Equilíbrio escrita por Diane


Capítulo 8
Capitulo 8 - Reflexos e creme de amendoim.


Notas iniciais do capítulo

Gente só teve um comentário no último cap. To tão mal assim ?



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Layla e Vanessa voltaram para o quarto comigo. Uma atmosfera de drama inundou aquele quarto. Layla estava com os olhos inchados e chorava descontroladamente. Sinceramente não entendo por que todo esse drama, ninguém morreu. Já Vanessa estava soluçando e me olhando com um olhar acusador.

–--- Ninguém morreu ---- Esclareci para ver se elas paravam de chorar. Aquelas criaturas dramáticas ! Não entendo como alguém consegue chorar tanto.

Vanessa me encarou furiosamente.

–--- Mas poderia ter morrido.

Revirei os olhos.

–--- Mas ninguém morreu.

Layla não me encarava. Provavelmente estava se decidindo se eu sou ou não sou uma psicopata armada com katanas, ou se estava feliz por eu estar viva ou triste por eu quase produzir um dano sério ao seu vampirinho.

Nunca vou entender pessoas dramáticas.

É só você lutar de katanas para treinar um pouquinho ---- Embora tenha segunda intenções, tipo, humilhar publicamente o adversário ----e um bando de gente dramática aparece para chorar e dizer : Você quase matou ? Você quase morreu.

–--- Vanessa, posso te perguntar uma coisa ?

Ela me olhou feio.

–--- Sim ---- Ela falou com uma voz esganiçada.

–--- Então por que nas outras vezes, presumo, você não faz essa choradeira ?

Ela engoliu em seco.

–--- Por que nas outras vezes não é você.

Pisquei. Depois da frase fiquei até atordoada.

–--- O que te faz pensar que eu ia matar seu irmãozinho ?

–--- Por que você é você.

Layla aprecia mais confusa do que eu.

–--- Mas ela é ela ! ---- Layla falou enquanto balançava a cabeça.

–--- Lógico que ela é ela! ---- Vanessa retrucou.

–--- Por isso mesmo ela é ela.

Fiquei parada encarando as duas. Senti subitamente que meu cérebro não detectou nenhum sentido nessa conversa.

–--- Vamos voltar ao assunto das katanas por que eu sou eu e não vamos mais falar disso.

Vanessa e Layla pareceram ligeiramente decepcionadas pelo falo de não poderem mais discutirem sobre pronomes.

Cruzei as pernas e tentei me manter séria. O que é bem difícil na frente das duas.

–--- Você cortou o rosto do meu irmão ! ---- Vanessa acusou.

Respirei fundo. Se acalma Christine! pensei. Não há nada que me irrite mais do que pessoas burras.

–--- Só foi um arranhão e ele cortou meu pescoço, se acertasse uma artéria ---- Fiz um gesto com as mãos ---- Eu estaria no além. E, aliás, aquilo não deve ser tão raro, me diga Vanessa Kroell se seu irmão nunca se arranhou num dos treinos ?

Ela parou e encarou os pés. Provavelmente agora ela devia estar se perguntando por que estava chorando tanto. Bom, tenho certeza que jamais vou entender seres humanos, quanto mais vampiras ruivas loucas.

–--- Mas...mas ---- Ela parecia querer arranjar um motivo para continuar a me acusar.

Respirei fundo de novo. Deuses, daí-me paciência por que se me daí-me força eu mato uma criatura lerda hoje, pensei.

–--- O importante que eu não causei danos sérios ao belo rosto do seu irmão caso esteja preocupada com isso ---- Utilizei todo o meus estoque de irônia para pronunciar essa frase.

Um brilho malicioso surgiu nos olhos da criatura.

–--- Belo rosto ? Então você assume que meu irmão tem um belo rosto ?

–--- Cale a boca, Kroell.

Deitei na cama e ignorei as duas. Ah, eu nem tinha reparado que a cama estava inteira, provavelmente Ilithya fez alguma boa mágica para deixar o quarto em ordem, algum dia vou saber esse truque...

Tanto Layla como Vanessa continuaram me encarando como se eu fosse uma nova espécie em observação. Fechei os olhos e abri. E elas continuaram me encarando.

–--- Vocês estão tensas, que tal irem tomar um chá de camomila para ver de passa?

Assim que pude saí daquele quarto abafado. Deuses me livre, quanta gente dramática tem espalhada nesse mundo!

