Surviving to Hell escrita por Alexyana


Capítulo 10
Mire e atire


Notas iniciais do capítulo

Vim mais cedo, aleluia! Primeiramente olá, como vão? Enfim, eu escrevi esse capítulo hoje e estava ansiosa para postar, então desculpem se houver algum erro. Me avisem se ver algum, também. Nesse capítulo eu não pulei nenhum período de tempo, como costumo fazer em outros. Eu particularmente adorei ele, espero que vocês gostem também.



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— Mãe, você viu minha faca? — pergunto entrando na cozinha onde ela e Carol estão começando a preparar o jantar. — Desde que cheguei aqui não a vejo.

Depois de nos apresentarmos, Carl foi atrás de seu pai, deixando-me sozinha e sem nada para fazer.

— Você não vai precisar dela aqui — mamãe responde calmamente, cortando algumas cenouras. É uma cena realmente estranha, já que antes ela raramente cozinhava, e agora com o apocalipse resolveu se tornar a dona de casa que nunca foi.

— Mas você a viu? — insisto. Ela demora um tempo para responder, mas finalmente suspira derrotada. Larga a faca que estava usando ao lado das cenouras e limpa as mãos no pano de prato.

— Você dá conta de tudo? — mamãe questiona, e Carol apenas concorda com a cabeça, com um leve sorriso.

Mamãe sai pela porta da cozinha, comigo ao seu encalço. Caminho atrás dela pelo gramado em frente da casa, seguindo-a até nossa barraca, que Rick fez questão de montar hoje de manhã.

Vejo o homem da besta em frente à sua própria barraca, fazendo flechas novas de madeira para sua arma. Ele não se dá ao trabalho de sequer levantar o olhar em nossa direção, o que me faz achar que ele não gosta de ser incomodado.

— Cuidado com isso. Use somente se necessário — Mamãe sai da barraca e me oferece o coldre de couro. Seu semblante está preocupado, mas há um pequeno sorriso no canto de sua boca.

— Ok. — Pego o coldre em minhas mãos. Mamãe beija minha testa, lançando-me um olhar carinhoso antes de se virar e voltar para a cozinha novamente.

Olho em volta e vejo papai de vigia em cima do trailer. Ele está sentado de costas para mim numa cadeira de praia e com um rifle encostado ao seu lado.

Ando na direção do trailer, passando pelo cara da besta em frente à barraca, que continua concentrado em seu trabalho.

Subo pela pequena escada na lateral do automóvel com cerca dificuldade. Finalmente consigo ficar em pé no teto amarelado, e Shane me olha surpreso, provavelmente não esperando minha presença.

— Oi pai — digo um tanto receosa. Ele sorri, o que me surpreende, já que nesse tempo que estou aqui ele pareceu tão bravo e sério.

— Como vai, Bulldog? — Sorrio abertamente ao ouvir o apelido que ele me deu quando era menor. Uma referência ao The Georgia Bulldogs, time que eu torcia quando era menor.

Ele indica a cadeira de praia verde ao lado dele, em um convite. Sento-me nela, com o coldre ainda em minhas mãos. Encaro o céu azul e límpido, com poucas nuvens. O Sol da tarde está quente, e é agradável a sensação dele batendo contra meu rosto.

Ficamos em um silêncio confortável, ambos apenas aproveitando a companhia um do outro e curtindo o Sol. Ele observa tudo atentamente, como um ótimo vigia. Fico vasculhando minha mente à procura de um assunto bom o suficiente, mas todos que penso envolvem a mesma pergunta: “Por que você não me procurou?” e ela me parece pesada demais para um dia como esse.

— Você tem uma arma? — papai quebra o silêncio, encarando o objeto em minhas mãos. Olho para o coldre também, erguendo-o levemente, como se deixando claro que é uma arma. — Uma arma de verdade.

— Ham, não. Mamãe não deixa — respondo, preferindo omitir a parte que eu também não gosto muito delas.

— Você sabe atirar?

— Não muito bem — respondo essa com sinceridade, me lembrando do fracasso que foi tentar atirar nos infectados na casa de vovó.

— Quer aprender? — pergunta, dessa vez um tanto animado e com um sorriso torto do rosto. Sorrio também, da forma como fazíamos quando íamos fazer algo que mamãe considerava errado, como comer sorvete antes do almoço.

— Claro.

Descemos do trailer, e fico feliz por papai não oferecer ajuda. Ele sempre deixava claro que me achava independente o suficiente, e por isso sempre nos demos

— Ei, pode cobrir meu turno? — Shane pergunta para Andrea, que estava vindo em nossa direção. Ela concorda com a cabeça, me lançando um olhar que não consegui entender.

