America se aproximou das garotas e olhou pela janela. Em seguida fez uma expressão divertida.

– Bem, na minha época os guardas eram bem mais bonitos. – America declarou, deixando as garotas perplexas. A rainha riu ao ver as expressões das garotas, e então voltou em direção a porta.- Tudo bem, eu vou sair e entrar novamente. E então fingimos que eu não vi nada, e nada disso aconteceu, tudo bem?

As garotas concordaram e suspiraram aliviadas. Elas estavam achando que levariam a maior bronca e que a rainha contaria tudo a Nathaniel. As selecionadas observaram a rainha sair do cômodo, e em seguida voltar, com um grande sorriso.

– Olá selecionadas, como é bom vê-las depois de tanto tempo. – as garotas riram, e cumprimentaram a rainha. – Eu pensei em fazermos algo bem simples, vamos nos sentar em uma das mesas, e conversar. Quero saber um pouco mais sobre vocês, mas também estou aqui para tirar algumas dúvidas.

Todas puxaram cadeiras e colocaram em volta de uma das mesas. America havia colocado uma roupa bem confortável, pois sabia que a tarde seria longa. Usava um shorts jeans até a metade da coxa, uma blusa vermelha, que marcava a cintura, porém era larguinha no restante tronco, e na frente um pequeno decote em “v”. Ela usava um salto alto preto, básico, apenas com um enfeite em forma de laço em cima dos dedos. Seus cabelos estavam soltos e em ondas.

– Muito bem, vamos começar. – America olhou para as selecionadas, buscando uma “vítima”. – Ashley. Vou começar com uma simples, só para quebrar o gelo. O que esta achando da vida aqui no palácio? Sei que você já tinha uma vida mais... luxuosa, não deve ter sido muito difícil para você se acostumar.

– Pelo contrário, majestade. – Ashley começou a responder, assustada por ser a primeira- A vida aqui no palácio é bem diferente da que eu tinha em casa.

– Em que sentido? – America perguntou, interessada.

– Eu sou famosa, e é por isso que tenho dinheiro e uma vida boa, mas isso tudo não me ensinou a ter a classe de uma princesa, ou a agir como uma. Minha estadia aqui no palácio esta me ensinando muitas coisas, não só regras de etiqueta, mas a ser uma pessoa melhor, a olhar para os outros, a por um bem maior na frente das demais coisas. Eu estou adorando a estadia aqui por todo o conhecimento que estou adquirindo.

Ashley vestia um vestido na cor creme, que era justo no corpo e mais solto na saia, que era curta, na metade da coxa. O vestido era sem manga, e na parte do tronco era coberto por renda. Seu salto alto e acessórios combinavam com o tom do vestido, e seu cabelo estava parcialmente preso, deixando o restante do cabelo caindo nos ombros.

– Entendo. Sabe, eu era uma cinco, então quando entrei na seleção, passei por vários conflitos. Tive que pegar o ritmo desse mundo muito rápido.

– Majestade, qual foi a pior coisa que você teve que passar durante a sua seleção? – foi Gemma quem perguntou. A garota usada um vestido em um tom bem claro de azul-esverdeado. O vestido tinha um recorte diferente, todo em camadas e bem soltinho no corpo. Ia até a metade das coxas. A sapatilha que usava nos pés tinha renda branca, mas aparentava ser na cor creme, devido à cor beje da sapatilha. Em seu cabelo havia uma trança, que havia sido presa em forma de coque, bem no alto da cabeça.

– A pior coisa pela qual tive que passar, provavelmente foi à cerimônia da Condenação. Vocês não terão que passar por isso. Era uma cerimônia onde nós, selecionadas, deveríamos condenar um criminoso a prisão. Mas nem sempre eram criminosos que mereciam uma pena tão extensa. Quem escolhia o julgamento era o rei, e nós deveríamos apenas condenar. – a rainha suspirou, com a lembrança. – Foi horrível passar por aquela cerimônia, nenhuma de nós gostou.

Todas permaneceram alguns instantes em silêncio, como se refletissem. America preferiu não contar as garotas sobre sua atitude na cerimônia, preferiu guardar para si.

– Katherine. – America chamou a garota, fazendo todas voltarem a prestar atenção na rainha- Nathaniel me disse que você esta o ensinando a tocar violão. Como você conseguiu esse milagre de convencê-lo? Eu tento desde que ele nasceu ensinar alguma coisa a ele!

