A ópera do Tordo escrita por Astral Plane


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

E ai galera voltei....... olha eu quero pedir desculpas por estar postando só hoje.... mas é que a escola não ta fácil não viu kkkkk
Desculpem pelo cap ENORME mais eu já estava com saudades do nosso padeiro então resolvi fazer ele aparecer logo hahaha
Muito obrigada pennellope por favoritar a fic e a Thank You THG que está sempre comentando..... dedico esse cap a voces.....
Aos mais de 400 leitores fantasminhas por favor apareçam ..... preciso de estimulo pra continuar escrevendo ahahahaha
Boa leitura galera.....



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Depois que Haymitch vai embora minha mente trabalha sozinha tentando imaginar várias hipóteses para o que me espera daqui á três dias. Imagino-me sendo presa antes mesmo de chegar até Peeta, indo a julgamento e tendo minha cabeça arrancada por uma guilhotina, ou mesmo chegando até o hospital e Peeta enlouquecendo de vez tentando me matar, mas a pior das imagens que minha imaginação pinta é de Peeta me expulsando. Não tinha pensado nessa possibilidade, fiquei tão empenhada em me manter viva – como sempre- em não ser pega pela Capital , em trazer Peeta de volta porque simplesmente não posso seguir a diante sem ele. Mas e se... ele não quiser me ver ? E se quando eu por os pés naquele hospital ele disser que eu posso dar meia volta e ir embora se ele assim o fizer não será totalmente incompreensível afinal de contas Peeta deve estar se sentindo completamente abandonado por mim e por Haymitch, talvez ele nem queira mais saber de nossa medíocre existência. Se isso acontecer sinto que estarei perdida, não haverá mais sentido algum em continuar respirando, existindo. Pensar que tudo o que estou fazendo pode ser uma atitude em vão me faz sentir como um castelo de cartas: todos que olham de fora veem a sua beleza e sua grandiosidade em ficar em pé diante de todos as adversidades, mas a verdade é que no fundo ele é tão frágil que um simples sopro pode derrubá-lo. Todos podem ver em mim um símbolo de esperança, que conseguiu derrotar Snow e apesar das guerras e das perdas ainda continua viva mesmo traumatizada, continua lutando, mas a verdade não é essa, um simples sopro agora será capaz de me derrubar, e sinto que o meu sopro final será se Peeta não me quiser ao seu lado. Este ato será capaz de me desmoronar, e dessa vez eu não terei forças para reconstruir.

É óbvio que ficar pensando nessas coisas não adiantam em nada e como resultado da minha pequena proeza uma dor de cabeça se instala em meu corpo com uma força tão grande que chega a me dar enjoos. Pego um dos inúmeros remédios receitados por Dr. Aurelius, os quais nunca tomei, em meu armário do banheiro e procuro algum que possa arrancar essa dor nauseante de dentro de mim, quando acho engulo a pílula do tamanho de um grão de feijão e para não me dar o trabalho de descer as escadas novamente abro a torneira da pia e encho de agua minha mão em forma de concha e bebo ajudando o remédio a descer pela minha garganta. Tomo um calmante também rezando para que eu consiga dormir a noite toda já que Effie chega amanha e se ela me encontrar num estado pior do que estou e bem provável que ela desista de me deixar “ irreconhecível “ e vá embora dizendo que eu sou um caso perdido.

Deito em minha cama e cubro-me até o alto da cabeça na esperança vã de que os cobertores possam espantar os pesadelos e os medos que me assombram durante a noite e fecho meus olhos.

Acordo assustada com barulhos de panelas vindo do andar de baixo e me surpreendo mais ainda ao perceber que consegui dormir a noite toda sem pesadelos, sem choros e sem gritos. Eu até poderia sorrir, se eu não tivesse me sentindo tão sonolenta me sinto como se estivesse flutuando em um universo paralelo tudo parece mais lento , meus passos e meus pensamentos, demoro o que parece uma eternidade até descobrir como chegar o banheiro tirar minhas roupas e abrir o chuveiro no máximo até que ele fique numa temperatura próxima de congelante para ver se eu recupero meus movimentos a agua cai sobre mim como uma corrente elétrica, me despertando para o mundo. Decido que nunca mais tomarei esses calmantes, prefiro enfrentar pesadelos todas as noites do que acordar como um zumbi.

Desço para tomar café e me surpreendo com uma figura rosa e laranja sentada no meu sofá. Effie Trinket. Ela está diferente, suas roupas continuam extravagantes como sempre: Effie veste uma blusa cheia de plumas rosas que deixam seus ombros a amostra e uma saia laranja brilhante que se assemelha a uma escama de peixe, seus sapatos azuis possuem um salto tão fino e alto que poderiam facilmente ser transformados em uma arma. Mas o que a diferencia da Dama de Companhia que conheci a alguns anos atrás é o seu olhar. Os olhos de Effie continuam vagos como no dia em que nos reencontramos após a morte de Prim e apesar de do lado de fora estar exatamente como era antes ,parece que toda a sua vida lhe foi sugada através de seus olhos, não me lembro exatamente qual é a cor natural deles mas com certeza seu olhar nunca foi tão escuro e sombrio como agora.

