Hope for Us escrita por Lady Anne


Capítulo 22
Capítulo 20: Culpa


Notas iniciais do capítulo

EAE!
Voltei, é isso ai!
Ta, vamos lá, dessa vez eu anotei o que queria dizer:
Para começar, pera, estou emocionada aqui...
GENTE, três recomendações? Vocês querem derrubar meu forninho, mds...
Um obrigada, um beijo, e um abraço GEGANTE para as três DYVAS que recomendaram ai, a WTFALLY, a FILHA DOS CÉUS e a LANA WALKER, vocês são demais, eu amei cada letra, palavra, frase, cada virgula de suas doces recomendações!
Obrigada a todos os comentários do capítulo de Natal!
Gente, esse aqui é um cap meio sad, eu acho que ele era necessário para o que vem por ai, eu não sei se vocês vão gostar, eu sinceramente estou apreensiva, então por favor me digam do que gostam e não gostam, deem a opinião de vocês, eu preciso saber se esta bom para continuar!
Bem, espero que o Noah faça todas chorarem. Espero que não tenha sido drama demais.
Cara, o que dizer, obrigada a todas, bem vindas novas leitoras, um oi pros fantasmas, é isso gente, sou agradecida e amo todas!
Me desejem boa sorte minhas queridas, porque farei algo muito importante!
Bem, acho que nós nos vemos lá embaixo.
Boa leitura!
Anne. ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/522713/chapter/22

– Eu não estou com ciúmes.

Foi o que eu ouvi Carl dizer para Rick de forma irritada, enquanto estava me direcionando a eles depois de tomar café.

Naquele dia já fazia um mês em que não havia acidentes de nenhum tipo na prisão ou fora dela, segundo Beth que estava marcando, então estávamos todos realmente felizes e sentindo uma tranqüilidade estranhamente boa. Claro que não podíamos confiar muito em bons tempos, porque afinal, a tempestade poderia cair a qualquer momento. Só estávamos esperando que não caísse tão cedo, ou que pelo menos não fosse tão forte.

Eu estava realmente intrigada para saber do que Carl estava com ciúmes – porque quando você nega que esta com ciúmes, é porque você está – mas também estava pensativa com outra coisa que não pude esclarecer.

Tomando café no refeitório naquela manhã, percebi que Ângela e Patrícia estavam olhando para mim disfarçadamente várias vezes, enquanto conversavam curvadas, como se estivessem segredando algo sobre mim.

Bem, Patrícia sempre havia me olhado de forma estranha, mas Ângela não, então eu sabia que algo estava errado e descobriria o que, porque não havia sobrevivido a um apocalipse para alguém me olhar daquele jeito enquanto eu mastigava meu café da manha, sinceramente.

Observei quando Daryl passou por mim e logo depois Noah, correndo atrás dele como sempre.

– Porque você nunca me espera depois do café, cara? – ele disse emburradamente, fazendo Daryl soltar uma risada baixa. Ele definitivamente gostava do meu irmão, mas preferia manter a pose durona.

– Eu tenho? Pelo o que eu saiba é você que me segue aqui, tampinha. – então Noah aumentou o passo e saiu a frente dele logo depois de lhe dar um soquinho no braço.

Ele parou ao lado da moto e olhou para Daryl como se dissesse “então, para onde nós vamos?”

Ao olhar além das grades eu pude ver Michonne chegando em seu cavalo, e Carl vindo abrir o portão para ela, feliz como sempre ficava ao vê-la. Depois de “estacionar” perto da moto e descer do cavalo, ela olhou para mim e acenou com a mão para que eu me aproximasse.

– Ei garota. – fizemos um toque de mão complexo que causou risos em Rick – O que é, xerife? Foi difícil aperfeiçoar isso aqui, é bom ter gostado.

– Tudo bem, foi incrível. – ele admitiu ainda rindo, e Michonne estendeu a mão para um pequeno toque com ele também.

– Só para não ficar com ciúmes. – ela piscou fazendo-o rir mais, e eu pude jurar vê-los como um casal – Agora que já fizemos os cumprimentos, tenho algo para você e Carl... – ela disse olhando para mim, e depois olhou para Rick – e você.

