Dando Voltas no Ponteiro escrita por Kívia Fernanda


Capítulo 5
Capítulo V - MONTANDO O QUEBRA-CABEÇA


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é mais um caminho rápido que achei pra a ação toda realmente começar do que realmente um capítulo. É cheio de "o que aconteceu no dia seguinte" e uma meia-volta pra coisas que aconteceram sem motivo algum. A partir daqui, eu prometo, as coisas vão ficar realmente interessantes.



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Voltei pra casa no dia seguinte. Fui pra a escola com um curativo nas costas e uma perna enfaixada. Coloquei uma camisa com furos nas costas pra deixar isso bem explícito mesmo e um short na canela esquerda pra não me incomodar muito. Usava All Star e pra completar tudo, muletas. Mas não porque eu tava querendo exibir que estava lascada (mesmo que minhas roupas dissessem isso), mas sim porque incomodava muito andar sem elas, pelo menos por enquanto.

– Ai meu Deus, amiga! Você está bem? – Leah chegou bem do meu lado com seus cabelos soltos e sedosos batendo em meu rosto. Só pra você ter uma ideia do quão sedoso ele é.

– Ah Leah, eu me machuquei. Não to lá muito bem né. – dei um meio sorriso.

– Ai meu deus, quem fez isso? – ela pôs as mãos na boca de uma forma um tanto... Cômica – Não precisa me contar, se quiser, é claro... Como é que foi na praia?

Olhei para mim mesma e apontei.

– Isso responde?

Ela arregalou os olhos.

– Foi o Luke?!

– Não Leah! – arregalei os olhos também. Se bem que, do jeito que eu falei, bem que pareceu que foi ele mesmo.

– Então me explica, caramba!

– Eu estava voltando pra casa e Harry Jones e um grupo de amigos dele ameaçaram me estuprar. Infelizmente eles tinham algumas armas, e enquanto eu metia corrida com a scooter, alguns deles jogaram facas, garrafas quebradas.

– Ah, entendi. Nada muito grave?

– Não, Leah. Eu só cortei minha perna e mal ando por mim mesma. Só isso mesmo.

– Dá pra parar de usar sarcasmo comigo?

– Ok, perdão.

Fomos andando até a sala enquanto Leah foi me contando sobre as coisas tão “fabulosas” que ela fez nesses dias que eu estive fora.

O dia estava indo bem até o intervalo. Bem, eu pensei no intervalo em todas as aulas e... Não estou preparada para ficar frente a frente com Luke Johnston. Eu deveria saber que ele faria aquilo comigo, afinal, ele é um Johnston. E eles não perdoam. Por que me sinto tão atraída por ele? Por que eu simplesmente não sigo em frente e fujo? Ou completo logo a minha tal “missão” na Terra e morro na adolescência? Me faço essas perguntas e já sei da resposta: por causa de Daphne. Eu não posso deixá-la sozinha no mundo. Logo nesse mundo podre que a cada pingo de felicidade que alguém encontra, ele trás uma chuva de dor. Mas fazer o que? Tudo o que me resta é pensar em como falarei com o irmão de Candance. E eu não estou nem um pouco a fim de saber como.

O sinal toca e somos dispensados para o almoço. Saio agarrada com Leah, algo que eu nunca faço então Leah devolve o abraço calorosamente. Para explicar o gesto inesperado apenas a digo que eu estive com saudade. Nada acontece por um bom tempo. Isso é, eu nem o vi. Atentada pela curiosidade, pergunto pra Leah onde estava Luke.

– Não vem já tem um tempão. Ele não tinha ido com você até a casa da praia dos seus pais?

– Sim, mas... Ele me deixou lá.

– Como assim?! Não sabia que o Luke era desses!

– É, mas... Pensando melhor, eu... – não terminei a frase. Eu não sabia como terminar. Mas muitas coisas passavam pela minha cabeça. Coisas ruins.

Quando a aula acabou eu fui correndo pra a casa dos Johnston, e ninguém abriu a porta. A casa estava vazia. Meu primeiro palpite foi o hospital e após muitas horas caminhando no vazio daquela tarde finalmente encontrei o centro médico mais luxuoso da cidade. Rezei para que ele não estivesse lá e entrei.

