Ao nascer de uma nova Esperança escrita por Rafú


Capítulo 25
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

OIZINHO!!! Voltei em mais um sábado para alegrar a vida de vocês. hehehehe. Aproveitem o capítulo. Este ficou bem grande. Até as nostas finais. Bjs!!!



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Alice foi sorteada como tributo para os Jogos Vorazes. Vejo as outras garotas abrirem espaço, enquanto eu fico parada, em pânico, sabendo que, muito provavelmente, não irei nunca mais ver minha filha. Ela passa por todas e começa a caminhar com passos extremamente lentos até o palco, onde uma mulher que sorteou seu nome, não Effie Trinket, a espera com um sorriso falso no rosto. Peeta está ao meu lado e tem a mesma reação que a minha. Porém, antes que Alice consiga colocar o pé no primeiro degrau, vejo Peeta correr em direção a ela, tomado pelo desespero.

– ALICE!!! NÃO!!!

Um pacificador o manda se afastar, mas como ele não obedece, ele pega uma arma e acerta um tiro na cabeça de Peeta e ele cai imóvel no chão ainda com os olhos abertos. Alice solta um grito e tenta caminhar em direção ao seu pai, porém outro pacificador a segura, mas ela dá um chute em sua canela e se aproxima de Peeta. O pacificador, furioso, saca sua arma e dá um tiro na cabeça de Alice e ela cai por cima de Peeta.

“Eu os perdi.” Esse é o primeiro pensamento que me passa na cabeça. Eu os perdi para sempre. Lágrimas rolam nos meus olhos e eu começo a correr em direção ao pacificador que atirou em Peeta:

– Me mate!!! MATE-ME!!! – eu imploro.

Mas ele começa a rir. Ele não devia estar rindo. Por que ele está rindo? Por que simplesmente não dá um tiro nos meus miolos e termina com meu sofrimento? Ele tira seu capacete e noto que quem atirou em Peeta foi Dexter.

Acordo nesta parte do pesadelo. E tento acalmar minha mente da mesma forma que Peeta me acalma. Começo a fazer uma lista mentalmente dos motivos deste pesadelo não ter acontecido e de que nunca irá acontecer:

1°) Não há mais Jogos Vorazes.

2°) Peeta está dormindo ao meu lado neste exato momento.

3°) Dexter está em uma prisão de alta segurança e passará a vida inteira lá.

4°) Alice não tem nem idade o suficiente de participar dos Jogos.

5°) Não posso deixar me abalar por um pesadelo hoje, pois hoje Alice está fazendo aniversário.

Respiro fundo e penso só em Alice, em como ela evoluiu até chegar no dia de hoje. Lembro-me dos primeiros passos que ela deu sem se apoiar em nada. Caminhando diretamente até mim. Lembro-me da primeira vez que ela falou o nome de Peeta corretamente e da vez que ela tentou falar meu nome inteiro. Dei uma risada baixinha ao lembrar isso, para não acordar Peeta. Lembro-me de todos os dias que passamos na campina vendo o sol se pondo. Consegui me acalmar e até esquecer o tal pesadelo ao lembrar de minha filha. Sei que ela está segura, está dormindo em sua cama a poucos metros de mim. Decido acordar Peeta, pois em breve Alice vai acordar e lembrar que hoje é seu aniversário.

Começo a me virar na cama e puxar o lençol que tampava Peeta e eu juntos. Fecho os olhos, fingindo estar dormindo. Sinto ele se mexer e ouço-o murmurar enquanto puxa o lençol:

– Não, não puxa o lençol. - Eu me mexo novamente puxando o lençol de novo. – Para Katniss. – ele resmunga puxando novamente o lençol. Eu me mexo mais bruscamente o destampando totalmente, ainda com os olhos fechados. – Ah, qual é? – ele bufa e abro os olhos vendo ele se virar de costas pra mim e se encolher, não me contenho e começo a rir. Ele se vira pra mim – Ah! Então foi de propósito? Sua farsante.