Carl apareceu ao meu lado segurando o cavalo e trocamos um olhar de curiosidade, até que Michonne abriu sua bolsa e de lá tirou uma pequena pilha de quadrinhos e uma bola de beisebol.

– Alguém tirou a sorte grande. – Carl pegou as revistas e eu a bolinha – Quando vocês terminarem eu quero ler também, e aprender a fazer um Home Run.

Depois de agradecermos animadamente, vimos quando ela tirou um barbeador da bolsa e o entregou para Rick.

– Estão perdendo a guerra.

Observamos os dois trocarem um olhar de compreensão, e não sei por que, mas me veio à mente que eles seriam um belo casal se pensassem na possibilidade. Antes que pudesse ficar para shippar mais um pouco, tomei as revistas da mão de Carl explicando que iria guardá-las para depois.

– Hoje eu vou te ensinar a jogar beisebol, antes que acerte mais alguma garota com uma bola de futebol. – ele me mostrou a língua, mas pude ver o entusiasmo em seus olhos.

Corri de volta para o Bloco C e coloquei as revistas em cima da cômoda em minha cela, logo depois me abaixando e pegando o taco de beisebol azul em baixo da cama e correndo de volta para fora e planejando chamar Patrick para jogar também, mas a visão de Patrícia sentada perto do canteiro de flores me fez parar.

Por um momento eu hesitei, mas rapidamente vi que chamá-la talvez me desse a chance de perguntar por que ela aparentemente não gostava muito de mim, e ela estava sozinha, então pensei que mesmo que não fosse com a minha cara ela talvez gostasse de alguma companhia.

Fui caminhando até lá devagar, jogando a bola de uma mão para outra tentando formular o que iria dizer enquanto segurava o taco embaixo do braço direito.

Parei a uma distancia segura dela, que me encarava com uma expressão curiosa, não de deboche ou desprezo.

– Hey, Patrícia... – dei meu melhor sorriso de “eu não tenho nada contra você” – A gente vai jogar Beisebol, ta afim?

Ela pareceu pensar um pouco, olhou para as mãos e para mim de novo até se levantar, então conclui que era um sim.

– Porque não? – ela sorriu brevemente, e eu devolvi o sorriso – Me chame de Pat.

Assenti, e pensei comigo que isso parecia um avanço de sabe Deus o que nós tínhamos. Uma aproximação não calorosa? Está bom para mim, pelo menos.

– Bem, desculpe, mas não tem um apelido para Hope. – falei para quebrar o clima, mas não esperava pelo o que ela me disse depois.

– Tudo bem, posso usar seu sobrenome também, se não se importar. – o sorriso se desfez em meu rosto, tornando-se surpresa – Miller.

Eu estava pronta para perguntar quando Noah havia contado, mas Patrick apareceu ao meu lado, ofegante.

– Cara, você joga beisebol? – eu pisquei com a pergunta inesperada – Ah, olá Pat.

– Olá Patrick. – ela respondeu com entusiasmo.

Patrícia pôs as mãos nos bolsos da calça jeans e saiu a nossa frente, parando ao lado de Noah, e eu realmente quis fazer um Home Run na cabeça dela depois da forma como disse meu sobrenome, Deus que me perdoe.

– Hope? – Patrick chamou minha atenção – Algo errado entre você e Pat?

Realmente pensei duas vezes antes de responder.

– Não. – não havia algo errado, só havia Noah – E eu jogo sim, mas honestamente... Home Runs ficam melhores quando é a cabeça de um errante, acredite.

Nos juntamos a Carl, que estava conversando com Michonne sobre a busca que o grupo faria hoje num supermercado que havia se tornado base militar, e Bob parecia ansioso para sua primeira viagem. Bob era um cara legal e engraçado, mas eu podia ver alguma coisa nele, alguma coisa estranha.

– Vamos nessa. – Daryl disse subindo na moto e afastando Noah com cuidado – Você fica, tampinha.

– Não.me.chame.de.tampinha. – o pequeno rebateu com irritação, fazendo todo o grupo rir.

Depois que vimos eles saírem e de chamarmos as outras crianças que achamos para jogar também, fomos todos para um pedaço de grama perto das grades onde teríamos espaço suficiente. Enquanto eu andava ao lado de Carl e Noah, eu estava quieta, observando Patrícia e Patrick andarem juntos. Eu queria perguntar a Noah porque ele podia contar para a loira-não-apocaliptica e eu não podia contar para o jardineiro, mas não o fiz, ainda.

