Equilíbrio escrita por Diane


Capítulo 7
Capitulo 7 - Brincando com lâminas




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–---O QUE VOCÊS FIZERAM COM MEU QUARTO ?

Suspirei e coloquei os pés na cabeceira da cama.

–--- Fizemos o que você está vendo. Destruímos o quarto, bastante obvio, não ? Mas caso queira saber como foi o procedimento de destruição posso descreve-lo com o maior prazer. Primeiramente, destruí os travesseiros na cabeça do seu irmão, que por acaso estava na minha cama. Digo que você tem que disciplinar aquela criatura, mas isso não vem ao caso. Continuando; acho que um dos travesseiros era o seu de penas de ganso, não fique nervosa, por favor ---- Sorri irônicamente enquanto disse isso---- Ah, tenho certeza que sou muito forte, me desculpe, mas quebrei a cama com as pancadas dos travesseiros. A beliche caiu e voou algumas madeiras pelo quarto inteiro. Nada demais.

A menina explodiu. Começou a berrar ----Me xingando, é claro ----. Ficou mais nervosa do que quando coloquei creme de barbear num chapéu de moda dela ---- Longa história, nem queiram saber---, o que foi um avanço nos meus recordes de irritar ruivas irritantantes.

Ela ficou tão descontrolada que tentou me agredir. Pegou uma bolsinha de maquiagem e voou na minha direção.

Me virei para Layla com a maior cara de anjo do mundo:

–--- Será que expliquei tão mal que a deixei nervosa?

–--- Ela vai tentar te matar ---- Alertou Layla.

–--- Falou bem, ela vai tentar.

Assim que falei isso, Vanessa tropeçou numa madeira no chão e a bolsa rodopiou no ar despejando vários itens de maquiagem e beleza na cabeça dela. Bom, antes dela tentar me matar ela se mata antes.

–--- Layla, você está vendo. Eu não estou agredindo ela, ela que está se agredindo.

Layla revirou os olhos.

–--- Você é impossível, Chris.

–--- Por que sempre escuto isso?

A porta se abriu de novo, felizmente não era outra vampira ruiva louca. Era Ilithya, ela estava do lado de um moço que aparentava ter uns vinte anos que segurava um saco de pancada. Espera aí, esse é meu saco de pancadas.

–-- Ahn ---- Ilithya parecia aterrorizada pela destruição do quarto ---- Bem, acho que devemos voltar outra hora.

Fiz o sinal de não com as mãos.

–---Ilithya está tudo bem... É só Vanessa que resolveu ... bem, mergulhar em uma pilha de madeira, nada mais.

O pobre moço que segurava o saco de pancada parecia meio atordoado. Ele tinha olhos caramelo e pele morena. Parecia estranhamente familiar, do mesmo modo que me senti quando vi Ilithya pela primeira vez.

–--- Mio Dios. É igualzinha á mãe ---- Ele murmurou enquanto me entregava o saco de pancada.

Pisquei.

–--- Sério ? Minha mãe também tem essa tendência á destruição ?

Ilithya me ignorou mas murmurou :

–--- Aparência, igual ao pai, mas tão sínica e destruidora quanto a mãe.

Vanessa ainda estava com a cara na madeira, literalmente. Não entendo a dificuldade da criatura para simplesmente levantar. Ahn, é, tem uma farpa na perna dela. E ta sangrando. Hum... Não sabia que vampiros sangravam.

–--- TIA ! ME SOCORRE! TRANSFORME ESSE SER DIABÓLICO EM UM RATO DE LABORATÓRIO !

Tipico de Vanessa Kroell, escandalosa. Tia? Bom, essa não estou sabendo.

–--- Como você pode ser tia dela se você é feiticeira e ela vam... --- Layla começou a perguntar mas foi interrompida.

–--- QUE SE DANE A GENÉTICA ! ISSO NÃO É MOMENTO PARA DISCUTIR HERANÇAS FAMILIARES!

Tentem adivinhar quem berrou? Vanessa Kroell! Sinceramente, essa criatura não sabe falar normalmente?

Ilithya andou calmamente até a criatura. Se é tia dela provavelmente deve conhecer os xiliques dela. Era só uma farpinha, nada mais, mas é claro, ela tem que berrar. Se as coisas continuarem nesse ritmo, os chineses vão fazer uma ligação nos mandando calar a boca.

