Para o Meu Amor, Emmett escrita por thysss


Capítulo 116
Capítulo 116




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Dois dias depois era oficial: nós estávamos convocados para a guerra. Antes era apenas as palavras de meu pai, e mesmo que eu soubesse que ele não estava blefando, havia sempre aquele resquício de esperança dizendo que eu poderia ficar de fora, que ele poderia ter convocado os mais devotados, os que estavam mais em forma; porque mesmo sendo bom em atirar, eu já havia faltado diversas vezes, enquanto muitos outros passavam o dia todo lá naquele campo de treinamento, querendo melhorar, querendo ser o melhor, enquanto eu não dava a mínima.

Mas então a notificação foi entregue em minha casa, e ali estávamos, Rose e eu, encarando o papel que continha o meu nome e dizia que eu havia sido convocado para representar, junto aos outros soldados, a cidade de Rochester, fazendo a nossa parte nessa guerra civil que parecia que não iria acabar nunca.

Assim como parecia que quanto mais eu queria que acabasse, pior a situação ficava, deixando tanto os estados do norte, quanto os do sul, cada vez mais irritados e mais dispostos a irem até o final. Era como se a guerra só fosse acabar quando só restasse um homem.

— Nem se atreva a não voltar para casa! – Rose murmurou me abraçando, e eu soube que ela só estava querendo se fazer de forte, querendo demonstrar que estava bem, que estava confiante, mas na verdade estava quebrada por dentro, e amedrontada.

Você poderia ter me dito, afinal, eu estava do mesmo jeito.

— Não vou – respondi beijando seus lábios.

— Quando você tem que ir? – ela perguntou não querendo se afastar de mim.

— Em três dias – respondi não querendo me afastar dela.

Então eu tinha três dias para arrumar as minhas coisas, me despedir de Elle, fazer Victor entender a minha ausência e arranjar um modo de ficar longe de Rose sem que a saudade me atingisse. Nos atingisse.

Nos dois dias seguintes nós não mencionamos nada, em nenhum instante, mas quando a noite chegou, minha mãe apareceu em nossa casa, seus olhos vermelhos denunciavam que ela havia chorado, e quando ela me abraçou com força eu soube o motivo.

Fazia dias que nós não nos falávamos, e sinceramente eu não sabia o que dizer, não sem destilar toda minha raiva pela situação que meu pai havia criado.

— Seu pai está todo orgulhoso – ela murmurou quebrando o gelo, depois que estávamos só eu e ela na sala, Victor estava brincando mais afastado, e Rose estava no nosso quarto amamentando Elle.

— Eu sei – murmurei sem expressão, nem emoção.

— Mas e como você está? – ela murmurou tocando meu rosto.

— Como você acha? – perguntei sem querer ser rude, afinal era minha mãe, mas quando se tratava desse assunto, era impossível me controlar. – Eu vou morrendo de medo de deixar os meus filhos sem pai, enquanto ele não se importa no mais mínimo em perder o único filho. Eu vou deixar a minha mulher sozinha por sabe-se lá quanto tempo, e ele não dá a mínima para isso.

— Seu pai sempre foi assim – ela contestou.

— E como você pôde suportar? – perguntei o que sempre esteve preso em minha garganta. – Eu vou para guerra por culpa dele, e ele não tem o menor remorso quanto a isso. Ele nunca quis lhe dar outro filho. Ele nunca está em casa. Como você pode suportar?

— Porque eu o amo – ela respondeu dando de ombros, e aquilo me atingiu.

Porque a minha concepção de amor era a relação que eu e Rose tínhamos, que os pais dela tinham, para mim amor era estar sempre juntos, era sentir saudades e querer estar junto.

A menos que aquela fosse a situação em que só um lado ama, e eu sentia muito por isso.

— Ele não é perfeito, mas quem é? – ela continuou e eu mordi a língua para não retrucar de forma mal educada. – De todos os modos, eu não quero falar dele. Eu vim ficar um pouco com você, sei que é amanhã que vocês partem, e eu queria que você soubesse que vou estar aqui, me roendo de saudades e rezando para que tudo corra bem.

— Eu só queria não ter que ir...

— Mas não há como – ela respondeu com pesar. – Eu tentei fazer seu pai mudar de ideia, só queria que você soubesse disso. Eu não queria que você passasse por isso.

— O problema não era eu não passar, e sim ver meu filho nessa situação daqui há alguns anos.

— Pode não haver mais guerras – ela disse.

— Assim como quando eu prometi, não havia nenhuma guerra em vista, não era para essa estar acontecendo, e ainda assim aqui estou eu, me preparando para ir – retruquei. – Meu pai não se importa por eu estar indo, pelo contrário, para ele isso é questão de honra e orgulho, mas eu não penso assim, e eu não gostaria de estar nessa situação. Eu fiz isso exatamente para não ter que passar por essa situação daqui a alguns anos, e não importa que não aja guerra, eu vou ter feito a minha parte e garantido que o meu filho não precise passar por isso.

— Emmett...

— Não – eu disse me afastando, vendo seu rosto choroso. – Eu amo você, mamãe, mas não posso aceitar as atitudes dele.

Eu só queria que ele houvesse feito um terço por mim do que eu faria por Victor, mas eu não diria isso assim abertamente. Também não era como se ela pudesse mudar alguma coisa, eu já estava convocado mesmo.

— Eu vou rezar para que dê tudo bem, e você não demore a voltar para casa.

Ela só estava ignorando o fato de que muitos não voltam, eu não queria que isso ocorresse comigo, mas, de todos os modos, não ficaria me iludindo pensando que não aconteceria de jeito nenhum, pelo contrário, mesmo sendo um bom atirador, havia grandes possibilidades de eu voltar lesionado para casa, só esperava que não ocorresse nada muito grave.

E quanto a qualquer machucado, eu já podia ouvir meu pai dizendo que uma cicatriz causada pela guerra é motivo de orgulho, e bom, eu poderia pensar assim se meu país não estivesse lutando contra ele próprio. Mentira. Eu não poderia pensar assim de jeito algum. Posso ser chamado de covarde, mas havia coisas e pessoas que eu prezava muito mais que orgulho por ir a guerra – nós nem sequer poderíamos dizer que defendemos nosso país (mesmo sendo esse o grande lema dos soldados: “lute pelo seu país”) porque os próprios estados dos Estados Unidos da América estavam destruindo esse país.


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Notas finais do capítulo

n/a: cadê vocês? até atrasei o post pra ver se alguém surgia sentia falta e vinha comentar na fic, mas ninguém apareceu. só dois reviews no outro capítulo, o que está acontecendo?
._.



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