– Desculpa, mas eu precisava te acordar.

– Pra que? Está cedo ainda. – fala ele olhando para o relógio na cômoda.

– Se esqueceu que dia hoje?

– Eu sei que é o aniversário da Alice, mas ela não vai acordar se lembrando disso.

– Assim como ela não se acordou na Páscoa não lembrando que dia era? – pergunto, lembrando que Alice nos acordou às 5h30min naquele dia, só porque era Páscoa.

– Ela não vai lembrar.

– Ah, não. Ela só me pergunta toda noite antes de dormir quando vai ser seu aniversário.

– E você respondeu que seria hoje?

– É claro. Você queria que eu...

– Shhh, está ouvindo esses pequenos passos no corredor? – me interrompe Peeta.

Paro para escutar. Alice acordou.

– Fecha os olhos, finja que está dormindo. – falo para Peeta.

Fingimos estar dormindo enquanto ouço os passos virarem uma corrida até nosso quarto. Ela abre a porta com violência e entra gritando e pulando na cama por cima de nós.

– MAMÃE!!! PAPAI!!! “ACODA”!!!

Eu me sento, já que ela resolveu pular em cima de mim e não de Peeta.

– Tudo bem. Tudo bem. Já acordei. Agora pare de pular em cima de mim. Eu não sou um colchão. – falo me levantando da cama.

Peeta não move um músculo. Ela senta em cima dele e começa a pular sentada.

– Papai. “Acoda”! “Acoda”! “Acoda”! – ela fala, enquanto bate as duas mãozinhas em seu peito. Ela para e olha mais atentamente para Peeta. – Papai?

– Papai morreu. – brinca ele, pendendo a língua para o lado.

Ela começa a choramingar e logo começa a chorar. Eu a pego e a abraço enquanto ralho com Peeta.

– Peeta!!! Você sabe que não pode usar a palavra “morte” e “papai” na mesma frase com ela. Isso a assusta.

Alice não esqueceu ainda do dia que viu seu pai quase ser morto. Qualquer frase que insinue que Peeta está em perigo a assusta. Ela tem pesadelos algumas vezes, mas não é constante.

Peeta senta-se na cama rapidamente, e fala apressado:

– Ok. Ok. Ok. É brincadeira. O papai está aqui. Olha. Alice. – ele a chama, mas ela continua abraçada a mim, soluçando. Peeta tenta de novo. – Tem alguma coisa hoje. Mas não lembro o que é. Acho que é o aniversário de alguém, mas, gozado, não lembro de quem.

Alice desce do meu colo mais tranquila, e corre até a cama e senta-se nas pernas de Peeta.

– É meu “anivesálio”, papai. – diz ela sorrindo.

– Ah, é mesmo. Como fui me esquecer? Minha princesinha está fazendo aniversário, não é?

– É. – responde ela balançando a cabeça uma vez.

– Puxa vida. E quantos anos você está fazendo mesmo? Fala pro papai esquecido. - Alice levanta dois dedinhos e mostra a Peeta. – Uau! Tudo isso já? Dois anos. Isso é muita coisa. Então, pequena Alice? O que você quer fazer primeiro no dia do seu aniversário?

– Hmm, “pesente”. – responde Alice eufórica.

– Presente? Mas já? Não. O presente vem depois. O presente é quaaaaase a última coisa. Vamos lá. Escolha outra coisa.

– Mas eu “quelo” o “pesente”. – insisti ela.

– Mas não vai ganhar agora. – responde Peeta no mesmo tom. – E se nós fizéssemos um piquenique na campina? O que acha?

– Ehhhhh. Vamos. – vibra ela pulando novamente.

– Então vai fazer xixi pra nós arrumarmos as coisas e tomar um café-da-manhã na campina. – falei.

– Tá. – ela responde pulando do colo de Peeta e indo para o banheiro. Ela fecha a porta atrás de si.

– Onde você escondeu o presente? – perguntei dobrando meu pijama.

– O presente? Você fala do presente de aniversário da Alice? – pergunta ele

– Sim, é claro.

