao motivo pelo qual estou aqui...

O maior caminhou em direção ao jovem Boss. Tsuna tentou dar um passo para trás, mas, em seguida, sua visão embaçou e a próxima coisa que ele sabia era que Chequer Face estava o apoiando em si mesmo. O homem o colocou na poltrona que estava na varanda, sentando na poltrona ao lado. Com um olhar preocupado, Natsu seguiu seu dono.

– Por quê? – o moreno gaguejou olhando fixamente para o mais velho, queria saber por que o outro o estava ajudando.

– Tsunayoshi – Chequer Face falou, sua bengala apoiada na mão direita – Onde está o seu tutor?

Tsunayoshi olhou para suas mãos, não perdendo o maior apertar seu domínio sobre a bengala. Levantando seu olhar novamente ele não conseguiu deixar de dar um sorriso triste.

– Eu não sei ao certo. Reborn faz o que quer agora...

– Entendo, mas, se ele pode fazer o que quer, por que ele não veio verificar você até agora? Você está no quarto, trancado, a cerca de três horas. Alguém poderia pelo menos vir verificar se você ainda estava vivo.

Tsuna envolveu seus braços envolta de si mesmo. Sua linguagem corporal havia mudado para desconfortável. Sua mente estava dando mil voltas. Ele estava confuso. Por que? Afinal, por que eles não se importavam mais com ele? Suspirando ele retomou um pouco da sua ousadia.

– Tenho certeza que eles sabem que estou bem, e quem iria querer me assassinar?

Sua voz estava cheia de convicção mas Chequer Face pode muito bem notar que dentro de sua mente, no fundo do seu coração, ele estava pensando: Eles não se importam mais comigo. O homem suspirou para a teimosia do rapaz.

– Eu não teria tanta certeza disso, Sawada.

Tsuna observou Chequer face, lentamente, se levantar e caminhar até o parapeito da varanda. Olhando para o jovem Boss ele apontou a bengala para a escuridão.

– Você pode ver com seus próprios olhos Tsunayoshi.

Tsuna caminhou hesitante e calmamente até o homem e olhou para o ponto onde a bengala apontava. Ele soltou o ar que não havia percebido que estava segurando enquanto seus olhos se arregalaram mais uma vez. Encostado em uma árvore jazia morto um homem. Um assassino com um rifle no chão. Suas roupas negras e camufladas para se misturar no meio da noite. Sua arma apontada diretamente para ele, para seu quarto. Ele ia mata-lo.

– Agora você acredita em mim? – Chequer Face disse voltando ao seu assento, levando Tsuna pelo cotovelo, este, estava atônito demais para reclamar.

Assim que seu corpo despencou na cadeira ele pareceu voltar a si. Levou a mão direita a boca enquanto fechava os olhos afundando mais no estofado da cadeira. Ele poderia ter morrido. Espere, se Chequer Face não tivesse aparecido ele teria sido morto. Ele ia morrer. Reborn e os outros provavelmente o encontrariam no outro dia, tarde demais.

– Acredito – respondeu sem emoção, enquanto olhava para a lua cheia. Seu cotovelo apoiado no braço da cadeira, a palma da mão estava sendo usada para sustentar sua cabeça. Seu olhar estava pensativo mas em sua mente não havia nada.

– Tsunayoshi...

– Tsuna – cortou o moreno, pegando de surpresa o maior – Creio que já não somos mais desconhecidos para ficarmos falando nomes completos, me chame de Tsuna.

– Certo, então, Tsuna... O que você vai fazer agora?

– Não sei, o que tem isso? – Tsuna disse enquanto seu olhar se perdia nas constelações.

– Bem, Federico, agora que está de volta, tem o poder de... Não – se corrigiu – Ele vai se tornar o décimo Vongola. Seus guardiões são oficiais portanto vão se tornar os guardiões dele. Mas você, você não levou o pecado, portanto não é o chefe oficial ainda.

Chequer face olhou fixamente para o moreno mas se assustou com o olhar que recebeu. Os olhos do pequeno Vongola estavam cheios de pesar, tristeza e aceitação. Aquele olhar era um dos quais não deviam ser levados por alguém tão jovem. Que conhecesse tão pouco.

– Eu sei – o moreno sussurrou – Eu sei disso – e não disse mais nada.

