Os Ptolomeus escrita por Mr Viridis


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores, cumprindo o resultado da votação no grupo do facebook "Nyah! Fanfiction ~ Escritores e Leitores ~" eu escrevi uma fic ambientada no Antigo Egito. Não é bem o Egito de Faraós clássico mas os Ptolomeus também fazem parte da Antiguidade e tem uma história incrível!



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Alexandria, Primavera de 246 a.C.

Havia oitenta e cinco anos, que Alexandre o Grande libertou o Egito do julgo persa. Seus sucessores, os Ptolomeus, passaram a governa-lo não mais como reis macedônicos, e sim como verdadeiros Faraós. Alexandria era a capital do reino e o centro do mundo helênico. A única pessoa que ousava desafia-los era o rebelde rei Magas de Cirene. Ele era meio irmão de Ptolomeu II, e fora enviado pelo pai para massacrar a rebelião dos gregos de Cirene. Ao invés disso tornou-se o líder da rebelião, e ainda se aliou com os Selêucidas, contra o Egito e sua família.

Os deuses vingaram os Ptolomeus. Os Selêucidas não conseguiram manter uma guerra contra o Egito, e em 249 a.C. Antíoco II se casou com a princesa egípcia Berenice Syra, selando a paz. Sendo assim Magas se viu sozinho e sem um herdeiro do sexo masculino. Em um último ato de desespero, ele prometeu sua filha Berenice à Ptolomeu III, o novo rei do Egito, devolvendo o domínio sobre Cirene aos seus verdadeiros soberanos. Magas morreria no mesmo ano, alguns dizem que envenenado por sua ambiciosa esposa, Apama.

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A barca real descia um dos braços do Delta do Nilo, as flautas, tambores e harpas enchiam o ar com uma música alegre. Os convidados brindavam enquanto saudavam -"Ptolomeu, que tenha vida eterna. O amado de Ptah". O barulho espantou um bando de íbis que chapinhavam nas margens, um crocodilo deslizou para dentro do Nilo e as garças param a sua dança por entre os juncos. Todo o Egito saudava seu novo rei.

– Já contou à ele? – Indagou Hipólito a Lisímaco.

Uma das dançarinas jogou seu véu de linho para Lisímaco, que reagiu com alarde para disfarçar a seriedade da conversa que estava tendo com Hipólito.

– E estragar a festa de coroação? Claro que não contei. – Devolveu Lisímaco.

– Aquela carta foi uma grave ofensa, você tem de contar.

– Ptolomeu é meu irmão, e meu Basileu, eu vivo por ele. E te prometo que meu silêncio não passa desta noite.

Lisímaco pediu para o copeiro encher sua taça de vinho, e bebeu ela toda em um gole.

– Eu deveria contar agora! - Ameaçou Hipólito. Lisímaco quase cuspiu o vinho que estava terminando de beber.

– Cale a boca. Está querendo começar uma guerra?

– E se for preciso?

– Sempre existe outra solução que não esta. Estamos todos bêbados agora, não insista, Hipólito.

Hipólito gargalhou e provocou:

– Você é um covarde...

Ele mal teve de pensar quando um soco desceu sobre seu rosto. Lisímaco o havia levado ao chão, e agora estava em cima dele o socando em um ritmo regular. Porém Hipólito era maior e mais forte e conseguiu contra-atacar e inverter a posição em que estavam. A situação pegou todos os convidados de surpresa. Gritos femininos ecoavam pelas mesas a cada soco. Ptolomeu levantou do seu trono, ordenando que os guardas separassem os oponentes.

– Quer que nós prendamos os dois, Basileu? – Perguntou Pérdicas, o Chefe da Guarda Real.

– Não há necessidade, pra que começar um reinado desse jeito? É só uma bebedeira, leve-os para baixo e mande que algumas servas levem agua para ajuda-los a se recompor. – Ordenou Ptolomeu.

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Ao por do sol a Barca Real aportou nas escadarias do porto no Palácio de Alexandria. Foram recebidos por toda a corte que havia permanecido na capital. Todos queriam saudar seu novo rei.

– Bem vindo de volta, meu Faraó. – Saudou Apolônio, o Gerente do Assuntos Económicos do Reino, em grego, o Dioiketes.

– Obrigado, Apolônio. Você serviu meu pai muito bem, não esperarei menos no meu reinado. – Lembrou Ptolomeu. – Pérdicas, leve os dois desordeiros até os meus aposentos.

Os aposentos reais ainda não estavam prontos para receber o novo Ptolomeu, então ele ainda ocupava seus antigos aposentos de príncipe. Ele ficava em um dos cantos do palácio e tinha uma bela colunata egípcia voltada para as aguas da Baía de Alexandria, muito movimentada por causa de seu porto. Um grupo de guardas chegou escoltando Lisímaco e Hipólito.

Sentem-se - Sugeriu Ptolomeu, apontando para duas cadeiras gregas. - Não vou oferecer vinho, pois sei que já beberam demais. Vocês tem sorte em ser meu irmão e meu amigo.

– Foi um erro eu ter atacado Hipólito, mas tenho um assunto mais urgente a tratar.

– Conte logo, Lisímaco. – Pressionou Hipólito, com um toque de ironia.

– Apama de Cirene, mandou uma carta quando estávamos em Mênfis. Eu preferi manter o conteúdo da carta apenas para mim enquanto decorriam as festividades de coroação, elas são muito importantes para o povo egípcio.

– E o que Apama deseja desta vez? – Perguntou Ptolomeu.

– Ela não deseja nada. Ela apenas comunicava que estava rompendo o noivado da princesa Berenice com você.

– Está falando a sério?

– Mas é claro, Berenice deve se casar com Demétrio, o Belo, em uma semana.


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Notas finais do capítulo

Apêndice:
— Selêucidas: Governantes da parte asiática do antigo Império Grego, após a morte de Alexandre o Grande.
—Basileu: é o nome dado pelos gregos ao governante. Aliás, os próprios egípcios não chamavam seus governantes de Faraós, pois isso é uma nomenclatura hebraica

.Eu espero que tenham gostado, deixem seus comentários com suas opiniões aqui em baixo. Até o próximo capítulo.