Hope for Us escrita por Lady Anne


Capítulo 26
Capítulo 24: Ajuda


Notas iniciais do capítulo

UEPA! Ó quem chegou chegando! Tudo boum coum vocês?
NOME DO CAPÍTULO TOSCO PORQUE NÃO SEI NOMEAR CAPÍTULOS MESMO, ISSO AÍ.
Gentem, espero que gostem desse capítulo maroto que prometi postar até as 1 da manhã de hoje, e cumpri, porque Deus é maravilhoso, vamo lá.
PRIMEIRO obrigada minha doce, amável, e zoeira Lara Levesque por todo amor depositado em sua recomendação e todo o apoio ♥
Obrigado as lindíssimas Thayssa Victoria e Dindih por me agraciarem com MP's lindas ☺
24 para emociona-las ai, mas já vou avisando que no 25 você vão precisar de um balde, sério. E vão shippar bastante ♥
Listinha de novidades marotas:
1. Vou meio que reescrever os capítulos 1, 2 e 3 gentem, e dar uma atualizada em alguns outros, arrumar errinhos, essas coisas, deixarei vocês a par das atualizações para que releiam os capítulos com uma escrita muito mais goxtosa e com acontecimentos extras.
2. Capa nova logo mais, falando nisso, gostaria que me mandassem como vocês imaginam a Hope :) Eu a imagino como uma mistura de Cher Lloyd, Lily Collins e eu *all buga*
3. Eita... Não lembro ;-;
TURMA, QUEM TA MORRENDO COM AS FOTOS DA SEXTA TEMPORADA DE TWD? EU ESTOU!
Quem continua querendo se casar com o Chandler? Yeah, iludidas. Todas nós.
FUCKING OBRIGADA por todos os comentários, todo o amor passado por essas palavras tão doces que vocês escrevem para mim djfgjkfgsf Vocês são lindas, espero que todas conquistem o crush. ♥
Lálálálá não me lembro mais de nada que queria dizer ♥
Bom, LEIAM, COMENTAM, SE INSCREVAM NO CANAyhgyuguy n tenho canal ;-;
Beijo!
Anne. ♥
AMO VOCÊS DO TAMANHO DA FOFURA DO ASA BUTTERFIELD.
COM LICENÇA, vão ler a fanfic bacanuda da colega Rav Levesque gente, Wild World, é goxtosa, é da Sophia ♥ SHIPPO CARL E SOPHIA ATÉ O FIM DESSA VIDA.
♥ Tchau.



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Narração por Carl Grimes

Enquanto eu andava pelos corredores do bloco C, ouvia o som abafado da arma balançando em minha cintura – que eu havia esquecido como era – e o toc toc dos sapatos no chão, porque estava realmente silencioso já que muitos estavam doentes e outros simplesmente de luto.

Rick havia me chamado para informar que eu ficaria de quarentena com as crianças no prédio administrativo, cuidando para que elas ficassem isoladas dos doentes e se alguma ficasse doente eu deveria leva-la até o bloco A. Hope também ficaria comigo, afinal só nós dois tínhamos menos de 17 anos e tínhamos armas – crianças maquinadas, como ela diria.

Carol havia dito que ele estava me procurando, e já estava apreensivo sobre o porquê uma vez que a cara dela não era das melhores ao falar comigo. Tinha apenas uma certeza: não era nada perto de errantes, nada explosivo, nada fora da prisão, enfim, nada perigoso, e eu estava certo. Teria que ficar trancado com pirralhos potencialmente doentes, só lendo e de olho em qualquer um que tossisse alto demais ou vomitasse sangue.

Beth e Hershel também ficariam no administrativo, para cuidar de Judith e para se certificar de que teríamos pelo menos um médico não infectado – Dr. S estava cuidando dos doentes, ele tinha se oferecido porque era mais jovem, mas mesmo assim corria riscos porque Rick havia me dito que estavam mantendo as crianças longe porque éramos os mais vulneráveis.

