Os Cinco Filhos da Aflição : Nerlinir nas 8 Terras escrita por Raffs


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Estou me esforçando para desenvolver e escrever a história rápido, obrigado pela leitura! ;-P



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Os homens agiam sem cuidado nenhum, mexendo em tudo para ver se havia algo de valor dentro.O que obviamente, não havia.

Também carregavam estranhos objetos com canos na ponta, de onde saíam o que ouvi dizer serem chamadas balas ou projéteis.Objetos estranhos.Não lembro exatamente seus nomes, mas lembro que certo alquimista me explicara que funcionavam à base de um elemento chamado pólvora.

Os bucaneiros, vindos provavelmente das Ilhas Mulyr(próximas a Arkhang), carregavam o estereótipo básico de pirata : um bandana vermelha na cabeça, um colete justo, alguns tapa-olhos e uma espada de lâmina fina e curta, sem bainha. Eu já conheci alguns anteriormente, e devo dizer que não foi uma experiência muito gratificante.

Entre todos eles, apenas um possuía um visual diferente, mas eu tinha certeza de que não era o capitão, pois ele não ornava um daqueles ridículos chapéus na cabeça, embora tivesse um gancho no lugar da mão.

Devia ser o imediato do bando.

–Onde está você, tranças púrpuras?Nosso capitão anda a te procurar, ele quer discutir sobre negócios!-Devo alertar que embora o homem possuísse um rico vocabulário, sua voz era semelhante ao grasnado do papagaio em seu ombro.Tive até a impressão de quem estava falando era o papagaio por um momento.

Além disso, ele não possuía a maioria dos dentes, e os que restavam estavam não simplesmente sujos, nem mesmo podres.Eram um verdadeiro antro de cáries, tártaro e outros males. Desconfio que alguns animais viviam naquela boca.

–Não vai falar comigo?-Estávamos escondidos atrás da mesa do salão de jantar- Então temo que terá que vir por mal...-Fez uma pausa para respirar, e começou a contar com os dedos.Quando chegou no cinco, gritou-Atirem!

Uma verdadeira saraivada de projéteis voou acima das nossas cabeças, causando um barulho ensurdecedor.Eles não deviam estar atirando a esmo, pois notei que atingiram com precisão as cabeças das estátuas de Ckao’ner, a mais de 50 metros.

–O que fazemos?-Perguntei, embora soubesse que provavelmente ninguém sabia a resposta.

–Devemos esperar ajuda. Não podemos gritar, mas duvido que os outros não tenham ouvido isso.

–E desde quando eles têm armas?

–Boa pergunta.

–Eu não tenho o dia todo!-Gritava o homem.

Nos viramos para Mahrmed.

–Mahrmed, quem...?

–Aquele é Gateston, o Covarde.Imediato de Arstan Garganta Vermelha, que acha que devo algum dinheiro para ele. Se estivéssemos devidamente armados, o bastardo faria jus ao nome e sairia daqui de fininho com seus homens, mas não acho que possamos fazer muita coisa além de nos entregarmos.

–Essa não é uma opção.-Lonpak estava certo.Todos ali sabiam no que dava se entregar para piratas, na condição de devedores(embora não estivéssemos metidos nesse assunto).-Há algum jeito de o afugentar?

O monge apenas olhou para cima.

Quando eu já ia perguntar o que ele estava observando, percebi.

–É claro!O tigre!

–O tigre?-Kalysa perguntou.

–Há alguma maneira de fazê-lo descer dali, ou fazer seus olhos se iluminarem?-Falou Mljet.-Aquele homem teria mesmo medo de algo assim?

–Cale-se, calouro.Todos temos nossos medos.Até o mais bravo do homens e não-homens.-Censurou-o Hvar.Eu sabia muito bem do que ele estava falando.

Sonoros passos vieram do corredor.

Mais de um.

–Eles estão vindo!

–Quem em sã consciência ouve criminosos chegando e sai de onde está desar...

Eram 9 homens desarmados, um deles olhando nervosamente para Kalysa, se rendendo assim que viram as armas apontadas para suas faces.

Felizmente, ou não, Gustaf não era um deles.Aquele homem tinha um maldito sono de ferro, e era o único realmente perigoso dos que não estavam conosco.

–Duas perguntas.Primeiro, quem são vocês.Segundo, onde está o sacerdote do cabelo estranho?

Eles olharam discretamente para nós.Mahrmed fez um gesto de silêncio, e sussurrou “tentem ganhar tempo”.

–Onde está Essen?-Disse Mljet, analisando os homens que se encontravam no recinto.

O mágico sumira.

–Não que isso importe.-Completou o Westesi, hesitando.

–Certo, não temos escolha agora.Temos que lutar, ou fazer o que quer que você tenha em mente com aquela cabeça no teto.

–Há uma estátua no outro lado do salão.-Ele apontou- Aquela com a cabeça de...tigre.Se você ler o que está escrito naquela inscrição na parede atrás da estátua, uma coisa acontece.

–E o que seria?

–Não há tempo pra explicações.Só façam isso, e com certeza o maldito do Gateston vai fugir.

Tinha um empecilho no plano : Quem iria até a estátua e falaria as palavras indecifráveis?Afinal, naquela parte do caminho não havia proteção ou lugar para se esconder, e com certeza os piratas atirariam, ou coisa pior.

–Eu vou.-Era preciso tomar iniciativa nesse tipo de situação.

Ninguém contestou a decisão.