– O presente que era pra eu ter comprado?

– Como assim era? – ele não responde apenas se levanta indo até o armário e pega uma camisa. Então me cai a ficha. – Peeta Mellark, você, por um acaso, não se esqueceu de comprar o presente de aniversário da nossa filha? Ou esqueceu?

– Bem... Sabe?... É que.... – não precisava terminar de ouvir a resposta.

– EU NÃO A-CRE-DI-TO!!! COMO VOCÊ FAZ ISSO, PEETA?

– É que eu fui adiando, adiando e adiando. E aí... Eu adiei até hoje. Mas eu vou comprar o presente. Não se preocupe.

– VAI COMPRAR QUANDO? NO ANIVERSÁRIO DO ANO QUE VEM?

– Por favor, pare de gritar. A Alice está logo ali no banheiro. Ela vai ouvir. Por que você não saiu pra comprar o presente?

– Eu ia, mas você disse: - engrossei um pouco a voz para imita-lo – “Deixa que eu compro o presente”. Então não me preocupei com isso.

– Você não me perguntou em nenhum dia se eu tinha comprado o presente.

– Porque eu confiei em você, Peeta. Por isso eu não perguntei.

– E agora, o que nós fazemos? – ele pergunta.

Alice sai do banheiro e pergunta:

– Por que a mamãe estava “gitando”?

– É que ela viu uma barata, filha. Foi por isso. – responde Peeta.

Ela corre pra cima da cama.

– Ai, papai. Uma “balata”. Mata ela. Mata papai. – grita ela pulando na cama.

– Tudo bem, Alice. Papai já matou a barata. Porque você não vai ao seu quarto escolher uma roupa bem bonita no seu armário? – pergunto.

– Tá. – ela desce da cama e corre até o quarto.

– Vamos fazer o seguinte: - começo – Você e Alice vão buscar os salgados da festa dela na padaria e eu vou na loja de brinquedos comprar o presente.

– Ok.

– Tenta dar uma enrolada lá, e me consegue mais tempo.

– Pode deixar.

Alice entra no quarto segurando uma camiseta amarela e uma calça jeans.

– Posso usar essa? – me pergunta ela.

– Claro. Você vai ficar linda. – respondo.

– Alice, não quer ir na padaria comigo pra buscar a comida pra sua festa de aniversário? – pergunta Peeta.

– E a mamãe? – ela pergunta.

– Mamãe vai no mercado comprar algumas coisas. – responde Peeta.

– Eu “quelo” ir com a mamãe. – diz ela.

Droga. Ela não rejeita um passeio com Peeta nunca, e quando preciso que ela fique com ele, ela não quer.

– Ah, tudo bem. – diz Peeta, eu olho pra ele fuzilando-o com os olhos, mas ele pisca um dos olhos pra mim e sorri. – Mas é uma pena. Eu ia convidar o Joe pra ir junto com a gente.

– O Joe?

– É.O Joe. Eu ia levar ele junto, mas como você não quer ir...

– Tá. Eu “quelo”. Vamos. – diz ela, puxando Peeta pela mão.

– Calma. Você fez xixi, mas o papai não. Por que não desce e assiste televisão enquanto sua mãe e eu nos arrumamos? – pergunta Peeta.

– Tá. – ela corre porta afora.

Fazemos nossa higiene, tomamos um banho, vestimos alguma roupa e descemos. Alice estava sentada, ou melhor, atirada no sofá assistindo algum desenho na televisão.

– Vamos trocar a roupa Alice? – pergunto a ela.

Ela pega a roupa que escolheu e subimos para eu poder arrumar ela. Em poucos minutos ela está pronta. Saímos e fomos na casa do Haymitch pegar o Joe. Peeta bate na porta e Haymitch atende.

– Olá crianças. – cumprimenta Haymitch.

Joe aparece pouco depois e grita ao ver Alice. Por que será que crianças gritam tanto? Eles vão brincar um pouco distantes de nós.