Infelizmente minhas preces não foram ouvidas. Enquanto eu andava pelos corredores eu o vi deitado numa maca, desmaiado, com uma aparência fantasmagórica e aparelhos de respiração, através de uma janela. Parei imediatamente e fiquei lá, o encarando tão chocada quanto qualquer um poderia estar. Eu sabia da doença dele, sabia que era incurável, mas uma parte de mim queria acreditar que talvez fosse mentira. Mas é óbvio que isso não era possível.

Após minutos estando parada lá o observando e vendo que o tempo passava muito rápido fora do meu campo de pensamento, decidi que eu tinha que me mover para fora do hospital. Quando fiz isso vi que já estava quase anoitecendo. Apressei os passos pesados até minha casa e quando cheguei lá, vi que minha faixa estava molhada de sangue. Forcei de mais ao andar e esqueci as muletas em algum lugar da escola. Troquei a faixa e fui deitar. Não para dormir, só para pensar um pouco. Não sou muito de falar, na verdade minha voz é rouca, pois a uso tão pouco que quando falo parece que acabou de existir. Não penteio meu cabelo tem três dias, e gosto muito mais da aparência dele assim. Eu tenho sardas que vão de uma bochecha até a outra, passando pelo nariz e preenchendo minhas maçãs. Minha boca é pálida, a boca do Luke é rosa. O meu cabelo é castanho e ondulado, o dele é preto e liso. Enquanto me esforço para manter as pessoas longe, Luke tem uma facilidade incrível de deixá-las sempre por perto. Eu mal o conheço, por que estou tão obcecada nas coisas que ele faz? Como eu já preparei toda uma teoria sobre o porquê do sorriso dele se encaixar em todos os meus momentos? E por que eu o quero tanto aqui se ele nem vale a pena? Cadê ele?

Minha avó bateu na porta e sem me deixar responder, entrou e sentou em minha cama.

– Eu soube. – ela pegou na minha mão.

Meus olhos estavam secos e sem nenhuma marca de choro. Bom, eu acho que não chorei. Isso é bom, pois quando a olho com descrença ela me diz que achou que eu iria chorar ao vê-lo naquele estado.

– Estou muito magoada pra isso.

Ela sorri.

– Isso me impressiona um pouco sabia? Você é igualzinha a sua mãe. Que sempre canalizava as emoções quando estava perto das outras pessoas.

– Você tem que parar de me lembrar da minha mãe quando você sabe que eu estou triste. – volto a olhar pro chão.

– Foi um elogio, princesa. – ela toca em meus cabelos – Eu sei que você quer afastar as Vozes da Confusão, mas agora é hora de se cuspir as palavras que está na sua garganta. A raiva não trás aqueles diabinhos de voz doce.

– Não estou com raiva. Estou a ponto de desmoronar e você não está me ajudando.

A minha avó ri um pouco e sai do quarto. Assim, simplesmente. Finalmente quando escuto a porta do seu quarto que eu simplesmente desmaio de sono. Mas no meio da noite acordo e vou tomar banho, nada demais acontece durante uma semana. Duas. Três. Até que num sábado enquanto eu lia uns romances eu sinto uma pulsação estranha dentro de mim.

“Deve ter sido a cafeína”, penso. Mas é óbvio que não foi. Porque a pulsação continua cada vez mais forte até que decido contar pra a minha avó.

– Tá bom.

– O que? – fiquei perplexa enquanto a olhava com as mãos no peito – Meu coração tá batendo que nem doido e você só diz “tá bom”?

– Em alguns minutos você desmaia e você vai ver o que o tempo quer te mostrar.

– Eu não quero saber. – murmurei e subi pro meu quarto. Fiquei lendo o livro na cama, pois quando o desmaio chegasse, eu estaria confortável. É a primeira vez que isso me acontece então começo a ficar nervosa e saio da cama. O mais irônico é que assim que eu piso fora da cama, eu desmaio. E caio no tapete.

E lá vamos nós para o passado.

– Segura minha mão. – minha mãe sussurrou quando era mais jovem pra o meu pai enquanto eles estavam no cinema. Eles deviam ter uns 17 anos.

– Medo do filme? – ela acenou com a cabeça – Mas é romance!