– Tudo bem? – Carl perguntou, então segurou minha mão disfarçadamente, o que me fez despertar num arrepio dos meus devaneios furiosos com Noah.

– Claro. – sorri, então me lembrei do que havia ouvido um pouco mais cedo – Aliás, você está bem? Do que você supostamente não tem ciúmes?

Carl levantou uma sobrancelha, sem entender do que eu estava falando.

– Ouvi você dizendo para o Rick que não estava com ciúmes. – ele corou e ficou completamente embaraçado.

– Eu nunca disse isso! – então sorri vitoriosa.

– Isso quer dizer que você esta com ciúmes então, mas do que?

Nunca tente mentir para Hope Miller, cara.

– Não da para discutir com você Texas. – disse emburrado, fugindo da minha pergunta.

– Porque eu sempre ganho. – pisquei para ele, que mesmo fugindo ainda segurava minha mão – Eu vou descobrir uma hora ou outra, de qualquer forma.

– Eu vou vomitar. – ouvi Noah murmurar ao meu lado enquanto fingia introduzir o dedo na garganta.

Então dei um peteleco na orelha dele, o que o fez me fuzilar com um olhar, e como eu sabia que era ciúmes rapidamente larguei a mão de Carl e coloquei meu braço envolta de seus ombros. Pude vê-lo revirar os olhos, mas ficar satisfeito.

Quando chegamos ao “campo” vimos Lizzie, Mika e as outras crianças na grade, pelo o que tudo indica estavam conversando com um errante simpático chamado Nick.

Espera ai, conversando com o errante?

– Estão dando nome para eles? – Carl perguntou com incredulidade.

– Um deles tem plaquinha de nome, então achamos que todos deviam ter. – Mika deu de ombros, como se fosse algo totalmente normal.

– Tinham nome quando estavam vivos, agora estão mortos. – Carl disse com firmeza, e muito sério, ele realmente estava irritado.

– Não, não estão. – Lizzie disse, olhando-o como se ele estivesse a ofendendo – Só estão diferentes.

– Do que você ta falando?! – Noah e Carl exclamaram ao mesmo tempo, os dois pareciam revoltados agora – Olha, eles não falam, eles não pensam. Eles comem gente, matam gente.

Podia sentir o clima pesado ali, e isso porque eram apenas crianças discutindo. Eu já não segurava o ombro de Noah, e ele estava avançando até parar ao lado de Patrick porque provavelmente não queria admitir estar com Carl.

– Pessoas matam pessoas, e eles ainda tem nomes. – ela disse olhando para todos nós dessa vez, e não pude evitar trocar um olhar com Patrícia, porque era inacreditável demais.

– Já viu o que acontece? Já viu alguém morrer desse jeito? – Noah perguntou com raiva na voz.

Os dois já se enfrentavam a este ponto, e nós não podíamos fazer nada porque é obvio que sabíamos que Lizzie estava errada.

– Sim, já vi. – ela respondeu com arrogância – Mas eles não fazem por que querem.

Noah avançou para mais perto dela com os punhos cerrados, e me perguntei se deveria tê-lo soltado com toda essa geniosidade Miller no sangue.

– Aposto que não viu sua mãe morrer assim, viu? – o tom na voz dele era grave, e os olhos de Lizzie também eram – Porque é por causa de um de seus amigos que a minha morreu, você sabe disso.

Senti meus olhos ficarem úmidos e a dor ser bombeada junto com o sangue em meu coração, novamente.

– É por causa deles que todos nós quase morremos. – Carl disse, reforçando a fala de Noah.

– Eles não queriam matá-la! – Lizzie disse de modo alterado ignorando Carl totalmente, e percebi que alguém tinha que parar aquilo, mas ninguém se moveu.

– Essas coisas não sentem nada, qual o seu problema? – Noah também se alterou, e eu e Patrícia nos entreolhamos de novo – Tudo isso é culpa deles se você ainda não percebeu!