Fui ver como era o campo de treinamento. Vi muito pouco até agora, uma sala de aula com cristais, uma sala de treinamento com armas, o salão de entrada, uma biblioteca, os corredores, o refeitório e só.

Como não aguentava mais salas resolvi ir ver as florestas que rodeavam o campus. Tenho certeza que vocês me acham louca por ir numa floresta sozinha de tarde com o risco de escureces, mas depois de encarar uma cobra gigante ---- Embora tendo uma onça do meu lado ----, e pássaros psicóticos, acho que não tenho medo de mais nada...

Algumas árvores eram altas, mas não tão altas á ponto de cobrir o céu como a mata atlântica. Tinha espaços entre as árvores que permitiam a locomoção, nenhuma trilha praticamente.

Estranhamente desde criança sempre gostei de florestas, coisas naturais. Pela grossura do tronco daquelas árvores elas deveriam ter mais de três mil anos. Era estranho pensar que aquelas árvores estavam fixadas naquele solo á tempos, que um dia talvez alguém importante, um rei ou um faráo foi tirar um cochilo embaixo daqueles galhos.

Subitamente tropecei.

No meio de árvores grandes havia uma gruta e uma cachoeira pequena. A cachoeira era pequena, bem peguena e formava um pequeno lago de água transparente em que certas partes dava para ver as pedrinhas no fundo. A gruta era um amontoado de pedras com formato oco.

Assim que entrei na gruta vi que as pedras que a formavam eram recobertas de cristais no interior. Parecia que alguém arquitetara a aparência inteira do local. Os cristais eram de diversas cores, e reluziam ao luar.

Espera um pouco... Luar ?

Olhei para o céu. Minhas suspeitas foram confirmadas. Ele estava escuro e com um monte de constelações que eu jamais viria em Nova York.

Saí da gruta e me sentei num lugar em que poderia ver o céu. Sentei-me perto do pequeno lago e vi as constelações. Orion... Leão, Libra, Cão maior... Todas que já vi em fotos e figuras, mas nunca pessoalmente.

–--- Miau...

Olhei para o lado e vi a Idia. Não sei como essa gata aparece do nada, ó bichinho estranho.

–--- Idia, qualquer dia desses você ainda me mata do coração com seus aparecimentos repetinos.

Olhei para a água do laguinho. Estava tão transparente que dava para ver meu reflexo. Uma garota de cabelos cor de chocolate ao lado de uma gata Sianesa.

De repente o reflexo tremeluziu na luz do luar. Por um instante apareceu outra imagem.

Era uma garota um pouco mais velha do que eu, uns dezessete anos provavelmente. Usava uma armadura de prata que assim como as katanas na sua cintura reluziam ao luar. Ela era bonita, tinha cabelos cor de chocolate que esvoaçavam no vento e a pele era morena clara. Ao lado dela tinha uma onça de olhos azuis penetrantes, justamente ao seu lado de modo que Idia estava.

Tão rápido como apareceu a cena sumiu.

Olhei para Idia ao meu lado. Ela, felizmente, ainda era uma gata.

–--- Vamos sair daqui Iíí.

Saí de lá depressa, pensei que iria demorar para mim encontrar o caminho de volta por estar escuro, mas não foi bem assim. Só foi seguir meus instintos e pronto, já estava de volta ao campo de treinamento.

Ilithya estava sentada numa pedra grande com Raphael e outros professores que eu não conhecia por que tinha matado a aula deles. Pela primeira vez vi ela de bom humor, resolvi não estragar isso contando a ela o que tinha visto.

Fui para o meu quarto. Layla estava na porta me esperando com um ar inquisidor:

–--- Onde estava ?

Revirei os olhos.

–--- Dando umas voltinhas na floresta aqui perto.

Ela arregalou os olhos.

–--- Está louca? Lá deve ter tudo que é tipo de bicho : Urso, lobo e talvez até onça.

–--- Principalmente onças ---- Murmurei.

Layla se sobressaltou.

–--- O que ? Você viu uma onça ?

–--- Nada. Esquece. Agora é hora da janta, vamos pro refeitório ou vai me interrogar ainda mais?

Lá no refeitório, Layla cismou que queria sentar na mesma mesa que ficamos no café da manhã. Nada contra a mesa, é claro. Mas algo contra as pessoas que sentam lá.

Antes de sentar, ouvi que estavam falando de mim. Fiquei parada e imóvel para escutar.