– Eu já vi o final e ele morre. – ela encolheu-se no ombro dele – Eu só tenho medo de te perder assim como ela o perdeu.

– Não vai. Somos um só. – eles se abraçaram e então a cena mudou pra um passado mais... Recente. Quando me dei conta do que iria acontecer tentei acordar imediatamente, mas simplesmente não consegui. Tive que assistir a morte dos meus pais.

Eles estavam saindo do carro quando chegaram três assaltantes e pararam eles, minha mãe conseguiu entrar, mas meu pai conseguiu apenas colocar a mão dentro da janela.

– Segura minha mão, Tiller. – ela o olhou de um jeito piedoso. Mas ela sabia o que iria acontecer.

– Somos um só. – ele finalmente segurou sua mão. Olhou para os rostos dos três delinquentes e disse de uma vez:

– Feche os olhos, querida. – ela começou a chorar. O pior foi que o primeiro tiro foi pra ela, após meu pai reagir ao ato de extrema crueldade, ele levou um tiro no coração. Mas ele não soltou a mão dela até no momento de sua própria morte. E isso partiu o meu coração em pedaços.”

Não. Eu ainda não acredito que assisti a morte dos meus pais. Eu não queria ter visto minha mãe virando um corpo morto e melecado de sangue. E meu pai gritando com os delinquentes e... E tudo! Mas eu sei por que vi isso. Foi a Rainha, certeza. Minha avó tentou me preparar, mas seria inútil porque tentaria impedir o desmaio e isso não ia dar certo. Eu iria ignorar a mensagem que a visão trazia: meus pais se amavam tanto quanto qualquer pessoa pode amar a outra. Eu nunca ouvi meus pais brigando sério. Geralmente era só sobre a tampa do vaso levantada, a comida sem sal porque meu pai tinha pressão alta, a toalha molhada na cama, futebol o dia todo, mais de cem libras no salão... Mas só. Nunca vi minha mãe chorar, nem vi meu pai com raiva da minha mãe a ponto de descontar na gente. Aquilo era amor. E é esse amor que eu quero pra mim. Talvez não com Luke, mas... Não sei. Ele parece brincar comigo o tempo todo. E isso me enoja.

Mas a Rainha obviamente me mostrou isso pra me enfraquecer. Embora eu a não conheça, sinto que ela vai ser um problemão pra mim, pelo o que minha avó me contou. Não estou decidida a salvar o mundo, não vou fazer isso. É patético! Não vou terminar o que a tal Monique começou. Isso foi um problema dela... Ou meu. Que seja, não é meu problema! Se essa porcaria de elemento foi passada pra mim, isso foi um dos maiores erros da minha avó.

Essa é outra vida, outro tempo. Vou deixar de viver no passado. Mas se bem que... Eu posso me divertir um pouco com essa coisa de elemento. Liguei pra Leah e a chamei pra a minha casa. Pus uma roupa qualquer e a esperei na frente de casa. Quando a vi chegando em seu Porsche, logo fui correndo para abraçá-la.

– O que me conta de novo, Fay?

– Eu preciso te contar uma coisa. Só me prometa que não vai se assustar ou contar pra alguém.

– Dizer pra eu não me assustar definitivamente não me ajuda a sentir menos medo, amiga!

Dei uma risada curta e a direcionei pro meu quarto.

– Então... Diz aí, Fay.

– Senta na cama. Você vai precisar. – eu estava nervosa, mas eu precisava mesmo fazer aquilo. Ela é a minha melhor amiga.

Após muito tempo contando bobagens que não tinham nada a ver com o foco da conversa, soltei:

– Leah, eu sou anormal. – As palavras saíram erradas, oops. – Digo, eu faço coisas anormais.

Ela ficou me encarando erguendo uma sobrancelha. É óbvio que eu estava mais parecendo uma louca contando aquilo que provavelmente já sabia. Sempre fui meio quieta demais. Falar é quase um desafio.

– Fayel, você sabe que eu te amo. – ela começou a falar gesticulando – Mas você tem que parar de me chamar para falar sobre como suas roupas são feias e...