E eu obviamente estava revoltado com aquilo, porque poderia fazer muitas outras coisas, ajudar todo mundo que não estivesse doente e Hope também, mas tinha que dar uma de babá.

Quatorze dos nossos haviam morrido, doze de gripe, dois mortos e queimados – Karen e David foram misteriosamente queimados, o que causou um confronto entre meu pai e Tyreese pelo o que entendi – então o conselho tinha tomado algumas medidas oficiais de segurança. Carol deveria ficar com as crianças, porque era muito melhor com elas, mas ela tinha outras obrigações já que havíamos perdido muitos adultos.

Daryl, Michonne, Ben e Tyreese iam sair para buscar os remédios para os doentes, enquanto isso só precisávamos sobreviver um pouco mais.

Agora eu deveria encontrar Hope e contar que ficaríamos presos com as crianças no prédio, para que juntássemos nossas coisas e nos instalássemos logo em uma sala cheia de mesas e estantes.

Mas antes mesmo de chegar ao bloco de celas fui sobressaltado por um som forte, um baque, como se alguém tivesse caído no chão e logo depois tivesse tido uma crise de tosse. Apressei o passo e me surpreendi ao virar o corredor e encontrar Noah sentado no chão ao lado de uma pequena poça de sangue, tentando limpar a boca com a manga da camisa.

Noah. – me aproximei e ele se virou para mim lentamente.

– Eu preciso de ajuda. – ele simplesmente disse e tossiu mais, eu me agachei ao seu lado – Cadê o Daryl?

Também tinha sangue em sua camisa, seus olhos estavam turvos e ele estava soando tanto que o cabelo já colava na testa.

– Reunião do conselho. – falei – Preciso te levar para o bloco A.

– Não, você vai pegar isso... – ele disse e se afastou debilmente, mas sabia que não poderia negar minha ajuda.

Ele tentou se levantar e eu o apoiei nos ombros, porque era evidente que ele não conseguiria caminhar sozinho. Quando conseguimos dar alguns passos tive que parar, pois Noah estava tossindo bastante. Não havia visto como era isso, essa doença, mas era bem pior do que eu imaginara, principalmente num garoto como ele que era um pouco menor que eu.

Hope... – ele murmurou – Não conta para ela.

– O que? – exclamei – Ela é sua irmã.

– É perigoso para ela. – então eu entendi o que ele queria dizer – Prometa.

– Noah, isso... – eu tentei explicar, mas pelo o jeito que ele me olhava eu não poderia negar – Prometo.

Não sabia como iria esconder isso dela, mas já havia prometido, não teria uma discussão com um garoto que já estava ficando verde de tão ruim. Resolvi andar mais rápido, aproveitar que ele era menor e tentar “arrasta-lo” comigo, visto que Noah estava me assustando, já estava ficando com medo de que ele... Não, não mesmo.

– Obrigado. – ele murmurou.

– É só uma gripe, Noah. – disse, mesmo não pondo fé nas minhas próprias palavras.

– Para. – ele bufou – Sei que parece que eu vou morrer a qualquer momento, mas eu não sinto que vou, fica de boa.

Fiquei admirado, porque eu com certeza não conseguiria agir assim se estivesse daquele jeito, quer dizer, parecia que Noah não aguentaria levantar um braço sem tossir. Tinha a certeza que Hope faria a mesma coisa, me mandaria calar a boca e continuar andando.

– Certo. – foi só o que pude responder.

O silencio não era incomodo, uma vez que eu estava entrando em desespero, mas preferia que ele falasse só para ter certeza que estava consciente.

– Pode... Achar o Daryl? – ele pediu de novo quando chegamos à porta para a saída do bloco.

– Não sem antes te deixar no bloco A. – disse – Porque precisa dele?

