America estava deitada, sem conseguir dormir, quando escutou o alarme tocar. A principio, ela pensou que havia finalmente pego no sono, e que estava tendo um pesadelo. Foi somente quando Maxon se sentou, assustado, que ela notou que não se tratava de um mero pesadelo. Eles haviam voltado.

– Ah não. – Maxon suspirou, arregalando os olhos, e olhando para a esposa. Em questão de segundos, um guarda já batia em sua porta, abrindo-a em seguida. Nesse instante os dois já estavam com roupões por cima dos pijamas, e já corriam em direção a passagem para o abrigo da família real.

– As selecionadas, tragam todas em segurança! – America ordenou ao guarda que os acompanhava assim que passaram pela porta da passagem. O guarda assentiu, e saiu pela porta, trancando-a imediatamente para a segurança de todos.

Os dois desceram as escadas, com cuidado, mas ainda sim em uma boa velocidade, e logo estavam no abrigo da família real. Alguns criados corriam para preparar tudo, e deixá-los confortáveis. A porta principal estava com uma brecha aberta, e alguns guardas a rodeavam, a espera das selecionadas, e dos príncipes. America estava inquieta, andava de um lado para o outro. “Há quanto tempo eles não eram atacados? Por que os rebeldes resolveram voltar logo agora? O que queriam? ONDE ESTA TODO MUNDO?”

– Ainda bem. – ela suspirou, aliviada, ao ver o primeiro grupo de selecionadas entrar no abrigo, parecendo extremamente assustadas e confusas. Elas eram Miranda, Gemma e Dominique. America foi até elas. – Vocês estão bem? Estão feridas?

– Estamos bem, mas não encontramos a Marion. – Dominique respondeu, tremendo, enquanto as outras duas assentiam.

– Não se preocupem, ela será encontrada. Vocês estão seguras agora. – as garotas sorriram para a rainha, e foram se sentar em um dos cantos do abrigo.

Maxon andava por todo o local, falando com guardas e criados, dando ordens e tentando saber tudo que pudesse sobre o paradeiro de todos. Ele via sua esposa próxima as selecionadas, parecendo muito pensativa, mas não podia perguntar o que se passava na cabeça dela, ele precisava continuar e garantir que encontrassem todos.

O próximo grupo de selecionadas era maior. Elas vieram escoltadas por quase dez guardas. Todas estavam assustadas, mas nenhuma parecia machucada. Katherine vinha apoiada em Katie e Sophie, enquanto Kella, Ally e Jade vinham logo atrás. America foi até elas naquele segundo, para ter certeza de que todas estavam bem, e então elas se juntaram as demais, em um dos cantos.

Um estrondo foi ouvido do lado de fora do abrigo, todos se assustaram, e vários guardas correram para fora para ajudar no que quer que tivesse acontecido. Segundos depois, uma densa fumaça invade o cômodo, e quatro selecionadas passam pela porta, juntamente com um guarda. Gabriella vinha carregada pelo guarda, aparentemente tinha torcido o tornozelo. Ellen, na pressa de andar com sua cadeira, havia aberto o pulso, e não conseguia mais empurrá-la de forma muito rápido, Dandara nem escutou a garota dizendo que não precisava da ajuda, e já estava empurrando a selecionada atrás de Avery e Gabriella. O guarda que carregava Gabriella, ia indicando o caminho, e no fim todas conseguiram chegar bem no abrigo, apesar de todas estarem com o rosto um pouco cinza por conta da fumaça. As garotas deram falta de Mia.

Nem sinal de seus filhos. America já estava pirando, e nenhuma de suas “crianças” havia aparecido ainda. E se alguma coisa tivesse acontecido? E onde estavam às outras selecionadas?

Quando ela se fez essa pergunta, mais cinco selecionadas entraram no cômodo. Suzannah parecia estar muito assustada, e seus olhos estavam extremamente arregalados. Annabelle parecia também estar assustada, mas não tão abalada quanto Suzannah. A mente de Tessa trabalhava a mil por hora, tentando digerir tudo.

– O que houve? – America perguntou, vendo Suzannah começar a chorar, e ser amparada pelas outras duas selecionadas.

– Ela esta em choque, majestade. – Elizabeth respondeu, dando de ombros- Viu um guarda levando um tiro.

– Esta tudo bem, Suzannah. – Rosemary, respirou fundo, tentando demonstrar calma- O tiro foi no ombro, ele vai sobreviver.

