As selecionadas estavam reunidas no salão das mulheres. Estavam espalhadas em grupos pelas mesas. Holly havia passado para elas tarefas, deviam pesquisar e responder um questionário. As tarefas, por enquanto, ainda estavam simples nas aulas de Holly. As selecionadas estavam mesmo era preocupadas com Silvia, ela havia falado sobre o jornal oficial, que havia sido cancelado por conta do ataque rebelde que havia acontecido um dia antes da antiga data prevista para elas aparecerem na televisão. Silvia havia dado uma nova data a elas: amanhã. E agora todas estavam nervosas, e apreensivas, tentando decorar algumas coisas e se lembrar de tudo que haviam aprendido sobre etiqueta. Foi nesse momento que Zoey entrou no salão, sorriu para elas, e se sentou a mesa que geralmente se sentava com sua mãe. Hoje a rainha não estava presente.

– Vocês notaram que a princesa Zoey esta passando mais tempo aqui que o normal? – Loretta perguntou, sussurrando.

– Parece até que ela quer fugir de algo, sabe, como quando eu fugia da senhora do orfanato para não levar uma bronca. – Ally comentou- Ou quando eu me trancava no meu quarto para não ver ninguém.

– Eu acho que ela está é se escondendo de alguém. – Dandara respondeu, dando de ombros.

– Vocês não sabiam? O noivo dela esta no palácio! – Charlotte comentou, animada, mas também sussurrando- Chegou ontem.

– Ele é o príncipe herdeiro da Itália, não? – Eve perguntou, em dúvida.

– Dizem que ele é muito lindo! – Jade concordou- Por que ela se esconderia dele?

Antes que alguém respondesse, ouviram uma batida na porta. Zoey franziu o cenho, e uma criada foi atendê-la. Logo em seguida ela se aproximou de Sophie, e sussurrou para a garota:

– O príncipe quer vê-la na porta principal, para um encontro! – a criada respondeu, animada.

– Oh, obrigada! – Sophie estava completamente vermelha, mas tinha um enorme sorriso no rosto. Ela então se despediu das garotas, que ficaram sem entender nada, se curvou para a princesa, e saiu quase correndo pelos corredores. A ida até a porta principal parecia não acabar. Quando ela finalmente havia chegado, o príncipe a esperava encostado a uma das paredes.

– Olá Sophie. – ele sorriu, se desencostando, e andando em direção a ela.

– Majestade. – ela continuava vermelha, mas dessa vez não sabia se era por vergonha ou pela corrida até ali. Ele então foi até a porta, e a abriu, deixando que ela passasse na frente. Eles caminharam até um banco embaixo de uma árvore no jardim.

– Então Sophie... me conte sobre sua família.

– Bem, minha família é bem simples. Somos somente eu, minha irmã mais nova, e meus pais.

– Temos algo em comum: família pequena. – ele sorriu- Tudo bem, o que esta achando do palácio?

– É tudo ótimo aqui. Conheci várias pessoas novas, tenho essa vista maravilhosa do jardim todos os dias, estou aprendendo muita coisa nas aulas, minhas criadas são fantásticas, nunca achei que fosse ter roupas feitas só para mim.

– Quem são as suas criadas?

– Misa, Mona e Merida.

– Ah, as trigêmeas? – ele perguntou, ela assentiu- elas já deram bastante trabalho aqui quando eram mais novas.

– Jura? Bom, elas são bem agitadas mesmo... as vezes acho que vão acabar me deixando malucas. Sem falar que às vezes eu ainda confundo quem é quem.

– É normal, acho que elas já se acostumaram com isso. Elas bem que podiam colocar algo diferente, sabe, cada uma sempre usar um acessório, ou pintarem os cabelos de cores diferentes... – ele deu de ombros- Mudando de assunto. Fale alguma coisa que você goste.

– Minha flor favorita é a rosa roxa.

– Não sei se temos rosas roxas aqui, mas depois não custa perguntar para o pessoal que cuida dos jardins. – ele sorriu- Tudo bem, me fale algum medo.

– Eu tenho muito medo de me perder em um labirinto. – ela até tremeu um pouco.

– Sugiro então que não vá para lá –ele apontou para um canto bem distante do jardim- Temos uma “escultura” que é quase um labirinto. São paredes altas e arredondadas, feitas de plantas, que servem de decoração, mas se não cuidar, da para se perder lá dentro.

– Bom, obrigada por avisar. Vou ficar sempre no lado oposto. – ela sorriu, não mais tão envergonhada, e ficou encarando onde possivelmente começava o tal labirinto.

~*~

– Quando será que o príncipe vai me chamar para um encontro? – Mia perguntou, olhando para Dandara, e um pouco aborrecida. Seu braço ainda estava enfaixado por conta do tiro, mas graças aos cuidados dos médicos do palácio ela já estava melhorando, já conseguia mover o braço sem sentir muita dor.

– Não sei, mas aposto que a Suzannah esta aproveitando o encontro dela. – Dandara respondeu.

– Ela fez questão de mostrar pra todo mundo que estava indo em um encontro. – Marion comentou, sentada próxima às outras duas. A perna de Marion estava erguida, recomendação médica. A bala havia acertado sua perna, não havia sido como a de Mia que era somente de raspão, por isso sua recuperação seria um pouco mais demorada.

– Quando for o meu encontro, vou guardar só para mim. Acho que isso torna um pouco mais especial. – Dominique comentou, dando de ombros. Elas estavam na sala de aula, Holly havia passado um texto para que elas discutissem em grupos, mas discutir o texto mesmo que era bom, nada.