Depois de uns minutos as coisas milagrosamente se acalmaram, o moço consegui prender meu saco de pancadas na parede sem que ele caísse no sue pé, e Ilithya conseguiu acalmar a criatura ruiva e tirar a farpa da perna dela, só depois de muitos berros, xingamentos e um sapato de salto voador ---- Nem queiram saber.

–--- Raphael ---- Provavelmente esse deveria ser o nome do moço ---- Vamos, acabou nosso trabalho aqui ----Ilithya falou olhando satisfeita para um saco de pancada preso ao teto e uma vampira histérica dormindo.

Só foi ela falar isso que o saco de pancada caiu juntamente com um pedaço do teto.

A próxima aula era sobre artes de defesa pessoal.

Assim que cheguei na sala descobri que era a melhor aula que eu poderia ter na minha vida. Sobre estantes na parede estavam facas, maças, arcos, adagas e vários tipos de espadas todas elas reluzindo em metais preciosos. A outra coisa que era diferente nessa aula era que ela era dividida por faixa de idade não em espécie ( assim que se fala para se referir a seres sobrenaturais?)

O professor era Raphael. Assim que entrei na sala ele recuou. Coitado, deve ter tido uma má impressão de mim, provavelmente pensa que sou uma psicopata destruídora de quartos.

A maioria dos feiticeiros não ligou muito para a aula, preferiram jogar faíscas no teto. E de fato o professor dava mais atenção os vampiros, que pareciam ter mais dom para manusear armas.

Não tive o menor interesse em perder meu tempo jogando faíscas ao teto. Para falar a verdade nem sei fazer faíscas, quanto muito joga-las no teto. Me aproximei de um balcão que tinha várias armas. Era uma mais esplêndida do que a outra. Facas de prata pura, espadas imensas, escudos circulares e com brasões desenhados.

–--- Gosta de punhais ? Normalmente os raros feiticeiros que lutam preferem eles. ---- Ouvi Raphael falar.

Não foram os punhais que me chamaram a atenção, de fato eles eram belas armas mas duvido muito que fossem mortais.O que me chamou a atenção foram duas katanas. Feitas de prata e com uma pedra preta entalhada no punho. Não era uma arma decorativa. Eram reais. Eram letais. Não respondi, apenas peguei as katanas e as analisei. Sobre a luz do sol vinda das janelas as lâminas reluziram em dourado.

–--- Olhe não acho que seja uma arma...

–--- Adequada para uma feiticeira ?–--- O interrompi.

Por um momento ele ficou nervoso como se lembrasse de algo não muito agradável.

–--- Se algo acontecer a você enquanto brinca com lâminas, eu e Ilithya seremos responsabilizados..

Lancei o meu melhor olhar desafiador que é capaz de tirar até um monge do sério.

–--- Eu não sou uma adolescente inconsequente que brinca com lâminas.

Provavelmente consegui que mais um professor ficasse irritado comigo. As vezes penso que tenho um dom especial para irritar professores...

–--- Ótimo. Então prove ! ---- Ele pegou o um livro na estante e jogou no ar na minha direção. Graças ao meu reflexo rápido evitei de quebrar o nariz e peguei livro no ar.

Katanas, esse era o titulo que estava escrito em letras decoradas e com um leve toque de caligrafia oriental. A capa era grossa e de couro, e só para constar o livro era pesado. Teria feito um belo estrago se eu não tivesse um bons reflexos. " Eu e Ilithya seremos responsabilizados" Como será que eu diria para minha mãe : Oi mãe, o professor de artes de defesa, provavelmente um conhecido seu, arremessou um livro na minha cara.


Esfolheei o livro. Tinha uma explicação sobre o formato de katanas, o que seria útil se eu não estivesse vendo duas na minha frente. Também tinha uma sequencia de movimentos que me pareceu muito inútil. Ah, sinceramente, numa luta de vida ou morte nunca vi ninguém fazer movimentos teatrais com a espada.

–--- Inútil ---- Joguei o livro de volta para ele. Infelizmente ele também tem um bom reflexo ---- Me seria muito útil se fosse para fazer um kata , mas já fiz katas demais no karate. Eu quero lutar com essas espadas, não fazer movimentos bonitinhos.

Ele ficou indignado. Provavelmente fui a única pessoa no século a contestar os movimentos de katana tradicionais.

–--- Alec venha cá ensinar á ela como manusear uma espada ---- Ele gritou. Uma coisa bem típica dos professores, quererem se livrar dos alunos colocando a responsabilidade de ensinar encima de outro.

