Dando Voltas no Ponteiro escrita por Kívia Fernanda


Capítulo 6
Capítulo VI - DESCOBRINDO UM PROBLEMA


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo pra vocês, yey! Deixem seu comentário após a leitura. Aproveitem!



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Quando entrei no meu quarto, Leah ainda estava dormindo. Fiquei preocupada, devido ao fato de já estar escurecendo. Chacoalhei-a algumas vezes, e quando ela finalmente acordou, queixou-se de dor de cabeça. Essa é nova.

– Dor de cabeça? Isso nunca aconteceu.

– Que viagem foi aquela, Fay? – ela massageava as têmporas enquanto falava baixinho – Por que tudo ficou rodando na hora do intervalo?

– Rodando?

– Sim. E girava várias vezes. E minha roupa pegava fogo. – espremi os olhos – Olha só.

Ela me mostrou a perna que estava com uma marca de queimadura do tamanho de uma maçã.

– Oh. – tapei a boca com a mão – Como assim? Isso nunca aconteceu com ninguém. O que você viu?

– A escola tava queimando. – ela parecia realmente assustada ao contar – Eu girava em um vestido lindo da Dior, e você estava no fundo da sala. Todo mundo gritava e corria, mas você continuava lá. Parada e assistindo tudo como se não fosse nada. As chamas corroeram minhas pernas, eu caí e você desapareceu. Literalmente.

Eu não tenho palavras pra expressar o quanto estou atônita. Leah viu algo completamente diferente do que eu vi. Eu não consegui falar mais nada, só fiquei imaginando o porquê disso. Toquei sua queimadura na perna. Carne viva. A puxei pelo braço enquanto ela protestava e só quando entramos no carro a respondi.

– Vamos pro hospital cuidar disso aí.

– E como a gente explica? Não dá pra falar simplesmente que viajei no tempo com minha melhor amiga e peguei fogo. – ela me encarou – Seria bizarro!

– Eu dou um jeito.

Acelerei e chegamos ao hospital dentro de alguns minutos. Arrastei Leah para a recepção e disse algo parecido com “Queimadura na perna dela. Cuidem disso” e saí. Sim, sou uma melhor amiga extremamente dedicada. Na verdade, Leah era o menor dos meus problemas e eu tenho certeza de que ela vai ficar bem. Os pais nem tanto.

Cheguei em casa e corri pro Google pesquisar detalhadamente a história dos Elementos. Aquilo lá não era bem um segredo, na verdadeira existe um grupo de pessoas que veneram os Elementos perdidos na Terra. Fico imaginando se eu seria bem-vinda lá...

Abri uma página que tinha a tela preta e símbolos macabros no fundo. Comecei a ler:

FILHOS PERDIDOS DE HERCÍLIA

Houve uma época em que o ser humano acreditava em uma só deusa que comandava o mundo em 5 elementos: Fogo, ar, terra, água e tempo. Sim, o tempo já foi um elemento. Antes de ser roubado, segundo a lenda, por uma mulher apaixonada e esperta de apenas 20 anos. Ela enganou a Rainha Hercília com um desafio e conseguiu o Elemento para salvar o amante. A ira da Rainha havia sido tão grande que ela condenou toda sua geração a carregar o Elemento acompanhado com uma missão. E caso a missão não fosse cumprida, o Elemento a consumiria lentamente, até a morte.

Enquanto a praga era feita, Hercília decidiu que não podia correr o risco de perder seus Elementos novamente. Então, desceu na Terra e teve seus primeiros filhos semideuses, cada um com seu respectivo Elemento. Nenhum conseguiu sobreviver por mais de 7 anos. O Elemento sempre os consumia. O poder da Rainha era grande demais para ser inserido em um mortal. Decidiu então que escolheria um casal de mortais e assim que o casal resolvesse ter um filho, ela colocaria um Elemento nos espermatozóides do homem e uma barreira de força no óvulo da mulher, assim, nasceria forte e saudável. A ideia deu certa com o primeiro Elemento, a água. Então Hercília seguiu adiante com o seu plano.

Pulei algumas linhas, desinteressada.

Há quem diga que ainda existam Elementos vivos na Terra, e que há uma grande profecia que nos avisa que uma grande guerra está por vir. Estamos todos torcendo por essa agitação! Até a próxima matéria.

