Ao nascer de uma nova Esperança escrita por Rafú


Capítulo 33
Capítulo 33


Notas iniciais do capítulo

OIZINHO!!! Eu sei que estou atrasada, e eu já expliquei pra vocês o motivo. Mas mesmo assim peço desculpas e volto a lembrar que isso pode durar até o dia 19 de Dezembro. Sobre o capítulo: o nome do segundo baby sai neste capítulo, espero que aprovem. Justifico o nome nas notas finais. Boa leitura. Bijus.



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Nono mês de gravidez novamente, após cinco anos estou aqui de novo: gorda, gigante, lerda e me sentindo uma baleia. Mas sei que no final vale a pena. E Peeta, para variar, está novamente ansioso, igual a cinco anos atrás. Mas desta vez tenho a ajuda de Alice para manter ele ocupado.

Alice se adaptou muito bem a escola. Conforme diz ela, todos acham ela o máximo. Sinto que isso tenha algo a ver com ela ser minha filha. Para minha tranquilidade, por enquanto, ela não aprendeu nada sobre os Jogos Vorazes e nem sobre a Revolução. Mas é uma questão de anos para ela voltar da escola com várias perguntas.

Peeta continua a ser Peeta. Calmo, sereno, engraçado, carinhoso. Às vezes, acho que ele deve ser um sonho. Não pode existir alguém como ele. Ainda mais nas minhas crises de choro, quando começo a gritar com ele até me faltar o ar, ele continua a falar com calma, paciência, sem gritar. Tenho medo de acordar um dia e descobrir que Peeta ainda está lá embaixo, plantando aquelas Prímulas que acabaram morrendo depois que eu me encarreguei de cuida-las. Mas sei que isso não vai acontecer quando acordo no meio da noite aos gritos devido aos pesadelos frequentes que eu tenho. Ele mais uma vez está lá, me cuidando, me abraçando e dizendo que está tudo bem, que não era real e que nunca será. Não posso perder ele. Eu preciso dele. Ainda mais agora que teremos outro filho.

Enquanto ao bebê, está saudável e gigante. Está tão grande que me canso rapidamente só para chegar do meu quarto até o sofá da sala. Por questão disso, Peeta trouxe a televisão para o quarto, e não tenho mais permissão para descer lá pra baixo. Não fez diferença pra mim, não queria mais descer lá pra baixo mesmo. Não enquanto estiver nesse estado. Alice me faz companhia nos finais de semana, quando não vai a escola. Peeta parou de trabalhar por enquanto e entregou a chave para nosso salva-vidas, Diego. Haymitch leva Alice para a escola junto com Joe. Eu disse a Peeta que isso não era necessário. Mas desde quando ele me escuta? Bem, eu mereço isso, pois sou outra teimosa de ouvidos fechados também. Me sinto uma rainha na verdade, estar grávida tem seu lado bom. Ganho tudo o que quero na boca. Já que não desço mais, Peeta traz as refeições para cima. Às vezes é entediante, mas logo vem Alice com seus deveres de casa que não consegue fazer sozinha. E logo já ocupo meu tempo. Eu sei que ela consegue fazer sozinha, pois ouvi uma vez Peeta a mandando para o nosso quarto.

– Você leva seu dever de casa e diz pra mamãe que precisa de ajuda, ok? – ouvi Peeta cochichar para Alice.

– Ok. – Alice cochicha de volta. – Mas por que? Eu consigo fazer sozinha.

– Porque se sua mãe ficar sem fazer nada o dia todo ela vai ter um surto. E se ela tiver um surto vai ter um crise de choro e vai chorar. E se ela tiver uma crise de choro vai começar a gritar comigo. E você não quer que a mamãe grite comigo, não é?

– Oh, não quero, papai.

– Então seja uma boa menina e vá lá.

– Mas eu ganho o que com isso? – não é tão simples conseguir as coisas de Alice.

– Ganha o seu dever de casa feito, agora vá.

– Isso eu conseguiria sozinha.

– Tá, então consegue um tempo com a mamãe.

– Eu posso conseguir um tempo com a mamãe a qualquer momento e fazendo qualquer coisa.