– Leah – interrompi – Eu nunca falei que minhas roupas eram feias pra você. Eu gosto delas. – os olhos dela se arregalaram levemente, e sua boca ainda estava aberta devido à interrupção. Ela sorriu sem-graça.

– Eu estava brincando com você, garota. – ela deu uma risada histérica – Bobinha!

– Continuando, Leah... – ela me encarou com mais atenção – Eu sei controlar o tempo.

Ela parou pra raciocinar um pouco. Como se as palavras não fizessem tanto sentindo, embora realmente não fizessem. Então ergueu o rosto e iluminou-se com um daqueles sorrisos de compreensão. Uma compreensão com clareamento em dia.

– Arrumou emprego de mulher do tempo?! Isso é bom, mas sempre achei que você quisesse ser artista ou sei lá... Advogada.

– Advogada? Não tem nada a ver comigo.

– Não consegui pensar em nada mais além de artista.

– Hm... Entendi.

Fiquei parada tentando achar uma maneira de contar a ela. Então me lembrei de quando minha avó me convenceu.

Subitamente me sentei ao lado dela e peguei na sua mão. Fechei os olhos e desejei estarmos na escola, há dois dias. Aula de biologia, minha parceira era ela própria.

– Não solta minha mão. – disse.

– O que é isso?

– Não. – ela escorregou as mãos um pouco e ela tremeluziu um pouco na sala – Não solta.

– O que acontece se eu soltar?

– Você se perde. E nunca mais volta. – ela me olhou atônita.

– É brincadeira né?

– Eu bem queria que fosse.

O tour acabou e quando voltamos, Leah demorou um tempinho pra acordar. Tentei sacudi-la algumas vezes, mas desisti quando se passaram 5 minutos. Ela pode ter morrido, pensei. Aproveitei esse tempo e troquei de roupa. Peguei a roupa mais feminina do meu armário: Um vestido velho da minha mãe. Coral com rendas, sem mangas, na altura do joelho. Vinha com uma fitinha na cintura, mas a substitui por um cinto dourado. Sapatos. Preciso de sapatos. Procurei alguma sapatilha, mas não achei nada. Pensei em roubar os da Chanel que Leah usava, mas não seria certo. E além do mais, eu estava preocupada com outra coisa.

Aquele garoto deixou minha vida uma bagunça no momento em que apareceu nela. E eu precisava dar um basta.

Fui ao que era o armário da minha mãe de quando ela ainda era solteira e morava com a vovó e observei por alguns minutos. Senti falta do modo de como ela se vestia graciosamente, sempre irradiando felicidade. Peguei uma sapatilha rosa um lacinho dourado na ponta. Bem o estilo da dona Ruth. Pus as sapatilhas e sentei na cama, pondo a cabeça de Leah no meu colo. Fiz carinho nela e pensei: Não posso te deixar sozinha aqui, você vai ficar assustada. Então apenas levantei e fiz um sanduíche pra ela. Deixei tudo na mesa e saí. Pois é. Quem liga que ela está assustada? Só vai acordar quando eu chegar mesmo. E eu chego num segundo. Literalmente.

Já aprendi a controlar minhas habilidades o suficiente para que eu parasse o tempo enquanto eu chegasse à casa de Luke. Assim, o Sol não me atingiria, o vento não bagunçaria meus cabelos (que já eram levemente bagunçados, e isso os deixava com um aspecto rebelde), não suei e só cansei um pouco. Quando cheguei na casa dele tentei achar um banquinho pra me escorar. Sorte a minha que não havia quase ninguém na rua. Porque quando acordei eu estava brilhando, e aquilo era como se me dissesse “Ei, sua tonta! Para de teletransportar por aí!”. Levantei-me e toquei na campainha. Demorou uns dois minutos até que Luke aparecesse de camisa cinza e samba canção vermelha com listras, com uma cara muito, muito sonolenta. Quando ele finalmente se deu conta de que era eu, ele arregalou aqueles olhos azuis e saiu correndo de volta para sua casa. Mais dois minutos se passaram e o Sol estava derretendo, pensei em adiar o tempo de uma vez quando ele finalmente apareceu. Dessa vez de bermudas e uma camisa verde bonitinha. Ele abriu o portão sem graça e me direcionou à sala.

– Quer uma... – ele me analisou, como se eu suar quase nada não fosse muito possível – Uma água?