Noah tossiu mais uma vez e cuspiu mais sangue, o que me deixou alarmado.

– Eu só... Esquece. – parecia fraco demais para me explicar qualquer coisa.

– Queria que ele te ajudasse? – não fiz aquela pergunta grosseiramente, só a fiz por fazer.

– Não é isso, não interessa. – ele respirou fundo, eu o encarei e seus olhos já pareciam não aguentar ficar abertos.

– Desculpe. – murmurei.

Já estávamos descendo as escadas do bloco e por sorte – ou azar – não havíamos topado com Hope. Havia mais alguns doentes indo a passos lentos para o bloco A, e quis acelerar mais o passo para que eles não vissem o estado de Noah, porque ele parecia pior que os outros.

– Não é que eu não goste de você, sabe. – ele recomeçou a falar.

– Sério? – agora não estava prestando tanta atenção assim, porque tinha que ajuda-lo a descer as escadas.

– É que você gosta da minha irmã, entende. – arregalei os olhos – Tem que ter uma discórdia de um dos lados.

Não estava surpreso por ele saber, estava surpreso por ele dizer aquilo naquele momento, afinal todo mundo sabia que eu gostava da irmã dele. Não pude conter um pequeno sorriso, porque aquele moleque realmente se parecia com ela e ainda tentava manter o bom humor mesmo estando uma droga.

– Entendo. Também não tenho nada contra você, pirralho. – pude vê-lo sorrindo brevemente também, mas seus dentes estavam cheios de sangue.

Caminhávamos para o bloco A em silencio, passamos até por Tyreese que tinha o rosto bem inchado – coisa que meu pai deveria ter feito –, ele nos encarou com o que pareceu pena e desgosto, mas provavelmente só eu vi porque Noah não mexia a cabeça para nenhum dos lados.

– Noah! – ouvimos um grito de repente e me virei antes para olhar, constatando com alivio quem era.

– O Caipira? – Noah murmurou e eu assenti, e quando ele se virou Daryl já estava próximo.

– Ah, droga... – ele sussurrou quando olhou bem para o garoto ao meu lado – Deixa comigo Carl.

Eu não entendia muito bem a relação dos dois, mas parecia que desde o começo tinham se dado bem, exatamente como Hope. Talvez Daryl fosse como um irmão mais velho, por isso Noah o queria tanto por perto..

– Vamos lá, moleque. – quando o soltei Daryl se aproximou para carrega-lo no colo, porque seria bem mais ágil.

Porcaria. – pensei que Noah tentaria se afastar, mas permitiu sem protestos ser carregado – Só estou aceitando isso porque não tem outro jeito.

– Fica quieto. – Daryl disse rindo, mas ainda parecia preocupado.

– Obrigado, Jardineiro. – ele disse fracamente antes de se virar.

Observei enquanto se afastavam, o braço de Noah pendia do ombro direito de Daryl e eu podia ver seus tênis balançando enquanto andavam. Nenhum dos dois nunca tinha me parecido tão frágil quanto naquele momento.

Narração por Hope Miller

Carl havia me encontrado há pouco tempo – estava com Beth e Judith tomando um pouco de sol – e me informado de que iríamos “nos mudar” para o prédio administrativo, a fim de cuidar das crianças que estavam saudáveis. Ele estava estranhamente calado, nem mesmo parecia bravo por ter que ficar com os “pentelhos” ao invés de fazer alguma coisa perigosa.

– Ei, Cowboy. – segurei a manga da camisa jeans dele, fazendo-o virar – O que foi?

Ele me encarou por alguns segundos e eu não conseguia ler seus olhos, mas alguma coisa havia acontecido, eu tinha certeza.

– Nada. – respondeu, tentando parecer indiferente – Por quê?

– Aconteceu alguma coisa contigo. – conclui, mas ele desviou os olhos – Nem parece bravo por ter que dar uma de baby-sitter.

– É obvio que eu to bravo. – disse e apressou o passo.

