Hope for Us escrita por Lady Anne


Capítulo 25
Capítulo 23: Luto


Notas iniciais do capítulo

PARA TUDO!
Primeiramente:
Quero super agradecer por todos os comentários e pelo lindíssima recomendação da jhúlia Dixon Lovegood ♥ #choreisim E responderei todos os comentários com mt amor, porque estou muito feliz que algumas tenham voltado e outras tenham chegado, e ansiosa para dar continuidade para essa história!
Segundamente:
Vi Cidades de Papel #tonochão e terminei de ver a quinta temporada de TWD, quero saber o que vocês acharam do Carlos, da Enid lá (SHIPPO MUITO) do trailer da Season 6 e td +!
Terceiramente:
Gente, to tão animada pra escrever! Admito que travei numa parte de cap, mas deu tudo certo, e analisei o que vai ocorrer ai pra frente e bom, vai ter umas tretas menores, muito amorzinho para vocês shipparem ai, e as tretas maiores, porque NÉAH!
É isso ai galera, espero que gostem, que comentem, e logo volto com o capítulo 24 que vai ser moito legal ♥ Briga, reconciliação, essas coisas *assobiando*
Alguém é Langer aqui gente?
Vocês gostariam que algo de especial acontecesse na fanfic? Se sim, comentem o que!
Eu fiz um blog gentem, deem uma olhatchenha lá depois: www.apenaslamento.wordpress.com
Eu provavelmente tinha mais o que dizer, mas não lembro...
MUITO OBRIGADA por tudo gente, sério, vocês são demais demais demais demais ♥ E eu adoro escrever isso aqui mdssssssssssss!
E eu também to querendo escrever alguma coisa nova, mas bem curta, é aquele tipo de inspiração que vc quer desenvolver, mas saber que não vai durar muito, então acho que vou fazer uma one-shot com o Carlitos e um outro par amoroso, ou quem sabe a Caroline, já que vocês gostam tanto dela :)
MDS, estou oficialmente apaixonada pela Alexandra Breckenridge sdfhgwuedreg Ela foi a Moira em AHS e agora é a Jessie em TWD - alias, to shippando loucamente Rick e Jessie, o que vocês acham? Shippantes de Richonne devem estar #abalados
É ISSO! Beijos, tudo de bom, E A LEMBREI, GENTE, O CHANDLER TERMINOU COM A HANA HAYES, É ISSO MESMO???
Anne. ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/522713/chapter/25

– Precisa soltá-lo, Hope. – ouvi Rick falando atrás de mim.

Noah já estava afrouxando os braços envoltos em mim e seu choro estava cessando silenciosamente, então desfiz o abraço e encarei seu rosto ensanguentado. Ele desviou os olhos, como se tentasse esconder sua dor ou mesmo estivesse se sentindo envergonhado. Ele encarou a arma que eu havia depositado no chão antes.

– Foi um erro. – murmurou, mas não pude processar o que ele queria dizer ou pergunta-lo, porque Karen se aproximou de nós para leva-lo.

– Ele vai ficar a salvo com as outras crianças, não se preocupe. – ela disse quando o segurei pela mão.

Pensei que ele protestaria e não deixaria ser levado para ficar com as crianças porque provavelmente gostaria de parecer maduro para com aquela situação, mas para minha surpresa ele fechou o semblante e não me dirigiu se quer um olhar ou um “até logo”, apenas a seguiu com indiferença.

Daryl também viu a cena e compartilhou da minha confusão, mas logo passou por mim a passos rápidos para limpar o segundo andar de celas.

Levantei-me do chão e vi quando Tyreese levava Patrícia para fora, tão suja de sangue quanto Noah estava e ainda aos prantos, mas parecia ter aceitado deixar o corpo de Ângie. Talvez porque não conseguisse mais olha-lo. Senti-a passar por mim de cabeça baixa, porque eu não poderia sustentar seu olhar.