Alec estava vindo. Não me parecia muito agradável pedir ajuda á ele. Olhei ao redor procurando Layla, só para certificar que ela não faria nenhum vexame, mas felizmente ela estava aprendendo a jogar faíscas no teto com Damien enquanto conversava com Mary.

–--- Acho que você é o professor não ele ---- Apontei para Alec.

Raphael fez cara feia. Por um momento quase pude escutar o que eles estava pensando " Garota arrogante, essa daí se acha"

–--- Ele é meu melhor aluno ---- Raphael falou e saiu de perto.

Alec estava sorridente, era uma excelente forma de se vingar de mim, concluí. Por um momento pensei em deixar a katana cair sem querer encima do pé dele, um errinho comum de alguém que ainda não sabe manusear espadas ...

–--- Nem tente soltar a espada ---- Ele avisou.

Revirei os olhos.

–--- Já te contei que te acho uma praga ?

–--- Já. Mas " a praga" é o melhor aluno em manuseio de lâminas dessa escola e você não sabe nem mover um punhal sem se cortar.

Senti meu sangue esquentar de raiva. Aquela criatura irritante, sempre arrogante e se achando o melhor em tudo, se achando superior á mim... Pobre iludido.

–--- Você era o melhor. Agora cheguei aqui ---- Falei quase rindo.

Conhecia aquela criatura desde criança, ou melhor, fui obrigada a suporta-lo desde aquela idade. Sabia que era orgulhoso e queria ser melhor em tudo. No fundo no fundo também sou assim, orgulhosa.

Flashback

Christine estava sentada na praia junto a mãe quando lhe ocorreu uma ideia.

–--- Mãe, o que você acha do karate ?

Elise ficou um pouco pensativa como se lembrasse de um tempo distante.

–--- Já pratiquei quando era mais nova. Eu gosto, por que ?

–--- Já viu que abriram uma nova acadêmia de artes marciais ?

Christine sabia ser insistente. E era terrivelmente insistente. Até sua mãe não a levar na acadêmia de artes marciais ela não parava de reclamar e resmungar.

Mas enfim, a insistência teve exito. A acadêmia era grande. Com porta de bambu e escritas japonesas na parede da entrada. Parecia antiga, do tempo dos samurais. Se não fosse as luzes elétricas reluzindo no interior do local, poderia jurar que aquilo era um terreno histórico do japão que fora preservado.

Sua mãe entrou lá com sua típica postura autoritária. Alguns alunos saindo de uma das salas murmurou : - Gostosa !. Era uma praguinha de uns quinze anos. Elise escutou. Os olhos dela faiscaram como prata.


–--- O que você disse ? ---- Ela perguntou secamente.

O serzinho teve a audácia de responder. Era um garoto magrelo, porém alto, do tipo vândalos com o cabelo parecendo chettos espirrado. Parecia de se sentir o todo poderoso já que praticava artes marciais. Provavelmente era o tipo de moleque que achava que poderia desafiar qualquer um e que poderia bater em todos. Deveria ver Elise como uma mulher bonita com uma força inferior.

–--- Gostosa !

Num movimento rápido demais para os olhos captarem o que aconteceu o garoto foi lançado á um metro e meio de distancia, ele caiu de joelhos com a mão entre o meio das pernas e gritou alto suficiente para a china inteira ouvir o berro.

–--- A primeira coisa que se aprende no karate é respeito. Se seu mestre não o ensinou. Eu o ensino agora.

Esse daí não vai ter filhos, Christine observou com uma satisfação cruel. A menina soltou uma leve risada e continuou a caminhar com sua mãe que murmurava ; ---- O que ensina nessas acadêmias atualmente ? Respeito. Não.

Mas mesmo assim, ela parecia satisfeita. Quase matar um moleque impertinente com um chute deve ter aumento a auto estima dela.

Lá dentro um velhinho que aparentava ter 1000 anos os recebeu. Christine se perguntou por que todo mestre de karate precisava ser velho e japonês. Não era o tipo de mestre que tinha alunos igual aos da entrada. Mas era difícil imaginar ele lutando, era tão velho e magricela que qualquer um ,até Christine com a força de uma menina de onze anos. poderia derruba-lo.

–--- Você é o senhor Nakamura? ---- Elise perguntou.

O velho assentiu.

–--- Gostaria que minha filha fosse treinada aqui.

