A ópera do Tordo escrita por Astral Plane


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Hey galera voltei desculpe a demora, é que eu entrei em semana de prova então já viu né...
Queria dedicar esse cap a Lady Dautless que me mandou meu primeiro comentário . Querida muito obrigada, e espero que goste do próximo capitulo, foi bem difícil escrever, mas acho que ficou legal...
Sem mais delongas
Boa leitura galera...



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Cheiro de Prímulas Noturnas invadiam meu ser, e a sensação era tão boa mas tão inacreditavelmente boa que pensei por um minuto que se me recusasse a abrir os olhos eu poderia ficar presa a esse aroma familiar que me trazia felicidade e segurança para o resto da minha vida. Mas vultos passaram na frente de meus olhos e tenho certeza que estavam fazendo cosquinha no meu nariz, sei que estou sonhando pois a alegria que estou sentindo por esse precioso cheiro estar invadindo meus pulmões não é capaz de ser sentida na vida real, pelo menos não mais. No entanto as cosquinhas aumentaram e mesmo com medo de abrir os olhos e o cheiro sumir ou então ser substituído por rosas sangues e meus tradicionais visitantes noturnos, fui vencida pela curiosidade e ao abri-los uma luz forte me cegou e institivamente coloquei minha mão sobre meu rosto para tentar visualizar alguma coisa, foi então que na frente da luz eu vi duas tranças douradas da cor das plantações de trigo do distrito 11, e ela estava com um pequeno maço de prímulas em sua mão fazendo cosquinhas no meu rosto e sorrindo com a cena toda. Me sentei rapidamente, para ver possivelmente o lugar mais bonito que meus olhos já registraram.

Um campo branco cheio de Prímulas, com o céu azul tão profundo e um sol brilhante. E risadas ouvia risadas de felicidade por todos os lados mas não importava pra onde eu olhasse não conseguia encontrar os donos delas. E por fim, lá estava ela. Prim, tão linda como jamais havia visto em toda minha vida, com um vestido longo e esvoaçante amarelo da cor de seus cabelos, que por sinal estavam bem maiores do que eu me lembrava, os seu lindos olhos azuis sorriam mais que seus lábios ao me ver ali sentada diante dela. Levantei – me lentamente com olhos cheios de agua temendo que qualquer movimento que fizesse a faria desaparecer como as cinzas que ela se tornou naquela explosão, cheguei perto e ela riu ,na verdade gargalhou como uma criança travessa, largou as Prímulas que estava segurando e ainda rindo saiu correndo no meio do campo de flores, comecei a ir atrás dela, porque meu patinho não podia ir embora assim novamente:

– Prim ! Prim espere. PRIMMM !! – continuei gritando e correndo atrás dela e de repente como num passe de mágica o cenário mudou. Eu ainda continuava atrás de minha irmã porém agora percebi que estávamos na floresta, pra ser mais especifica na Campina que agora estava tão verde e florida que nem de longe lembrava o cemitério que se tornou, logo após o bombardeio ao 12. Prim finalmente parou e se sentou embaixo de uma árvore frondosa e gigantesca e esperou eu alcança-la. Quando o fiz me sentei ao seu lado e esperei que ela dissesse algo pois eu estava num daqueles momentos que você tem tantas coisas pra falar e ao mesmo tempo nada, pois só de poder estar ao lado dela novamente eu me senti feliz.

– Sinto sua falta Katniss- ela me olhou– todos os dias.

Eu também sinto tanto a sua falta patinho, você não sabe o quanto .- digo a ela.

Sei sim- ela sorri– por isso estou aqui.

– Como assim ?

– Katniss- ela suspirou- não quero que desista de viver apenas porque morri.

Aquilo me doeu, ela falou como se a morte dela fosse algo irrelevante.

Apenas- sibilei.

– Você entendeu o que eu disse, claro que queria esta ao seu lado , e muito, claro que eu queria ver como tudo vai ser a partir de agora , mas não posso.- ela tocou minha mão- e você não estará sendo justa comigo se não viver tudo que ainda tem pela frente chorando por minha causa e pelos outros.

– Não é tão fácil quanto você imagina– digo sem olha-la nos olhos.

– Sei que não é , mas você não é a única que vai ter que recomeçar, que reconstruir minha irmã- ela tocou levemente meu rosto e me fez olhar pra ela, e mesmo ali numa dimensão desconhecida entre o sonho e o que quer que seja isto, vejo que minha irmãzinha cresceu , não fisicamente claro, mas está tão madura que tenho a impressão de estar conversando com uma Prim de 100 anos invés de 14.

– Não sei por onde começar Prim– digo chorosa, mas me contenho não vou chorar na frente dela.

– È porque não é por onde que você deve começar é por quem.

Olho sem entender e ela mais uma vez sorri como se eu fosse uma criancinha de 5 anos que não consegue ver o obvio.

–Peeta- diz ela simplesmente.

– Peeta ? O que ele tem haver com isso ?

– Ele precisa de você Katniss- Ela disse séria.