– Não é, não! Me disse que ela estava protegendo a VOCÊ! – não sabia que Lizzie conhecia a história sobre Noah, mas aparentemente eles haviam conversado sobre mortes, e agora ela estava usando isso contra ele.

– LIZZIE! – Mika repreendeu a irmã, puxando o braço dela com força – Não pode dizer essas coisas!

Noah estava imóvel, seus punhos já não estavam mais cerrados, mas o peito subia e descia rapidamente.

– Esta dizendo... – a voz dele estava baixa, afetada – Que é culpa minha?

Lizzie não respondeu, então quase pude escutar os músculos dos punhos de Noah se retesarem, dei alguns passos para o lado e fitei seus olhos, vermelhos, alagados, o verde brilhava sob as lagrimas.

– Ela estava brincando Noah. – Mika se aproximou dele, mas ele recuou ainda em silencio.

Conhecia o irmão que tinha, sabia que quando o atingiam era pra valer, e sabia que ele carregava a culpa, mesmo não sendo um fardo dele.

– Porque não conta sua opinião ao Nick? – ele disse ironicamente, com um sorriso debochado – Tenho certeza que ele adoraria ouvi-la mais de perto.

Noah abaixou a cabeça e saiu andando com passos largos, passando por Patrícia com um empurrão.

– Noah, não... – nós duas começamos a dizer, então nossos olhares se cruzaram pela terceira vez e ela ficou imóvel – Vá, não é de mim que ele precisa, sabe disso.

Murmurei um agradecimento e comecei a correr em direção a ele, mas assim que ficamos a uma boa distancia, eu diminui o passo e andamos na mesma velocidade, eu iria segui-lo até onde estava indo em silencio.

Sabia que quando Noah estava chateado precisava se acalmar antes de qualquer coisa, então em hipótese alguma o mande se acalmar porque há grandes chances de ser linchado. Ele tinha o próprio tempo, e quando quisesse falar, falaria tudo. E enquanto andava atrás dele eu me perguntava o quanto “tudo” significaria agora, depois de tanto tempo.

Ele não me repreendeu por segui-lo, apenas continuou andando e imaginei que subiria a torre, mas foi direto até a parte de trás do bloco, onde havia um pequeno banco feito de tijolos como a parede, onde ele se sentou, abaixou a cabeça e me ignorou completamente. Mas é claro que faria isso.

Não ousei sentar ao seu lado, então me encostei à parede oposta e me deixei escorregar até o chão, onde abracei meus joelhos, depositei o equipamento de beisebol ao meu lado e esperei em silencio. Esperei pelas lagrimas, pelos soluços, pelos xingamentos. Pela dor.

E fiz certo, porque ouvi quando Noah começou a chorar, e o observei segurar o banco como se os tijolos fossem se desintegrar em suas mãos, seus ombros tremendo e as lagrimas caindo em sua calça jeans. Houve um momento em que ele bateu em sua própria testa várias vezes, e eu realmente me preocupei.

– Não... – ele murmurou com a mão colada a testa ainda – Não, não, não, não.

Ele deixou que a mão pendesse no colo, e respirou fundo algumas vezes, ainda soluçando. As lagrimas caiam por mais que ele tentasse secar.

– Ela disse... – então ele começou, mais para si mesmo do que para mim, mas mesmo assim eu olhei – Que não era culpa minha.

Esperei mais alguns segundos até resolver falar, num tom baixo, quase um sussurro.

– Quem disse?

– Ângela. Pat. Eu disse que não era culpa minha. – ele se levantou e começou a andar de um lado para o outro, com as mãos nos cabelos, puxando-os – Mas...

– Não é culpa sua. – falei de uma vez, chamando a atenção dele – Lizzie disse coisas completamente estúpidas, você sabe disso Noah.

– Mas se a mamãe não tivesse...

– Se a mamãe não tivesse entrado na sua frente vocês dois teriam morrido. – ele soltou os cabelos e me olhou desamparado – Primeiro porque ela não suportaria viver sem você, segundo porque ela iria atrás do Harry de qualquer forma.

Ele continuava imóvel, mas as lagrimas caiam em cascata por seu rosto vermelho. Sabia que a qualquer minuto ele iria se entregar.