– Eu te conheço, Grimes. – arqueei uma sobrancelha – Quando você fica bravo não há ninguém que não perceba.

Ele deu de ombros e continuou andando, o que me deixou definitivamente intrigada. Algo estava errado, e eu não tinha nem ideia do que, porque o que quer que seja devia ter acontecido quando ele foi falar com Rick.

Voltamos para o bloco C em silencio e ele me deu uma mochila grande com saco de dormir acoplado para juntar minhas coisas, e eu me perguntei por quando tempo ficaríamos lá. Alguma coisa me dizia eu não veria minha cela por algum tempo, então quis pegar tudo o que tinha – o que não era muita coisa – como minhas fotos que estavam coladas na parede, a câmera, os quadrinhos favoritos, diário de Caroline, também o mapa que sempre estivera comigo antes de chegar à prisão e a fita adesiva – porque fita adesiva pode resolver qualquer problema. Além da escova de dente e de cabelo, o que me fez sentir como se fosse dormir na casa de um amigo.

Antes de guardar todas as fotos eu examinei uma em especial, uma das minhas favoritas na verdade. Uma fotografia de Carl e eu de cima de uma das torres, eu havia dito que queria uma foto do céu lá de cima e ele aceitara subir comigo, mas no final tirei mais fotos nossas do que da paisagem. Nessa foto o sol iluminou bem nossos rostos, o que fez os olhos azuis de Carl se destacarem mesmo que eles se fechassem um pouco quando ele sorrisse. E nessa foto nós não estávamos olhando para a câmera, estávamos olhando um para o outro e rindo, e é exatamente o que a torna tão bonita.

FlashBack On

“- Sabia que acabaria sendo uma vitima disso, vindo aqui com você. – ele disse enquanto observava a fotografia que havia saído por ultimo – Fiquei ridículo.

Estávamos sentados na torre, encostados nas grades do lado de fora, sentindo o sol da tarde esquentar nossas costas. Tinha convidado-o para tirar algumas fotos da paisagem dali de cima, que era incrível apesar de tudo o que existia embaixo, mas havíamos tirado apenas três fotos do céu e comecei a clicar fotos de nós dois, inesperadamente.

– Eu adorei. – segurava uma foto onde eu estava olhando para a câmera, mas Carl estava olhando para mim e rindo – Tão espontânea.

– Me avise da próxima vez. – ele revirou os olhos.

– Tanto faz. – deitei minha cabeça no ombro dele e preparei a câmera de novo, o fazendo soltar um muxoxo.

– Hope! – exclamou bravo, e eu só ri e peguei a pequena foto que saia.

– Que bom que Glenn emprestou essa câmera.

Glenn havia a pegado uma mini Polaroid em uma busca de suprimentos e eu a pedi emprestado, porque adoraria algumas daquelas pequenas fotos para marcas livros ou os quadrinhos.

– Olha a minha cara de idiota. – Carl comentou quando mostrei a foto em que ele apareceu olhando para mim – Quero essas fotos, vou escondê-las de você.

– Não, você as quer porque todas estão incríveis e você esta olhando para mim com essa cara de “o que seria de mim sem ela”. – falei convencidamente, fazendo-o me empurrar com o ombro.

– E o que você me diz dessa aqui, hum? – ele pegou uma foto em que eu olhava para ele enquanto ele olhava a paisagem – Essa cara de “o Carl é tão beijável”?

– O que? Ah meu Deus. – soltei uma gargalhada que o fez rir também, e foi automático clicar outra fotografia no momento certo, fazendo nós dois rirmos mais por conta da minha teimosia.

Ele estava completamente adorável, rindo com aquele sol iluminando seu rosto e os olhos brilhando, tão pequenos ficavam quando ele ria. Aproveitei essa distração e me aproximei, beijando sua bochecha demoradamente.