– Tá legal, Alice. Que coisa, você é impossível. Tá, eu peço para o Pat passar aqui e te trazer uns biscoitos da padaria. Deu? Pode ir agora?

– Posso. – diz Alice.

Eu corro, não literalmente, para a cama e me sento nela, ligando a televisão e fazendo de conta que não ouvi a conversa dos dois. Alice entra no quarto.

– Oi, filha. – digo a ela.

– Oi, mãe. Me ajuda com o dever? Não consigo fazer sozinha.

– Está tão difícil assim?

– Está. É confuso. Não sei que diferença me faz somar a unidade antes da dezena.

– Tudo bem, venha cá que eu te ajudo. – digo me locomovendo para o lado e dando espaço para ela sentar. Desligo a televisão e ajudo Alice.

Os dias se passam assim. E as noites se passam com pesadelos de pessoas más tirando meu filho de mim, enquanto eu não posso fazer nada, apenas assistir. Como agora, acabei de acordar de mais um pesadelo rotineiro, desta vez não gritei, então Peeta não acordou. Fiquei encarando o rosto de Peeta adormecido, esperando o sono me vir novamente. Peeta dá um leve sorriso em algum momento. Ele está sonhando. O que será que ele está sonhando? Queria poder saber. Incomodada com a posição que estava, decido me virar de costas para Peeta, mesmo não querendo desgrudar meus olhos do leve sorriso que apareceu no rosto de Peeta. Ainda não satisfeita e já começando a ficar irritada me sento na cama devagar, para não acordar Peeta. Quando me sento, Peeta sussurra meu nome, mas ainda está dormindo. Agora sei que eu faço parte deste sonho. Saio da cama, pois canso de ficar sentada. Não posso ligar a televisão, pois não quero acordar Peeta, não posso caminhar muito, porque é cansativo. Abro uma gaveta do armário e tiro uma caixa de dentro. Vou até o banheiro e fecho a porta para que a luz não invada o quarto e tire Peeta do seu sonho bom. Sento na privada, que está com a tampa abaixada, e abro a caixa. É um caixa em forma de baú, tamanho médio, feito de madeira. Dentro dela há inúmeras fotos, que tiramos com uma câmera fotográfica que Effie nos deu de presente de casamento. Vejo todas uma por uma e com calma. Há fotos de todos os aniversários de Alice. Tem fotos de mim grávida de Alice, essas fotos Peeta transformava em quadros. Ele faz a mesma coisa com esta gravidez. Há algumas fotos da padaria que eu tirei. Numa delas Peeta está com a língua de fora, pois não queria que eu tirasse uma foto dele, ele disse que iria dar um jeito de estragar a foto. A forma dele estragar a foto foi colocar a língua pra fora quando apertei o botão. Mas pra mim, a foto saiu bonita. Parei de tirar fotos da padaria depois que fiquei grávida de Alice. Mas deveria ter continuado, pois as mais divertidas eram de lá. Pego uma em que Peeta está abraçado em mim, me sujando de farinha. Lembro da forma em que esta foto foi tirada.

Flashback On

– Katniss, eu já disse: mais uma foto e esta câmera vai virar ingrediente das tortas. – me avisa Peeta.

Eu rio e tiro mais uma foto só para encher a paciência dele. Ele me olha e caminha até mim. Eu ando para trás.

– Não, não, não. Tá bom, eu paro.

– Para nada. Eu te conheço muito bem.

Eu paro atrás de Patrick.

– Patrick, me ajuda, ela vai colocar a câmera na massa das tortas. – eu digo virando Patrick de frente para Peeta, o transformando num escudo.

– Patrick, tire a câmera dela, agora. – fala Peeta. Patrick não pensa duas vezes ao se virar e puxar a câmera fotográfica de minhas mãos. Peeta corre até mim e me puxa pela cintura com um braço. Com a outra mão livre ele passa na mesa toda suja de farinha. – TIRE A FOTO AGORA. – grita Peeta no momento em que sua mão enfarinhada entra em contato com meu rosto. Patrick bateu a foto.

– Ah, Peeta. Você fez eu comer farinha. – eu reclamo.

– Não reclama, que eu te avisei. – diz ele rindo.