Ela está tão distraída que não percebe minha presença e nem o inventário que acabei de fazer. Então digo:

– Effie.

Ela olha assustada como se estivesse voltando de um transe, e quando seu olhar cai sobre mim seu rosto forma uma careta instantânea, que se desfaz rapidamente.

– Katniss querida que saudade.- ela me abraça eufórica e exagerada como só ela- Estou tão feliz em te ver – apesar de seu exagero que faz com que eu tenha vontade de me desvencilhar de seu abraço apertado, sinto que está sendo sincera, por isso deixo que ela quase quebre meus ossos de tanto que me aperta sem oferecer resistência.

Quando Effie finalmente me larga, vejo que seus sombrios olhos estão cheios de lágrimas e apesar da alegria em me ver viva, essa alegria não chega em seus olhos e algo me diz que não chegará nunca mais.

– Também estou feliz em te ver Effie–digo e não é mentira.

– Estou aqui para te ajudar, então tome seu café por que hoje nós teremos um grande, grande dia– ela sorri . Essa frase tão familiar faz com que o velho arrepio na minha espinha volte com tudo. Mas não posso entrar em pânico. Não posso e não vou, por isso dou a ela apenas um leve aceno de cabeça e vou tomar o café que Greasy deixou preparado para mim, enquanto a vejo limpando o fogão me lembro de algo.

– Greasy, sua neta está melhor ?– pergunto

Ela se vira de repente assustada com minha pergunta, provavelmente porque eu só me interesso com aquilo que desrespeito a mim.

– Está sim querida, foi só uma crise mas obrigada por se preocupar- Greasy sorri gentilmente para mim e se vira para continuar seu serviço.

Anoto mentalmente que assim que chagar a Capital irei conversar com Dr. Aurelius sobre a netinha de Greasy Sae , talvez ele possa ajuda-la de alguma forma e francamente é o mínimo que eu posso fazer por alguém que vem me mantendo viva mesmo quando tudo que eu quis foi a morte.

Depois do meu café me dirijo a sala mas Effie não está mais lá penso que ela deve ter visto a situação caótica da minha aparência e ido embora, mas dois minutos depois ela surge com varias malas de rodinhas e um Haymitch sóbrio atrás dela.

– Você sóbrio novamente ? Já está virando um hábito em .– confesso que irritar Haymitch é uma das poucas coisas que ainda me dão prazer.

– Bom dia pra você também, Docinho – ele passa pela Effie que fica chocada pela falta de cavalheirismo do meu mentor ao deixar ela carregar as malas sozinhas e se joga no meu sofá – fale mais baixo por favor ou cale a boca minha cabeça está explodindo- ele massageia as têmporas.

Dou um riso seco – Isso meu caro Haymitch se chama ressaca, pensei que tivesse se acostumado.

Ele me fuzila com o olhar mas antes que ele me mate Effie diz:

– Tive que traze-lo Katniss ele tem que te explicar o plano.- Minha Dama de Companhia se aproxima e segura minha mãos– Saiba que eu farei de tudo para te ajudar a salvá-lo porque no fim das contas somos uma equipe não somos ?

Aquilo me comoveu e olhei para meu mentor e Effie meus olhos se encheram de lágrimas mas não deixei que elas saíssem e respirei fundo quando disse :

– Não somos mais uma equipe- ela arregalou os olhos ofendida – somos uma família ,por isso estou indo buscar Peeta de volta .

Ela se emocionou e me abraçou novamente e desse vez eu correspondi ao abraço dela.

– Certo, certo somos uma linda família mas dá pra gente começar a agir ? – Haymitch se manifestou com sua gentileza nata.

– Certo qual é o plano e o que eu tenho que fazer ? – eu pergunto

– Como eu disse da última vez você irá disfarçada e eu tive que faze algumas ligações para isso , eu liguei para o Dr. Aurelius e ele me disse que pode te contratar como um enfermeiro particular do Peeta.

– Enfermeiro mas eu não entendo nada disso – eu falei para ele e só então reparei em algo –Peraí você disse enfermeiro ?

Ele sorri maleficamente para mim.

–Isso mesmo- Haymitch mexe em algum bolso e estica um papel para mim – leia.

Pego o papel desconfiada e abro. É uma certidão de nascimento de um cara chamado Thomas Rendilian ao que me parece ele nasceu aqui no 12 e tem 22 anos seus pais se chamam Era Rendilian e Perceu Rendilian, e tem mas algumas informações sobre eles mas nada de diferente.

– Certo–digo- quem é esse Thomas Rendilian e o que ele tem haver comigo ?

Haymitch bufa- Alguém já te disse que você consegue ser bem burra quando quer Docinho ? Esse ai é você .

Arregalo os olhos com a percepção do plano maluco de meu mentor.

– Eu ? Você quer que eu vá a Capital com uma identidade masculina ?

– Até que em fim você entendeu – ele diz- isso mesmo é um disfarce perfeito.