As garotas riram, e Katherine sorriu. – Na verdade, acho que ele usou isso de desculpa para termos assunto em um dos encontros, sabe. Agora não sei mais se ele realmente quer continuar a aprender, ou se ele não sabe como me dizer que não quer mais.

Todas riram novamente, inclusive a própria Katherine. Ela usava um vestido lilás, todo soltinho no corpo. Usava acessórios para combinar, todos em tons claros. Nos pés, havia uma sapatilha preta, com um laçinho em cima dos dedos. Seu cabelo estava preso em uma trança lateral.

– Bom, já que estamos nesse clima de coisas engraçadas... Katie. Sua vez. – Katie parou de rir naquele instante. – Os peixes do lago me contaram que foram perturbados esses dias.

Katie ficou mais vermelha que um tomate. Ela usava um vestido tomara que caia, todo florido em tons quentes. Usava acessórios no tom do vestido. Seu cabelo estava cacheado, e com uma delicada coroa de flores.

– Bem... eu sofri um pequeno acidente enquanto andava na beira do lago. – a garota respondeu, abaixando a cabeça, envergonhada. – Acabei caindo dentro dele. Na verdade, não sabia que haviam peixes lá dentro. Ai minha Illéa, será que machuquei algum?

As garotas riram com o desespero da garota. Naquele instante uma criada entrou no salão das mulheres, carregando uma grande bandeja. America sorriu, já estava ficando com fome mesmo. A bandeja foi colocada no centro da mesa, e agora podia-se ver uma grande torta de morango.

– Finalmente! Garotas, vocês vão provar agora a melhor torta de morango da vida de vocês! – A rainha exclamou, enquanto as garotas se serviam. America ficou feliz ao ver que as garotas comiam com gosto, e se serviu de um segundo pedaço. – Sabe, isso me lembra de um acontecimento da minha seleção.

– Conte-nos, majestade, por favor. – pediu Gemma, colocando mais uma garfada de torta na boca.

– No meu segundo dia no palácio, eu experimentei essa torta. Estava tão deliciosa. Tão boa, que disse a Maxon que minha irmã choraria se comece um pedaço da torta. – as garotas riram, mas continuaram a escutar- Maxon fez uma aposta comigo, se May chorasse ao comer a torta, eu poderia usar calças ao invés de vestidos durante certo período aqui no palácio. Se ela não chorasse, eu teria um encontro com ele.

– Então você ganhava das duas formas? – Ashley perguntou, curiosa.

– É, porque em uma das opções você poderia usar o que quisesse, e na outra você sairia com o príncipe. – Rosemary concordou, dando de ombros.

– Bom, na verdade não. – as garotas a encararam sem entender- Digamos que eu não estava na seleção para conquistar o príncipe. Na verdade eu só pensava em ajudar minha família, financeiramente, e aproveitar a comida enquanto ele não me chutasse daqui.

As garotas riram novamente, estavam se divertindo. Katherine perguntou:

– E no que deu a aposta?

– Ah, sim. May não chorou, mas Maxon me deixou usar as calças mesmo assim.

As garotas passaram algum tempo contando a rainha alguns episódios que haviam acontecido durante a seleção. Mas logo a expressão da rainha ficou rígida, e ela tomou a palavra novamente.

– Bem, acho que está na hora de falarmos de algo mais sério garotas. Algo que você precisam se acostumar, senão não conseguiriam viver nesse palácio como rainha. Os ataques rebeldes. Kella, soube que você ajudou uma das selecionadas no último ataque. Você acha que poderia lidar com isso? – perguntou a rainha, se dirigindo a selecionada ruiva, que usava um vestido em duas cores, sendo a parte do troco toda preta e a parte da saia estampada em floral. Usava acessórios prateados, e uma sapatilha preta. Seu cabelo estava preso em uma trança bem solta na lateral.

– Eu realmente não sei. Como sou médica, fui treinada para me manter calma nas piores situações. Até porque, não seria nada bom se no meio de uma cirurgia de risco, a médica tivesse um ataque de pânico. – explicou Kella, relembrando dos momentos que passara no curso de medicina. – Mas ainda assim, não sei se aguentaria viver com isso todos os dias da minha vida. Pressão demais, não faz bem para o coração. – brincou ela, um pouquinho, tentando aliviar o assunto.

Elas soltaram pequenos risinhos diante desse comentário. – Está certa, Kella. Pressão demais, não faz bem. – concordou a rainha. Antes que tivesse tempo para indagar outra vitima, Rosemary lhe fez uma pergunta. Ela vestia um vestido em três tons, sendo a saia preta, e conforme subia para o tronco, o tecido era coberto por uma renda, ainda preta, que se transformava em beje e em seguida em branco, indo até o início dos ombros. A sapatilha que usava era no mesmo tom de beje que o vestido, com detalhes em preto. Seu cabelo estava dividido no meio, liso e solto.