O velho, senhor Nakamura, observou Christine. Ela uma menina de estatura normal. Rosto um tanto angelical mas tinha um olhar um tanto irônico e travesso. Certamente, parecia o tipo de criança que coloca creme de barbear em chapéus por aí.

–--- Aqui só treinamos garotos ---- O velho falou secamente.

Christine piscou ofendida.

–--- Ah, garotos com excelente educação ---- Elise falou irônica ---- Me chamaram de gostosa na entrada. Não sei o que você ensina á aqueles serizinhos, mas respeito não é.

O velho fechou os olhos de pesar.

–--- A juventude esses dias é uma lástima. Eu os ensino, mas não querem aprender.

Elise se controlou para não falar palavras mal-educadas ao velho.

–--- Dê-me um bom motivo para minha filha não poder participar dessas aulas.

–--- Ela é menina. Meninas são frágeis.

Elise revirou os olhos, uma mania que Christine herdou da mãe.

–--- Eu sou uma mulher. Frágil segundo você. Mas se você quiser ver o que um " ser fragil" fez com seu "forte aluno" sinta-se á vontade.

O velho se sentiu ofendido. Do mesmo jeito que velhos teimosos se sentem quando contestados.

–--- Ela vai participar de um treino. Um único treino para provar o seu valor.

Duas semanas se passaram. Christine olhava satisfeita para o seu reflexo com kimono. A faixa era branca... ainda.

Quando entraram na acadêmia pela segunda vez, os moleques olharam para Elise com um certo respeito e medo, provavelmente os boatos do chute haviam se espalhado pelo local.

O treino foi cansativo. O velho sensei resolveu castigar pela provocação. Exigiu o treino máximo. Christine ficou exausta e irritada, não tinha muito condicionamento físico e muito menos anos de treinamento. Mas não, ela era teimosa. Não iria desistir mesmo que estivesse cansada ao máximo.

Finalmente o treino acabou. Christine nem conseguia mais sentir suas pernas e estava com falta de ar. Simplesmente desmoronou numa cadeira.

–--- Você pode ficar. Você é persistente, não desiste.

Passaram-se meses. Christine adquiriu pratica, força, agilidade. Entre todos da sua idade ela era a melhor. A melhor. A mais rápida, á mais forte. Isso era bom.

–--- Aonde tem uma acadêmia de karate aqui perto ? ---- A voz do menino tirou a dos seus pensamentos.

Alec estava sentado perguntando isso para sua mãe. Christine nunca entendeu o por que da sua mãe gostar tanto de Alecxander e Vanessa. Então subitamente ela se alarmou. Aquela criatura falou de acadêmias de artes marciais.

–--- Tem uma da Rua forth ---- Sua mãe falou. Aquela besta, dando informações á aquela criatura.

–--- Por que ?---- Christine perguntou.

–--- Antes eu praticava Wushu, não quero parar de treinar.

Surpreendentemente aquela criatura sabia lutar. Era rápido, muito rápido. Parecia que treinava á séculos. Pouco á pouco foi tomando o lugar de Christine.

A gota d'água foi uma corrida. Simples competição de quem era mais rápido. Christine sempre foi perita nelas. Sempre ganhava.

Mas dessa vez não.

–--- Isso é injusto. ---- Christine falou olhando seriamente para a mãe.

Elise parecia desligada na conversa enquanto lia um livro imenso.

–--- O que ?

–--- É injusto eu ter passado os últimos meses fazendo o melhor de mim, ter demorado meses para adquirir respeito, fazendo o máximo para ser realmente boa e esse serzinho aparece e num único dia me supera. ---- Nessa altura Christine já estava arranhando a almofada de raiva

–--- É injusto, plenamente injusto ...

Sorri.

–--- Agora eu posso me vingar.

Ele franziu as sobrancelha, provavelmente não entendeu.

–--- Se vingar do que ?

–--- Lembra-se de quando tínhamos doze anos ? Lembra-se que eu praticava karate ? Lembra-se dos campeonatos que você pegou o primeiro lugar?

Ele sorriu descaradamente.

–--- Claro que lembro. Bom, mas você não sabe nada sobre esgrima, luta com lâminas ou qualquer coisa. É impossível você me superar. É apenas uma bruxinha brincando com lâminas ---- Ela falou mas não parecia estar seguro disso.

Gargalhei.

–--- Tem certeza disso, vampirinho ?