Uau, que chato. Gastei 3 minutos da minha vida lendo o que esse nerd tinha pra dizer. Mas isso me serviu como lição. Já sei que uma guerra está por vir. Uma grande guerra. Dei uma risadinha pensando na ideia.

– Não quer levar a sério, Fayel? – minha vó apareceu atrás de mim. Há quanto tempo ela estava ali?

– Vó?! Eu... Eu não te vi, eu...

– Pode enganar a qualquer um, menos a mim. – o rosto dela estava sério – A Grande Guerra é de verdade. Quase ocorreu uma no passado, mas a Rainha Hercília nos impediu propondo paz. Como sempre, fomos enganados. – ela se sentou na minha cama e fechou os olhos – Você tem que fazer isso acabar logo.

– Não sei como. Não tenho mais de 18.

– Eu sei que você sabe como. Já vi como vai acabar. – ela sorri e toca meu rosto – Você vence.

E saiu. A olhei atravessar a porta e pensei que talvez eu pudesse salvar o mundo realmente. “Não”, pensei. “Isso não vai rolar”.

Desliguei o computador e deslizei pro chuveiro. Fiquei uns cinco minutos pensando no meu dia, nas coisas que eu acabara de fazer. Exclui Luke da minha vida, vi o quanto ele estava mal por isso. Fiz Leah conhecer meu segredo, e ela acabou se machucando. Mas... Tem uma coisa que estava martelando na minha cabeça... A escola. Pegando fogo. E eu fugindo daquilo, eu nem me dei ao trabalho de salvar Leah... Seria aquilo uma peça que a Rainha pregou na cabeça de Leah? Ou aquilo realmente está pra acontecer? Quando? De qualquer forma, não estou preparada para saber.

Quando saí, penteei os cabelos em frente ao espelho embaçado e quando saí, enrolada na toalha, lamentei o fato dos meus pijamas ainda estarem guardados. Quero economizar tempo, pensei. Adiantei o tempo, e quando vi já estava de pijamas, indo deitar na cama.

– Isso é bem prático. – fechei os olhos e dormi.

Sem sonhos. Perfeito. Quando levantei, me dei conta de que já era sábado. Comemorei silenciosamente enquanto colocava uma roupa limpa e confortável. Desci pra tomar café com Daph e minha avó, mas não encontrei nenhuma das duas. Apenas um bilhete na geladeira dizendo que elas tinham ido ao mercado e voltavam mais tarde. Como não tinha comida, peguei uns biscoitos e comi. Fiquei lendo livros no sofá da sala e logo o tédio começou a me encher. “O que eu vou fazer enquanto elas estão fora?”, pensei.

Limpei a casa e quando terminei, fiquei suada e tomei outro banho. Li mais um livro, limpei o banheiro, comi de novo, mas o tédio permanecia ali com vontade. Liguei pra Leah, quando caiu na caixa de mensagens, lembrei que ela estava no hospital. Eu podia ligar pro Luke, se não tivesse dado um fora nele. Se eu tivesse uma quantidade maior de melhores amigos até poderia sair com eles, mas eu não me interesso muito por grande parte deles. Peguei meu celular e deslizei a tela até achar o nome de um amigo com quem eu não falava há muito tempo. Com alguém que eu não falo desde que me mudei pra Londres. Meu melhor amigo Lupin.

Lupin na época em que eu o conhecia, era um garoto baixinho, meio gordo, de olhos verdes e cabelos castanhos lisos que iam até a altura da nuca. Enrubescia com tudo que as pessoas falavam, e nós éramos inseparáveis. Disquei seu numero e uma voz mais máscula e dura atendeu:

– Lupin?

– Sim. – sua voz estava um pouco desconcertada – Quem fala?

– Fayel! – sorri. Sua voz iluminou-se a falar meu nome repetidamente.

– É você mesmo, Fayth! – Lupin é o único garoto que ainda me chama por esse apelido. E eu deixo só ele me chamar assim.

– Sim, sou eu! – eu sorria descontroladamente, não acreditava que havia encontrado meu amigo finalmente – Como você está, Gordinho?

– Eu... Eu to ótimo! A gente precisa se ver.

– Pois é, minha vó e minha irmã saíram, vão voltar bem mais tarde.

– Pois é... E seus pais como estão?

Fiquei em silêncio por tempo.

– Tá tudo com eles né Fayel?

– Lupin, eles morreram. – disse com a voz mais firme o possível.