– Acha que eu ignoro o quanto mamãe amava o seu pai, não acha? – tive que afastar com a mão uma lagrima que descia por minha bochecha – Eu jamais ignorei, sabia que se tivesse que escolher ela iria com o Harry, mas essa é a ordem das coisas, certo?

– Você escolheria Seth. – Noah balançou a cabeça, ele já tinha certeza disso há muito tempo – Porque ele precisava de você, porque você não o deixaria sozinho.

Fiquei surpresa por ele se lembrar de minhas palavras com precisão.

– Exato, é tudo sobre escolhas. – a palavra “sacrifícios” me veio a mente com mais facilidade – Seth morreria por mim, e eu morreria por ele. Não importa de que jeito, eu ficaria feliz por essa escolha.

– Ela disse que meu propósito é vencer. – ele passou o braço sobre os olhos para secar as lagrimas – Mas...

– Você não vai morrer. – eu sabia o que ele iria dizer só pelo tom em sua voz – Você é inteligente, Noah, não diga uma idiotice dessas. Mamãe não deixou que você morresse, e eu não vou deixar.

Ele ficou em silencio, então andou até a parede em que eu me encostava e se sentou ao meu lado, fungando baixo.

– O propósito da mamãe era esse? Me salvar? – olhei para ele e sorri.

– Acho que o propósito da mamãe era falar sobre propósitos. – ele fungou de novo, mas havia um traço de sorriso ali, então coloquei minha mão sobre sua cabeça, afagando seus cabelos negros – Se ela tinha que fazer isso, ela morreu feliz. Eu estaria feliz de morrer por você também.

Ele encostou a cabeça em meu ombro, finalmente se entregando, como eu havia imaginado que faria.

– Faça um favor, não morra por mim, ta legal? – eu balancei a cabeça.

– Não garanto nada. – ele revirou os olhos, mas ainda estava chorando baixo.

Ficamos em silencio por alguns minutos, enquanto eu apenas afagava os cabelos dele e ouvia sua respiração e seu nariz fungando.

– Noah? – ele resmungou um ‘hm’ em resposta – Não foi culpa sua.

Ele ficou em silencio, então insisti.

Não foi culpa sua. – beijei sua testa, o pegando de surpresa – Não deixe que digam o contrario, mamãe não permitiria.

– Todos nós temos culpa, não é? São as conseqüências humanas.

Não pude evitar um pequeno sorriso.

– É, você esta aprendendo rápido, gafanhoto. – ele riu um pouco mais verdadeiramente, o que me deixou feliz, e me fez lembrar de algo importante – Ah, e sobre a Lizzie...

– Vou esperar pelas desculpas dela, se é o que você ia me aconselhar. – ia dar um peteleco na orelha dele por tanta arrogância, mas resolvi não fazê-lo já que ele parecia tão frágil.

– Vá falar com ela! – falei como se fosse obvio – Ela está arrependida, claro que ela não queria dizer aquilo sobre a mamãe.

– Ela está é doida, isso sim, com aquele papo sobre “errantes são pessoas diferentes”.

– Ela só é muito ingênua ainda, não é doida, que bobagem. – Noah me olhou desconfiado.

– A única coisa que eu sei é que não quero me perder com essa garota em uma mata. – ele voltou a deitar a cabeça no meu ombro, dando o assunto por encerrado.

Eu definitivamente não sabia por que Lizzie pensava daquele jeito, nem porque havia jogado tão sujo com Noah, mas eu devia admitir que ela era estranha depois dos ratos.

Eu ia falar sobre a “Pat”, mas pensei que talvez não fosse mais necessário. Depois disso, acho que deveria contar, eu tinha direito de contar e bem, Carl era o meu melhor amigo, tinha direito de saber.

Noah ficou parado ali comigo por um bom tempo, de olhos fechados se deixando receber algum carinho, o que provavelmente não acontecia há muito tempo. Era como se ele fosse um bebê de novo, e eu teria tirado uma foto se pudesse.

Depois que nós dois terminamos esse momento “família de dois integrantes”, deixei que Noah voltasse ao seu bloco aparentemente com muito sono e olhos vermelhos depois do cafuné continuo, então quase fui o empurrando para subir as escadas do bloco.