Nesse instante elas ouviram um estalo do outro lado da sala de aula. Todas se viraram a tempo de ver a mão de Jade ainda erguida no ar e o rosto de Johanna ainda virado para o lado.

– Jade! – Ally exclamou, espantada. Todas estavam com expressões surpresas, inclusive Johanna e Jade.

– Porque você me bateu? – Johanna perguntou, franzindo o cenho.

– Eu... Você estava me falando um pouco da sua vida como sete, ai tocou em uma assunto delicado, e eu queria que você parasse, e você não entendia, ai eu me desesperei, então você começou a falar do seu pai, piorou mais ainda a situação, porque meu pai me abandonou, e então eu fiquei com raiva dele, e quando vi... bom, já tinha feito. Me desculpe. – ela mexeu de forma desesperada nos cabelos.

– Tudo bem. Eu entendo.

– Que bom que as duas estão bem, mas... – Holly comentou, com uma expressão triste- Desculpe Jade, mas as regras da seleção são claras. Você esta fora.

~*~

As garotas haviam sido liberadas o resto da tarde. Algumas iam se despedir de Jade, outras preferiram voltar aos seus quartos ver como andavam os preparativos para o jornal oficial que aconteceria no próximo dia.

– E então Suzannah, como foi o encontro? – Mia perguntou, as duas eram amigas, mas Mia estava meio irritada com a atitude de Suzannah.

A garota simplesmente a ignorou e entrou em seu quarto, batendo a porta. As selecionadas que estavam no corredor se entreolharam. Ouviram então alguém pigarrear atrás delas, e algumas garotas arregalaram os olhos.

– Então, acho que a Suzannah vai querer ficar sozinha por um tempo. E Jade, é uma pena que as regras não sejam flexíveis, mas foi bom conhecer você. – Nathaniel comentou, ele estava no inicio do corredor. Jade estava próxima às amigas, já segurando algumas coisas que estava colocando na mala.

– Ah, obrigada. – ela comentou, abaixando um pouco a cabeça, triste, mas em seguida o encarando novamente. – O que houve com a Suzannah?

– Digamos que você terá companhia no voo de volta para casa. – ele simplesmente respondeu, e olhou para a selecionada mais próxima a ele.- Ashley, o que acha de darmos uma volta?

– Claro majestade. – a garota respondeu, ainda um pouco surpresa com a situação, e aceitando o braço que ele oferecia.

Os dois seguiram de braços dados pelo corredor, viraram em um corredor que ela nunca havia ido, e então pararam em frente a uma grande porta. Nathaniel abriu a porta e entrou, acendendo uma luz.

– Tudo bem, não ligue para o pó. Faz muito tempo que não usam esse lugar, mas não vamos ficar aqui. Vem comigo.

Os dois seguiram até mais duas portas, e quando ele as abriu, uma grande claridade entrou no cômodo. Ashley notou que a sala era cheia de baús e armários. “Devem guardar coisas antigas, ou que não precisam mais” ela pensou. Os olhos dela começaram a se acostumar com a claridade, e então ela conseguiu olhar para fora da porta. Havia ali uma linda vista dos jardins. O dia estava abafado, mas com a altura, havia um pouco de vento, refrescante. Nathaniel chegou com duas cadeiras, e eles se sentaram.

– Vamos ver, eu já sei que você é modelo, e também sei que é cantora. Ah, e que seus pais inscreveram você, sem te avisar. Devo imaginar que sua relação com eles não é das melhores. Conte-me mais sobre isso.

– Bem, meus pais sempre tiveram muitas regras, então minha vida sempre foi cheia delas. Depois que o meu irmão Edward nasceu, eles tem dado toda a atenção a ele. Minha mãe sempre quis que eu fosse à filha perfeita, sabe, a imagem perfeita de uma adolescente famosa filha de uma modelo e um ator de filmes de ação. E eu não sou assim, entende?

– Acredite ou não, entendo. Não é que meus pais me quisessem o filho perfeito, herdeiro do trono, príncipe encantado e blá blá blá, mas meu pai sempre me cobrou muito quanto a regras, e a decorar leis, e tudo mais. Isso desde pequeno. Então sim, de certa forma eu entendo. – ele estava com uma expressão pensativa.- O que você gosta de fazer?

– Além de ser modelo e cantar, gosto muito de ler, desenhar, e dançar. Sabe, gosto de me divertir.

– Gosto de dançar também. Tem umas boates aqui perto que você talvez gostasse, mas eu não posso te levar porque estamos dentro de um palácio com guardas e enormes muros. Pois é, a vida tem dessas coisas. – ele deu de ombros, ela riu.

– Mas vocês têm bailes, e festas no palácio. Oportunidade de dançar é o que não vai faltar.

– Bailes são mais em aniversários ou em feriados comemorativos. – ele ficou pensativo- O próximo feriado ou aniversário vai demorar, então eu imagino que para ter algo assim, a seleção teria que durar bastante.

– E você não pretende que ela dure muito?

– Não. No começo até que sim. Eu queria fazer para irritar o meu pai. – eles riram- mas depois do ataque rebelde eu estou repensando as coisas.

Os dois ficaram algum tempo em silencio. Nathaniel resolveu então voltar ao assunto.

– Mas você vai poder dançar bastante nas aulas de dança de salão da Silvia, pode ter certeza.