– Você é maluco Haymitch isso nunca vai dar certo pelo simples fato de que sou uma mulher. – digo começando a me exaltar essa é a ideia brilhante dele? Estou perdida.

– Eu ainda tenho minhas duvidas em relação a isso – ele diz ironicamente apenas o fuzilo com o olhar- Certo , desculpe não foi engraçado. Katniss escute-me– ele assume um tom sério- Sei que parece uma ideia ridícula mais realmente pode funcionar. Eu pensei em tudo , essa certidão eu consegui no distrito 7 com Johanna Mason.

Johanna ? ela estava sabendo que eu vou a Capital ? Já estava pronta para verbalizar minha pergunta mas Haymitch me interrompe.

– Espera deixe-me terminar de contar tudo, depois você me pergunta – diz- Johanna está trabalhando no novo Edifício da Justiça do 7 porque Dr. Aurelius a proibiu de por as mão em um machado por um ano todo ela ficou furiosa mas ele disse a ela para arrumar um afazer menos perigoso e quem sabe liberaria seu porte de armas– Haymitch sorriu ao dizer isto- mas adivinha só o que ela fez mandou ele se ferrar– agora ela estava rindo- Mas até ela achou que talvez fosse melhor deixar o machado e todas as lembranças que ele trazia de lado por um tempo então resolveu ajudar na organização dos papeis do novo Edifício da Justiça. Liguei para ela e contei o que você está fazendo pra ajudar Peeta. Não demorou nem 10 segundos para concordar em me ajudar apesar do que ela falou “ aquela desmiolada, não tem jeito mesmo mas pelo padeiro gostosão vale tudo “ – corei violentamente com isso-.

– Ela disse isso ?

– Disse, nessas mesmíssimas palavras- Haymitch estava doido para rir mas se conteve- Então ela fez essa certidão falsa para mim e me mantou pelo trem escondido no fundo da minha caixa de bebidas que vem toda semana.

– Certo tenho documentos falsos mas e quanto a minha aparência? E que história é essa de enfermeiro eu não entendo nada disso .

– A sua aparência eu deixo com a a senhorita Trinket – ele gesticula para Effie- E você não vai trabalhar de verdade esse é só um jeito que o Dr. Aurelius achou para justificar a contratação de um novo enfermeiro para o paciente, que talvez alguém oriundo do mesmo distrito fosse fazer bem para saúde mental dele e é claro que se tratando de Peeta Mellark a direção do hospital nem questionou a decisão do Doutor. Mas a Diretoria vai querer fazer um entrevista com você, assim que chegar no Hospital.

A coisa todo veio de repente mas ao ouvir novamente um plano para fingir ser alguém que eu não sou ,mentir novamente sobre coisas que talvez eu nem tenha mais o controle e estar num lugar onde todos querem me ver morta, fez meu estomago se contorcer e meu dejejum veio até minha boca e tive que engoli-lo novamente para evitar um vomito nos pés de Effie , mas eu não devo ter disfarçado bem porque ela diz :

– Katniss você está bem ? Sua pele esta verde aconteceu alguma coisa ?– ela passa suavemente as mãos sobre meu rosto como uma mãe preocupada e agradeço mentalmente pelo gesto e por suas mãos se encontrarem frias no momento o que traz um tipo de relaxamento a minha face.

Respiro fundo e vejo que meu mentor observa atentamente a cena seu olhar diz que ele está pronto pra me socorrer caso eu surte, mas também diz que ele esperava que eu entrasse em pânico a qualquer segundo.

– Sim só um pouco enjoada – respondo a Effie, que se não acreditou em mim, teve a elegância de não me questionar.

– Certo quanto tempo você vai demorar ? – Haymitch questiona a Effie.

– Não sei- diz- talvez umas quatro horas, apareça aqui ao anoitecer e garanto que Thomas Rendilian estará a sua espera.

Haymitch não responde apenas assente com a cabeça e se retira me lançando uma olhar preocupado antes de sair e fechar a porta.

–Certo querida quero que tome um longo banho e lave seus cabelos enquanto eu arrumo as malas em seu quarto.

Sou guiada por uma Effie histérica até meu banheiro. Lá tomo o melhor de todos os banhos desde que voltei pra casa e lavo meus ressecados e despontados cabelos. Assim que saio ela me espera com um roupão vermelho e tenta não se chocar com a colcha de retalhos que é meu corpo agora, mas assim que me viro de costas Effie solta um pequeno gritinho :

– Oh Katniss – ela passa suavemente as mãos pela pele enrugada e em alto relevo que ocupa quase por inteiro minhas costas e sei que ela está chorando, bom isso não ajuda em nada– Sinto muito – ela sussurra com a voz embargada.

Amarro o roupão e me viro para ela: – Está tudo bem Effie ,pelo menos não dói tanto agora. – tento tranquiliza-la.

– Certo- ela respira fundo tentando se recuperar e mais uma vez me assusto com a profundidade sombria de seu olhar, anoto em meu cérebro que tenho que perguntar ao Haymitch o que aconteceu com ela.- Sente-se – indica a cadeira da minha escrivaninha.