Flashback Off

Não notei que estava rindo alto, até ouvir o barulho da porta se abrir e Peeta passa por ela.

– O que você está fazendo aqui? – pergunta ele.

– Olha. – digo, virando a foto para ele – Lembra desse dia?

Ele começa a rir.

– Me lembro sim. Mas você também enchia o saco com esta câmera fotográfica.

– Eu gostava de tirar fotos suas. – falei enquanto olhava as outras fotografias.

– Por que gostava tanto assim de tirar fotos minhas? – pergunta ele, se aproximando e abaixando na minha frente, olhando outro punhado de fotos.

– Porque eu te amo. – digo, olhando para uma foto de Alice no balanço.

– Eu também te amo. – ele diz desviando os olhos das fotos e olhando pra mim.

– E porque você é muito, mas muito lindo mesmo. – falo rindo.

– Eu também me acho muito lindo. – responde ele rindo. Eu apenas rio. – Brincadeira. Você é que é a linda. Mas ao invés de tirar fotos suas, eu prefiro te desenhar.

– É, eu sei bem.

– Você teve um pesadelo? É por isso que acordou?

– Foi, eu não quis te acordar. E eu não estava conseguindo dormir, então resolvi olhar as fotos.

– Você poderia me acordar. – sussurra ele.

– Eu não quis interromper seu sonho.

– Como sabe que eu estava sonhando? – pergunta ele confuso.

– Você estava sorrindo. Teve um momento em que você sussurrou meu nome.

– Bem, se você me acordasse, teria me feito um favor. O sonho virou um pesadelo depois. Por isso que estou acordado aqui com você, olhando fotos minhas.

– Não sabia.

– Não teria como você saber. Você também sussurra meu nome quando está sonhando. Acho que uma vez você chegou a rir. – ele ri baixinho.

– Que engraçado. Somos unidos pelos sonhos e pelos pesadelos. – afirmo olhando pra minhas mãos.

– Sim. – ele coloca uma das mãos em minha barriga. – E nosso filhote não vai sair daí nunca?

– Eu espero que saia logo. Porque me sinto uma baleia encalhada em uma cama.

– Não diga isso. Você é linda, sabia? Você vai ser linda mesmo se estiver vestida com um saco de batata.

– Não é isso que você disse quando estávamos no refeitório do Distrito 13.

– Eu não lembro o que fiz neste dia. – sussurra ele.

– Você disse que eu nem era tão bonita assim. E começou a paquerar a Annie na minha frente, na frente de todo mundo na verdade. Inclusive do Finnick.

– E você deu bola pra esse idiota aqui? Você sabe o que fizeram comigo, amor. Eles queriam que eu atingisse você de todas as formas possíveis. Eu falei aquilo para te magoar. Mas eu me arrependo de cada palavra ruim que eu disse pra você. De cada lágrima que fiz você derrubar. Me desculpa. Mas lembra o que você disse? Não era o seu Peeta aquele lá. Era o Peeta criado pela Capital. Porque eu nunca diria uma coisa desta pra você. Eu me odeio quando te magoo. Eu me odeio até mesmo quando estou irritado com você. Porque você não merece estas ofensas, você merece algo muito melhor do que eu.

– Mas você é a melhor coisa que me aconteceu. – retruco.

– Não, você é que é a melhor coisa que me aconteceu. Faz ideia de quantos anos eu esperei para ouvir você me dizer que me ama?

– Nem imagino.

– Você não faz ideia do amor que eu sinto por você. Você não faz ideia do quanto me faz feliz. Você não faz ideia de como eu sorrio toda vez que eu acordo e vejo você dormindo com a cabeça em meu peito. Você não faz ideia da diferença que faz na minha vida. Você não faz ideia de quantas vezes eu pensei que você fosse um sonho.

– E você não faz ideia do que senti quando achei que tinha perdido você.

– Você nunca me perdeu, e nem nunca vai me perder. Não importa quantas brigas tivermos, eu vou grudar em você igual a um carrapato.

Eu rio e bocejo.

– Podemos ir pra cama? Estou cansada. – indago já tentando me levantar.

– Claro. Espera, eu te ajudo a se levantar. – ele diz me oferecendo as mãos.