Vire-me para sair e Rick não estava mais lá, então parei por um momento para observar em volta. Algumas pessoas ainda estavam no andar de cima checando se não havia mais nenhum perigo e outras dentro das celas, ou chorando sobre corpos de pessoas que eu havia visto rindo ainda no dia anterior ou consolando as vivas. Crianças, adultos, mães, pais, filhos, grandes amigos.

Ao caminhar para fora do bloco pude cruzar olhares tristes e da-los apoio por alguns segundos, segurar algumas mãos conhecidas para mostrar compatibilidade na dor e oferecer minha compreensão.

Estava pensando sobre quantos corpos eu havia visto dentro do bloco e quantos eu estava vendo do lado de fora cobertos por lençóis, e me perguntei se alguém realmente mais próximo havia se ferido ou morrido.

Michonne, Maggie, Rick e Carl estavam conversando próximos ao bloco C, Carl já não segurava a arma – ao contrario de mim que a levava nas mãos manchadas de sangue – e Maggie ainda apoiava Mich nos ombros. Rick provavelmente estava explicando o que havia acontecido, e até eu precisava entender direito, então acelerei os passos até eles.

– Patrick ficou doente, ontem à noite. – troquei um olhar com Carl quando ouvimos isso, e eu entendi quem estava faltando, qual corpo eu não havia visto – Um tipo de resfriado, se espalha rápido. Achamos que ele morreu e atacou as celas.

Foi como se uma nova dor tivesse nos atingido bem no estomago, e nós dois nos curvamos.

Patrick. – senti os olhos marejarem.

– Eu sei que vocês eram amigos e eu sinto muito. – Rick disse rapidamente, obviamente não queria ter dado a noticia e também se curvou para nos encarar como se quisesse ter certeza de que não choraríamos como bebês – Ele era um bom garoto, perdemos muitas pessoas boas.

Assenti para ele se acalmar e saber que poderíamos lidar com isso. Virei-me e fitei Carl, que tentava esconder sua dor olhando fixamente para o chão – e provavelmente processar a ideia de que não veria mais Patrick.

– Não devem ficar perto de ninguém que foi exposto, pelo menos por enquanto. – Carl se afastou e foi ajudar Michonne – Todos vocês.

Ele assentiu as palavras do pai e entrou no bloco C. Quando Rick disse “todos vocês” eu sabia o que queria dizer. Ele olhou para a arma em minhas mãos.

– Sinto muito, mas não poderá ficar perto de Noah por enquanto. – balancei a cabeça.

– Tudo bem. – apontei para o rifle em minha mão – Desculpe por usar a arma, foi preciso.

– Carl me disse. – ele deveria estar pensando que aquilo era o de menos nas atuais circunstancias.

De todos, Rick parecia o mais perturbado ali. Suas mãos e camisa também não estavam limpas e seus olhos estavam foscos, ele parecia ter envelhecido anos em minutos. Ele usou a mão que estava mais limpa para afagar meu cabelo, e eu não me surpreendi.

– Vai ficar tudo bem. – ele abriu um sorriso fraco – Não é?

– Vai. – eu sabia que ele não acreditava tanto no que estava dizendo, mas queria que eu acreditasse.

Observei-o enquanto voltava para o bloco D, andando a passos lentos. Carl provavelmente já havia visto aquela versão do pai nos piores momentos, mas aquela era a primeira vez que o via tão angustiado.

Acho que todos nós havíamos esquecido como era isso. O luto estava presente de novo – o que era irônico, porque a morte estava por todos os lados, todo o tempo.

Narração por Noah Miller

Ângela estava morta. Patrick estava morto.

Depois de limpar todo o sangue que havia impregnado em mim, resolvi dar uma volta pela prisão por lugares que não me permitissem encontrar corpos ou mais pessoas chorando que, mesmo sofrendo aparentemente mais que eu, tentariam passar a mão na minha cabeça.

Também não queria encontrar Patrícia, porque estava cansado de chorar e falar sobre o que aconteceu, ela deveria estar muito pior que eu, e não queria encontrar Hope porque estava com vergonha. Quer dizer, eu nunca havia chorado tanto na vida. Eu deveria ter sido mais maduro, afinal fora Pat quem perdera a mãe daquele jeito. Mas era demais pra mim, Ângela tinha me salvado e adotado como filho, e eu já havia perdido uma mãe antes sem agradecê-la por lutar pela minha vida.