–Aja rápido!E lembre-se, a pronúncia das palavras é igual ao rúnico dos Ishtar!

Coincidência.Só podia ser coincidência.

–Tudo bem, meu idioma!

Disparei como um raio.

–Estão dizendo que não sabem de quem eu falo?

–Exatamente.-Brunne, um homem de Lizur deu um passo à frente.

–Então o que estão fazendo nessa caverna?

–Somos mercantes.Nosso navio encalhou e procuramos abrigo.

–Mercantes, hã?O capitão vai gostar de saber.Se não fizerem nada, talvez possam sair daqui inteiros.O que têm de valioso com vocês?

Por um momento ficaram sem resposta.

–Algumas especiarias, espadas, facas e brincos de ouro e safira...-Desta vez quem falava era Alyssandre, uma elfa-da-montanha que ninguém notara estar ali até então.Para garantir que o que falava podia ser verdade, puxou de uma sacola um colar de... ouro e safira.

Quando ela terminou a frase com “ouro e safira”, os olhos dO Covarde quase pularam das órbitas.

–Venham conosco, imediatamente.O capitão com certeza vai gostar de vê-los.-Apontou para alguns homens-Vocês!Continuem vascu...-Um vulto disparou correndo até o outro lado do salão.

–Quem é aquele?-Ele parecia tão nervoso que sua voz pareceu ainda mais rouca do que a de um papagaio.

Não tive tempo de pensar muito enquanto escapava das balas, que felizmente não percorriam uma grande distância.Só sei que cheguei até a estátua, me ajoelhei enquanto os outros contra-atacavam e li as palavras o mais rápido que pude.

Nem sequer lembro quais eram as palavras, ou o que significavam, mas no mesmo instante em que terminei de pronunciá-las...

–O que, por mil luas cheias, é aquilo no teto?

Não era por menos a surpresa, afinal a cabeça do tigre-marfim não era apenas uma cabeça, e sim um tigre gigante inteiro, que estava com o corpo escondido dentro da montanha acima da caverna.Ou foi o que deduzi.

A criatura monstruosa de pedra possuía aproximadamente 20 metros de comprimento e 6 de altura, e seus olhos brilhavam intensamente.Começou a correr desnorteada, talvez por ter acabado de acordar de um longo sono.

–Ckao’ner, proteja-nos!-Exclamou Mahrmed.

–Esse seu deus não será agressivo conosco, certo?-Perguntou Hvar enquanto a caverna parecia começar a desmoronar.

–Vamos torcer para que não.

–Esse é Ckao’ner?O Tigre dos Jek’tar?

Sabia que conhecia o monstro de algum lugar.

–Jek’tar?Esse nome não me é...

–São elfos tribais das cavernas.-Mljet interrompeu Kalysa.

As balas dos piratas se tornaram inúteis frente ao tigre, e os homens do mar pareciam estar esgotando suas forças pouco a pouco.

–Ainda não desistimos, monge desgraçado!Que sete infernos caiam sobre você!-Gateston se virou para seus homens-Continuem atirando!E se acabarem as balas, usem as espadas contra esse monstro.

Ele não soava tão Covarde agora.

–Bem...não nos resta nada a fazer.-Lonpak ergueu o braço-À luta!

Ergui meu machado, que estava nas minhas costas, e parti para cima dos piratas.

Inicialmente, foi fácil detê-los, afinal tínhamos a nosso favor uma criatura carnívora gigante com garras maiores que uma pessoa.

O tilintar das espadas se degladiando começou.Não ouvia aquele som há bastante tempo.

–Gustaf iria gostar de estar aqui.-Comentei com Mljet, que lutava ao meu lado, enquanto cortava fora o braço de um dos piratas-A propósito, onde ele está?

–Talvez tenha fugido-O homem de Westka imobilizou e desacordou um pirata com uma tragicômica tatuagem de um homem desmaiado no peito-Ou talvez esteja dormindo.

–Aposto mais na segunda opção.-Usei o cabo do machado para derrubar mais um adversário e o girei, fazendo a lâmina cortar a mão de outro que chegava por trás.

Mahrmed sabia como utilizar o corpo-a-corpo muito bem, por isso havia ao seu redor uma pilha de piratas desacordados.

Alyssandre, Brunne e os outros faziam o que podiam para lutar, mesmo que não tivessem armas.

Enquanto isso, Hvar e Kalysa ficaram simplesmente parados, sem lutar.Não os culpo.Um mal conseguia andar, e a outra não devia ter muitos conhecimentos de luta.

Todos íamos bem, até que uma misteriosa explosão atingiu o Tigre no dorso, derrubando-o à nossa frente.O tremor que a queda causou foi grande o suficiente para nos desequilibrar e tirar nossa atenção.

Levei um golpe no peito de um pirata com uma cimitarra, que me arranhou de leve.Minha mão agora não estava tão firme no cabo do machado.

–Acho que a sorte mudou de lado!-Gateston riu tão loucamente que é impossível transmitir a sua risada(ou grasnado) em palavras.

–Mas como esse filho da mãe conseguiu...-Mljet não teve tempo de terminar a frase.

Logo os 10 piratas restantes estavam nos dominando, nos encurralando. Embora eu tenha conseguido derrubar um ou dois deles, levei um golpe forte na cabeça, deixei o Machado do Amanhecer cair e só me lembro disso.


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Notas finais do capítulo

Capítulo 6 em breve(não é promessa)



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