– É verdade que os rebeldes nortistas são aliados? – ela questionou, sinceramente curiosa.

– Sim, é verdade. Os lideres deles, August e Georgia viraram ótimos amigos. Talvez em futuras festas vocês possam conhecê-los. – comentou America, mas Rosemary não havia terminado com as perguntas.

– E os sulitas?

– Esses ainda atacam. Todos os ataques que ocorrem no palácio são decorrentes deste grupo. Aparentemente, eles ainda não estão felizes com a situação do país, e acreditam que o rei e eu não nos importamos com as castas mais baixas. – esclareceu America. – O que é mentira, temos várias medidas para tentar diminuir a diferença dentre as castas, para no fim, acabar com elas. Só que não é tão fácil quanto se imagina.

As garotas assentiram. E todas passaram um tempo em silêncio, perdidas nos seus pensamentos. Taylor foi que quebrou a tensão. – Majestade, a senhora poderia tocar um pouco de violino para nós? Se, claro, não se incomodar.

– Não é incomodo nenhum, Taylor. Deseja algum música especial? – perguntou America, e pediu para uma das suas criadas trazerem seu instrumento.

– Não majestade. O que a senhora escolher será agradável. – respondeu Taylor. As meninas ficaram ansiosas para ver a rainha tocar. Pouco tempo depois o instrumento foi lhe entregue, e ela começou a música.

~*~

Nathaniel nunca pensara que fosse sentir tanta falta sua irmã. Mas pelos céus, aquela loirinha chata fazia a diferença naquele castelo. Era quase final da tarde, e ele não tinha nada para fazer. Suas selecionadas estavam passando à tarde com a rainha. Seus amigos estavam em horário de patrulha. E a única pessoa que lhe fazia companhia nesses momentos, estava do outro lado do mundo.

Deitado na cama, após despertar de um cochilo, ele começara a lembrar do dia que se despediu da corte italiana, e da sua irmã. Parecia séculos atrás, mas na verdade, não fazia nem uma semana.

“Foi logo após o ataque rebelde. Era combinado que haveria uma festa de despedida no dia seguinte ao casamento, mas devido ao incidente com os rebeldes, os reis italianos decidiram adiantar a volta.

As malas estavam prontas e já haviam sido colocadas dentro dos carros. Zoey levava quase tudo que possuía da antiga vida, pensado que assim talvez não sentisse tanta falta de Illéa.

Ela tentava controlar as lagrimas enquanto se despedia da família. Maxon falhou nessa missão. A ideia de que não veria sua garotinha por muito tempo era assustadora. America, como sempre tentava tranquilizar o marido.

– Não apronte muito, Nath. – pediu a futura rainha da Itália, para o irmão. – Escolha bem sua futura esposa. – o abraçou. Sentiria imensamente a falta do chato do seu irmão mais novo, e tinha medo do que ele faria com o tempo livre a mais e sem seus conselhos.

– Não sou mais criança, Zoey. – respondeu, mas retribuiu o abraço mais fortemente.

– Tome conta dele, por favor, David. – pediu a princesa. Abraçando o amigo e ex-namorado. Sentiria falta dele também.

– Mas é claro, princesa. O que seria do Nath sem mim. – brincou sorrindo tristemente. Era difícil ver sua amiga partir.

– Por favor, não entre em nenhuma confusão com sua mãe, Holly. Por favor. – aconselhou Zoey para sua melhor amiga, Holly.

– E você, vê se não se apaixona por nenhuma empregada anteciosa demais. – zombou. Zoey revirou os olhos.

– Muito engraçada Holly. Não se preocupe, não me apaixonarei por ninguém que não devo. – retrucou. Antes que Holly tivesse tempo de perguntar o significado disso, Joseph chamou a esposa.

– Vamos, Zoey? – Os carros já estavam prontos. Ela abraçou os amigos e depois a família pela ultima vez.

– Sentirei falta de vocês. – ela disse, segundos antes de entrar em um dos carros.”

Nathaniel pensava em mandar uma carta para irmã. Mas fazia pouco tempo que ela se fora, e iria parecer idiota se já demonstrasse saudade. Não, esperaria ela mandar-lhe uma carta. Fechou os olhos e tentou cochilar mais um pouco.