Pergunto-me como pude ser tão inocente de achar que tudo isso havia acabado. Foi um erro acreditar que ficaria tudo bem porque tínhamos algumas grades, porque parece que só há um jeito de viver nessa droga de mundo agora.

Patrick era muito esperto e não tirava com a minha altura, era como um irmão. Mas talvez ele não merecesse esse mundo, como diz Hope. Perguntei-me se ela e o Jardineiro já sabiam, eles eram amigos antes de mim. Carl era amigo de Patrick antes até de Hope. Nossa.

Talvez a maioria de nós tenha esquecido como era perder tantas pessoas de uma vez. Dói tanto quanto da primeira vez.

Eu estava sentado na grama atrás do bloco C, onde o sol ainda conseguia alcançar, mas as outras pessoas não podiam me ver. Pensava em Hope, com uma daquelas armas grandes nas mãos, quantas vezes ela já teria tocado em uma daquelas? Quantas vezes ela já teria atirado? Matado? Errantes ou...

Nunca tinha perguntado isso a ela porque eu nunca a tinha imaginado com algo que não fosse um taco de beisebol.

Próximo de mim havia alguns gravetos grossos caídos na grama, então pensei em juntá-los numa cruz para colocar na cova de Ângie e fazer alguma coisa por Pat. Ela provavelmente teria algo significativo para colocar junto.

– Coff, coff! – tossi brevemente uma vez.

Seria um pigarro irrelevante, mas fiquei alertado porque sabia a causa da morte de Patrick, eu havia ouvido Rick e Hershel conversarem. Um resfriado mortal, cara, ele merecia uma morte mais digna.

Então me levantei e resolvi procurar Daryl, saber o que seria daqui para frente, com o bloco D isolado e um possível vírus por ai. Além do mais, eu poderia falar do que estava sentindo sem parecer um moleque.

Foi quando cheguei ao prédio administrativo – porque me informaram de que Daryl estava em reunião com o conselho – que tive uma crise de tosse. Não parei de andar, mas senti meus pulmões queimarem.

Já não tossia tanto ao cruzar o corredor, e me deparei com o conselho do lado de fora da sala encarando Karen e Tyreese antes de me verem atrás deles.

– Hey – estranhei a tensão que havia no clima, até olhar para Karen que estava suando e disfarçou a tosse com uma mão – Me disseram que... Daryl estava aqui.

– Um pouco ocupado agora, desculpe garoto. – ele falou, não grosseiramente.

Assenti e ia me virar para sair, porque não queria ver Karen daquele jeito, mas Hershel me fez parar.

– Noah? – olhei-o em resposta – Está tudo bem?

Hesitei por um momento me perguntando se eu havia tossido alto de mais, mas achava que não. Eu fora praticamente banhado em sangue infectado algumas horas antes, talvez fosse apenas uma pergunta de precaução.

– Fisicamente, sim. – respondi.

– E o que é isso na sua mão? – Karen perguntou enfaticamente, apontando para os dois gravetos cruzados com um pedaço de grama.

– Para Ângela. – expliquei brevemente.

Todos me olharam com uma mistura de pena e desconforto, mas pelo menos não foi desconfiança. Fui sincero, apesar de não falar da tosse. Tive medo de falar, pois sabia que seria isolado imediatamente.

Mas procuraria alguém se piorasse, e enquanto isso não me acontecesse eu ficaria longe de quem não fosse um potencial infectado.

Narração por Hope Miller

Não tínhamos chegado nem no fim do dia e já havia mortos para enterrar, tripas para limpar, um vírus mortal nos ameaçando e as cercas já não estavam aguentando a quantidade de errantes fazendo pressão sobre ela.

Eu e Carl nos ocupamos em fazer algumas cruzes de madeira para os mortos, já que não podíamos fazer nada pelos vivos.