– Não, ele quer distancia de mim e duvido que mesmo que eu pudesse ve-lo não seria bem-vinda- disse friamente, sei que não deveria falar com ela dessa maneira mas é que falar de Peeta mesmo em sonho ainda me causa dificuldades para respirar e até ela está exigindo que eu saiba sobre ele , será que não entendem que Peeta já está perdido num mundo somente dele e que eu não posso fazer NADA para salvá-lo ? De novo.

Ela não se encolheu e nem se intimidou como teria feito há alguns anos atrás mas ao contrário, minha rispidez fez com que ela falasse mais. Agradeci mentalmente por isso, tudo que eu não quero é magoá-la.

– Peeta não quer distancia de você e sim precisa de você – ela olhou bem nos meus olhos e segurou minhas mãos – e Katniss minha irmã, nós sabemos muito bem o quanto você o queria ao seu lado- desviei os meus olhos já cheio de lagrimas, mas Prim segurou meu rosto entre suas mãos delicadamente e naquele gesto algumas lágrimas finas transbordaram sem permissão do lago cristalino e agoniado que eu chamo de olhos- O quanto você procura por ele todas as noites – diz enxugando minhas lágrimas- E a sua dificuldade de respirar toda vez que pensa nele .

– Queria ele de volta- finalmente digo aquilo que estava me sufocando, que tudo que eu quero é o velho Peeta de volta.

– Trago-o de volta- ela diz

Ele está na Capital Prim, não posso por os pés lá ou serei presa, ou mesmo coisa pior.

–Sei que encontrará um jeito, você sempre encontrou.

É, mais nenhum deles deram certo no fim das contas- você morta é o resultado disso , penso, mas não digo nada.

–Minha morte não foi culpa sua – olho surpresa por ela saber o que penso.

– Não tenho tanta certeza disso.

– Katniss sei que tudo parece injusto e errado agora, sei que tem dias que você quer desistir da vida ou simplesmente quer que ela desista de voce porque se sente culpada é acha que não merece ser feliz. Está errada não pense assim, minha irma você ainda sera muito feliz. Só não desista.

Prim se levanta de repente me dá um abraço apertado, um abraço de despedida , a abraço de volta absorvendo todo cheiro de flores que seu cabelo cor de trigo tem , ela deposita um suave beijo em minha testa e sorri , um sorriso encorajador que mostra que tudo ficará bem apesar de não parecer.

No entanto Prim começa a pegar fogo como todos os outros pesadelos, entro em pânico mas ela sorri novamente e diz :

– Está tudo bem.

Paro e analiso cuidadosamente o seu rosto, em busca de algum sinal de dor ou sofrimento, mas não, Prim está genuinamente bem e feliz. É então que percebo. As chamas que estão consumindo o corpo de minha irmã dessa vez não a estão transformando em cinzas ou deformando sua face, mas estão concedendo a ela asas, Prim está se transformando em um passáro, mas não qualquer pássaro. Prim está se tornando um Tordo. Antes que o fogo a consuma totalmente ela sussurra entre as chamas:

– Salve-o .

A transformação está completa e ela sai voando me deixando sozinha embaixo da arvore.

Abro os olhos. Noto que meu travesseiro está molhado não sei se de suor ou lágrimas, mas posso dizer que pela primeira vez em muito tempo tive vontade de ficar presa em meus sonhos.

Fico deitada , mesmo depois de tanto tempo acordada, pensando no que Prim me disse, a sensação de vê-la bem e feliz é reconfortante, mesmo que tenha sido fruto da minha imaginação. Ela não quer que eu gaste o resto da minha vida na cama como estou fazendo agora, deixando que o tempo e as pessoas simplesmente passem diante de meus olhos, mas não é fácil sair do estupor em que me encontro. Minha irmã acha que devo salvar Peeta e pela primeira vez me permito pensar nele, não importando o quanto isso irá me causar dificuldades para respirar, me permito verdadeiramente pensar nele, não a arma da Capital em que Snow o transformou , ou o garoto a beira da loucura que se encontra em um hospital neste momento, mas o velho Peeta, o meu Peeta. Que me amava. Que me entendia. Que me consolava. Que me fazia rir. Que escolheu inúmeras vezes a minha vida em vez da dele. E mais uma vez percebo o quanto eu queria com todas as minhas forças que ele estivesse aqui ao meu lado. È nesse momento que minha ficha cai.Eu não vou deixá-lo, não posso fazer isso de novo, eu irei salvá-lo, ainda tenho que mantê-lo vivo, mesmo que custe a minha vida. Durante a Revolução lutei para trazer Peeta de volta e na época pensei esta fazendo isso movida exclusivamente por ódio de Snow, por não querer deixa-lo vencer, tirar mais alguém ou alguma coisa de mim, um sentimento de posse. Mas agora não há mas Jogos, não há Capital ditatorial, não há revolução, não há Presidente Snow. E ainda sim quero Peeta de volta porque neste exato momento sei que sem ele eu não vou conseguir continuar .