– Oh, sinto muito! – ele realmente tinha pesar na voz, Lupin era muito chegado nos meus pais – Sinto mesmo, eu nem poderia imaginar que... Nossa.

– Tá tudo bem, Lupin. Eu já superei. – dei um sorriso fraco pelo telefone.

Houve uma pausa.

– Quer saber? Eu to numa cidadezinha perto daí com a família, vou dar uma escapadinha e passar a tarde aí, o que você acha?

– Não vá se incomodar, eu posso passar aí.

– Eu realmente quero te ver, Fayel. – ele falou com seriedade.

– Tudo bem então, pode vir. – sorri – To te esperando.

E desliguei. Subi correndo pelas escadas, entrei no meu quarto e fui tirando as roupas correndo. Penteei os cabelos, passei um delineador e comecei a caça de roupas no meu armário. Peguei uma camiseta azul claro justinha, uma calça jeans escura e um All Star. Olhei no espelho.

– Hmm... Não! – corri pro armário e peguei uma bata amarelada com uma estampa legal na frente e um short preto de cintura alta de couro e um coturno. Troquei de roupa e peguei uns acessórios. Passei um gloss na minha boca. Desci pela escada e pus uma musica antiga e legal pra tocar, peguei meu celular e me preparei pra fingir que estaria desmarcando um encontro com alguém. Uns 40 minutos depois, Lupin chegou. Abri a porta e fiz o ensaiado, dei um abraço nele e essa é a hora de falar o quão bonito ele estava. Ele tava uns oito centímetros mais alto que eu, seu cabelo liso fazia um topete pequeno acima da testa, havia deixado os óculos para trás, deixando a mostra o quão intenso eram o verde de seus olhos. Estava forte, com porte físico de pelo menos dois anos de academia. Suas roupas deixavam isso bem à mostra. Usava um alargador de 4 mm na orelha esquerda e tinha uma tatuagem nas costas, na altura dos ombros. Após recuperar o fôlego, o cumprimentei como sempre e convidei para sentar. Me senti tão feia e chatinha perto dele que as palavras quase não saíram:

– Resolveu libertar a beleza dentro de você? – sorri abobalhada. O que eu estava pensando?! Argh, que raiva de mim mesma!

– Bem... – ele enrubesceu. Pelo menos isso não mudou – Parece que sim. O que me diz? Estou melhor agora? – ele mudou o seu tom de voz para algo mais... Provocante.

Ele chegou mais perto de mim, levantando a sobrancelha.

– Não tá feio. – brinquei do mesmo jeito. Começamos a rir.

– Pois é, Fayel. Você realmente mudou... – ele começou, voltando ao tom de voz normal – Seus cabelos, seu jeito... O olhar. Parece que você não superou realmente. – ele segurou minhas mãos – Só quero que saiba que agora eu to aqui. Conte comigo.

Ah, tá de brincadeira? Eu vou chorar aqui, produção!

– Lupin, tá tudo bem comigo. – sorri levemente – Eu só achei que eu combino mais com essas roupas.

– Se você está dizendo... – ele me soltou – Vamos tomar um sorvete?

– Só se você pagar! – nos levantamos e eu peguei a minha chave (Ah, e caso eu ainda não tenha avisado, minha vó tem um Opala 1965 vermelho).

Entramos no carro e aumentamos o volume.

– Qual sorveteria é a melhor por aqui?

– Tem uma ali, virando a esquina. Muito boa. – nunca fui lá, até porque sorvete não é uma das coisas que eu tomo com frequência. Mas eu sempre quis ir, então achei que era uma boa oportunidade. Achei.

Chegamos lá e sentei numa cadeira. A faxina me matou.

– Lupin... – puxei seu braço – Tem como comprar meu sorvete pra mim? Acho que você já sabe meu sabor preferido.

Ele deu meio sorriso.

– Sei sim. Já volto.

Fiquei esperando ele por um tempo, quando uma figura alta, de avental e cabelos pretos, aparece. O vi de relance na primeira vez, então não dei tanta atenção. Mas quando ele começou a falar levei um susto.

– Então, o que vai querer?

– Eu... Meu amigo tá me servindo ali. – apontei para Lupin que estava na área self-service.

– Seu amigo é? – Luke riu – Ah tá certo.

– É meu amigo sim!

– Tudo bem. – ele fez uma pausa olhando pro cardápio – Ele beija bem?

– Quê? – perguntei incrédula.