Assim que me sento Effie coloca em mim um capa branca e amarra em meu pescoço, não sei o que é isso mas não vou questionar. Ela penteia meus cabelos até desembaraça-los completamente e se vira de costas.

– Esta tudo bem Effie ? – pergundo olhando sua silhueta através do espelho.

– Katniss desculpe mas tenho que fazer isso – ela se vira e está com uma grande tesoura dourada em sua mão.

Por um milésimo de segundo minha mente desorientada imagina que ela enfiará essa tesoura em minha garganta , mas então entendo. Eu serei Thomas Rendilian , não posso ter os cabelos longos, terei que cortá-los num comprimento apropriado para um homem do Distrito 12. Agora entendi o porque da capa branca em meu pescoço.

– Pode cortar- informo, realmente não compreendo o drama afinal é só um cabelo, mas acho que pra ela é um sacrilégio da moda.

Effie se aproxima lentamente com a tesoura e diz com a voz um pouco rouca porem determinada:– Garanto que você continuará deslumbrante.

Não respondo, porque duvido das palavras dela nunca fui deslumbrante e não vai ser agora que assumirei uma identidade masculina que eu vou ser.

Conforme vejo minhas madeixas caindo no chão no entanto, não consigo conter as lágrimas que parecem querer se despedir dos meus cabelos. Não choro pelo mesmo motivo que Effie está chorando. Choro porque esse é o meu último adeus, minhas tranças foram durante toda minha vida um parte do que eu fui, da menina que tinha que sustentar a família e que por isso vivia ilegalmente na floresta com seu melhor amigo e depois de ter todas as partes deturpadas primeiro pelos Jogos, depois pela Capital, os Rebeldes e a Revolução as tranças que eu ainda fazia era a única parte da menina que um dia eu fui que ficou preservada , e agora estou eu aqui dizendo adeus a esse último pedaço de mim . O medo toma conta de mim e choro ainda mais porque agora realmente não sei o que eu me tornei ou que irei me tornar. Mas uma pequena parte de mim uma parte tão pequena que quase não sinto fica feliz porque agora poderei ser o que quiser, não a caçadora, o tributo , a Vitoriosa ou o Tordo , mas apenas Katniss Everdeen.

Estou imersa em meus próprios devaneios que não sinto que Effie parou de mexer em meus cabelos.

– Acabei querida.- Ela abaixa os olhos e me preparo para o pior mas quando olho no espelho sou surpreendida. Effie cortou meus cabelos extremamente curtos como eu esperava, mas mesmo assim conseguiu como um milagre não deixar o corte cem por cento masculino, com um pequena franja negra que caia lateralmente sobre minha testa não ficou tão ruim assim e acredito que as pequenas falhas que tenho atrás e que provavelmente agora estão a amostra deem um certo ar de realidade. Incrivelmente gostei do resultado final e não consigo segurar um pequeno sorriso. Decidi tranquilizar Effie que estava agoniada pela minha reação.

– Obrigada Effie ficou muito bom, não sabia que era tão talentosa assim- digo a ela que fica tão radiante por causa do meu comentário que sei que se pudesse ela poderia dar pulinhos pelo quarto.

Ela me manda para outro banho mais rápido porem enquanto limpa os cabelos que ficaram em meu quarto. Assim que saio vejo uma calça um camisa de manga cumprida um colete, um chapéu e um cachecol em cima de minha cama e apesar de serem roupas típicas dos homens do distrito não compreendo porque elas estão aqui agora já que minha viagem será daqui a dois dias.

Haymitch invade meu quarto e nem parece se preocupar pelo fato de eu estar apenas de roupão em sua frente , e então noto que seus olhos estão inchados e vermelhos. Ele estava chorando ?

– Mudanças de plano Docinho– ele abaixa os olhos – Você viaja hoje a noite.

O Que ?!

– Como assim porque.....

– O Garoto piorou- ele diz me cortando – Dr. Aurelius me ligou desesperado, não sei bem o que está acontecendo mas ele me diz que se existe alguma chance de Peeta melhorar essa chance será você, e é melhor você chegar logo ou senão pode ser tarde.

Desabei em minha cama encima das roupas. Sinto que estou tremendo tanto que não consigo focalizar as coisas em minha frente, sons estranhos escapam de minha garganta semelhante aos de um animal ferido e lagrimas transformam turvas as imagens diante de meus olhos. Posso perde-lo antes mesmo de chegar lá esse pensamento me atinge de tão forma que começo a escutar gritos e penso em mandar quem esteja gritando calar a boca, até perceber que esse gritos são meus. Haymitch corre ao meu encontro me pega no colo e senta-se embalando- me como um pai faria com sua filha e apesar do cheiro de álcool que faz meu nariz arder não tenho força pra rejeita-lo. Escuto ele pedindo a alguém provavelmente a Effie que me traga um copo de agua com açúcar, como se isso fosse me acalmar.