– Nós ajudamos Michonne a entrar, atiramos neles, nós já fizemos isso antes, porque não podemos fazer agora? – Carl reclamava, compartilhando comigo toda a indignação que tinha trancado quando Rick mandou-o ficar longe – Como você não se irrita com isso?

Bati o martelo uma ultima vez nas tabuas de madeira e analisei meu trabalho antes de respondê-lo.

– Eu entendo sua revolta. – falei, fazendo-o bufar – Estamos frustrados, lide com isso e arrume outras formas de ajudar, já temos cadáveres o suficiente.

Talvez eu tivesse dito isso com irritabilidade sem me dar conta, porque ele me olhou surpreso e depois pareceu arrependido por ter começado.

Eu podia entender e sentir o que ele sentia, mas sinceramente não estava com um bom emocional para explicar que Rick ainda não compreendia que tínhamos saído das fraudas portando armas de fogo e tacos de beisebol, e que tentar nos tirar agora de onde já estávamos afundados há muito tempo não faria diferença alguma.

– Desculpe. – ele murmurou, e eu apenas dei um toque em sua mão para mostrar que estava tudo bem – Sabe se Patrick era católico?

– Ele me disse ser ateu praticante. – Carl pareceu decepcionado e ia usar o martelo para despregar as tabuas, mas eu o detive – Não tem problema, podemos apoiar os óculos dele ai. Tenho certeza que ele acharia genial.

Peguei a cruz de sua mão e depositei ao meu lado.

– Carl? – chamei, e ele emitiu um “hm” em resposta – O que faremos sobre Carol?

Nós dois ignoramos aquele pequeno segredo, e não decidimos como e quando contar – ou não contar – até então.

– Ela veio falar comigo. – ele comentou com irritação – Não sei, isso é mais uma bomba no meio de todas as que já explodiram hoje.

– Será difícil contar nas circunstâncias atuais, mas acho que deveria. – ele me olhou com uma sobrancelha arqueada – Penso que Rick vai entender.

Eu imaginava que Carol estava ensinando-as a se defender com seriedade e sensatez, não eram apenas crianças cortando o ar com lâminas afiadas.

– Certo. – ele decidiu, por fim, contar.

Ficamos um bom tempo em silencio – não total, porque Beth estava cantando para Judith no corredor, o que estava sendo muito agradável - que ele provavelmente queria preencher, mas eu só pensava em Noah e em como ele estaria se sentindo. Carl meio que leu minha mente, por sorte.

– Tudo bem com o Noah? – perguntou, de repente.

– Bem, fisicamente sim. – respondi, porque era só o que eu sabia.

– Sinto muito por Ângela. Deve ter sido difícil. – acho que difícil não consegue descrever como pareceu ser.

– Eu também sinto. Nunca o vi daquele jeito, é como se tivesse perdido mamãe pela segunda vez. – me perguntei se esse comentário não o chatearia, mas ele mostrou que não.

– Não da para sentir isso duas vezes. – Carl não gostava de tocar no assunto ou de receber olhares de pena, então não insisti.

Não tinha visto mamãe morrer, nem mesmo a tinha visto antes de sair de casa, então me sentia deslocada e arrependida sobre algo em que não tive culpa. E também não poderia compartilhar dessa dor com ele, porque ela havia me deixado tranquilamente, sem dor, eu apenas aceitei que ficaríamos bem, e se não nós nos encontraríamos algum dia.

– Ele não veio me procurar até então. – falei tentando não parecer tão desapontada – Noah tem um emocional tão complexo quanto o seu.

Eu conhecia bem meu irmão para saber que ele precisava de um tempo sozinho, sentindo a dor e lidando com ela, mas eu queria saber se ele estava fazendo isso do jeito certo e não pensando que estava tudo perdido, principalmente depois de um simples e estupidamente enigmático “foi um erro”.

– Está me chamando de complicado? – ele disse com um tom sarcástico, provavelmente para mudarmos de assunto.

