O casarão no fim da rua escrita por Lorena L


Capítulo 6
Cativeiro


Notas iniciais do capítulo

Então gente, quinta-feira passada eu não postei porque 1) estava viajando e consequentemente 2) não tive tempo. Para compensar, farei uma maratona de capítulos para vocês! Postarei um hoje, outro amanhã (quarta) e outro quinta. Depois o calendário voltará ao normal e os capítulos voltarão a ser postados de terça e quinta.
Aproveitem o/



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Henry foi interrompido de sua conversa com Melissa por um grito agudo vindo do lado de cima do casarão. Todos os quatro que estavam ali presentes pararam o que estavam fazendo para ver o que tinha acontecido. Quando Henry se tocou, já estava subindo as escadas seguido de Melissa, que largara sua bebida inacabada no chão da sala. Em um quarto de segundo, todos já estavam no segundo andar, amontoando-se por entre o escuro corredor, correndo até a última porta. Não conseguiam ver bem nada do lado de dentro, pois os corpos tremulos de Arthur e Alice estavam parados a frente.

– O que está acontecendo?! - Gritou Henry, empurrando os garotos.

A cena que viu foi bem pior do que imaginava.

Ficou em choque por alguns segundos. O mundo parou de girar, a luz da janela parou de entrar, as pessoas ao seu lado se tornaram estátuas, o universo que jamais conspirara ao seu favor não mais existia. Outros gritos, e alguém chorava em silêncio. Mas ele não ouvia. E então, em um instante, seu choque se foi, lhe deixando tonto, como se o mundo tivesse voltado de repente a se movimentar, fazendo-o banbalear entre os próprios pés. Olhou de novo para o corpo do melhor amigo, e teve uma súbita vontade de vomitar.

Henry odiava sangue. Odiava ver sangue. Odiava o cheiro de sangue. E agora, sentia-se preso naquela sala, sentindo o cheiro, vendo, vivendo aquele momento que nunca mais saíria de sua cabeça. O inabalável Fred estava morto. Mas porque não estava assim tão impressionado? Ele sabia demais. Henry engasgou. O pacote. As visitas a fraternidade. Henry temia também saber demais.

Arthur ajoelhou-se na frente do corpo. O analisava friamente, quase como se estivesse analisando um mero animal que havia abatido. Não encostou os dedos em lugar nenhum de seu corpo, mas observou o local. E por fim, virou-se para os amigos, limpou a garganta e levantou.

– O que vocês estão fazendo ai parados? Alguém, ligue para a polícia, rápido.

Henry engoliu em seco.

– Não podemos ligar para a polícia - disse friamente.

– Não podemos ligar para a polícia!? Você ficou maluco?! Será que devo te lembrar que o seu querido dono está MORTO, fiel cachorro?

– VOCÊ NÃO ESTÁ VENDO O PROBLEMA QUE CONTAR IRÁ TRAZER PARA A GENTE?

A sala desabou em gritos, e brigas, a ponto de que ninguém mais podia entender os argumentos um do outro.

Alice, que estava chorando até agora, limpou as lágrimas e deu um alto berro, calando a todos.

– GENTE. GENTE, PELO AMOR DE DEUS - sua voz ainda estava rouca, e lágrimas ainda caíam de seus olhos - VOCÊS NÃO VEÊM O QUÃO ESTUPIDOS VOCÊS ESTÃO SENDO? TEM UM HOMEM MORTO EM UM CASARÃO ABANDONADO, UM CASARÃO ABANDONADO QUE INVADIMOS E FOMOS CONVENCIDOS DE FICAR PELO MESMO HOMEM QUE ESTÁ MORTO. – Ela respirou fundo, ficando em silêncio por poucos segundos. Todos haviam parado para ouvi-la. - Não tem como entrarmos em mais problema do que já estamos. Não podemos ficar aqui e fingir que nada aconteceu… N-ão… P-po.. demos…

Alice não terminou a frase. Desabou nos braços de Daria, e voltou a chorar. Henry notou Melissa tirar os olhos vidrados em Fred e voltou o olhar para Amber, e então Arthur. De todas as quatro garotas, parecia ser a mais controlada com a situação. As vezes Henry se impressionava com a facilidade que Melissa tinha de se transformar em uma garota fria e analítica. Ela parecia ter muito controle sobre seus próprios sentimentos. Nem sequer demonstrava náusea com o forte cheiro de sangue que pairava o ar.