– Oi Haymitch. Precisamos do Joe emprestado. – falo indo direto ao assunto.

– Do meu filho? Mas por quê? – ele pergunta curioso.

– Porque este idiota aqui, - falo apontando pro Peeta – esqueceu de comprar o presente de aniversário da própria filha. E eu vou comprar agora. Mas preciso deixar ela com Peeta. E ela quer ir comigo. Por isso preciso do Joe. Ele precisa ir na padaria com o Peeta e a Alice.

– Sério? O Peeta esqueceu o presente da garota? –pergunta Haymitch gargalhando.

– Sim. – respondo – Ele só não esquece a cabeça porque está grudada no corpo.

Haymitch gargalhou mais alto ainda.

– Parabéns garoto, conseguiu fazer o impossível. Tudo bem levem ele. – ele foi até a ponta da sacada e gritou – JOE!!! VOCÊ VAI NA PADARIA COM O TIO PEETA E A ALICE.

O garoto correu até nós e Alice venho atrás.

– Que pai? – pergunta Joe ofegante.

– Eu disse que você vai na padaria com o Tio Peeta e a Alice. – respondeu Haymitch meio impaciente. Paciência nunca foi o ponto forte de Haymitch. Ele se abaixou e chamou Alice acenando com a mão, Alice foi até ele – Um passarinho me contou que alguém está de aniversário hoje.

– Sou eu, tio Hay. – responde Alice meio encabulada.

– Ah, eu sei. E é por isso que eu comprei um presente pra você, quer dizer, o Joe comprou.

– Ehhhhh. – fala Alice alegremente. – Cadê?

– O que? O presente? – pergunta Haymitch.

– É.

– Você só vai receber mais tarde, quando formos a sua festa de aniversário.

Alice bufa um pouco. Outra pessoa que é meio impaciente também. Eu também sou impaciente. Acho que o único que tem paciência aqui é Peeta e Effie.

– Ok, vamos logo. – falo apressando todo mundo. – Tchau Haymitch.

– Tchau docinho. Tchau filho. Tchau garoto. Tchau Alice. – se despede Haymitch.

Todos dizem tchau. Vamos até o carro, onde Joe vibra, não tem garoto que goste mais de um passeio de carro do que Joe. Peeta dirige até certo ponto onde eu digo para ele parar.

– Ok, eu vou sozinha a partir daqui.

– Tá, pegou dinheiro?

– Sim.

Eu já ia descer do carro, mas Peeta me chama.

– Amor.

– Que?

– Você não está braba comigo, né? – ele diz com voz de criança dengosa, eu olho para ele e ele está fazendo cara de cachorro arrependido.

Eu começo a rir.

– Não, eu não estou. Será que posso ir agora?

– Pode.

Eu já ia descer novamente, mas, novamente, Peeta me chama.

– Amor.

– O que é agora, Peeta?

– Não vai me dar nem um beijo? – ele faz de novo a cara de cão arrependido com a voz dengosa.

– Tá. – eu o beijo rapidamente. – Tchau. – desço do carro antes que Peeta me chame de novo. Fecho a porta e me viro e mais uma vez ouço sua voz.

– Amor.

– AI MEU DEUS, o que foi Peeta? – me viro.

– Eu te amo.

– Eu sei. Eu também te amo. Será que posso ir agora ou você tem mais alguma coisa pra declarar?

– Não, só isso. Tchau.

Não respondo. Apenas me viro e sigo caminhando até chegar na loja de brinquedos. Quando chego lá compro um kit de cozinhar de brinquedo que ela me pediu uma vez, quando fomos visitar a loja, ela abriu há poucos meses. Acho que ela vai ser cozinheira igual ao Peeta. Passo no caixa e já peço para embrulharem para mim. Volto para casa e abro a porta em silêncio, temendo que Peeta e Alice já tivessem voltado pra casa. Como noto que está tudo silencioso vou até o meu quarto e escondo o presente em cima do armário. Arrumo a cesta do piquenique com o nosso café-da-manhã. Eles chegam enquanto eu arrumava tudo.