– Katniss me escute- meu mentor tenta me trazer de volta para a realidade – Você ainda não o perdeu ainda dá tempo de salvar o Peeta ,mas por favor reaja ficar aqui chorando não adiantará nada . Katniss por favor– Haymitch pede.

Tento me concentrar na voz dele e entender o que fala. Peeta ainda esta a meu alcance, me levanto subitamente enxugo minhas lágrimas e paro diante dele.

– Certo o que eu faço agora?

– Effie te vestira nessas roupas e depois eu vou te esperar lá em baixo para te explicar o resto do plano.

Minha Dama de companhia entra em meu quarto em silencio sem saber ao certo o que dizer, fico feliz que ela não saiba eu não estou afim de ser consolada, estou afim de agir. Effie me entrega o copo com agua, tomo sem reclamar.

– Vista essa calça e os sapatos, que eu lhe ajudarei a preparar o resto– ela diz.

Visto-me da maneira que ela me falou e já ia pegar a blusa de manga comprida pra vestir mas ela me impediu.

– Espera levante os braços- ela ordena e eu obedeço quando faço Effie passa uma faixa pelos meus seios até apertando um pouco.

– Para que isso ?– pergunto.

– Para impedir que seus seios façam volume na camisa, afinal não é comum homens terem seios, não no 12 pelo menos.

Assim que me visto Effie me manda sentar novamente na minha escrivaninha e pega uma maleta de maquiagens.

– Esta barba postiça é bem fácil de colocar e tirar e não pinica. – ela ergue uma barba rala e preta e assim que esta é colocada e meu rosto percebo que ela não tem razão, o acessório provoca uma sensação refrescante.

– A cola não acaba ? – pergunto

– Não é cola é uma aderência especial na pele, tecnologia de ponta na área de cosméticos da Capital.- ela esclarece.

Effie termina seu trabalho e me olho no espelho e tudo que consigo dizer é um “uau” . Estou realmente irreconhecível pareço um típico menino da Costura com roupas velhas porem bem cuidadas a barba mesmo rala ocupa parte do meu rosto e a única coisa que vejo de mim no espelho são os meus olhos . Os olhos cinzentos são única coisa que liga essa pessoa que vejo no espelho a Katniss Everdeen. Claramente o ser que está sendo refletido é Thomas Rendilian.

Desço as escadas e encontro um Haymitch esticado em meu sofá e assim que me vê não consegue conter um riso que logo vira uma gargalhada que preenche o silencio de minha casa.

– Quem é você e o que fez com a Docinho ? – ele pergunta rindo e me avaliando da cabeça aos pés- Pensando bem acho que o Garoto vai se assustar em te ver assim- ele ri ainda mais.

– Bom vou dizer a ele que a culpa sua, essa ideia maluca saiu da sua mente alcoolizada.

Ele faz uma careta para mim.– Essa não é uma voz masculina Docinho.

– Ah é verdade, o colar vou busca-lo lá em cima– Effie diz.

– Obrigada Effie você teve tempo pra pensar em tudo – Digo tentando parecer grata por toda ajuda que ela está dando. Mas minhas palavras provocam o efeito contrario seu típico olhar escuro que parece fazer parte dela agora, escapam das órbitas e toma conta de todo o seu rosto de modo que ela apenas responde :

– Claro o que não me falta agora é tempo querida.– ela sobe correndo para o meu quarto.

Essa atitude me faz lembrar de algo.

– O que está acontecendo com ela ? – pergunto a Haymitch

Você também notou– ele diz

– Claro que notei, o olhar dela parece tão distante.

– Ao que me parece não foram só nós que saímos perdendo nessa Guerra. Você sabe que eu e Plutarch tivemos um trabalho e tanto para tirá-la da Capital, mas conseguimos, só que Snow não ficou nada feliz em perder uma prisioneira, mesmo uma prisioneira que não sabia de nada como Effie então como ato de retaliação ele matou toda a família dela, Effie nunca foi casada e nem teve filhos, mas tinha dois irmãos e a mãe também estava viva, Snow matou todos por mero capricho.

Ponho minhas mãos sobre a boca para evitar uma nova sessão de gritos. Mais pessoas que morreram por minha causa, mais mortes em minhas costas, nunca conheci a família de Effie mais sei que a partir de agora minha mente criará rostos para eles, afim de poderem se juntar ao coral de mortos que me assombram durante todas as noites.

Effie vem descendo as escadas com o que parece uma fina gargantilha dourada e de repente essa mulher que sempre julguei ser fútil e viver uma vida de superficialidade onde a maior tragédia que podia acontecer era uma unha quebrada, ganha minha admiração , ela está aqui me ajudando me transformando em alguém irreconhecível para salvar Peeta, arriscando novamente sua vida para me ajudar sendo que eu poderia facilmente ser alvo de seu ódio , ela poderia inclusive denunciar minhas intenções para as autoridades da Capital, como um ato de vingança pela morte de sua família, mas prefere estar ao meu lado mais uma vez. Antes que ela desça o último degrau avanço sobre Effie e a abraço ela se assusta mas me abraça também.