– Alice tem rasão. O que fizemos foi errado. Topar passar a semana em uma casa abandonada nunca foi uma boa ideia, e todos nós já sabiamos disso faz muito tempo. Mas não contar para as autoridades locais será um erro pior ainda. Precisamos contar. E precisamos estar dispostos a pagar as consequências.

Todos engoliram em seco. As consequências não seriam poucas. Infrigiram a lei diversas vezes em menos de 24 horas. Invadiram uma propriedade privada abandonada, planejaram passar várias noites, beberam*, e agora seriam possíveis suspeitos de um homicídio qualificado. Mas nada daquilo era pior do que esconder o crime. Apenas Henry sabia de uma coisa que poderia ser pior. Mas ele manteve-se em silêncio.

Rob sacou seu celular, e começou a discar 911, quando ouviram um estrondo vindo do andar de baixo. Os garotos se entreolharam assustados.

– A-acho que…

– E se…

– Alguém está la embaixo.

O enjoo de Henry voltou. Ele e todos ali sabiam quem estava la embaixo.

– Me sigam - Disse Arthur tremendo.

Os jovens foram pé ante pé até o quarto ao lado, e o garoto fechou a porta atrás dele, mas não havia uma chave ali.

– Merda. Henry, me ajuda a vigiar a porta. Rob, rápido, ligue para a polícia. Rápido.

– Arthur o meu.. Não tem sinal aqui. Eu estou sem sinal.

Melissa pegou seu celular.

– O meu também está.

– O sinal não pega aqui em cima… Se pegar, só se for do lado de fora. Ou do terceiro andar. - Disse Audrey. Todos se entreolharam. Ninguém havia subido no terceiro andar ainda.

Daria engoliu em seco.

– Ou talvez o sinal não pegue em lugar nenhum. Estamos em uma casa abandonada. Sem linha telefônica. Sem fiação para carregarmos nossos telefones.

– O único jeito então… - Disse Alice, - é saindo daqui. E irmos nós mesmos avisar as autoridades.

– Tem alguém… Algo.. Alguma coisa la embaixo. Vocês ouviram o barulho. Não podemos arriscar. - Disse Amber.

O ar estava cada vez mais pesado no ambiente.

Melissa pensou rápido.

– Amber, você ainda está com o seu canivete?

Amber apressadamente retirou o que estava em seu bolso, revelando um longo e vermelho canivete suiço.

– Vocês planejam enfrentar um assassino… Com um canivete? - Perguntou Rob - Você ao menos sabe usar um canivete, Amber?

– Não.. - Disse a garota. - Mas eu carrego por precaução.

Arthur tomou o canivete nas mãos e o abriu.

– Talvez ela não saiba.. Mas eu sei. Vamos sair daqui. Juntos.

x_x

Todos se amontoaram no corredor, com o forte cheiro de sangue no ar, a caminho das escadas. Melissa estava a frente junto com Henry e Arthur. Isso que Henry não entendia em Melissa. Ela sempre tinha que se sentir forte como os outros caras. Ela não suportaria ficar pra trás e ser protegida. Porque?

Amber segurava no braço da melhor amiga. Rob estava ao lado de Arthur, Daria e Alice estavam atrás.

Outro estrondo. Só que dessa vez mais próximo. Muito mais próximo. Ritmadamente, todos os jovens correram em direção ao barulho. Desceram as escadas, e fitaram uma sala vazia; sem ninguém, ou nada a sua espreita. Arthur correu e tentou abrir a porta. Trancada.

Todos, então, olharam na mesma direção, e dessa vez Henry tinha certeza que iria vomitar.

Havia outra mensagem. Alguém, com uma larga faca, cortara o cimento e havia escrito uma nota na parede ao lado da porta. A mensagem estaria ali para atormenta-los. Impossível de ser apagada.

Vocês são meus convidados. Um bom anfitrião

continuaria a festa. Mas agora o jogo terá as minhas regras.

Preparem-se.

O pesadelo havia acabado de começar.


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Notas finais do capítulo

*Nos estados unidos, você só pode ingerir bebida alcoólica depois dos 21 anos
Espero que estejam gostando. Amanhã (quarta) postarei capítulo novo. Então preparem-se hehe :3
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