Andamos até sua barraca, que fica longe da minha e de mamãe. Ele entra e sai rapidamente, dessa vez segurando uma bolsa preta da polícia.

— Aonde vamos treinar? — pergunto. Não parece seguro fazer uma aula de tiro perto da casa.

— Floresta — papai diz, jogando a mochila em suas costas.

Algumas pessoas nos encaram, como Lori e o senhor de chapéu, mas papai parece não se importar com os olhares deles.

Tento controlar minha animação, evitando pular nos meus próprios pés durante o percurso até a floresta, o que é difícil.

Shane coloca latas de alumínio estrategicamente em lugares da cerca, como alvos. Ficamos em uma distância razoável da casa, mas ainda posso vê-la.

— Pronta?

— Sim. — O nervosismo que não senti durante todo o percurso me atinge de repente, fazendo com que meus joelhos fraquejem. Não seja maricas, Emma.

Ele pega uma pistola média, igual à de mamãe, e me entrega. O peso da arma intimidadora me pega de surpresa, e o material gelado entra em contato com minhas mãos úmidas.

— Primeiro: relaxe — ele diz calmo, claramente vendo meu nervosismo. Respiro fundo, me acalmando. — Como você ainda é iniciante, aconselho segurá-la com as duas mãos. Assim. — Ele demonstra o jeito certo, com minha mão direita segurando efetivamente a arma e a esquerda apenas de apoio.

— Os pés devem estar abertos na largura dos ombros, com o pé esquerdo um passo à frente do outro pé. Corpo reto, levemente curvado para frente, mantendo o equilíbrio — ele orienta, me ajudando nas coisas que não consigo fazer.

— Agora mire na lata em sua frente — ele diz após eu estar na posição correta. — Destrave a arma. — Olho para a lata de milho a alguns metros de distância, me concentrando nela. — Respire fundo e aperte o gatilho.

Puxo o oxigênio para meus pulmões, e solto metade do ar. Aberto o gatilho, e o barulho alto do tiro ressoa em meio aos barulhos da floresta. O tiro passou longe, mas mesmo assim papai sorri para mim.

— Está indo bem, precisa apenas flexionar um pouco o braço esquerdo — indica, tocando no meu braço para ajudar na tarefa.

Atiro mais algumas vezes, e depois de cinco tentativas finalmente consigo acertar o alvo. Comemoro alegremente, e não controlo o impulso de abraçar papai. Ele também está feliz, talvez por sua aluna finalmente ter conseguido ouvir suas orientações.

— Ferrou — papai pragueja, olhando algo atrás de mim. Viro-me para ver o que ele estava encarando, e encontro uma Maddison incrivelmente brava vindo em nossa direção.

— Você está louco?! Como pôde pegar minha filha assim, sem nem me avisar? Ainda mais para uma aula de tiro no meio da floresta! — mamãe grita para papai, o ódio claro nos olhos verdes.

— Acalme-se, Maddison — Shane diz com a voz controlada. — Ela também é minha filha.

— Não foi o que você disse quando eu te contei que estava grávida — ela diz friamente, encarando meu pai. Ele cerra os dentes, mas apenas fica encarando mamãe de volta em silêncio.

Fico observando os dois, com medo de dizer algo. Os cabelos de mamãe estão se soltando do rabo de cavalo, provavelmente devido à corrida até aqui, e isso só deixa seu rosto com uma expressão ainda mais assustadora.

— Nunca mais faça isso — ela ordena, virando-se para a casa. – Vamos, Emma.

Lanço um último olhar para papai, em um pedido de desculpas. Ele apenas me encara de volta, sem expressão alguma.

— Eu te dou a faca e você vai atrás de uma arma — mamãe diz em um tom incrédulo, andando rápido. Tenho que correr um pouco para alcançá-la.

— Cedo ou tarde eu vou precisar...

— Cale a boca — ela me interrompe, e fico assustada por ela dizer isso. Mamãe sempre fora calma, nunca me bateu e raramente gritava assim. Isso deve ter mesmo irritado ela.

Olho para trás mais uma vez, mas não vejo mais papai. Procuro-o pela paisagem, e tenho a impressão de ter visto um vulto em meio à floresta.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Como muita gente havia comentado da falta de atenção por parte de Shane, resolvi fazer um momento só dos dois. Algum pedido?

Pergunta de hoje: Qual seu maior sonho? Acha que irá alcançá-lo?

Minha resposta: Me recuso a responder aquele típico "quero se feliz!!", todo mundo quer isso. Então, meu maior sonho no momento é me formar em algo que eu goste, e acho que irei realizá-lo, se tudo ocorrer bem.

Até mais!!