Aprendendo a viver escrita por Senhorita Fernandes


Capítulo 2
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No outro dia John acordou totalmente acabado. Ele escutou um barulho forte vindo do lado de fora da sua casa, olhou para a janela e viu que chovia. Ele achou estranho aquilo, era outubro, não deveria chover naquela época. Mesmo assim ele deu de ombros, olhou para o relógio e viu que já era 4h20.

John sentou na cama, calçou suas chinelas e seguiu até o banheiro. Antes de ir seu pai havia mandado tira a banheira, não queria seu filho tentando suicídio. No lugar da banheira agora havia um chuveiro preto elétrico e enorme. John o ligou. Se despiu e entrou debaixo do chuveiro, a água quente bateu em suas costas e ele fechou os olhos, sentindo a água queimar a sua pele. Passou as mãos pelos cabelos castanhos, ele adorava aquele movimento, dedos passando pelo seu couro cabeludo. John relaxou os músculos e tentou pensar a quanto tempo não deitava com uma mulher, dois anos? Não, era mais, com certeza! Três? Não! Quatro! Eram quatro anos. Ele pensava que nunca iria senti saudades daquilo, mas agora, com a água quente batendo em suas costas ele sentia saudades daquilo. Sentia falta da casa cheirando por causa de uma mulher que passou a tarde limpando-a e mesmo assim continuar incrivelmente linda!

John desligou o chuveiro. Enrolou a toalha ao redor da cintura, entrou no quarto e ligou a luz. Seu quarto era enorme, tinha uma enorme cama com lençóis pretos e dois criados-mudos. John se arrastou até o closet. Aquele closet era enorme, vários cabides estavam vazios, os poucos cabides ocupados estavam com as roupas de John. Que se resumiam a ternos, camisas sociais, jeans gastados e camisetas para uso diário. A única coisa que John tinha demais eram sapatos, para todos os gostos. John suspirou, tudo aquilo era de uma época da qual ele não era depressivo, nada daquilo voltaria.

John pegou a camisa social branca, colocou uma gravata preta e o terno preto por cima, colocou as calças e pegou um sapato preto. Pegou sua bolsa preta e saiu. No caminho para a porta ele pegou os seus três comprimidos e colocou dentro do bolso, não iria toma-los hoje. Quando ele tomava os remédios, ele ficava lento, e se ficasse lento não conseguiria trabalhar, se não conseguisse trabalhar iria matar alguém e assim por diante.

Ele entrou dentro do carro, a chuva estava insuportável. No meio do caminho ele lembrou de quando era mais nova, ela vivia pedindo para ele não dirigir em chuvas como aquelas. Ela tinha medo que ele morresse, mas... Foi ao contrario! John sentiu os olhos arderem, por um instante ele se distraiu, quando voltou a olhar, um vulto rosa passou na frente do carro e foi jogada no asfalto. John freou.

Ele pegou sua capa de chuva e desceu do carro, uma pequena quantidade de gente se aproximou, apesar da chuva.

No chão estava uma garota, ela não deveria ter os seus 25 anos. O cabelo loiro estava molhado e espalhado pelo seu corpo, ela estava usando uma blusa branca que havia ficado transparente, isso exibia seus seios. John se abaixou e cobriu aquilo ali com o casaco grosso e rosa da garota.

— Tudo bem! — ele disse. — Eu sou médico! Vou leva-la ao hospital onde trabalho! Alguém a conhece?

Todos negaram.

Ótimo!, John pensou. Tudo que eu precisava para melhorar o meu dia! Atropelar uma garota que ninguém conhece!

John pegou a garota nos braços e colocou-a em seu carro, o banco de trás ficou completamente molhado, mas ele não ligou. Ela sempre dizia que ele deveria ajudar mais as pessoas, e somente depois de tal tragédia ele começou a fazer isso.

John dirigiu o mais rápido que sempre dirigiu, não dirigia rápido desse jeito desde o acidente. Era tudo culpa da velocidade, mas naquele momento ele não ligava. Aquela loira podia está morrendo.

Rapidamente ele parou no estacionamento do hospital. Já era 5h00, a loira começou a acordar. Ele a pegou nos braços, não se importando com a chuva que havia aumentado. Assim que entrou no hospital, especificamente na área da emergência. Logo uma enfermeira apareceu, trazendo consigo uma cadeira de rodas, ele colocou a garota e assinou o termo de responsabilidade. Eles a levaram para um quarto, provavelmente para enxuga-la e fazer os exames dela.

John logo foi chamado ao quarto onde ela estava, lá se encontrava o Dr. People. Ele era um homem alto, de olhos verdes e cabelos castanhos, uma combinação um tanto que estranha mas bonita.

— Qual sua relação com ela? — ele perguntou, mesmo sabendo que nos últimos quatro anos John nunca mais estivera com uma mulher e nem havia se relacionado com nenhuma.

— Eu a atropelei, resolvi trazê-la pra emergência. Não sei o nome dela!

— O nome dela é Rose Tyler, os documentos foram encontrados no bolso dela. Ela tem 24 anos e sua mãe já foi comunicada.

John suspirou aliviado, teria que lhe dá com a mãe dela gritando em seu ouvido. Ameaçando-o por causa de um simples acidente, a culpa não era dele se a garota havia atravessado a rua sem olhar para os lados, principalmente quando estava chovendo.