– Me desculpe, me desculpe Effie– digo utilizando todas as minhas forças para poder não chorar. Ela deve ter questionado a Haymitch o porque de minha pequena crise porque o ouço dizer .

– Eu contei á ela.– diz ele.

Effie se afasta de mim e pega meu recém transformado rosto entre suas mãos e diz:

– Katniss ouça-me, a culpa não foi sua eu sei disso, a culpa foi do Snow só dele e somente dele.

– Obrigada– tento me recuperar- O que isso ? – aponto para a gargantilha que ela segura.

– Isso é um Alterador de Voz – ela ergue a gargantilha para que eu veja ela não contem nenhum detalhe parece um fio fino e liso- A Prostituição na Capital é muito grande e alguns dos travestis que trabalham nesse ramo utilizam esse colar para deixar a voz fina como a de uma mulher– ela explica a utilização bizarra do pequeno colar- Mas nas mulheres o efeito é o contrario deixando a voz mais grossa como a de um homem e como Haymitch mesmo disse a sua voz não é de homem então pensei que essa fosse a solução.

– E funciona?

– Foi o Beetee que criou – Haymitch responde- É claro que funciona .

– Experimente Katniss. – Ela me vira e coloca o colar em mim ao contrario da barba coloca-lo me causa uma leve ardência na garganta.

– Diga alguma coisa – Haymitch fala.

– “ Alguma coisa” – digo e surpreendo –me com a voz que sai de meus lábios , uma voz grossa e firme tão diferente da minha.

– Nossa- Haymitch diz- Funciona mesmo . Bom agora vamos repassar a sua historia Katniss porque seu trem sai daqui a duas horas.

– Certo , estou ouvindo– digo dando sinal que estou prestando atenção no que ele diz.

– Quando você chegar no hospital a sua história será a seguinte : Seu nome é Thomas Rendilian tem 22 anos , você nasceu no Distrito 12 e trabalhava nas minas até o Massacre Quaternário, durante o bombardeio ao 12 sua família morreu seu pai Perceu e sua mãe Era Rendilian, você não tinha irmãos. Como único sobrevivente da família Rendilian você se mudou para o 13 junto com restante da população que sobreviveu ao ataque e chegando lá foi treinado como enfermeiro para trabalhar no hospital do Distrito. Assim que a Guerra acabou você quis voltar para o 12 porque aqui é a sua casa, mas não conseguia encontrar emprego, seu pai era um antigo amigo do vitorioso Haymitch Abernathy e sabendo disso você foi pedir ajuda a ele, que descobrindo que você era enfermeiro sugeriu seu nome para cuidar de Peeta Mellark uma vez que um cidadão do 12 pudesse ajuda-los no tratamento do Senhor Mellark, na Capital e você muito grato e não tendo mais nada nem ninguém aqui aceitou. Entendeu ou preciso repetir ? – Haymitch pergunta.

Apesar de estar um pouco pasma com o plano que ele inventou, não deixo de reconhecer que ele pensou em todos os detalhes, agora compreendo como conseguiu esconder o plano rebelde de mim e de Peeta, Haymitch é mais esperto do que todos nós juntos.

– Não, eu entendi tudo– digo em minha nova voz.

– Ótimo – ele diz.

– Vamos ,vamos se não perderemos o trem.- Effie diz desesperada com o a possibilidade de não cumprirmos o nosso horário.

– Você vai conosco ?– pergunto a meu mentor.

– Vou acompanha-las até a estação, Effie vai no mesmo trem que você porem em vagões diferentes para não causar suspeitas, já que para todos os efeitos ela veio visitar Katniss Everdeen que não deve sair do Distrito 12.

Dito isso me lembro de um detalhe.

– A Greasy ela vai aparecer aqui amanha e eu não vou estar, provavelmente irá pensar que eu me matei.

–Não se preocupe Greasy não sabe aonde você esta indo mas sabe que você precisa viajar, e gentilmente concordou em continuar vindo até sua casa para não levantar suspeitas.– Haymitch diz.

Ele pensou realmente em todos os detalhes.

Vamos está na hora- Effie nos apressa novamente. Pego minhas malas e vou em direção a estação.

Quando chegamos lá Effie pega nossos bilhetes e passa no guichê para confirmar nossos horários, fico ao lado de Haymitch nervosa pensando que a qualquer minuto uma pessoa irá me reconhecer e eu serei presa por estar fugindo do meu distrito . Mas os poucos olhares que são lançados em nossa direção não pousa sobre mim mas em meu mentor que finge não ver.

Effie nos informa que esta tudo certo e no momento que o trem que me levará a Capital chega , Minha Dama de Companhia entra em seu vagão o mais discretamente que sua roupa colorida permite. Eu estou tremendo tanto que mau consigo ver as pessoas sinto que tudo está girando e pontinhos pretos surgem em minha visão, estou a ponto de ter um colapso quando Haymitch me segura pelos ombros e diz:

– Katniss – ele sussurra- Lembra-se quando eu disse que você poderia viver cem vidas e não mereceria o Garoto ? – ele me pergunta, não vejo como me lembrar disso agora irá me acalmar mas assinto com a cabeça.