– Ah, vocês vão se beijar ainda. – ele batucou o caderninho com o lápis – Sugiro que tire o gloss. Sua boca tem um gosto melhor sem ele.

– Olha aqui, eu...

– Não precisa me explicar nada, Fayel. Não foi você que sempre deixou bem claro que não gosta de pessoas por perto? – os olhos azuis dele brilharam.

– Eu nunca disse isso.

– É o que falam. – ele se virou e foi embora.

Eu estava atônita. Como assim ele chega e começa a falar essas coisas esquisitas? Assim que Luke foi embora, Lupin chegou com os sorvetes. Sentou-se e me olhou.

– Você tá bem? – ele tocou em minha mão, e aquilo me fez despertar.

– Hm, oi? – pisquei – Estou.

– Seu sorvete. – ele deu um daqueles sorrisos radiantes e aquilo me fez pensar se não seria mais produtivo pra mim... Ficar com ele.

– Obrigada.

Após terminar o sorvete enquanto comentávamos sobre como estava nossas vidas, andamos até a praça pertinho da Starbucks. Nos sentamos e eu comecei:

– Então... Nessa sua nova vida, existe uma garota em especial? – arqueei as sobrancelhas.

– Quer a verdade? – acenei com a cabeça – Não mesmo. – e ele riu histericamente – Quer dizer, nada contra com as garotas de Bristol, mas... A única garota que eu me interessava se mudou pra Londres.

– Bobagem. Você sempre teve uma queda por aquela Katherine.

– A garota de cabelos castanhos e olhos grandes? Aquela baixinha? – ele riu – Ela tá louca! Pintou as madeixas de várias cores e uau, você não tem noção do quanto é esquisito vê-la daquele jeito. Ela cortou o cabelo e... – ele parou um pouco e me olhou enquanto eu ria – E você sempre foi a minha favorita, afinal de contas.

Ele puxou meu queixo mais pra perto e me beijou. Apesar de toda a coisa ter sido legal, eu não senti coisa alguma. Nenhum calor, nenhum friozinho na barriga, faíscas na minha mente... Nadinha. Quando abri os olhos, sorri levemente e pensei que talvez estivesse na hora de voltar pra casa. Apenas pensei em como as coisas estavam indo rápido demais. Eu não to a fim do Lupin. Tipo, ele é bonito e tudo mais só que minha mãe sempre me disse que se seu estomago não se enche de borboletas quando você beija alguém... Então não é pra acontecer nada. Quando chegamos à minha casa, ele puxou minha cintura e me beijou novamente. Sussurrei no ouvido dele antes de entrar:

– As coisas não mudaram tanto assim, Lupin. Eu ainda não estou caída por você. – e entrei.

Quando cheguei já estava escuro e minha vó estava lendo no sofá. Tentei passar por ela sem que minha avó me ouvisse, mas não deu muito certo. Ela apenas passou a mão no sofá indicando que eu me sentasse. Sem dizer uma palavra, eu me sentei.

– Caçador de Pipas. Muito bom esse livro. – ela disse fechando o livro e apontando ele pra mim – Tem que ler mais desses.

– Vó, eu... Eu sei que eu devia estar prestando atenção no que as minhas visões querem dizer, mas... Eu tenho vida social também e...

– Vida social? – ela me interrompeu – Você mal sai pra comprar comida! – ela pegou minhas mãos – Fayel não estou querendo dizer que você tem que ficar em casa o tempo todo, treinando suas habilidades. Estou apenas supondo que talvez fosse melhor se você... Deixasse os garotos de lado um pouco.

– Eu não quero ter que... – apertei os olhos – Escolher. Não quero ter uma maldita missão, nem ter poderes fabulosos. Eu só quero uma vida normal. Eu não preciso de nada disso, não quero ser nenhuma heroína. Eu só quero sentar e... Viver como qualquer outra garota britânica.

Ela me olhou séria e então balançou a cabeça negativamente. Me soltou e apontou para o meu quarto. Entendi a ordem e fui dormir. E eu não gostei muito dos meus sonhos.