Eu guardo a caixa de madeira com as fotos no lugar de onde tirei. Aproveito que a câmera estava próxima e a pego, ligando rapidamente e tirando uma foto de Peeta arrumando os lençóis na cama.

– Click. – digo ironicamente, já guardando a câmera de volta.

– O que foi isso? Tirou mais uma foto de mim? Já não há fotos minhas o suficiente dentro daquele caixa? - pergunta ele.

– Não. Só vai ser o suficiente quando tiver mais dez caixas iguais aquelas cheias de fotos suas.

– Tudo bem. Agora deita. Vamos dormir. – me deito de costas pra Peeta, porque sei que quando me deito assim, ele me abraça por trás. Ele me abraçou como de costume. Beijou meus cabelos antes de dizer – Boa noite.

– Boa noite. – digo de volta.

Sou acordada por Peeta de manhã. Ele entra com uma bandeja em mãos.

– Acorda. Alice já está na escola. E seu café-da-manhã já está aqui. – diz ele alegremente.

– Hmmm, e o que tem hoje para o café, Chef Peeta? – digo me sentando.

– Não muito. Já que você não consegue comer muito mesmo. Vejamos: Leite com mel, torradas, bolacha salgada, geleia.

– Hmmm, traz isto logo pra cá. Estou faminta.

– Só se você me der um beijo antes. – diz ele, largando a bandeja na cômoda. Ele chega mais perto e eu o beijo. Só então ele coloca a bandeja na minha frente. – Agora pode comer.

Me ataco na comida, enquanto Peeta senta ao meu lado e liga a televisão. Mas como Peeta disse, eu não consigo comer muito agora. Então sobra bastante coisa na bandeja.

– O que estamos assistindo? – pergunto.

– Filme de terror. – responde Peeta sem tirar os olhos da tela.

– Nosso passado foi um filme de terror. – retruco.

– Nisso sou obrigado a concordar.

– Qual é a graça de assistir um filme de terror durante o dia?

– Shhh, eu quero ouvir. – reclama ele.

– Desculpa. – falo e fecho a boca. Assistimos mais uns dois filmes até Peeta decidir descer e preparar o almoço. Eu fiquei sozinha no quarto. Ahhh, como Alice me faz falta nestas horas. Tudo ocorria naturalmente até ver Peeta passar na frente da porta do quarto como um borrão. Me levantei e olhei para o corredor, na direção que ela havia ido. Mas não havia nada. Caminhei, verificando todos os quartos no caminho, inclusive o quarto que Peeta, Alice e eu preparamos para o novo bebê. Que diga-se de passagem, não tem nome ainda. Mas vez ou outra, Peeta o chama de Junior. Faltou o ateliê. Girei a maçaneta, mas a porta estava trancada. – Peeta?

– Katniss, não entra aqui. – diz ele no outro lado da porta, sua voz está muito próxima, ele deve estar grudado na porta. Quando olho para o chão, vejo a chave do quarto.

– Eu vou abrir esta porta. – anuncio, tentando pegar a chave, mas é impossível na atual situação que me encontro.

– KATNISS!!! NÃO-ENTRA-AQUI!!!

– Eu não alcanço a chave.

– Você chuta ela por baixo da porta quando eu te pedir. Ok?

– É um flashback? – que pergunta estupida foi essa? Não, Katniss. Não é um flashback. Peeta só está brincando de pique-esconde com você. Não vê que ele se escondeu atrás da porta?

– É sim, e é por isso que você não pode... – ele parou de falar e começou a esmurrar a porta. – Droga!!!

– Eu posso ajudar? Peeta? PEETA FALA COMIGO!!!

– Me diz uma lembrança boa, qualquer coisa boa que fizemos juntos. – responde ele depois de um tempo, arfando.

– De madrugada nos declaramos ao máximo um para o outro. Ficamos vendo fotos. Eu sempre tiro muitas fotos suas e você não gosta disso. Dormimos abraçados.

– Continua. Conta outra lembrança boa. – diz ele ainda arfando.

– Hã... Eu te dei uma filha. E agora vou te dar outro. Isso conta como “coisa que fizemos juntos”, não é?