Não pude evitar um riso leve, logo depois me sentindo envergonhada por rir depois de tudo que havia acontecido, mas me aproximei para beijar a bochecha dele rapidamente.

– Você é. – o vi corar levemente – Acho que acabamos aqui.

Levantei para guardar o martelo sobre o armário e percebi que Beth estava logo atrás de nós balançando Judy nos braços, nos observando com um sorriso bobo nos lábios que não desapareceu quando a notamos ali.

– Apesar de tudo isso – ela começou – vocês ainda são adoráveis juntos.

Ela somente disse isso e voltou para as celas, porque Judith tinha começado a chorar e logo depois pude ouvi-la golfando.

Nós dois apenas olhamos um para o outro sorrindo, porque provavelmente aquela era a vigésima vez que alguém dizia que nós éramos adoráveis. Patrick foi um dos primeiros a dizê-lo, alias.

– Não podemos ser adoráveis separadamente. – ele disse em tom conclusivo, me fazendo rir novamente.

– É o nosso destino, Cowboy. – completei, revirando os olhos.

Caminhamos para fora da prisão, até onde os mortos estavam sendo enterrados, e Daryl estava lá jogando terra na ultima cova. Ele parou quando ficamos em frente à cova de Patrick, cravamos a cruz de madeira na terra e passei os óculos para Carl.

– Em memória do jovem mais brilhante que já conhecemos. – falei quando Carl equilibrou os óculos na madeira.

Ele não disse nada, porque não era do feitio dele falar coisas muito doces ou emocionantes, mas com certeza estava pensando em algumas boas palavras. Então se levantou e veio para o meu lado, pegando em minha mão disfarçadamente e entrelaçando nossos dedos. Vi pelo canto do olho Daryl abrir um breve sorriso.

Passei os olhos sobre as outras covas que já tinham suas homenagens também. Havia uma arma, flores, fotos, tudo tinha um significado. Parei ao avistar uma foto em frente a uma cruz feita com gravetos grandes. Reconheci ser Ângela, seu marido e Pat quando era bem menor, uma bela foto de família.

– Daryl? – ele parou de novo – Noah passou por aqui?

– Me procurou, mas eu estava ocupado. – ele disse olhando para a foto de Ângie também – Ele não veio, mas fez aquela cruz. Patrícia veio trazê-la agora pouco.

– Obrigada. – senti a mão de Carl apertar a minha.

Sabia que Noah não me procuraria quando havia alguém tão durão com quem ele se sentisse a vontade para falar sobre sentimentos como se falasse sobre feijão. Mas eu estava feliz porque ele tinha Daryl, afinal nem sempre eu seria capaz de entendê-lo mesmo que o amasse.

– Você o conhece, tem que deixar o garoto agora. – Daryl disse/rosnou, porque ele não dizia nada muito sentimental – Ele vai falar uma hora.

Concordei em silencio. De longe vi Rick com um galão de gasolina nas mãos, indo para o chiqueiro. Sua camisa e rosto estavam ensanguentados.

– O que houve com o Rick? – perguntei e Daryl hesitou em responder.

– Tivemos que jogar os porcos para os errantes, para afasta-los das grades. – não pude conter uma expressão de desgosto – Eles estavam doentes, não tinha outro jeito.

– Então foi isso. – Carl olhou em volta, percebendo porque que os errantes estavam mais espalhados do que o normal.

Ele soltou minha mão e correu em direção ao chiqueiro, e eu o segui. Rick parecia tão ruim quanto eu havia achado a distancia, parecia que tinham espirrado sangue no seu rosto todo. Estava juntando a madeira que compunha as cercas para que o fogo queimasse mais rápido onde os porcos haviam dormido antes.

– Não dessa vez. – ele disse quando nos aproximamos para ajuda-lo.

Carl parou bruscamente, provavelmente se sentindo um pouco “chutado”, mas não deu meia volta nem fechou a cara para o pai porque qualquer um podia ver que Rick não estava emocionalmente bem.

– Acha que os porcos os deixou doentes? – perguntei.

