Jovens - Interativa / Capítulo 11 - Futebol de Sabão

POV Helena Patterson Jackson

Eu deslizei, escorregando, e só consegui parar quando dei com as costas no final do grande balão de ar. Genevieve estava logo a frente. Não dava para ficar em pé - pelo menos, não por muito tempo.

E por isso era tão divertido

Genevieve me xingava por isso, esbravejava sempre que caia, me culpando por tê-la metido em tudo aquilo, mas tentava se levantar rindo então eu não considerava muito.

A humilhação vinha por parte de Raymond, que depois dos primeiros dez minutos começou a se empolgar e conseguir usar o sabão ao seu favor, o que resumia ao fato de que ele praticamente se jogava pra chutar a bola - pobre bola - no inofensivo gol.

E deslizava de volta, todo sorridente sempre que marcava ponto. Era divertido, mas ele estava fazendo pontos demais.

Estávamos em cinco jogadores de cada lado, quatro na linha de frente, e um no gol, como no futsal. A todo instante alguém Zé Pamoia surgia jogando mais água, e mais sabão no campo inflável, e começou a me dar nos nervos. Felizmente, depois de uma hora de bundadas, escorregões e trombar nas pessoas, segurar nelas, pedir "pela amor de Deus me segura" e acabar levando ela junto pro chão fizemos uma pausa.

Genevieve ainda estava praguejando. Nós pisamos em terra firme, exaustas e foi uma sensação de alivio. Ainda apoiadas no ombro uma da outra nos aproximamos a passos lentos dos bancos onde estavam uma porção de lanches na mesa a frente.

– Acho que eu esqueci minha coluna lá trás - Genevieve fez uma expressão de dor enquanto agradecíamos a alguém que trouxera toalhas.

Eu ri.

Raymond apareceu, entusiasmado, com a toalha no pescoço, completamente energético. A questão agora era, estávamos todos molhados, melados e grudentos, o cheiro de limpeza no ar deveria alcançar até fora do campo de futebol - onde o campo inflável havia sido montado - e provavelmente até do outro lado da rua.

Eu e Genevieve estávamos de shorts jeans, e a parte de cima do biquíni - não que a ideia de ficar escorregando, caindo e tropeçando em pessoas em um jogo misto me agradasse - e ele com alguma dessas bermudas masculinas de banho com desenhos sem sentido.

Ele caminhava de forma tão confiante, que chegou me dar um certo arrepio. Ele se sentou ao meu lado, o sorriso não lhe abandonava o rosto.

– Olá!

Nós duas olhávamos pra ele. de certa forma, indignadas. Eu virei a cara e Genevieve começou a falar.

– Você me empurrou lá dentro sabia? - Ergueu uma sobrancelha enquanto apontava.

Ele franziu o cenho ainda sorrindo, certamente ele se lembrava.

– Não, foi?

– Eu rolei tantas vezes que perdi a conta. - Ela se moveu para que pudesse olha-lo melhor. Quando ela colocou as mãos na cintura eu me encolhi um pouco. Eu estava em meio ao fogo cruzado. - Se eu levantei, foi porque eu parei aos pés de alguém - Quando o sorriso dele se expandiu ela prosseguiu - No sentido literal Raymond.

Ele deu de ombros.

– É uma pena que eu não me lembre - O suor/água/sabão lhe escorria o rosto.

Eu segurei um riso e ele voltou sua atenção a mim.

– Não é mesmo Helen? - Eu fechei os olhos e senti seu olhar queimar sobre meu rosto.

– É, é mesmo. - Me voltei a Genevieve com um sorriso perverso - Mas foi divertido de qualquer forma.

Ela torceu o nariz em uma tentativa tola de segurar um sorriso.

– Estavam melhores quando o Raymond ainda não tinha conseguido se virar e dava de cara no chão uma vez a cada três segundos. - Ela girou o corpo colocando os pés em baixo da mesa e olhando em volta.