No entanto não faço a mínima ideia de por onde começar, como posso ajudar Peeta a recobrar a sua sanidade? Como vou chegar até ele ? . Me lembro de alguém que vai me ajudar, alguém que ficou tão devastado quanto eu quando Peeta foi capturado, alguém que não é nem a minha primeira opção nem a última mas com certeza a única. Haymitch.

Mas primeiro atendo a primeira exigência de Prim: cuidar de mim. Levanto-me da cama, tiro as minhas roupas e as jogo no lixo do banheiro. Tomo meu primeiro banho em duas semanas, a sensação de ter a agua quente escorrendo em meu corpo é relaxante. Desligo o chuveiro e visto uma roupa simples. Faço minha tradicional trança e desço pra tomar café. Quando paro no batente da porta da cozinha e Greasy me vê , sua expressão vai de incredulidade, espanto e por fim alegria por finalmente me ver reagindo. Mas como sempre muito discreta ela não diz nada. Então eu que pergunto:

– O que temos para o café Greasy ?

– Fiz um pouco de chá pois sei que gosta e umas rosquinhas com um pouco de coco – ela responde mais feliz, ao notar meu interesse em comer . Tomo meu café silenciosamente, enquanto ela arruma a cozinha e o restante da casa. Assim que acabo minha refeição me levanto e digo :

– Greasy estou indo a casa de Haymitch e é bem provável que eu o arraste pra cá no almoço , se eu o encontrar sóbrio.

– Certo. O que quer para o almoçar?

– Confio em você- digo e saio em direção a casa de meu mentor.

Simplesmente abro a porta, porque bater é irritantemente inútil. Entro naquele ambiente fétido que ele chama de casa me preparando para jogar um balde de agua gelada em sua cara, mas não será necessário, já que ele me encontra antes:

– Educação zero em Docinho ? Já vai entrando assim sem ser convidada veio escutar outra conversa minha caçadora ? – ele diz tomando sua dose matinal de aguardente.

Não- respondo seca, não estou com paciência pra ouvir suas ironias, até por que tenho assuntos mais urgentes.

Que bom – diz tomando outro gole- E á proposito que bom que resolveu tomar um banho, você estava começando a cheirar a minha casa- ele diz me apontando.

Ignoro-o totalmente e sento me no seu sofá.

– Haymitch preciso falar com você – digo – é serio .

Quando ouve minhas palavras, algo muda em seu rosto. Ele deixa sua garrafa em cima da mesa e se senta na minha frente.

– O que houve agora Katniss ? – ele pergunta cansado e preocupado.

– Quero que me conte o que está acontecendo com Peeta.

Aquilo o pegou desprevenido.- Por que ?

– Isso é problema meu , apenas me conte – Sei que fui hostil com ele mas é que me irrita o fato de eu estar preocupada com Peeta, ser algo inimaginável.

– Pensei que tivesse ouvido minha conversa.– ele responde a altura. Suspiro e cedo, não vamos chegar a lugar nenhum assim.

– Me conte. Por favor Haymitch.– digo sinceramente.

– Certo-ele diz- mas não me interrompa. Peeta ficou na Capital para se tratar como você já sabe, e segundo Dr. Aurellius ele estava indo bem , é claro com algumas crises já previstas, Peeta estava otimista, corajoso, forte como sempre. Dr. Aurellius disse que ele não via a hora de voltar ao 12, voltar pra você – ele faz um pausa pra ver se estou acompanhando- Mas ai num belo dia, ou não tão belo assim, Peeta teve um crise séria ele se descontrolou de verdade, os médicos não conseguiram conte-lo , ele saiu literalmente quebrando o hospital todo, dizendo que você tinha queimado o 12 e coisas do tipo, e ao que me parece no meio dessa confusão toda ele acabou machucando sem querer uma enfermeira que tentava sedá-lo.– Engoli em seco com aquilo tudo- Quando Peeta finalmente voltou a si e viu o estrago que tinha feito e a enfermeira que ele machucou, desistiu de si mesmo segundo as palavras de Dr. Aurellius, ele se recusa agora a fazer os tratamentos e a crises e os flashbacks aumentaram, ele não quer voltar pra cá por tem um medo mortal de te machucar, enfim ele se entregou, já que não consegue ver possibilidade de voltar a ficar perto de você novamente.– olho pra ele com olhos lacrimejados esperando por mais- Isso é tudo Katniss.

Me levanto e vou em direção a janela, fico olhando para paisagem sem nada ver realmente, só consigo pensar em como deixei Peeta passar por tudo isso sozinho, em como o deixei novamente só se importando comigo mesma .

– Não vou fazer isso de novo – digo a Haymitch ainda de costas olhando pela janela.

– Fazer o que ?

Viro pra ele e respondo: – Deixá-lo.

Ele dá uma risada seca e irônica :

– É mesmo docinho então me diga. O que vai fazer ?

Respiro bem fundo, pois nunca pensei que iria proferir as seguintes palavras, não depois de tudo o que passei :

– Vou para a Capital.


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Notas finais do capítulo

Galera até mais espero que tenham gostado e comentem por favor elogiando ou criticando hahaha
próximo capitulo sábado que vem se tudo der certo bjkaaassss