– Bom eu estava errado- ele sorri pra mim- você o merece, agora vai lá e traz o nosso padeiro de volta.– Meu mentor me abraça apertado e sinto toda a segurança que ele está tentando me passar.

– Eu trarei– digo.

Entro no trem e ocupo meu assento, minha mente começa a doer de tanto nervosismo conforme o trem avança, mas no distrito 9 meu corpo se cansa já que eu estou viajando de madrugada e acabo adormecendo.

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Quando acordo vejo que o sol está nascendo e pergunto ao rapaz do meu lado que horas são e aonde estamos. Ele fala que são 05:30 da manhã e que estamos a dez minutos da Capital. Me levanto e resolvo ir ao banheiro quase entro no feminino quando me lembro que eu ainda sou Thomas, adentro o banheiro masculino rezando para que não haja mais ninguém nele, não estou preparada para ver o que os homens fazem no banheiro. Por sorte estou sozinha. Saio e me dirijo ao restaurante do trem e peço um chocolate quente e assim que acabo de toma-lo sinto que estou parando. Pego minha pequena mala e as portas se abrem no meu vagão e diferentemente das outras vezes em que eu estive nessa estação essas pessoas não gritam meu nome, alias mau notam a minha presença e também não há meu porto seguro para segurar minha mão. Respiro fundo e saio.

A Capital continua a mesma, daqui posso ver algumas partes que estão sendo reconstruídas, e parecem que vão se tornar monumentos maiores do que eram antes da Guerra , as pessoas continuam com seus estilos extravagantes ,porém parecem mais serias, não andam falando alto e rindo como se vivessem no paraíso estão cabisbaixas e com certeza mais magras, mais ainda sim muito melhores do que vários distritos acredito eu.

Conforme vou avançando lentamente entre as pessoas em busca de um rosto conhecido sinto que estou sendo observada e fico tensa será que alguém me descobriu ? Mas ao me virar vejo uma Effie tensa me observando, ela diz silenciosamente “ Boa Sorte” e se vira para ir embora.

Continuo andando até que avisto um senhor baixo de cabelos castanhos um pouco calvo e óculos redondo pretos, uma aparência comum que destoa a extravagancia da Capital. Dr. Aurelius.

– Dr. Aurelius- digo ao me aproximar dele.

– Sou eu , posso te ajudar em alguma coisa?– ele pergunta desconfiado e mais uma vez agradeço por Effie ser tão talentosa ele perece nervoso com minha aproximação mas não consegue de forma alguma me reconhecer.

– Pode – digo a ele – sou seu novo enfermeiro. Dr. Aurelius arregala tanto os olhos que penso que ele sairá das órbitas.

– Katniss Meu Deus é você ? – ele sussurra.

–Sim, sou eu – ele parece chocado com minha aparência mas se recupera rapidamente.

– Siga-me, rápido- ele me guia até seu carro que parece pequeno demais, e o indica para que eu entre, seguimos em silencio até o Hospital Psiquiátrico da Capital e assim que entramos sou levada até Diretoria, e apesar de eu mentir muito mau parecem comprar minha historinha. Dr. Aurelius finalmente me leva até seu escritório e tranca a porta.

– Pronto Katniss estamos seguros aqui- ela indica a cadeira em frente a sua mesa. O escritório do meu psiquiatra ao contrario dele não é nada discreto as paredes são azuis e o chão é feito de um carpete felpudo roxo as cadeiras são de um modelo estranho e não parecem ser nada confortáveis a mesa é um vívido vermelho cheio de bolas amarelas, imagino que isso tudo seja para os pacientes daqui se sentirem em casa.

Me sento na sua estranha cadeira e espero que ele diga alguma coisa, mas Dr. Aurelius continua me encarando, começo a ficar constrangida quando ele finalmente diz :

– A Senhorita Trinket é mesmo muito talentosa, eu nunca iria te reconhecer.

–Sei disso a Effie sempre foi muito eficiente- disse sem querer prolongar o assunto, ele sabe muito bem que não estou aqui pra falar da Effie.

Como bom médico que é Dr. Aurelius deve ter notado a minha ansiedade em relação a Peeta por que diz:

– Ele não está bem Katniss, hoje foi um dia ruim- meu coração se aperta de tal maneira que fica difícil respirar por causa da dor que essas palavras me trazem- Como Haymitch te disse ele se recusa a fazer os tratamentos desde o dia em que ele machucou a Diana– a moça que Peeta sem querer feriu agora ganha um nome. – Mas os estado dele está diferente de tudo o que nós estamos acostumados, quando Peeta desistiu, pensamos que talvez ele fosse a voltar ao estado inicial do telessequestro, no entanto por não ter novas doses de veneno jogada em seu corpo ele não regrediu da forma que imaginamos, as crises aumentaram é claro e muito mas Peeta ainda possui estados de lucidez. – Pelo menos ele não era um louco 24 horas por dia, pensei.