– Não se preocupe com isso cara Gê, um dos caras disse que os times não são fixos, então na segunda partida eu acho que ele pode deixar Helena escolher - Ele colocou o braço em meus ombros de forma folgada e eu gelei, eles mantinham o olhar fixo um no outro e tive a sensação de que falavam sobre duas coisas ao mesmo tempo, uma delas, que eu não tinha o direito de participar - Então ela provavelmente vai colocar nós três no mesmo time.

Ele aproximou o rosto do meu e senti minhas bochechas queimarem.

– Não é mesmo Helen?

Eu virei o rosto pra observa-lo, e ele meio que recuou meio que não, surpreso, no entanto, o sorriso se manteve.

– Não abusa do meu bom senso tá bom Ray? - Empurrei seu braço de meus ombros e lhe dei tapas camaradas no ombro. Voltei minha atenção a Genevieve que enchia o prato com alguma coisa.

– O que você tem ai?

*-*

POV Dae Chung Hee

– Você está bem? - Ergui uma sobrancelha na direção de Michelle que mantinha-se calada até então.

– Estou - Respondeu de repente, como se despertasse de um transe - Estou ótima. E você está bem?

Passei a mão na nuca de forma tensa.

– Acho que estou. Aconteceu alguma coisa?

– Não - Ela balançou a cabeça em negativo.

– Onde Lydia e Onix foram?

– Vão passar o final de semana na casa da Onix, aquelas imprestáveis - Cruzou os braços de forma emburrada - Nem pra me ligar pra dar noticias.

– Elas devem estar ocupadas, provavelmente te liguem de noite.

– Talvez. E James?

– Passa o tempo todo no telefone, passando noticias pra mãe e os irmãos, acho que são gêmeos pelo o que ele tinha falado.

– Está certo, nós que somos filhos rebeldes não ligando pros pais em finais de semana - Ela sorriu de forma doce.

Escutamos vozes alteradas atrás de nós e nos viramos pra ver melhor. Michelle pareceu ter empalidecido.

– Aquele não é o Jellal? Um dos calouros que participaram da competição de boliche?

Ela se escondeu atrás de mim e eu me senti subitamente confuso.

– Michelle? - Eu tentei virar mas ela me segurou nos braço para me manter parado.

– Não fale meu nome, não deixe ele me ver.

– O quê? Por que?

– Só faz o que eu to te falando! - Ela espiou por cima do meu ombro e depois recuou. - Ele já foi? - Sussurrou.

Jellal gesticulava para uma garota visivelmente assustada. Ele parecia descrever alguém, e presumi que fosse Michelle. A garota balançou a cabeça me negativo de forma frenética e ele bufou enquanto se afastava dela a ela fugia.

A julgar a distância que ele estava, não viria até mim, mas estava tenso. Podia ver pelo modo como andava de um lado para o outro, pensativo, ele olhou na direção que eu estava mas não pareceu me ver, virou na direção contraria e se afastou.

– Já foi.

Ela relaxou me soltando.

– Nossa, essa foi por pouco - Suspirou.

– O que foi isso exatamente?

Ela demorou pra responder.

– Ele é amigo do- Ela ponderou outra vez - Ela está me procurando desde hoje de manhã porque-

Eu cruzei os braços.

– Vou te contar do inicio - Ela ergueu as mãos - Mas vai ter que prometer que não vai rachar de dar risada. Vou entender se rir um pouco, mas não exagera.

Franzi o cenho.

– Tá bom.

*-*

POV Keira Tanaka Lee

– Que porcaria de domingo - Israel resmungou, acertando a bola de basquete outra vez na sexta.

Eu nem sabia muito bem o que eu estava fazendo ali.

– Está entediado? - Eu ergui uma sobrancelha mas ele não olhou pra mim.

– Você não costuma passar o domingo no apartamento do Dorian?

– Ele fechou tudo por lá, parece que hoje é dia de limpeza, e ele resolveu fazer tudo sozinho, mesmo com o braço ferrado.

Israel acertou a cesta outra vez.

– Idiota.

Eu voltei a olhar para o livro no meu colo, mas não lembrava onde tinha parado. Maldição.

– E a Helena?

– Foi no futebol de sabão - Torceu o nariz, visivelmente não gostando - Parece que o tal do Raymond conseguiu ir e a namorada não namorada dele também.