–--- Como foi perder para uma garotinha Alec ? ---- Sam provocava.

Engoli um riso. Alec estava vermelho e nem tinha tocado no prato, aparentemente Sam conseguia fazer qualquer um perder a vontade de comer.

–--- Sam senti a mesma coisa que você sente quando perde toda vez para mim.

As orelhas de Sam ficaram vermelhas e Damien gargalhou.

–--- Não entendo homens, sempre discutindo sobre lutas ---- Vanessa resmungou enquanto comia brocolis.

–--- Né ---- Mary assentiu.

–--- Mas o fato é que a garota luta bem. Até superou Alec ---- Damien provocou.

Sam brincava de montar objetos com os garfos da mesa. Provavelmente essa criatura é hipertativa.

–--- Luta bem e é bonita. Raridade hoje em dia.

Alec riu.

–--- Se ela ouvisse o que você está dizendo... Ela arrancaria seus dentes fora ---- Então ele ergueu os olhos e me viu parada atrás de Sam.

Sam gaguejou:

–--- Ela não está aqui... está?

Gargalhei.

–--- Estou sim.

Me sentei na mesa junto de Layla.

–--- Você é impossível ---- Layla murmurou ---- O pobre garoto está vermelho.

De fato, agora não eram só as orelhas que estavam vermelhas, era a cara inteira. Ao lado dele Mary cochichava algo para Vanessa e Damien e Alec riam da cara dele.

–--- Sam parece que você vai entrar em combustão espontânea ---- Avisei ainda rindo dele. Ah, sei que é maldade rir da cara do garoto mas como sou maldosa, está tudo ok.

–--- Odeio ter que concordar com ela mas é verdade ---- Vanessa falou abafando o riso

–--- Vocês são terríveis ---- Ele falou com a cara ainda vermelha.

–--- Hum, bem feito, falando sobre garotas inocentes pelas costas ---- Falei ainda rindo. Quase me engasguei com o purê.

–--- Garotas inocentes? ---- Alec riu ---- Você nunca foi santa Christine.

Aquilo deve ter relembrado a Vanessa sobre alguns casos por que ela começou a listar.

–--- Inocente ... você? Nunca. Desde pequena você era insuportável. Jogava pó de mico nos meus sutians quando tinha doze anos.. Já colocou aranhas no meu travesseiro e baratas na caixa d' água lá de casa. Já colocou água oxigenada nos meus shampoos. Sabe como é aterrorizante lavar o cabelo e ele ficar branco ?

–--- Olha, eu não prefiro saber. Mas tenho ideia de como seja já que naquela vez você gritou tanto que até os vizinhos ligaram para a policia pensando que estavam te agredindo.

Mary estremeceu.

–--- Nossa. Você parece... tão... legal. Não acredito que você seja capaz de fazer isso.

Viram? Ainda tem pessoas que acreditam, na minha bondade.

–--- Obrigado pelo voto de confiança Mary.

–--- Pobrezinha, não te conhece ainda ---- Vanessa rosnou.

Ri da cara de Vanessa.

–--- Você está rosnando igual ao ´Presidente Au-au.

Vanessa resolveu bancar a Charlotte, só que dessa vez não tinha ovos. Então ela improvisou. Tirou das mãos de Sam uma escada feita de garfos grudados por creme de amendoim e lançou na minha direção.

Só que ela subestimou a minha capacidade de desviar de objetos voadores ---- Tenho muita experiência nisso.

–--- Argh! O que é isso?

O objeto acertou alguém atrás de nós. O grito era um tanto...familiar.

Me virei e deparei com uma cena hilária.

Ilithya estava lá. Só que estava com garfos presos no cabelo e com creme de amendoim na cara. Nesses momentos eu adoraria ter uma câmera para fotografar.

–--- Tia ? ---- Alec perguntou tentando disfarçar o riso.

Ilithya estava encarando eu e Vanessa furiosamente. É bem provável que ela nos transforme em camundongos depois dessa.

–--- Vocês duas para a minha sala agora ---- Ela gritou.

–--- Sinceramente espero que creme de amendoim seja bom para a pele ---- Alec falou baixinho enquanto ria.

Ilithya olhou para ele.

–--- Você também.

Alec se assustou. Haha se ferrou idiota, pensei.

–--- Eu? Mas eu não joguei nada em você.

Ilithya sorriu de um modo ameaçador.

–--- Ah, eu só quero lhe mostrar se creme de amendoim faz bem para a pele.


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