– Ou nós deixamos os porcos doentes. – Rick concluiu, então olhou para Carl – É melhor ficarmos longe da Judy por um tempo. Só para prevenir.

– Esta bem. – ele assentiu, sem olha-lo.

– Não gosto disso, mas... – Rick começou a explicar, como que para “consolar” o filho (pratica comum dos pais depois de dar uma ordem que não aprovamos, mas aceitamos).

– Precisamos protegê-la. – Carl interrompeu, surpreendendo nós dois – Eu sei.

– Exatamente. – respondeu ainda surpreso.

Talvez Rick estivesse subestimando o filho, e isso o cegava para o fato de que ele estava crescendo e amadurecendo de um jeito ou de outro, e que ele não poderia ser privado do único mundo/modo de vida que existia para nós.

– Pai? – pelo tom de sua voz eu pude notar o que viria a seguir.

– Sim?

– A Carol tem ensinado as crianças... – fitei-o, esperando que continuasse – A usar armas.

Rick parou o que estava fazendo e olhou para o chão, ofegante pelo esforço e surpreso pela revelação.

– Os pais deles não sabem e ela não quer que você saiba. – ele fez uma pausa e tomou fôlego – Acho que deveria permitir. Sei que dirá que não é você quem decide, mas pode ser.

Ele jogou a gasolina sobre as cercas e se manteve em silencio, então troquei um rápido olhar com Carl.

– Rick? – indaguei por uma resposta que ainda relutou a sair, mas por fim veio:

– Obrigado por me contar. – ele passou por nós procurando um fósforo, deixando uma interrogação em nossos rostos quando pensamos que era só o que ele diria.

– Tá. – Carl assentiu, frustrado.

– Não vou impedi-la. Não direi nada. – decidiu por fim, então riscou o fósforo e o jogou sobre a madeira.

Ficamos observando o fogo se alastrar por alguns segundos, até que Rick se afastou e agachou-se perto da caixa de ferramentas.

– Carl, Hope? – ele chamou e nos aproximamos.

Então ele tirou de dentro da caixa dois objetos embrulhados em um pano sujo que logo percebemos serem duas armas. Uma delas era minha, que eu havia jogado para Carl na primeira vez que nos vimos, e depois entregado de bom grado para Rick por conta das “regras”. A outra eu sabia que era de Carl.

Rick nos estendeu as duas, que relutamos para pegar porque estávamos extremamente surpresos e porque era evidente que ele não estava satisfeito com aquela ação. Era necessário, novamente. Ao segurar minha própria arma de novo senti um abatimento, ao mesmo tempo em que minhas mãos pareciam ter sentido falta dela.

Sentir o peso de novo, ver as marcas dos dedos no punho e lembrar os momentos mais desesperadores. Lembrar que só havia uma bala ali, que eu guardava para mim mesma.

Parei de olhar antes que a devolvesse, apenas ajustei o coldre na calça jeans e guardei a arma de novo. Carl segurava a dele e me observava, logo desviando os olhos para Rick que também colocava o cinto do coldre e depositava a pistola do lado, como uma velha amiga. Certamente, aquela versão de Rick Grimes fazia mais sentido.

Então ele não disse mais nada, somente afagou o cabelo de Carl como eu já o tinha visto fazer antes e me lançou um olhar que deveria ser confortador, mas era impossível. Os olhos de Rick estavam turvos, afetados, logo eu fui responsável pelo olhar confortador que ele pareceu captar.

Assim o deixamos, porque ele precisava ficar sozinho e colocar os pensamentos em ordem, porque agora ele era o líder de novo exatamente como Carl me dizia que ele fora um dia. Agora havia uma arma balançando em nossas cinturas, uma ameaça para lidar, e alguém deveria saber o que fazer.

O céu estava se fechando sobre nossas cabeças e as cercas se estreitando cada vez mais.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu tenho as notas iniciais mais bugadas da vida. Alguém tem alguma fanfic legal de Rennesme e Jacob gente? Gosto de crepúsculo, me processem. Mas mandem o link da fic antes. ♥