– Que merda.

Ele acertou outra vez na sexta.

– Você não tem ensaios de domingo?

Ele bufou quando precisou se mover para pegar as bolas espalhadas.

– Ele liberou todo mundo hoje, tinha assuntos de família pra resolver.

Christopher entrou na quadra, com a mesma cara de tédio.

– Vocês também estão sem nada pra fazer? Porque eu acabo de passar pelo campo de futebol e está a maior alegria lá, quando me deu vontade de vomitar resolvi passar aqui. - Se jogou no banco ao meu lado, os braços abertos, um no encosto atrás de mim, e o outro esparramado do outro lado - Não gosto muito do tal de Raymond.

Israel resmungou alguma coisa antes de falar.

– Somos dois.

Christopher olhou pra mim.

– O que é?

– Estou esperando você falar 'três'.

Dei de ombros.

– Ele não me fez nada ainda. E não me importo com quem Helena Jackson esteja ficando ou não.

Logan virou o rosto pra mim atônito.

– Eles estão juntos?

De escanteio, pude ver Israel esconder um sorriso muito brevemente enquanto arremessava a bola outra vez.

– Não sei, acho que não. Ele não está com a tal de Genevieve?

Logan franziu o cenho.

– Como é que eu vou saber com quem ele está.

– E do que te interessa se ela estiver com ele, vocês são irmãos esqueceu?

Ele revirou os olhos e ficamos todos em silêncio escutando a bola bater no chão e pingar de volta a Israel.

– Ah não. Por Deus, vocês não podem estar falando sério! - Israel olhou para nós, os braços posicionados. - Essa fase já passou né Christopher? - Eu enchi a frase de sarcasmo enquanto lhe chamava pelo primeiro nome, que ele certamente odiava - Se você disser que ainda tem um pouquinho de seja lá o que for eu vou te encher de tapa!

Israel voltou a olhar pra ele, os olhos brilhando em curiosidade.

Logan se mantinha completamente indiferente.

– É claro que já passou, dividimos o mesmo teto, se ainda tivesse alguma coisa eu não conseguiria fazer metade das coisas que faço, estou preocupado não posso? - Me olhou cheio de fúria - Afinal, sou o irmão dela não é mesmo?

Eu voltei a me sentar, sem me dar conta de que tinha ficado de pé enquanto esbravejava, a raiva de Logan não me afetava e muito menos a Israel. A sombra de um sorriso passou-lhe pelo rosto uma segunda vez e ele olhou para a cesta.

A bola acertou o aro outra vez

*-*

POV Josh Dylan

– Você também foi abandonado? - Michelle sorriu quando nos encontramos, eu, ela e Dae. Tecnicamente, eles me encontraram. Porque eu estava distraído fazendo o possível de entrar no sistema da escola e olhar parentesco das meninas procura de qualquer uma que pudesse ter algum parentesco comigo.

Cansado, eu me levantara derrotado pelo domingo e topara com Michelle e Dae no caminho de volta ao apartamento de Dorian esperando que ele terminasse a loucura que ele chamava de faxina.

– O que quer dizer com abandonado?

– Cujo os amigos foram fazer algo melhor do que companhia pra gente.

Eu revezei olhares entre os dois.

– É, parece que fui também. Talvez não exatamente, talvez o único de quem eu tenha me aproximado até agora foi o Jellal já que temos aula de computação juntos, mas ele já tem a própria galera.

– Você não ia encontrar com ele agora ia? - Michelle de repente ficou receosa.

– Não, não ia, Você tem alguma coisa contra ele? - Perguntei curioso.

– Com o amigo dele - Dae sorriu e levou uma cotovelada.

– Não é nada demais - Sorriu de forma nervosa na minha direção - Só um desentendimento bobo, nós ainda não nos entendemos.

Eu olhei para Dae que tinha um brilho travesso no olhar, era melhor eu não perguntar.

– Claro, até onde sei, o tal de Merak é bem imprevisível as vezes.

– Com certeza - Ela resmungou, e tive a sensação de que foi para ela mesma. Dae olhou no relógio de pulso.