– Certo, chega de fotos por hoje. – ele disse corando violentamente quando me afastei – O sol está me fritando aqui.

Apenas ri do constrangimento dele, então me levantei e o ajudei a se levantar também. Agora havia uma boa quantidade de fotos da minha vitima mais interessante, e favorita.”

FlashBack Off

Procurei uma tesoura entre a bagunça de coisas que eu não levaria, então cortei as bordas da foto de modo que coubesse dentro do relicário de mamãe porque eu realmente não queria perde-la, e o relicário nunca saia do meu pescoço.

Peguei um casaco do Texas Rangers e o taco de beisebol também, algo me dizia que era bom leva-lo. Ao terminar eu analisei minha cela uma ultima vez, e foi muito – muito – estranho deixar um lugar onde eu havia dormido tranquilamente tanto tempo, não para correr de uma horda errantes no meio de um tiroteio louco, mas para cuidar de crianças por algum tempo. Eu sabia que voltaria para ela quando tudo isso acabasse – ou esperava que sim –, mas mesmo assim tive essa sensação estranha. Eu ainda havia deixado quadrinhos encima da mesinha no canto da parede, canetas, blocos de anotação, caixa de fósforos e velas. A última coisa que tinha pegado era a arma, que já estava carregada – não havia só a ultima bala desta vez.

Parei de observar a cela antes que sentisse melancolia ou algo assim e fui ver se Carl já tinha pegado tudo. Ele estava juntando as roupas na mochila em silencio e pude ver algumas das coisas que ele ia levar encima da cama, como um porta retrato com uma foto de família dele e dos pais, uma lanterna, a arma e algumas fotos que eu havia dado a ele. Algumas de nós dois, outras só minhas – que ele mesmo quis tirar e não me devolveu – e de coisas aleatórias que ele gostava.

– Parece que vamos dormir fora de casa. – comentei sem humor – A arma é tão elementar quanto à escova de dente.

– Vamos dormir com um bando de crianças. – ele disse, agora parecendo realmente a versão brava de Carl Grimes – Você parece animada.

Qual é, Carl. – ele parou o que estava fazendo e me encarou – A gente precisa fazer isso, vamos protegê-los, proteger Judy. Não é como se houvesse escolha agora.

Ele continuou colocando as coisas na mochila em silencio, eu não sabia se isso significava que estava bravo comigo ou que ele aceitara seu destino como baby-sitter. Rick chegou alguns segundos depois, sua mão estava enfaixada e imaginei que fora o estrago que Tyreese tinha causado.

– Hey. – ele parou ao meu lado e observou Carl, que já acabava de guardar as coisas visivelmente emburrado – Espero que tenha entendido o porquê disso.

– Não se preocupe. – falei, mas Carl apenas o olhou por meio segundo, e foi o bastante para Rick entender que ele não estava de acordo ainda.

– É para o seu próprio bem.

– Estou bem. – ele respondeu grosseiramente, e eu quase tive vontade de jogar um sapato nele – Só não quero ficar trancado com crianças.

– Preciso de você lá dentro, de olho na Judith e nos outros. – Rick explicou com firmeza – Assegurando a segurança deles.

Carl se levantou e colocou a arma no coldre. Sabia por que era tão teimoso e briguento quando Rick tinha uma atitude muito protetora, uma vez que ele já havia feito coisas piores que aquilo e era o que ele sabia e praticamente gostava de fazer.

– Se alguém adoecer, me avise. – Rick me disse quando percebeu que não tinha jeito de acalmar o filho, e eu assenti.

– E se já estiverem transformados quando os encontrar? – Carl perguntou.

Rick olhou para os lados, como se tentasse se desviar dos nossos olhares, como se não quisesse tomar uma decisão. Nesse tipo de momento é que tinha pena dele.

– Não atire. – disse por fim – A menos que seja absolutamente necessário.

– Mas sabe que talvez seja, certo? – Carl insistiu, com certa razão devo admitir.