– Oi mamãe. – fala Alice correndo até a cozinha.

– Oi. Você já está pronta para ir a campina? – pergunto.

– Siiiiiim. – responde ela entusiasmada.

Peeta chega com algumas caixas empilhadas na frente de seu corpo.

– Oi amor. – ele fala colocando as caixas em cima da mesa.

– Oi. – respondo.

– Você já arrumou a cesta?

– Sim.

– Conseguiu comprar o que tinha que comprar? – pergunta ele sussurrando, pois Alice estava perto de nós.

– Consegui. – respondo sussurrando também.

– Tudo bem. Vou colocar essas caixas na dispensa e pegar a toalha de piquenique. – fala ele abrindo a porta da dispensa e pegando as caixas novamente.

– Alice, não vai querer levar algum brinquedo na campina? – pergunto a ela, depois de terminar de fazer a cesta.

– Posso levar o Pat?

– Claro.

Ela corre escada acima. Peeta volta, fechando a porta atrás de si.

– Vamos?

– Espera. A Alice foi buscar o cachorro de pelúcia.

– Ah, tudo bem. – ele apoia os braços na mesa e depois de um tempo em silêncio ele volta a falar – Kat?

– Que? – falo dobrando a toalha e colocando dentro da cesta.

– Desculpa ter esquecido de comprar o presente. Desculpe mesmo. Você ainda está brava comigo?

– Não. – digo apoiando os braços na mesa e apoiando a cabeça em uma das mãos, olhando para a janela.

– Você está sim. Só está mentindo pra eu poder calar boca.

– Não estou mentindo coisa nenhuma. Se eu quisesse que você calasse a boca eu diria pra você calar.

– Então por que não está olhando pra mim?

– Porque não estou afim.

– Se você não está mais brava comigo então não tem problema nenhum de eu dar um beijo em você. – diz ele me abraçando por trás.

– Não estou com vontade de te beijar agora. – é a minha resposta. Porque eu tenho que ser tão infantil?

– Ah, é? Então vou ter que fazer isso pra ver você sorrindo de novo. – diz ele enquanto começa a fazer cócegas na minha barriga.

Eu começo a rir e me contorcer.

– Para, não faz isso. – digo rindo.

– Aí está o sorriso que eu queria ver. – me aproximo dele e o beijo. – E aí está o beijo que eu queria sentir.

– Onde Alice se meteu? Por que ela está demorando tanto? – pergunto me desvencilhando de seus braços e já indo em direção as escadas. Mas Alice desce correndo arrastando o Pat junto.

– Filha, por que demorou tanto? – pergunta Peeta segurando a cesta.

– Eu não estava achando o Pat, papai. – diz ela. Ela ergue o urso para Peeta e sorri – Mas já achei.

– Então acho que podemos ir. – digo indo em direção à porta.

– De carro? – pergunta Alice.

– Vamos caminhando, Maria Gasolina. – responde Peeta rindo e pegando sua mão.

Começamos a caminhar devagar para não cansar Alice. Mas ela se cansa da mesma forma.

– Ah pai, eu tô cansada. Me dá colo? – fala ela parando na frente de Peeta e erguendo os braços.

Peeta me passa a cesta e coloca Alice sentada em seus ombros. Em pouco tempo chegamos na campina. Fazemos o mesmo: estendemos a toalha e começamos a comer. Alice corre mais do que come.

– Alice. Pare de correr um minuto e senta para comer. – falo e ela obedece.

Depois que comemos eu a deixo correr, Peeta e eu a observamos enquanto conversamos.

– Ela está crescendo muito rápido. – comenta Peeta.

– Está mesmo. Já se passou mais um ano.

– Parece que foi ontem que trouxemos um pequeno embrulho cor de rosa pra nossa casa.

– Parece que foi ontem que eu acordava no meio da noite para amamenta-la.

– O tempo passa rápido demais. Queria que passasse mais lentamente. – reclama Peeta.