– Hoje ele acordou bem na medida do possível mas então por volta das 13:00 da tarde de ontem ele começou a gritar dentro do quarto , pensamos ser uma nova crise, mas ele ainda estava lucido, não parava de gritar que a cabeça dele estava explodindo pegando fogo, mas nada parecido com as alucinações, ele abriu os olhos eu nunca os vi tão negros em todo o tratamento médico.– Meus olhos estavam a ponto de transbordarem e não pararem nunca mais, por isso não disse nada apenas continue ouvindo pois se meus lábios se abrissem provavelmente só iriam sair grunhidos de desespero. Dr. Aurelius prossegue em seu relato torturante, estou a ponto de colocar as mãos sobre os ouvidos mas continuo firme.

– Não tivemos outra alternativa senão sedá-lo Katniss ele estava urrando de tanta dor, e depois dessa crise tão séria não sei como Peeta irá acordar- ele diz- se acordar- diz mais baixo ainda.

Nessa hora meus olhos não seguram mais suas lagrimas – Se acordar como assim ?

– Não sabemos que tipo de dano cerebral provou essa dor excruciante e no estado em que ele está não podemos fazer exames mais profundos.

Sinto minha esperança se esvair como um balão sem ar, se Peeta morrer sinto que acabou pra mim, não haverá mais esperança para continuar.

Dr Aurelius percebe meu desespero e se apressa em me consolar:

– Katniss nós ainda não o perdemos, Peeta sobreviveu as piores torturas tenho certeza que ele vai ficar bem.

Minha agonia só aumenta.

– Posso passar ficar com ele ?

Ele parece hesitar um pouco mas por fim diz :

– O efeito do sedativo ainda não passou mas mesmo que Peeta acorde estará fraco de mais para ter uma crise.- Ele mexe no bolso- Aqui está a chave do quarto dele, eu tenho que ir para casa agora mas depois do almoço estou de volta entre lá sem que ninguém a veja e tranque a porta já dei ordens para ninguém incomoda-lo.

– Obrigada – sussurro

Entro no vestiário e visto a roupa de enfermeiro coloco um touca e uma mascara e sigo pelos corredores até achar o quarto 1213. Respiro fundo e abro me preparando para pior. Mas assim que a porta é aberta nem toda a preparação poderia me prevenir do que vejo. O menino saudável e bem tratado que eu pensei estar habitando este lugar destoa completamente a imagem real que meus olhos lacrimejados veem. Ele está imóvel na cama apenas com um medicamento que imagino ser algum tipo de morfináceo correndo em suas veias, mesmo dormindo parece cansado, atormentado. Tranco a porta e me aproximo mais porque mesmo perto ainda parece que estou a centenas de quilômetros dele. Paro em um escrivaninha branca do lado da cama e me deparo com desenhos, muitos desenhos a maioria confusos como sua mente. Tiro a touca, a mascara e toda a fantasia de Thomas Rendilian: a barba e o Alterador de Voz .

Finalmente o olho de perto e a vontade de chorar agora é tanta que parece rasgar meu peito, mas me recuso a deixar que as lágrimas embasem a primeira visão que eu tenho em mais de dois meses do Garoto com o Pão . Toco levemente suas mãos e meus dedos começam a pinicar mas não é uma sensação ruim é mais como se meu corpo tivesse novamente em contato com algo que sentiu muita falta e dessa vez não consigo conter a lágrimas. Continuo meu caminho, percorro agora seus braços cheios de cicatrizes, assim como o meu. Peeta também é um bestante do fogo. Ele é meu espelho. Chego em sua face e a sensação de formigamento agora espalha por todo o meu braço e se aloja em meu peito, como se eu estivesse voltando a vida. Passo levemente, quase sem tocá-lo, meus dedos debaixo das olheiras profundas de seu rosto e vejo que as noites também não tem sido fáceis para ele, e assim que meus toques chegam ao contorno de seus finos lábios, noto seus olhos se mexendo por baixo das pálpebras fechadas. Ele vai acordar. Essa é a hora que eu deveria sair correndo , mas meu corpo fica duro, como se eu estivesse grudada ao chão. Seus olhos se abrem e finalmente vejo aquela imensidão azul, que felizmente não estão azul da cor da noite mas azuis como o mar do Distrito 4. Peeta parece confuso e quando seu céu particular cai sobre meu rosto vejo vários sentimentos passearem por ali, mas um permanece. Dor.

Ele começa a chorar, não compulsivamente, apenas olha pra mim com lágrimas escorrendo em seu rosto de anjo e apesar da dor em estar me vendo parece feliz também. Ate que hesitantemente ele sussurra:

– Katniss.... Você está aqui. Real ou não real ?


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Notas finais do capítulo

T a ai galera......... espero que tenham gostado .... apareçam fantasminhas .......
bjkassss ...
ate o proximo cap com muito mais Peeta Ebaaaaaaaaaa !!!!
PS : O cabelo da Kat está igual ao da JLaw quando ela o cortou bem curtinho