Rick apenas balançou a cabeça, de acordo – apenas aceitando o inevitável. Carl jogou a mochila nas costas saiu da cela a passos rápidos, me deixando com um pai abatido.

Rick era só um cara que sabia liderar as pessoas, mas estava divido entre o que era certo, o que era errado e o que era necessário. Carl estava na mesma situação, mas ele lidava de forma diferente por ser tão jovem. Isso fazia os dois se confrontarem o tempo todo.

– Ficarei de olho nele, e nas crianças. – falei, então me levantei para beijar a bochecha dele – Vamos ficar bem.

Ele sorriu, mas havia sido um dos sorrisos mais lânguidos que já tinha visto na vida. Antes de sair eu peguei o chapéu de xerife que Carl deixara encima do beliche. Corri para alcança-lo, porque quando se enfezava ele podia andar bem rápido. No caminho ainda encontrei Hershel, Beth e Judith indo também, e eles não me questionaram sobre o comportamento de Carl.

Quando chegamos ao prédio administrativo as crianças ainda não tinham chegado, a sala onde ficaríamos estava uma bagunça de mesas, estantes e gavetas, e estávamos ao lado da biblioteca por sorte.

– Elas podem ler, pelo menos. – jogamos as mochilas sobre uma das mesas – Que bom que peguei uns doces, precisamos entretê-las.

– Precisamos protegê-las. – Carl me corrigiu – E se alguma delas adoecer...

– Vamos leva-la para o bloco A. – falei, observando a mão direita dele batucando sobre o coldre da arma – Temos que organizar isso aqui, senão não terá lugar para dormimos.

– É só empurrar esses moveis. – ele começou a mover uma mesa para o canto – E colocar toda essa porcaria dentro das gavetas.

– Calma, melhor fazermos isso com ajuda, senão ficaremos o dia todo pegando papéis. – ele soltou a mesa com um ruído baixo – Vou falar com Beth, quando as crianças chegarem diga pro Noah que eu estou lá, tudo bem?

Eu coloquei o chapéu de xerife nele e me dirigi para a porta em passos rápidos, e quando ia cruza-la Carl me chamou de volta de um jeito exasperado, o que me sobressaltou:

– Hope!

– Jesus Cristo, o que foi Carl? – voltei alguns passos e o fitei, mas ele estava olhando para o chão.

– É que... – ele começou, mas do nada balançou a cabeça como se tivesse decidido não falar – Nada, só... Vê se a Judy ta legal.

Arqueei uma sobrancelha e quase dei meia volta e comecei um inquérito ali mesmo, porque ou alguma coisa ruim havia acontecido, ou ele tinha um segredo – e Carl não sabia guardar segredos.

– Tem algo errado com você hoje. – falei, e ele finalmente levantou os olhos – Vou descobrir quando voltar.

Saí da sala e andei até o escritório na outra ponta do corredor onde Beth e Hershel haviam se instalado. Bati uma vez e Hershel abriu, ele estava com a lata de lixo na mão e pude ver Beth pegando os papeis espalhados pelo chão, enquanto Judith esperava sentada numa cadeira se balançando de um lado para o outro como um bibelô.

– Vejo alguém se divertindo. – todos olharam para ela, que apenas riu ao perceber a atenção que estava recebendo – Tudo bem aqui?

– Sim, só dando uma organizada, quase não consegui achar o lixo. – Hershel disse com sarcasmo.

– Também vamos limpar a outra sala, senão as crianças não terão onde dormir. – analisei o escritório e os moveis estavam no lugar, mas os arquivos da estante tinham caído.

– Elas já estão ai? – Beth perguntou, eu neguei com a cabeça – São só cinco ou quatro, certo?

– Contando com Noah, acho que sim. – falei, então os dois pararam o que estavam fazendo e me encararam parecendo confusos.