– É, a menos é claro que não infeccione. – Elizabeth retrucou, revirando os olhos. As três garotas a encararam com uma expressão furiosa, enquanto Suzannah ficava com o rosto ainda mais branco.

– Tudo bem garotas, estão seguras agora. Juntem-se as outras, e se precisarem, peçam ajuda as criadas. – America disse, e então ouviu barulho vindo de uma das portas laterais do abrigo. Alguns guardas que estavam na porta principal, se movimentaram para a porta lateral, e se posicionaram. Teriam os rebeldes descoberto uma das passagens?

– CEÇAR FOGO! NÃO ATIREM, POR FAVOR! – berrou uma voz feminina, vinda de dentro da passagem. Zoey. Era Zoey.

– ZOEY! –ela berrou, correndo até a passagem e abraçando a garota. Maxon parou tudo que estava fazendo, e correu até as duas. – Onde você estava?

– No meu quarto. – ela mentiu, não querendo dizer que estava vagando pelo palácio- David trouxe as selecionadas até mim, porque era a passagem mais perto.

– Por que demoraram tanto? – Maxon perguntou, vendo as quatro selecionadas já se juntarem as demais.

– Uma das portas da passagem estava emperrada. Demoramos para conseguir abrir. – Zoey deu de ombros.

– Me lembre de arrumar isso depois. – Maxon pediu, se dirigindo a America, que apenas assentiu.

~*~

Nathaniel estava dando uma volta pelo palácio, juntamente com Mattew, quando ouviram o alarme. Os dois apenas se encararam e começaram a correr sabe-se lá em que direção. Nathaniel virou no corredor errado e teve que voltar antes que Mattew e ele se separassem demais.

– Me ajuda aqui! –Mattew pediu, destravando uma das portas- Elas não são usadas há tanto tempo, que estão emperrando!

Nathaniel conseguiu ajudá-lo, e logo em seguida os dois estavam com a porta aberta. Mattew somente acenou com a cabeça, e seguiu correndo pelo corredor. Nathaniel as vezes se esquecia que ele era guarda, e que precisava continuar seu trabalho em vez de entrar na passagem, como ele sempre era obrigado a fazer.

A passagem estava cheia de teias de aranhas. Há quanto tempo não limpavam aquele lugar? Tudo bem que não era uma passagem muito usada, nem na época da seleção de America, mas ainda assim.

Ele chegou ao fim da passagem, e lá estava mais uma porta enorme. Eles teriam que mudar isso para os próximos ataques, ou senão de que adiantaria a fuga se ficam presos no meio da passagem. Essa foi mais fácil de se abrir, um pouco de força, e pronto, mas o barulho dela era ensurdecedor.

– Nath! – ele ouviu a voz de sua mãe, e em seguida sentiu-se sendo abraçado.

– O que aconteceu? Onde você estava? –Maxon perguntou, também abraçando.

– Tentando passar por essa passagem. – ele respondeu, dando de ombros.

– Viu só? Eu falei que elas estavam próximas. – Zoey retrucou, cruzando os braços.

Nesse momento, a porta principal se abriu novamente. Agora por ela passavam Loretta, Hanna, Ashley e Eve. As quatro pareciam exaustas, e a primeira coisa que fizeram foi sentar-se na cadeira mais próxima. America foi ver como elas estavam.

– Falta alguma selecionada? – Nathaniel perguntou, olhando ao redor.

– As garotas não viram Marion, Mia e Daliah. – Zoey respondeu, ela havia conversado com algumas selecionadas.

– Os guardas vão encontrá-las. – Maxon garantiu, sorrindo para os filhos, com confiança- Não se preocupem. Talvez elas já até estejam em algum abrigo. Pode não ter dado tempo de chegarem até aqui, e agora estão em um dos abrigos para criados. Não se preocupem.

~*~

Agora só faltavam três selecionadas. Os guardas já haviam sido avisados, e as procuravam. A única coisa que podiam fazer era esperar. Um grupo de seis selecionadas estava sentado no chão, encostadas na parede. Conversavam besteiras, tentando se distrair.

Enquanto isso, Nathaniel comentava que esperava que os amigos estivessem bem. Após o comentário do príncipe, Katherine sussurrou para as companheiras. – Meninas, posso perguntar algo para vocês? – elas assentiram, mas lembraram de que ela não conseguia vê-las, e murmuram em concordância. – É que acabei de pensar que eu não sei como o príncipe é, digo, fisicamente. E nunca realmente saberei. Então queria saber se vocês podem descrevê-lo para mim.