– O shopping ainda está aberto a essa hora, será que da tempo de pegarmos um cinema?

Os olhos de Michelle brilharam.

– Claro! Sabe qual é a grande sensação do momento?

– 50 tons de cinza - Eu e Dae dissemos ao mesmo tempo.

*-*

POV Kaike Anubis Grigori

– Uma... Festa na piscina?

– A ideia não foi minha é claro - Cass deu de ombros - Tinha que ter sido de Merak. Ele acha que isso pode ajudar você com a Cris.

– E pra que precisava envolver tanta gente? Ter me trancado com ela em algum lugar teria sido mais compreensível

Ela sorriu.

– É verdade, mas ele tinha que encontrar alguma maneira de se favorecer também.

– O que está pensando?

Ela se jogou no sofá frustrada.

– Essa é a pior parte, eu não faço a menor ideia. Ele não quer contar pra mim.

– Então sinto muito cara Cass, porque você deve estar envolvida nos planos dele.

Ela olhou para mim curiosa.

– Merak não vai desistir de você tão cedo, não adianta se iludir.

Ela jogou a cabeça para trás cobrindo o rosto com as mãos.

– Da até medo de pensar.

– Por que você não faz uma força? Abaixe um pouco a guarda Cass, não vai matar ninguém até onde eu sei.

– Não é assim tão simples - Resmungou - Eu não sei como lidar com essas coisas. Enquanto eu resolvo guardar para mim mesma, Cris joga pro mundo ver.

– Até algumas semanas passadas eu estava lá para controla-la.

Ela riu.

– O que está supondo? Que se desse certo entre mim e Merak eu estaria perto para controla-lo?

Uma ideia me surgiu. E Cass cairia nela perfeitamente.

– E por que não? - Eu inclinei o corpo sobre os joelhos enquanto a observava.

– Você está tendo ideias mirabolantes Kaike - Ela voltou a olhar pra mim, sorrindo de forma assustadora.

– Eu? Pois então vamos lá Cass. Você seria capaz de colocar Merak Maximillam Maddox nos eixos?

Nós escutamos a porta da frente abrindo e Cris entrou de forma alegre, ela parecia bem. Estava com o jeans surrado rasgado nos joelhos, uma camisa branca com alguma coisa estampada e a jaqueta marrom que eu lhe dera no ano passado.

Eu e Cass ficamos em silêncio esperando ela nos notar. Estava ao telefone, rindo com alguém e me deu uma sensação estranha, ela não estava rindo com uma amiga, era um cara no telefone.

Ela colocou umas duas sacolas sobre a mesa, se despedindo depois de ter batido os olhos vagamente em nós. E quando finalmente desligou, caminhou cheia de arrogância até nós.

– Desculpa se te assustei Cass - Ela parou a minha frente cumprimentando a amiga, o fato dela ter ignorado a minha existência no sofá ao lado me fez sorrir. - Eu conheci um garoto novo hoje, estava com ele no telefone. - Piscou de forma exagerada enquanto sorria.

Cass passou rapidamente o olhar por mim.

– Sem problemas Cris, eu e Kaike estávamos falando sobre-

– O quê? - Ela colocou a mão atrás da orelha - Quem? Kaike quem é esse?

Eu sorri outra vez enquanto me levantava.

– Eu acho melhor eu ir agora Cass - Cris estava de costas pra mim, de pé, e Cass sentada a nossa frente, o medo de Cris explodir e começar a gritar comigo presente. - Antes que algo trágico aconteça.

Cass sorriu de canto, um agradecimento silencioso enquanto concordava. Eu abaixei o rosto parando ao pé do ouvido de Cris, e ela ficou paralisada.

– Você não vai trazer outro homem aqui dentro Cristal Killer, porque eu não deixo.

Ela cerrou os dentes sem me responder, a raiva quase palpável.

Eu sorri outra vez e caminhei devagar em direção a porta.

– Aproveitem a tarde garotas, acho que vai chover mais tarde.

– Aposta aceita! - Cass gritou pouco tempo depois que eu fechei a porta.

*-*