– Noah? – Beth perguntou, então olhou para Hershel – Mas ele não...

O que? Do que você tá falando? – agora eu era a confusa ali.

– Você não soube, querida? – eu estava quase acertando uma bolinha de papel em algum dos dois para me dizer logo o que eu não sabia – Noah adoeceu também, Daryl estava carregando-o para o bloco A mais cedo.

– Carregando-o?! – exclamei.

A palavra carregando-o fez um calafrio subir por minha espinha e meus olhos se arregalarem. Pude sentir o sangue se esvaindo do meu rosto e minhas mãos gelarem

– Carl o ajudou também, ele não te disse? – então caiu a ficha.

Por isso ele estava calado quando veio me contar sobre a quarentena, por isso agiu de forma tão estranha quando falei sobre Noah. E provavelmente estava pensando numa desculpa naquele momento para o fato de que Noah não estaria no meio da outras crianças quando chegassem, e eu obviamente notaria.

– Não, ele não me disse. – deixei o escritório pisando forte, sem nem mesmo raciocinar o que faria a seguir.

As crianças já haviam chegado, eu podia ouvir Mika comentando a bagunça do local e as mochilas sendo jogadas com um baque no chão. Havia parado do lado da porta de saída e na frente do corredor, se quisesse eu poderia correr até o bloco A naquele momento e ver meu irmão que deveria estar tão ruim a ponto de deixar ser carregado.

Quando me virei na direção da porta, Carl saiu da sala e me viu – e eu provavelmente não parecia muito amável -, então veio correndo em minha direção e chegou antes que eu tocasse na maçaneta.

– Onde está indo? – perguntou, mas já sabia a resposta.

– Ver meu irmão. – antes que abrisse a porta ele entrou na frente, segurando-a – Volte pra lá.

– Não. – ele me encarou impassível, e pensei se deveria socar o nariz dele – Desculpe, não posso deixar você fazer isso.

– Não pode me impedir, você mentiu para mim.

– Eu omiti. – então eu dei um soco no braço dele, que foi uma tentativa patética de demonstrar a real raiva que estava sentindo – Deixe-me explicar.

– Porque escondeu isso de mim? Porque achou que conseguiria? – puxei a camisa jeans dele para que se distanciasse da porta, mas ele segurou meu pulso.

– Ele me pediu. – Carl disse pausadamente – Noah não queria que você soubesse exatamente porque você ia querer vê-lo, e não pode.

Fitei-o por alguns segundos em um silencio surpreso, logo senti as lágrimas encherem meus olhos e minha visão se embaçou, mas fechei meus punhos como força como se eles pudessem refrear que as lagrimas se soltassem. Não era capaz de acreditar que ele queria esconder de mim uma gripe praticamente mortal.

Carl, ao perceber isso, afrouxou a mão que segurava meu pulso e se aproximou, mas desviei meus olhos e me afastei. Seus olhos esmoreceram, como se finalmente entendesse o que eu estava sentindo, e estivesse se sentindo do mesmo modo.

– Como ele estava? – falei baixo, mas firme – Quando o ajudou?

– Ele... – ele hesitou, mas tomou fôlego para continuar – Estava bem fraco, tossindo sangue, eu o ajudei até o pátio e então Daryl apareceu e carregou-o.

Passei as costas das mãos nos olhos para afastar as lagrimas, precisava ser forte para aquela situação, não se tratava só de Carl não me ver choramingar, se tratava de que eu não iria aceitar a ideia de que uma gripe estúpida pudesse tirar Noah de mim pela segunda vez e definitivamente.

– Vai me deixar ir. – sentenciei, visto que ele apoiou uma mão na parede para barrar a passagem de novo – Preciso vê-lo.

– Não posso, é perigoso entrar lá. – ele estava resistindo, mas não por muito tempo – Noah vai ficar bem.