– Acho que sim. Se não ele não existiria. – ele ri fracamente. – A menos que esta criança não seja minha. – ele parou de falar e começou a esmurrar a porta de novo. – Que droga!!! Por que fui falar isso? Diga outra coisa. Rápido.

– Eu não sei, fizemos muitas coisas boas juntos. Alice, você e eu, pintamos o quarto do Junior quando eu estava com seis meses de gravidez. Você xingou a Alice, porque ela pintou o berço ao invés da parede. Mas depois você viu, que ele ficava melhor azul do que branco. E começamos a rir.

– Continua. Conta mais alguma coisa. -Eu abri a boca, mas senti o líquido escorrendo pelas minhas pernas. Essa não. Mas logo agora? Eu não posso falar pro Peeta agora. Ele vai surtar mais ainda. E eu não vou ter como me defender. Me escorei na parede, próxima a porta, e escorreguei, lentamente até conseguir sentar no chão. – Katniss?

– Estou aqui... Ai! – falei sentindo uma leve dor desconfortável.

– O que foi? Você está bem? – sinto o tom nervoso dele. Só de imaginar que há algo errado, ele já fica assim. Imagina se souber que o filho dele vai nascer agora!!!

– Estou, meu pés só estão... – paro pra respirar um pouco ao sentir mais uma pontada. – doloridos.

– Vá pro quarto se deitar, eu vou ficar bem.

– Não. Eu sentei no chão. Está tudo bem. Como você está?

– Péssimo. Eu não posso piscar que aparece algum flash de você fazendo algo ruim. – ele para de falar novamente e esmurra a porta. Desta vez ele não para de esmurrar.

– Peeta? – eu pergunto quando sinto a dor aumentar.

– Por que você me trancou aqui dentro? - Agora sim estou sozinha. Peeta não está mais ali.

– Peeta, você se trancou aí. – digo tentando segurar a dor que estou sentindo. – Peeta você precisa voltar pra mim, agora. Eu preciso muito de você agora. Por favor. – a última palavra eu falo enquanto gemo.

– O que você quer comigo? Vai tentar me destruir de novo?

– Peeta, o seu filho...

– Eu não tenho filhos, sua mentirosa.

– PEETA!!! – eu grito frustrada e começo a chorar me sentindo assustada.

– Katniss? O que foi? Por que você gritou?

– Peeta? – agora estou confusa. Não sei mais se é o Peeta ou a criação da Capital.

– Estou aqui.

Eu chuto a chave pra dentro da porta.

– Você precisa sair daí agora.

Ele a empurra de volta, mas ele empurrou forte demais, não vi aonde a chave foi parar.

– Não, Katniss. Eu não quero te machucar!

– Peeta, o bebê... – eu paro de falar e gemo.

– Katniss? O bebê o que? Katniss? Não me diga que o...

– É ISSO MESMO!!! SAI LOGO DAÍ!!!

– DROGA!!! CHUTA A CHAVE DE VOLTA!!! RÁPIDO!!!

– Eu não sei onde ela está. Você empurrou com muita força. Ela sumiu da minha vista. Dá um jeito de sair daí logo. Tá doendo, Peeta. – eu choramingo.

– Droga!!! Fica calma, respira. Eu vou derrubar esta porta.

Ele começa a tentar derrubar a porta enquanto eu tento respirar. Ele por fim consegue derrubar a porta depois de não sei quantas tentativas. Eu olho pra cima, deixando as lágrimas escorrerem pelos meus olhos. Peeta praticamente se joga no chão.

– Peeta...

– Shhh, tá tudo bem. Vamos para o hospital. – ele me interrompe e me pega no colo, me levando até o carro. Acho que eu estava mais nervosa que ele desta vez. Ele me coloca dentro do carro, dá a volta e entra. Quando ele ia ligar a chave eu segurei o seu braço.

– Peeta, a bolsa. Precisamos dela. – digo apertando seu braço e gemendo.

– A bolsa. Eu vou buscar. Não saia daqui!!!

Para onde ele acha que eu iria neste momento? Mal consigo controlar minha respiração, quanto mais sair do carro. Ele volta correndo com a bolsa e entra no carro. Mas eu seguro seu braço de novo.

– Alice. Você tem que avisar o Haymitch que...