– Por favor. Você me deixou lá fora naquela secura. – dei um sorriso.

– Ah é, desculpa. – ele riu fraco. Ficou parado lá um tempo me olhando quando eu sugeri a água – Ah é! Desculpa, já vou.

Andou apressadamente até a cozinha e voltou um grande copo d’água. Tomei metade do copo e deixei na mesa de centro. Comecei a pensar em como faria aquilo, pois ele estava sendo tão gentil comigo até agora. Até agora.

– Ahn, Fayel... Algum problema? – ele levantou uma sobrancelha e bagunçou os cabelos pretos dele. Achei que não havia como alguém ficar mais bonito.

– É... Sim! Sim. – comecei a sorrir, pensando – Você.

– Eu? – apontou pra si mesmo, incrédulo.

– Sim, você. Tá me atrapalhando.

Ele continuava sorrindo abobalhado.

– Mas... Você que veio pra minha casa!

– É porque temos assuntos pra tratar.

Candance entrou na casa com roupas de academia suadas. Seus cabelos loiros estavam amarrados no alto e uma faixa vermelha na testa para não estragar a raíz. Seus enormes olhos azuis me fitaram até que eu dissesse um “Oi”. Essa provavelmente é a única coisa em que Candance e Luke são parecidos: os olhos azuis. Sendo que os de Candance são mais puxados pra verde. Os dois são gêmeos. E são tão diferentes em tudo que você chega a duvidar.

– O que faz aqui, Lynch? – ela começou a caminhar mais pra perto.

– Eu sei o que eu não vim fazer. – sorri ironicamente – Ver você.

– Rude. – e saiu rebolando.

O corpo de Candance era alto e flexível, devido ao fato dela ser líder de torcida. Era magra, mas nem tanto. Tinha cintura fina e coxas razoavelmente grossas. Mas o rosto dela era o que chamava mais atenção: era redondo e fino, com aqueles enormes olhos azuis, um nariz arrebitado e boca carnuda. Chegava a ser uma modelo mais bonita que qualquer uma da Victoria’s Secret.

Quando ela enfim saiu, me voltei para Luke e ele a olhava com raiva. Ele olhou pra mim e disse um “Prossiga” muito fraco.

– Luke, eu preciso de você fora da minha vida. – falei de uma vez. Ele encostou-se às costas do sofá e arregalou os olhos, passando a mão na nuca, com certo rubor nas bochechas.

– Uou. – a voz saiu com uma pequena falha, ele pigarreou em seguida – É... Oi?

– Primeiro: eu te chamo pra sair comigo no lugar mais especial do mundo pra mim. Segundo: te vejo internado no hospital e não vem pra escola já tem semanas. Terceiro: você só vai atrapalhar tudo de continuar aqui. – estive falando tão rápido enquanto levantava cada dedo pra cada tópico que citava que nem notei que estava quase chorando.

– Mas... Por quê?

– Porque eu tenho medo que... – pensei nas Vozes da Confusão. Elas podiam estar me ouvindo agora – Que eu me apegue. – pensei melhor nas palavras.

E agora que parei pra pensar mesmo nas Vozes da Confusão, elas nunca machucaram Leah ou Daphne. Elas não são importantes o bastante? Não, é que elas não fazem parte do seu plano. Uma voz dentro de mim falava. E isso é meio certo. Porque sei o que quero. Só falta juntar as peças. Só falta juntar minhas peças.

– Fayel... Não. – só então, olhando pra aquele par de olhos azuis intensos, vi a tristeza. Seus olhos continuavam secos, mas eu ainda sim conseguia sentir sua alma. Imagino o que deve passar pela cabeça dele – Eu não entendo.

Ele simplesmente levantou e subiu.

Terminei meu copo d’água e deixei uma mensagem embaixo dele, explicando a verdade. Talvez assim as vozes não saberiam. Abri a porta e saí.


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Notas finais do capítulo

E é assim que a vida segue. No próximo capítulo, vamos ter um conflito de amigos de infância e com isso, vem um novo personagem. Espero que tenham aproveitado a leitura e, por favor, deixe seu comentário para o estímulo da autora (que sou eu mesma)! Haha xx



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