– Você conhece meu modo de encarar as coisas. – coloquei uma mão gentil sobre o braço que me barrava – Mas essa coisa matou Patrick em um dia.

Isso o silenciou, mas não fez que o braço abaixasse. Podia vê-lo procurar uma escapatória, outro modo de me impedir, mas ele sabia que era algo que não podia fazer. Não estava assumindo que veria Noah pela ultima vez, estava assumindo que estava com medo disso.

– Se você for lá dentro vai ficar doente. – ele não parecia estar querendo me convencer agora, parecia mais um pedido – Não vou deixar isso acontecer com você também.

– Me dê um minuto, um. – pedi de forma suplicante – Eu cubro o rosto, respiro o mínimo possível, só quero vê-lo. – coloquei as mãos em seus ombros – Ele deve estar solitário e odeia ficar doente, deve estar pensando um monte de besteiras naquele lugar trancado.

Carl abaixou o braço que me detinha e puxou alguma coisa do bolso de trás da calça, que logo vi ser um lenço preto. Estava se dando por vencido, mas a contragosto.

– Seja rápida. – ele me passou o lenço – Não acredito que estou correndo esse risco.

Antes de amarrar o lenço envolta do pescoço eu o abracei – coisa que nunca tinha feito assim antes – ficando na ponta dos pés para envolvê-lo, e ele pareceu surpreso com essa ação, mas depois correspondeu se curvando para me abraçar sem ter que me deixar a centímetros do chão.

– O pirralho ficará bem, ele é tão forte quanto você. – ele murmurou no meu ouvido.

– Eu sei. – soltei-o e amarrei o lenço sobre o nariz – Mas se ele deixou ser carregado logo por Daryl que é tipo, o herói dele, é porque as coisas estão realmente ruins.

Carl com certeza havia visto de perto o quão ruim as coisas estavam, então não discordou da minha fala.

– Hope? – nos assustamos ao ver Mika atrás de nós – Está indo ver o Noah, não está?

O lenço preto pendia no meu pescoço e minha mão já estava na maçaneta da porta, não poderia dizer que não, mas o fato de que ela também sabia sobre Noah me admirou. Tanto eu quanto Carl abrimos a boca para falar, mas ela foi mais rápida.

– Pode dizer que eu espero que ele melhore logo? – ela pediu inocentemente, então eu sorri.

– É claro que posso dizer, ele ficará feliz. – ela sorriu de volta – Pode pedir para as crianças ajudarem a arrumar a sala? A gente pode ler alguma coisa depois.

Os olhos dela brilharam, então balançou a cabeça e saiu correndo, logo pude ouvi-la organizar as tarefas que cada criança iria fazer. Eu e Carl olhamos um para o outro e não conseguimos conter um sorriso.

– Volte logo, senão ela vai-me por para lavar o chão. – ele disse.

– Não se preocupe comigo. – terminei de amarrar o lenço atrás da cabeça e percebi seu semblante preocupado apesar da piadinha – Volto logo, e saudável.

– Confio nisso.

Antes de sair me aproximei e o beijei por cima do lenço – coisa que o fez revirar os olhos –, então abri a porta e segui caminho para o bloco A que não ficava longe do prédio administrativo, logo andando rápido para que ninguém me visse indo para lá com o rosto coberto.

Assumir riscos valia a pena por Noah, e eu não demoraria para descobrir que Noah assumiria riscos muito maiores por mim.


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Notas finais do capítulo

Noahzin dodói. Gifs do Asa Butterfield resolvem qualquer coisa, é como fita adesiva.
HOPE GANGSTAR, MAN!
Noah sofrência.
Carl pretty little liars.
GOSTARIA QUE VOCÊS DESSEM UM VALOR ESPECIAL PARA A CENA DA CELA DA HOPE, ELA ME ABALOU. #acabada
PRÓX. CAP TEM SHIPPER HEIN, AGORA NÃO TEM DESCULPA.
Pq que eu to usando o caps?