Seu olhar se tornou vazio quando ele olhou para a lua cheia. A grande esfera adornada de estrelas. Um céu limpo, parecendo não compartilhar o que se passava no coração daquele que ocupava a cadeira ao seu lado. Chequer Face desviou o olhar dele suspirando.

– Não acredito nisso – disse por fim.

– Hum? – resmungou o menor, distraído com as estrelas, a própria presença do outro parecia acalma-lo. Era estranho, mas acalmava-o.

– Vou admitir, Tsuna – falou Chequer Face olhando-o nos olhos – Você atraiu a minha atenção. Como que alguém que foi considerado, ou ainda é, Dame-Tsuna, consegue derrotar a Vindice? Como você simplesmente derrotou Byakuran? Como, Tsunayoshi? Você me fez ficar com raiva também, Tsuna...

O moreno olhou para ele atentamente, esperando que ele continuasse. Verdade seja dita, sua intuição já estava o alertando em onde isso ia dar.

– Quando eu descobri que o filho do Timóteo estava vivo e de volta, eu fiquei um pouco nervoso. Eles iriam te descartar para um membro regular da Vongola, afinal, a CEDEF já tem um sucessor.

Os olhos do Tsuna se tornaram opacos novamente a menção da filial ao qual seu pai dirigia. Pai, que pai tratava o filho de seu chefe melhor que seu próprio?

– Quando você deu um fim à batalha do arco-íris de uma maneira tão grandiosa, eu fiquei curioso. Queria ver o que você faria a seguir. Como mudaria a máfia ao longo do tempo. Mas agora, essa oportunidade simplesmente se foi. Chame-me de egoísta mas eu quero que você seja um chefe. Quero ver o que vai acontecer.

Tsuna engoliu em seco enquanto Natsu pulou no seu colo, sorrindo ele começou a acaricia-lo, não notando o olhar do outro sobre si.

– Você tem um grande potencial, Tsuna. – Chequer Face continuou a falar, olhando diretamente nos olhos caramelo do menor – O potencial está no seu sangue. É como diamante. Você precisa encontra-lo e então cortá-lo e limpá-lo até que ele revele sua preciosidade - Tsuna corou com a descrição mas continuou a olhar para o maior – Eu... – ele hesitou - Eu tenho uma proposta para você, Tsuna.

– E o que seria isso? – perguntou desviando o olhar para o céu.

Enquanto ele continuava a olhar para a lua, Chequer Face o observava. Tsuna agora tinha dezesseis anos. Sua pele continuava em um tom claro de porcelana, uma palidez incrível. Seus olhos pareciam redemoinhos em um tom de mel agrupados em torno de uma lagoa negra. Olho aonde de repente poderia se notar alguns tons de laranja brincando com a íris caramelizada. Seu cabelo havia crescido, talvez pela ausência de tempo para cortá-lo, e agora alcançava o final da sua nuca. A franja por pouco não lhe tampava o olhar. Entretanto ele ainda desafiava a gravidade com uma suavidade espantosa.

O terno que ele usava, este que já não estava em seu modelo completo pois a gravata e o paletó haviam sido descartados em algum lugar no quarto. A calça negra e a blusa em um tom muito claro de laranja, que poderia muito bem ser confundido com branco formavam um conjunto deslumbrante naquela figura. Tudo nele era raro. Tudo o parecia fazer sua imagem ser considerada eterna. A imagem não existente de um anjo.

Distraído em pensamentos, Tsuna não percebeu quando Chequer Face se levantou. Uma sombra pairou sobre ele, o que fez com que levantasse os olhos apenas para perceber uma máscara. Uma máscara que Chequer Face estava segurando, idêntica a dele.

Os olhos do Tsuna se arregalaram quando percebeu o que estava acontecendo.

– Parece que entende o que estou oferecendo – disse sorrindo – Não quero lhe obrigar a nada, Tsuna. A decisão será sua. Pense o tempo que precisar.

Tsuna lentamente estendeu a mão e levou a máscara para si. Assim que a máscara tocou seus dedos uma imagem apareceu em sua mente. O contato ao qual poderia ligar para ele e qual seria o melhor horário. Tsuna levantou seus olhos para o homem mas ele já havia sumido deixando apenas algumas frases penduradas no vento.

Enquanto você não for oficialmente um Vongola a proposta estará em pé, Tsuna. Pense bem no que eu te disse. Você sempre será bem-vindo a Scacchiera Famiglia.


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Notas finais do capítulo

Comentem o que acharam~ Até o próximo~



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