O lugar que eu estava dessa vez era o meu quarto. Aliás, minha casa. Vazia. Escura e silenciosa. Me levantei e fiquei parada por um tempo, até perceber que tinha um rastro de água descendo pro banheiro do andar de baixo. Fiquei um tanto apreensiva em relação a me mover, pois estava tão sombrio... Mas eu sabia que tinha alguma coisa lá que talvez me interessasse (talvez não) e eu precisava descer. Com movimentos precisos, consegui descer as escadas sem ter um ataque. Então cheguei rápido ao banheiro. Quando abri a porta, não era mais um banheiro. Era um salão enorme, luxuoso e brilhante que definitivamente não cabia na minha casa. Tinha um tapete supostamente vermelho (já que tudo estava em preto e branco) que seguia por mais de 10 metros em linha reta, até chegar a alguns degraus e assim uma majestosa poltrona com detalhes finos e delicados. Onde eu reconheci bem a pessoa que ali sentava.

Estranhamente, a Rainha Hercília era a única forma colorida naquele monte de preto e branco. Seus cabelos eram vermelhos, da cor do fogo e ondulavam constantemente. Talvez seja o próprio fogo, pensei. Seus olhos eram verde-mar e davam uma leve sensação de calma. A pele era tão branca que quase me dava uma sensação de ser transparente. Ah saquei, a pele era o ar. Seu vestido era pesado e verde, cheio de flores lindas. Seus lábios vermelhos me chamaram persuasivamente mais para perto.

– Hercília.

– Mortal.

– Você sabe meu nome.

– Pouco importa. – ela levantou uma sobrancelha com ar superior. Ah, falar em superior, Hercília devia ter uns 3 metros altura.

Não me aproximei mais que três passos. Eu tive medo do que ela podia fazer se eu aproximasse mais um quanto mais dez.

– Mais. Perto. – ela falou. Me aproximei perto o bastante para ouvi-la (embora sua voz até ecoasse no local, de tão grandiosa) e para fugir. Caso ela tentasse algo.

– Pois diga, ó Rainha Hercília. – havia certo desprezo na minha voz. E eu estava feliz comigo mesma por estar fazendo isso.

– Seu pior erro foi me enfrentar da mesma forma que nem fizeste há alguns séculos atrás.

Ergui a sobrancelha.

– Erro de Monique. – sorri de canto – Não meu.

– É o mesmo espírito.

– Não é a mesma coisa.

Ela sorriu forçado. É, ela tá tentando se controlar para não me explodir ali mesmo. Ela se acalmou por uns segundos e falou com a voz mais calma e sedutora que já ouvira:

– Vim lhe fazer uma proposta de paz. – ela sorriu – Eu vi o seu futuro um tempo atrás quando... – a Rainha hesitou por uns dois segundos e prosseguiu – Eu ainda tinha posse do Tempo.

Dei uma risadinha.

– Sei como é. Perder as coisas. Dói não é? – sorri sarcasticamente – Diga-me, Hercília, foi prazeroso para você matar meus pais? Porque pra mim não foi nada legal perdê-los e depois de dois anos, ver a morte deles.

– Se quer saber a verdade, sim. Adorei ter matado aqueles mortais estúpidos, tanto quanto adorei ter visto a morte agarrado seu antepassado, Monique.

– Você podia ter pegado o Elemento de volta se quisesse.

– Não pude. – me calei. Era simplesmente ridículo o fato do ser vivo mais poderoso da Terra não puder pegar de volta seu Elemento mais grandioso. Embora eu ainda gostasse mais do Fogo...

– Interessante. – pus a mão no queixo – Mas me diga logo sua proposta, quero voltar a sonhar e...

– Você não sonha.

Isso era verdade. Eu nunca sonhei na vida. Não sonhos de verdade, aqueles com unicórnios e sereias... Apenas memórias. E era um saco.

– Apenas diga.

Ela tamborilou os dedos no trono e percebi que eu estava fazendo papel de boba tentando desafiar a Rainha Hercília. Ela era mais ágil, feroz e até mesmo bonita. Fico imaginando sua forma mortal...

– Eu quero um tratado de paz e em troca anulo sua missão na Terra.

– E qual seria minha missão na Terra?

– Na verdade, algo bem simples. – ela sorriu perversamente – Você pode escolher entre trazer seus pais de volta ou salvar seu namorado.

Parei de respirar. Parei de piscar, apenas a olhei com a mesma expressão enigmática que tenho maior parte do tempo.

– Luke Johnston já tem seus dias contados, Fayel. É melhor correr.

E acordei.


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Notas finais do capítulo

E então, o que vocês acham que ela vai fazer? No próximo capítulo, Fayel vai estar se preparando para a guerra, então, façam suas apostas!



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