– É claro que podemos, Kath. – respondeu Kella. – Bem, ele tem 1,83 de altura, ou seja, alto. Cabelos pretos, olhos azuis. Aparenta ser forte, mas não exageradamente. Aparência saudável. Pele branca, mas não a ponto de ser anêmico...

– Vamos parar com os termos médicos. O Príncipe realmente parece ser um príncipe. Os olhos dele são fantásticos. Parece um pedacinho do céu. O cabelo é macio...

– Como você sabe que o cabelo dele é macio, Sophie? – perguntou Ally.

– Simples: imaginação! – respondeu ela, dando de ombros.

– Já eu, o acho com a expressão um pouco metida. Tudo bem que quando nos falamos ele foi relativamente legal, mas sei lá... Ele se acha. – opinou Katie.

– Ele pode, né? Com aquele corpo... – Jade falou, se abanado.

– Resumindo, ele é bonito. Tem um ótimo corpo. É saudável. E se acha. – terminou Ally.

Kath sorria diante das descrições das meninas. – Obrigada gente. Agora já tenho uma noção de como ele é.

Assim que ela terminou de agradecer, ouviram-se ruídos na porta principal. Um guarda entrou, e se dirigiu até o rei, que o acompanhou para fora do abrigo. Todos ficaram sem entender nada, inclusive America, que estava sentada, apreensiva, ao lado da filha.

~*~

Maxon foi até a sala à frente, que também era fortemente protegida contra ataques. Lá se encontrava amarrado e amordaçado, um homem. Ele vestia roupas amassadas, em alguns pontos rasgadas, e bem gastas.

– Conseguimos capturá-lo, majestade. Ele estava com mais cinco, mas todos fugiram. – o guarda que o acompanhava, comentou para Maxon.

– Ainda temos rebeldes no palácio?

– Sim senhor, estamos cuidando disso.

– Ótimo. – Maxon então se virou para o rebelde, e tirou a mordaça de sua boca- Você é nortista ou sulista? E por que vocês voltaram a nos atacar?

– Os nortistas nem existem mais! –o rebelde retrucou, revirando os olhos, e em seguida, fazendo careta.- Vocês poderiam ter me amordaçado com um pano mais limpo!

– Por que vocês voltaram a nos atacar? – Maxon insistiu- Há vinte e dois anos, os rebeldes pediram que as castas fossem dissolvidas, e a vinte e dois anos eu venho tralhando nisso. O que vocês querem agora?

–Acha mesmo que vamos cair na sua conversa? Não somos idiotas, “rei” Maxon! Sabemos que essa seleção é só um pretexto para que o povo de Illéa se distraía, e não note que você esta cada vez mais atrasado em desfazer as castas! Mas nós não nos deixamos levar por meras palavras, ah não. Você vai se arrepender de tudo isso!

Ouve-se então um grito agudo, seguido de três disparos. Todos na sala ficaram em total silêncio, então o rebelde começou uma estridente gargalhada. Todos o encararam, sem entender.

–Viu só? Já começamos. – ele apenas disse. – Nós voltamos, e dessa vez não pararemos até atingir nosso objetivo.

~*~

Marion, Daliah e Mia estavam no quarto da última. Conversavam, e relembravam de suas casas. Já estavam morrendo de sono, e quando as duas primeiras se levantaram para ir aos seus quartos, um alarme foi escutado.

– O que foi isso? – Mia perguntou, se assustando com o barulho.

– Acredito que não seja algo bom. – respondeu Daliah, nervosa.

– Vamos meninas, precisamos encontrar um guarda. – falou Marion, pensando logicamente.

Elas seguiram pelos corredores, mas não encontravam ninguém. Até que passos foram escutados atrás delas, quando se viraram perceberam que quem se aproximava não estava com o uniforme do palácio, e que sua aparência era suja.

– Meninas, corram. – ordenou Marion, e elas prontamente obedeceram. Os rebeldes aumentaram os passos. As selecionadas entraram em um corredor com uma só porta, e esta se encontrava fechada.

Estavam encurraladas, e poucos segundos depois os perseguidores as encontraram. Três tiros seguidos foram escutados, junto com gritos. Mais tiros foram ouvidos, e três corpos caíram no chão.