– POR DEUS, KATNISS!!! EU AVISO DEPOIS!!! VOCÊ VAI PARIR DENTRO DO CARRO DAQUI A POUCO!!!

– Não grita comigo. – eu choramingo.

– Tudo bem, tudo bem. Desculpa. Eu sou um grande idiota, ok? Me desculpa. Agora vamos, pode ser?

Eu apenas afirmo com a cabeça. Ele dirige rapidamente até o hospital. Quando chegamos lá, eu já estava rosnando de dor. Peeta pula do carro procurando uma cadeira de rodas. Ele acha uma e me põe sentada nela. Ele para no balcão para assinar a papelada. Um médico ia me empurrar pra sala de parto, mas eu segurei o braço de Peeta.

– Não. – eu sussurrei.

Peeta largou a caneta e abaixou a minha altura.

– Está tudo bem. Eu já vou encontrar você. Eu preciso assinar alguns papéis antes. Você vai se arrumando lá na sala. Eu já vou pra lá, eu juro. Eu te amo. – ele beija minha testa e o médico empurra a cadeira de rodas para a sala.

Fiz o mesmo de antes, troquei de roupa e me deitei na cama. Tudo com a ajuda de um médico, porque minhas pernas não paravam de tremer. A Doutora Mary chega.

– Olá, Katniss. – ela diz de bom-humor.

– Faz esta tortura acabar logo. – eu imploro.

– Já vai acabar. Daqui a pouco. Você já tomou um banho morno?

– Eu não quero um banho. Eu quero este bebê fora de mim agora.

– Você terá que esperar um pouco.

– Eu quero Peeta comigo.

– Eu estou aqui. – fala Peeta adentrando a sala.

– Por que você fez isso comigo de novo, Peeta? – eu começo a choramingar. – Eu falei pra você que não queria outro filho. Mas que droga!

– Shhh, vai ficar tudo bem. – diz Peeta acariciando meus cabelos.

Passo a mesma tortura de cinco anos atrás. Espero, e depois, é força, força e força. Até sentir o alivio. Ouço o choro e me encosto na cama satisfeita com o meu próprio trabalho. O choro para logo em seguida. Uma enfermeira traz meu filho e o coloca em meus braços.

– Parabéns, ele é lindo. – diz a enfermeira ao entregar-me ele.

– Obrigada. – eu respondo. Vejo os tufos de cabelo loiro na cabeça do meu caçula e sorrio. Peeta sorri junto comigo. – Olha, são os seus cabelos.

– E os seus olhos. – ele completa quando o pequeno abre os olhos e nos encara. Vejo o reflexo dos meus olhos cinza nos dele. Ele volta a fecha-los e sorri.

– Então, qual será o nome? – pergunta a Doutora Mary com uma prancheta e uma caneta em mãos.

– O nome? – eu pergunto, lembrando que não havíamos escolhido um nome para o bebê.

– Sim, o nome. Preciso anotar na ficha.

Olhei para Peeta, ele apenas sorriu antes de dizer.

– Você escolhe um nome pra ele. Afinal, você que teve o trabalho de trazer ele ao mundo. Só não coloque o meu nome, nem Junior.

– Colocar o seu nome, seria o mesmo que chama-lo de Junior. – eu o corrijo, rindo. – Escolha você o nome. Eu não faço a mínima ideia de que nome dar.

– Eu muito menos. Não esqueça que meu nome é Peeta, e eu nasci de uma mulher que se chama Magnária. – ele diz rindo. – A família Mellark não é muito boa em escolher nomes.

– E qual era o nome do seu pai? – pergunto por curiosidade.

– O nome do meu pai?

– Sim.

– Ray.

– Ok, anote aí Mary: Ray Mellark. – digo me virando para a doutora.

– Ok. Ray Mellark. – ela anota na ficha.

– Jura? – me pergunta Peeta.

Me viro pra ele e o vejo com o maior sorriso do mundo.

– Juro o que? – pergunto.

– Jura que vai colocar o nome do meu pai no nosso filho?

– Já coloquei, não notou?

– Eu te amo. – ele diz antes de me beijar.

– Eu também te amo. Pega ele. – digo entregando nosso pequeno Ray para Peeta.