Depois que o vi entrar eu estava pronta para entrar também, ler uma revista nova do Homem-Aranha para esquecer a visão de Noah chorando ou brincar com Judith me ajudaria sem duvida, mas antes que eu pudesse me decidir senti o taco de beisebol escorregar da minha mão, e me virei rapidamente com o susto.

– Mas o que... – atrás de mim estava Carl, girando o taco em sua mão casualmente – Ah, é você Cowboy.

Eu sabia que era à hora de esclarecer as coisas sobre Noah, do mesmo jeito que teria que esclarecer com Patrícia depois, até Carl parecia saber disso porque havia uma estranha ansiedade vinda dele. Mas ao encará-lo, eu hesitei.

Havia tempestade nos olhos de Carl, e no céu também.

Ei, Texas. – ele girou o taco uma ultima vez e me entregou – Espero que esteja tudo bem com... Seu irmão.

Eu devia ter ficado surpresa, mas não fiquei, eu esperava por aquilo de certa forma. Não pude deixar de me perguntar se ele havia presumido isso por eu ter ido amparar Noah ou por que Patrícia havia contado. Não tinha importância.

– Vai ficar. – respondi – Vocês são parecidos, afinal.

Ele resistiu a vontade de revirar os olhos, talvez um pouco fragilizado por saber um pouco mais da minha história do que esperava, e que ela envolvia o “pirralho”.

– Talvez nós sejamos mesmo. – deu de ombros – Geniosos e um pouco irritantes.

– Esqueceu ciumentos. – falei involuntariamente, então ele não pode evitar revirar os olhos.

Uma pequena tensão nos tomou, e Carl parecia estar prestes a falar algo, mas hesitava, então eu apenas esperei.

– Eu... Sinto muito por sua mãe. – ele se aproximou e pegou minha mão – Você sabe que eu entendo.

– Sim, eu sei. – apertei sua mão, mas queria ter feito mais – Sinto muito também, Cowboy.

Eu queria abraçá-lo e me desculpar por ter guardado segredo, dizer que nós dois não combinávamos com aquele drama. Mas a única coisa que fiz foi puxar o relicário do meu peito e entregá-lo nas mãos de Carl, porque já bastaria.

Observei-o enquanto analisava a foto e lia o entalhado, e pude ver um pequeno sorriso surgir em seus lábios.

– É um bom lema. – disse, me fazendo sorrir também – Eu estava mesmo querendo saber o que era essa borboleta.

– Minha mãe deu a Noah, que o deu para mim. – expliquei.

Ele soltou minha mão e devolveu o colar ao meu pescoço com delicadeza.

– Combina com você, é azul. – “azul esta nos lugares mais perfeitos”, desculpe a arrogância - É uma pena não termos conseguido jogar beisebol sabe, queria aprender. – disse perto do meu ouvido, ainda estava afetado, mas ele também sabia que se não fizéssemos uma piadinha nós jamais sairíamos daquele clima.

– Só porque eu estava animada para nomear minha bola nova. – ele riu, então peguei a bola do chão e a joguei de uma mão para outra – Amanha, se ninguém mais for conversar com errantes, a gente pode jogar.

Mas como dito antes, a tempestade se aproximava, e ela ainda era garoa fina vinda junto com o grupo que havia acabado de voltar da busca, cabeças baixas, olhos tristes, passos pesarosos e sangue. Nossos sorrisos desapareceram, e ao contar os integrantes nós logo demos falta de um.

Zack. – Carl murmurou.

– Não. – corri e abri o portão do pátio, lançando um olhar para Maggie, e não precisei de palavras – Beth.

0 dias sem acidentes.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

É gente, vem treta por ai. O próximo capítulo vai ser maravilhoso, isso é certeza. Desculpem por esse capítulo, são mais de 3.00 palavras, mas não sei realmente se gostei, isso fica com vocês.
Vocês não viram um pouquinho do que a Psicolizzie tem ai, mas vão odiá-la em breve...
Quem queria que a Hope tivesse danificado o cranio da Pat? Depois ainda querem que o papai noel passe na casa de vocês...
Qual vai ser o nome da bola de beisebol da Hope, gente? Não venham com Wilson.
ME SIGAM NO TWITTER GENTE: https://twitter.com/annelady16
SIGO TDAS DE VOLTA ♥