– Você tem razão. Daqui a pouco ela vai estar adolescente e vai nos apresentar seu primeiro namorado.

– O que? Que história é essa de namorado? Da onde você tirou isso? – fala Peeta desviando os olhos de Alice e olhando para mim.

– Ah, você sabe que um dia isso vai acontecer. Ela não vai ser criança para o resto da vida.

– Enquanto eu estiver vivo isso nunca vai acontecer.

– Ah, claro. Eu havia esquecido. Você vai coloca-la dentro de uma bolha e prende-la lá pro resto da vida. – falo rindo.

– De qualquer forma é muito cedo pra falar nisso, ela mal fez dois anos ainda e... ALICE, NÃO SE MEXA.

Peeta se levanta e sai correndo, eu me assusto e o sigo. Chegamos perto de uma árvore e Peeta olha para cima apavorado. Quando olho para cima vejo Alice sentada em um tronco lá em cima. Como ela conseguiu subir sozinha? Começo a rir pela reação de Peeta.

– Está achando isso engraçado? – pergunta Peeta irritado.

– Desculpa. – tento conter a risada.

– E se ela cair, hein? O que nós vamos fazer? – ele olha para cima e berra para Alice, que parece estar muito feliz lá em cima – ALICE, NÃO SE ATREVA A SAIR DESSE GALHO. EU VOU TE BUSCAR.

– Não, deixa que eu busco. Você não sabe subir em árvores. – digo já escalando a árvore.

Chego no galho e Alice me olha com um olhar divertido.

– Oi. – diz ela.

– Oi, eu sei que aqui em cima é muito legal, mas você vai ter que descer, pois seu pai está furioso.

– Ahhh. – diz ela decepcionada.

– Eu sei, eu sei. Eu também adoro subir em árvores, mas você vai ter que crescer antes de poder fazer isso sozinha. Agora vamos, antes que seu pai chame os bombeiros. – digo a puxando. – Se segura bem firme pra não cair. – Ela enrola os braços no meu pescoço e as pernas no meu corpo. Eu devo estar parecendo uma macaca carregando o filhote.

Eu começo a descer devagar só imaginando o tamanho da bronca que Peeta iria dar nela. Assim que chegamos em terra firme solto Alice no chão. Peeta se ajoelha e a puxa deixando ela de pé em sua frente. Ele segura seus dois braços enquanto grita:

– O QUE VOCÊ ESTAVA PENSANDO? POR QUE SUBIU NAQUELA ÁRVORE SOZINHA? É PERIGOSO. NUNCA, NUNCA, NUNCA MAIS FAÇA ISSO. ESTA ME ENTENDENDO?

Alice o olha assustada e com os olhos arregalados. Eu acho que olho da mesma forma, pois nunca vi Peeta gritar desta forma.

– “Descupa” – fala Alice antes de se desvencilhar das mãos de Peeta e correr chorando na minha direção. Eu apego no colo e ela me abraça.

– Por que ela está chorando? – pergunta Peeta.

– Porque você gritou com ela. – respondo simplesmente.

– Mas você grita o tempo todo com ela e ela não chora.

– Pois é. Ela está acostumada com meus gritos. Ela nunca te viu gritar antes. Me diga uma vez que você gritou com ela. – como ele não respondeu me viro e volto para a toalha estendida no meio da campina. Me sento com as pernas esticadas e coloco Alice sentada nas minhas pernas e a abraço. – Não chora meu amor. O papai ficou com medo, só isso. Ele não está bravo com você. Ele ficou com medo de você cair de cima da árvore.

Peeta volta com um punhado de amoras na mão.

– Olha o que eu encontrei. Você não quer Alice? – diz ele mais calmo, mas Alice continua com o rosto enterrado na minha camisa. Ela não está mais chorando, só está magoada.

Peeta coloca as amoras em cima da toalha e se senta.

– Tive uma ideia. – digo pegando uma das amoras. – Olha Alice. Quer me ver jogar a amora no papai e ele pegar com a boca?