Peeta o pega com cuidado.

– Oi garotão. Sou o seu pai. Eu estava muito ansioso pra te conhecer, sabia?

– Peeta, tem que avisar Haymitch para trazer Alice para cá. – alerto ele.

– Ah, sim. Toma, pega ele que eu telefono pra Haymitch. – diz ele devolvendo o bebê.

Seguro meu filho e fico olhando para ele. Ele é tão quietinho. Bem diferente de Alice.

– Não vai alimentar seu filho, mamãe? – pergunta a Doutora Mary.

– Mas ele não chorou. – respondo.

– Oras, mas só porque não está chorando não quer dizer que não esteja com fome. Olha como ele está sugando a própria mãozinha.

Quando olho ele estava mesmo sugando a própria mão. Coitado. Sou uma mãe desastrada. A criança morrendo de fome e eu aqui só olhando. Tirei meu peito e ele sugou rapidamente.

Mais tarde, chegou Alice, com Haymitch, Effie e Joe. Alice pulou na cama querendo ver o irmão.

– Cuidado, Alice. – alerta Peeta. – Não vá machucar sua mãe e seu irmão.

– Eu quero ver. – diz ela.

Ajeito Ray em uma posição que fique melhor de Alice ver. Ela analisa minuciosamente o pequeno.

– O que achou? – pergunta Peeta.

– Ele é bem pequeno, né? – diz Alice.

– Mas um dia ele vai crescer. Ficará do seu tamanho. E você também já foi deste tamanho. – respondo.

– Eu fui?

– Você era até menor, na verdade. – retruca Peeta.

– Ele tem pouco cabelo. Olha!!! É o cabelo do papai!!!

– É sim. – concordo.

– Qual é o nome dele?

– Ray. – responde Peeta.

– Ray?

– Era o nome do seu avô. – explica Peeta.

– Ah, então eu aprovo. – diz Alice fazendo um sinal positivo com o polegar.

Todos nós rimos.

– Eu não vejo nada. – reclama Joe, se esticando.

– Suba aqui, seu bobão. – diz Alice impaciente.

– Ei, não chame Joe de bobão. – xinga Peeta.

– Desculpa. – fala Alice.

Joe sobe na cama e observa o bebê, sem falar nada. Só fica olhando.

– Olha! Ele abriu os olhinhos. – diz Effie com seu entusiasmo.

Alice se aproximou.

– Oi, sou Alice. Sou sua irmã. Esse aqui é o Joe. – diz Alice apontando para o garoto que estava ao seu lado.

– Oi Ray. – fala Joe.

Ray dá um sorriso bangela para as crianças que olhavam para ele. Ele pega dois dedos de Alice.

– Ei, esses dedos são meus. Você tem os seus. – resmunga Alice.

– Ele está cumprimentando você. – afirma Peeta.

– Ah, tá. Desculpa. O prazer é meu. – fala Alice.

Todos rimos mais uma vez.

Haymitch, Effie e Joe vão embora depois de algum tempo. Ganho alta no outro dia. Chegamos em casa. E Peeta faz a mesma coisa que fez com Alice. Mostra toda a casa para Ray. Eu apenas rio enquanto observo Peeta caminhar de um lado para o outro com o garoto nos braços. Alice está bem feliz em poder ter o irmão em casa. Peeta trouxe a televisão de volta para a sala. E estávamos assistindo televisão, Alice estava em nosso meio e Peeta estava com Ray nos braços. Notei que Alice estava inquieta.

– O que você tem? – pergunto a ela.

– Quando vou poder segurar meu irmão? – pergunta ela.

Só então notei que havia se passado uma semana e Alice não havia pegado o próprio irmão ainda.

– Senta aqui no meu colo. – digo a ela e ela obedece. – Entregue Ray a ela. – falo a Peeta.

Peeta, olha do bebê para Alice e depois de Alice para mim. Ele faz um minúsculo sinal negativo com a cabeça.

– Eu acho melhor... – ele ia dizer, mas eu o cortei.

– Eu tinha quatro anos, quando segurei Prim pela primeira vez. E eu não a derrubei. Está tudo bem. Alice vai segurar ele direitinho, não é Alice?