Ele fez um movimento tão rápido com a espada que nem percebi, para falar a verdade nem tinha percebido que ele estava segurando uma espada. Em menos de um segundo tinha uma espada pressionada contra meu pescoço.

–--- O que é isso ... ---- Praticamente rosnei.

Senti um filete de sangue escorrer pelo meu pescoço. Discretamente procurei as katanas no balcão. Quando fixei minha mão nos punhos das espadas senti uma onda de força percorrer meu corpo.

Girei a katana esquerda com força e a bati no punho da espada que estava pressionada no meu pescoço. A espada caiu da mão dele produzindo um eco no chão.

Inclinei a katana na direção do rosto dele provocando um arranhão e a girei na direção do seu pescoço. Não sei como, mas a criatura conseguiu pegar a espada dele e interceptar meu golpe, talvez se ele tão tivesse feito isso, ele estaria nesse momento com um belo corte do pescoço.

Ele empurrou a espada para contra a katana. Ouvi um som de metal se chocando estalando pela sala. Acho que aquilo chamou a atenção de todos.Ele aproveitou o momento que fiquei distraída e tentou atacar pela esquerda.

Recuei para trás e travei a espada com uma katana.

Desta vez o barulho do choque das espadas foi tão alto que senti meu ouvido doer.

Nada melhor do que a possibilidade de ser fatiada para melhorar os reflexos de alguém. Era incrivél como eu conseguia interceptar todos os golpes. Aquilo era estranho. Aquela era a primeira vez na minha vida em que eu segurava uma katana, mas eu sabia todos os movimentos e o que fazer sem pensar. Resolvi não reclamar, se não tivesse esse som nato e um bom reflexo eu estaria fatiada.

Bati o punho da espada novamente com a katana. A espada caiu no chão. Novamente um som alto ecoou pelo recanto. Mas dessa vez fui rápida. Não dei a mínima oportunidade dele pegar a espada, quando ele se inclinou para pegar a espada, chutei seu peito.

Ouvi de novo um barulho de choque, mas dessa vez era do corpo dele se chocando contra a parede.

Encostei uma lâmina no seu pescoço e a outra apontei para seu peito.

Sorri satisfeita. Por um momento me perguntei se era assim que lobos, leões ou jaguares se sentiam guando prendiam uma prese sabendo que ela não tinha escapatória. Pisquei para afastar esse pensamento mórbido;

Ele estava nervoso. É de se imaginar que a maioria das pessoas ficassem assustados ou talvez, até, com medo. Mas ele não. Os olhos estavam mais escurecidos que o normal. Raiva. Pela primeira vez reparei nele desde que entrei na escola. Era estranho como ele ainda parecia o mesmo, o mesmo olhos negros, a pele branca. Olhei para a lâmina apontada para seu pescoço e notei uma diferença. Uma cicatriz. Longa e clara, difícil de ver. Não era uma dessas cicatrizes tortas, era reta e fina, possivelmente produzida por uma lâmina fina, um punhal talvez. Era uma cicatriz antiga, que era impossível ter sido feita nos últimos dois anos que não o vi. Provavelmente tinha a cicatriz muito tempo atrás, e eu nunca vi, o que era estranho pois sempre reparo em tudo. Não, ele sempre tivera aquela cicatriz mas disfarçava, e agora se sentia a vontade para mostra-la, concluí. Estranhamente ver aquilo tirou parte da minha vontade de corta-lo.

Me aproximei dele.

–--- Creio que não sou apenas uma bruxinha brincando com lâminas.

Eu me afastei dele e o soltei antes que fizesse uma besteira.

–--- Chris! Alec!

Layla veio correndo na minha direção e Vanessa vinha atrás dela. Olhei envolta. Todos estavam parados nós encarando atônitos, até os feiticeiros tinham parado de jogar faíscas no teto, certamente isso era mais interessante. Raphael estava com cara de quem ia relatar o ocorrido para a minha mãe.

Layla me abraçou. Quase esmagou minhas costelas para dizer a verdade.

–--- Pensei que você ia mata-lo. Ou ele te matar ... ---- Ela soluçou.

–--- Também pensei isso.

Assim que a soltei percebi que Vanesa estava abraçada ao irmão e chorava. Vish, aterrorizei a pobre água viva ruiva. Layla provavelmente queria abraçar ele, mas resolveu não fazer nada pois eu estava perto.

Saí daquela sala antes que acontece-se mais alguma coisa.


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