Ela desenterra o rosto da minha camisa e observa eu jogar a amora e Peeta pega ela com a boca. Ele mastiga sorrindo e pisca um dos olhos para Alice.

– Quer tentar? – pergunto lhe oferecendo uma das amoras.

Ela pega a amora e Peeta abre a boca, ela joga alto demais. Peeta cai de costas no chão quando tenta pegar a amora. Começamos a rir.

– Quase acertou. – diz Peeta se sentando novamente. – Ah, você está rindo de mim, Alice? – ele se aproxima pegando Alice e deitando ela enquanto a enche de cócegas. – Pois saiba que quem ri por último ri melhor.

Alice se contorcia de tanto rir. Arrumamos nossas coisas e fomos embora, tínhamos uma festa para arrumar.

Arrumamos toda a cozinha, amarramos os balões, quer dizer, tentávamos amarrar os balões, porque Alice sempre pegava eles e saia correndo. Conseguimos arrumar tudo no final. Peeta colocou o bolo de fada no meio da mesa. Alice subiu em cadeira, olhando para o bolo de fada.

– Oba! Bolo de fada. – fala ela.

– Claro. Você não me pediu um bolo de fada? – pergunta Peeta.

– Siiiiiim. – diz ela descendo da cadeira.

– Ainda vou descobrir o segredo para fazer esses bolos com desenhos e bonequinhos. – digo.

– Ah, meu amor. Um padeiro nunca revela seus segredos. – fala ele.

Nos arrumamos e descemos já ouvindo a campainha tocar. Abrimos a porta nos dando de cara com Patrick, Diego, Brend e Lucy.

– Aêêêê!!!! –grita Patrick já entrando na casa – Com licença patrão. Mas cadê a aniversariante?

Alice desce as escadas correndo enquanto grita:

– PAT!!! PAT!!! PAT!!!

– ALI!!! ALI!!! ALI!!! – grita Patrick imitando Alice.

Alice pula no colo de Patrick.

Mais tarde chega Effie, Haymitch e Joe. Assim que eles entram eu pergunto.

– Mas por que vocês demoraram tanto?

– É que o porquinho do Joe, não queria tomar banho. – responde Haymitch.

– É coisa feia não tomar banho. – fala Alice para Joe, e eu vejo o garoto ficar corado.

Começamos todos a rir e Alice nos olha confusa sem saber que o motivo das risadas era ela.

O resto da festa foi normal. E estava tranquilo até Peeta ter a brilhante ideia de desamarrar os balões e dar para as crianças. Nem preciso dizer o barulho que elas fizeram estourando todos eles. A festa acabou tarde, Effie e Haymitch ficaram nos ajudando a limpar a cozinha. As crianças acabaram dormindo no sofá em meio aos presentes que Alice ganhou. Haymitch, Effie e Joe foram embora logo em seguida, enquanto eu levava Alice lá pra cima e Peeta arrumava a bagunça da sala. Fiquei observando um bom tempo Alice dormindo, até sentir Peeta me abraçando por trás e apoiando a cabeça no meu ombro.

– Mais um ano. – suspira ele.

– Mais um ano. – concordo.

Eu sei que ele não fala de Alice completando um ano. Mas sim de um ano sem Jogos Vorazes, sem Snow, sem medo. Mais um ano de paz e tranquilidade. E terá muitos mais anos assim pela frente. Anos de alegria prosperidade. Uma Panem pela qual todo mundo sonhou e que agora existe. Onde as pessoas vivem e não sobrevivem, uma Panem aonde a minha filha pode crescer em paz.

Sem se preocupar com a fome ou se vai ser sorteada para um Jogo idiota onde crianças matam umas as outras. Ela vai simplesmente viver. No sentido mais simples da palavra. Viver e ser feliz. Da mesma forma que seus pais estão fazendo agora.


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Notas finais do capítulo

Olha eu aqui de novo. Gostaram do capítulo? Nossa fofucha esta crescendo. Não esquecam de comentar. Até sábado que vem. Beijocas da Tia Rafú pra vocês!!! ;)



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