– Vou sim. Eu prometo. – diz ela.

Peeta se aproxima relutante e ajeita Ray nos braços de Alice.

– Cuidado com a cabeça. – afirmo.

Ela toma todo o cuidado com o irmão.

– Ele não é pesado. – conclui Alice.

– Por enquanto não. – concorda Peeta.

Alice adorou segurar o irmão. Ray não é uma criança que chora muito. Ele é bem quietinho. Comportado. Por isso, tenho que ajeitar sempre o despertador antes de dormir para acordar e dar de mamar a ele.

Nesta noite ignorei o despertador quando ele começou a fazer barulho. Peeta me sacudiu.

– Que? – perguntei meio grogue.

– Hora da mamada. – responde ele no mesmo tom que o meu.

Me levanto de má vontade e caminho até o quarto de Ray. Ele está acordado como sempre. Mas bem quietinho. Ele sorri assim que me vê.

– É muito bom ver você também. – sorrio de volta.

O pego e sento na cadeira de balanço, começando a lhe dar de mamar. Acaricio seus ralos cabelos com o dedo e murmuro uma canção de ninar. Alice para ao meu lado.

– Oi. – diz ela, esfregando as mãos nos olhos.

– Oi. Perdeu o sono? – pergunto.

– Sim. Por que ele faz tanto barulho?

– Bem, comparando a você, ele não faz barulho nenhum.

– Eu não fazia tanto barulho assim. – retruca ela.

– Ah, você está certa. Não fazia. Ainda faz. – digo rindo.

Ela bufa.

– Você ainda vai me ajudar na lição de casa? – pergunta ela, sussurrando.

– Claro que vou. Por que não iria?

– Porque talvez, você precise dar mais atenção ao Ray do que a mim.

Ciúmes? Será que é isso? Não sei dizer, pois nunca senti ciúmes de Prim.

– Está com ciúmes do seu irmão, Alice?

– Um pouco, talvez. Papai dá mais bola pra ele do que pra mim.

Então o problema era o papai, não a mamãe. Que bom. Pois eu estava fazendo o meu melhor, para dividir a minha atenção igualmente entre os dois. Mas eu não podia discordar da Alice. Peeta realmente a deixou mais de lado quando Ray nasceu. Acho que ele esqueceu que tem a Alice. Que tem a princesinha dele. A Pequena Sunshine, como ele mesmo diz. Preciso chamar a atenção dele sobre isso.

– É que você já é uma mocinha. E Ray é apenas um bebezinho que não tem nem dentes. – ela ri quando digo isso. – Ray precisa mais de nós do que você. Mas você sabe que nós amamos você, não sabe?

– Sei, só queria um pouco mais de atenção do papai. Ele não me dá mais um beijo de boa noite.

Eu me levanto ao notar que Ray acabou dormindo. O coloco no berço e deixo um beijo em sua testa. Peeta entra no quarto coçando a cabeça.

– Por que você... O que Alice está fazendo de pé a essa hora?

– Ela está procurando o beijo de boa noite do papai, que parou de dar atenção a Pequena Sunshine dele desde que o outro filho nasceu. – digo diretamente.

Peeta sorri e se aproxima de Alice a pegando no colo.

– Está com ciúmes, meu anjo? – Alice não responde. – Vamos pra cama, que tal uma história? Você escolhe. Melhor. Eu estava pensando estes dias e bolei uma história nova. Uma que você não ouviu ainda.

Ele sai do quarto ainda falando com Alice. Que começou a responder.

Eu rio e volto pra cama. Feliz por ver que cada vez mais, a minha grande família de sequelados está maior.


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Notas finais do capítulo

Então, escolhi Ray, esse é o nome que a autora de Jogos Vorazes teria escolhido para o filho de Katniss e Peeta, conforme diz um site. Escolhi porque é a minha forma de homenagear a querida (e assassina) autora que criou o maravilhoso mundo de Panem. Sei que é uma homenagem pequena e insignificante, mas é de coração. Espero que tenham gostado do capítulo. Desculpas os atrasos. Obrigada a compreensão de cada uma que comentou. Espero pelos comentários. Beijocas da Tia Rafú pra vocês!!! ;)



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