Erchomai escrita por EmillyFaith, Uzumaki Neris


Capítulo 2
Capítulo 2 - Emilly


Notas iniciais do capítulo

"O que há de errado em fugir da realidade, se ela é uma droga?"



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Dois tiros passaram por cima da minha cabeça, podia jurar que vi os rastros de fogo. Tudo aconteceu muito rápido, eles estavam atrás da Margo e então eu entrei no caminho. Antes dela pular para onde quer que fosse, eu entrei no caminho e atrasei nossos caçadores por dois segundos.

—Peguem-a!

Podia ouvir eles gritarem através dos seus rádios, consegui usar uma bomba de fumaça que roubei de um deles e pulei num túnel de esgoto pegando a mesma fenda que a Margo utilizou caindo numa floresta. A queda não foi como eu esperava, acabei virando o pé, mas tratei de correr mesmo assim.

Não demorou para ouvir o som da máquina maluca dos caçadores que imitavam os nossos pulos, me esconder não era uma opção, eu estava muito carregada de Erchomai, seria alvo fácil então tratei de correr sem olhar para trás.

Cheguei na estrada acabei parando no meio dela bem na hora que uma caminhonete passava, tomei uma buzina maluca e sai da frente me desculpando. Pela placa do carro estávamos na Carolina do Sul, ouvia os galhos estalando, eles me alcançaram.

Pensei rapidamente, assim que a caminhonete começou a andar eu me joguei na caçamba sem o motorista perceber e me escondi no meio das sacas de milhos e grãos que eles levavam. A caminhonete sumiu na curva assim que eles apareceram, consegui desviar da caça deles por hora.

Meu foco do momento era Margo. A pergunta é como a encontraria? Ela estava a pé, mas podia ter pegado um carro como eu, trinquei os dentes e comecei a raciocinar o máximo que podia e tentei não me preocupar, afinal eu sempre encontrava o que eu queria.

Não demorou muito para o motorista chegar numa cidade movimentada, no primeiro sinal que ele parou eu pulei da caçamba e corri para calçada. Me sentei num banco da praça próxima e puxei um pequeno espelho, apesar das olheiras que tornavam meus olhos ainda mais negros, eu poderia me passar por uma moradora qualquer.

Ainda era de noite, duas horas da manhã para ser exata. Continuei caminhando pelas ruas e comecei a me movimentar, esbarrei em uma pessoa de terno e pedi desculpas, ele mal notou que havia pegado sua carteira. Uma das minhas varias habilidades, rapidamente peguei todo o dinheiro que ele tinha e deixei a carteira em uma loja para que devolvessem.

—Quinhentos dólares. - Sorri. - Sempre vá no cara de terno ao telefone.

Parei numa loja de roupas e fiz compras para mim e para Margo, fiz duas bolsas com várias coisas de emergência, passei no mercado e fiz o máximo possível com o dinheiro. Ainda deixando duzentos reais sobrando, então comprei um celular pré-pago e liguei ele, seria útil uma hora ou outra, então guardei no bolso.

Se eu fosse a Margo na situação que estava eu procuraria ajuda, mas o problema é que ela é uma garota ingênua, aceitaria a ajuda de qualquer um que oferecesse. Isso me deixou um pouco angustiada para encontrá-la logo, então voltei a andar pelas ruas movimentadas, não tinha muitos lugares abertos.

Parei nos fundos de uma loja para descansar, estava fechada pelo horário e um pouco escuro, mas ainda sim pude ver sangue seco no chão. Corri até o local e passei os dedos, não fazia muito tempo e podia ser de qualquer um, mas esse qualquer um era a minha Margo.

Percebi o pequeno rastro e comecei a seguir até o próximo quarteirão onde tinham pequenas casas. Não tinha muito tempo, passei a vasculhar as casas e na terceira pude ver ela dormindo tranquila, respirei aliviada e resolvi entrar pela frente. Batendo duas vezes na porta.

Não precisei bater uma segunda vez, um homem alto abriu e mantinha a mão na cintura com um olhar sério, julgar pelo jeito que agia era um policial e isso me preocupou mais, nos achariam com mais facilidade se ele tivesse feito qualquer tipo de comunicado.

—O que deseja?

—Estou procurando Margo, minha amiga.. Nos perdemos.

—Ah, ela disse que viria. Está dormindo… Você parece cansada, entre.

Não querendo permanecer do lado de fora aceitei a gentileza do oficial, ele ofereceu um sanduíche, mas já havia comido enquanto procurava por ela e acabei recusando, apenas aceitando a água que foi oferecida. Também reparando minha situação ele disse para que eu tomasse um banho e dormisse junto da Margo.

—Sua amiga estava debilitada, pediu para não envolver a policia em si. - Ele bebeu do suco. - Forneci remédios para as dores dela, vai ficar tudo bem.

—Agradeço a hospitalidade. - Ela estendeu a mão. - Emilly.

—William. - Ele sorriu. - Agora vá dormir, amanhã estarei de serviço então fiquem a vontade.

—Muito obrigado, mas não iremos exagerar da generosidade.

Conhecia muita pessoa que ajudava os outros sem nada em troca, mas na vida que eu levo sempre passei a desconfiar demais quando a ajuda é grande. Então resolvi ficar atenta, mas me dei ao luxo de ir dormir, entrei no quarto e a vi serena, não contive e sorri assim que deitei ao seu lado.

Ainda com ela dormindo, apertei um pequeno botão do meu relogio, ele não marcava hora nem nada disso, mas ele via meus batimentos e sempre que apertava o botão da esquerda, uma pequena agulha coletava meu sangue e assim eu poderia ver meus níveis de Erchomai.

E o relógio marcava 35%, não era algo para me preocupar muito, mas também não podia relaxar totalmente. Os níveis de Erchomai nunca zeram no sangue, mas existe uma margem onde os caçadores podem ou não captar onde você está, e também não da um lugar exato, mas um região próxima.

Os níveis são classificados da seguinte forma:

De 5% até 30% é seguro.

De 31% até 50% é moderado;

De 51% até  60% é perigoso.

Acima dos 61% é alto risco e pode ter certeza que alguém está te caçando.

Meus pensamentos viajaram para nossa terra natal, nos últimos tempos as duas começaram a viver fugindo de tudo e de todos, tudo era paz e de repente as coisas mudaram, amigos e familiares começaram a sumir. O grupo delas que antes possuía quase 10 pessoas, agora estavam mortos, capturados ou sumidos.

Os jumpers começaram a montar contingências e esconderijos, mas cada vez mais eles eram encontrados e massacrados, lágrimas se formaram nos meus olhos lembrando dos entes queridos perdidos e também com a esperança de que os outros estivessem vivos.

Tentei deixar os pensamentos de lado e voltei a olhar a Margo, aqueles seus cabelos acastanhados, seu sorriso inocente acompanhado daqueles olhos cor de mel, era a alegria dos meus dias. Apesar de toda a perseguição, ela conseguia manter o otimismo e até soltar aquelas piadas certeiras para relaxar, esse era o jeito dela.

Abracei a minha garota durante seu sono que involuntariamente se aconchegou em mim, beijei seu ombro e fechei os olhos, me permitindo cair naquele sono profundo e sem sonhos perturbadores. E se sonhasse, que fosse com a Margo correndo pela floresta iluminada elo Sol, mas correndo por diversão e por alegria... Era com isso que sonhava pro futuro. 


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Notas finais do capítulo

Voltei com tudo!



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