John sentou em uma cadeira e esperou a mãe da garota, que ele agora sabia que se chamava Rose. Rose Tyler!

Os comprimidos voltaram a pesar sobre o bolso dele, porque era tão difícil? John ficava se perguntando a cada segundo que se passava. A falta do remédio em seu corpo já era possível ser notada, ele estava impaciente, suas mãos estavam tremendo e ele olhavam para o relógio a cada segundo.

Logo uma voz alta foi escutada, John ergueu a cabeça. Respirou fundo, pois a mulher que entrava parecia ser a mãe de Rose. Ela era loira, pele bronzeada, roupas largadas e muita sombra preta ao redor dos olhos.

— QUEM ATROPELOU A MINHA FILHA? — ela gritou tão alto, que provavelmente todos do hospital escutaram.

O Dr. People logo chegou, seus cabelos castanhos indo de um lado para o outro enquanto ele corria em direção a mulher. Ele sorriu, tentando acalmar a mulher, que continuava a gritar, fazendo a cabeça de John doer bastante. John colocou as mãos em volta da cabeça, se aquela mulher gritasse novamente, ele perderia a cabeça e iria gritar com ela também.

Dr. People e a mulher loira se aproximaram de John, que não era nada mais do que uma pequena bolinha sentada na cadeira. Seu cabelo castanho estava mais bagunçado que o normal, fazendo tanto o Dr. People como a mulher loira se assustarem.

— John? — Dr. People falou.

John ergueu a cabeça, olhando fixamente para um ponto além das duas pessoas a sua frente. Johnny (Dr. People) olhou para trás, vendo que John não estava bem ele sentou-se ao lado do cirurgião plástico, cutucou-o recebendo sua total atenção.

— Sim? — John perguntou, voltando subitamente a si. Ele arrumou o cabelo e forçou um sorriso. Sorriso esse que a mulher loira julgou bastante bonito.

— Essa é Jackie Tyler, mãe da Rose. — Johnny apontou para a mulher loira, que olhava detalhadamente para John, procurando todos os sinais que ele era solteiro. — Jackie, esse é o Dr. Smith! Ele é considerado o melhor médico cirurgião plástico de Londres! — Johnny sorriu, batendo de leve nas costas de John, que por alguns minutos sorriu de verdade em anos.

— Foi um acidente! — John disse, evitando olhar para a mãe da garota. — Estava chovendo muito e ela passou correndo, sinto muito!

— É bom mesmo! — Jackie respondeu batendo o pé. — Posso ver a minha filha?

Dr. People levantou juntamente com John. Os três seguiram para o local que a garota estava. Ao chegarem lá, Rose não se mexeu, não fez nenhum movimento. Apenas ficou ali parada.

Jackie se pôs ao lado da garota, passou a mão pelos seus cabelos que agora se mostrava mais loiros ainda. A pele do rosto havia ganhado um tom de vermelho e seus lábios um tom rosado bastante intenso. John observou atentamente toda a garota, ela não parecia ter 24 anos, parecia ser apenas uma adolescente de 18 anos. Porém, o seu corpo mostrava que ela não era mais uma simples garotinha. Seus seios se destacavam por baixo da regata branca, e suas coxas que estava perfeitamente desenhada pelo lençol fino e branco, eram grossas e provavelmente bem feita.

Rose finalmente começou a abri os olhos. Dr. People saiu do seu lado e foi para o outro lado da cama examinar a garota. Quando ela finalmente abriu os olhos, o coração de John deu uma batida forte, tropeçando em suas costelas e por um momento esquecendo a sua real função naquele corpo. Os olhos da garota eram verdes, tão verdes que John ficou por algum tempo perdido lá. Rose desviou o olhar, não antes de ficar corada.

— Esse aqui é o Dr. Smith! — Johnny People falou. — Ele sem querer atropelou você, não fique zangada! Ele a trouxe para o hospital, infelizmente a sua perna está quebrado. Teremos que por um gesso nela, mas não se preocupe. Você não ficar com o gesso por muito tempo, logo você vai fazer a fisioterapia e vai voltar a andar normalmente!

Rose apenas sorriu de leve. Olhou novamente para John, que ainda em transe a olhava, estudando cada detalhe do seu rosto. Rose por sua vez, se pôs a estudar o homem que atropelou ela.

Ele era alto, disso não tinha dúvida. Deveria ter no mínimo 1,80 ou mais. Era bastante magro e usava um terno preto, sua barba estava por fazer e seu cabelo era castanho, sem vida e bagunçado. Mas mesmo assim ele era bonito, disso não tinha dúvida. Seus dedos eram longos e seus lábios finos.

Rose passou tanto tempo observando-o que John se sentiu incomodado. Por que ela estava observando-o por tanto tempo? Tinha algo de errado com sua roupa? Ou com o seu cabelo? Sua barba? Ou seus olhos? John virou o rosto, olhando para algo atrás da cabeça do Dr. People.

John saiu daquele quarto, prometendo a Jackie que iria pagar com todos os gastos de Rose no hospital. Logo a manha começou, John entrou em seu escritório, sendo recebido por Amy, que lhe entregou um copo grande de café e entrou com ele no consultório preparando-o para suas primeiras clientes. E durante todo aquele dia, mesmo com todas as pessoas entrando e saindo da sala, mesmo com seus comprimidos pesando em seu bolso, mesmo com a dor de cabeça filha da puta e mesmo com toda a dor. John não consegui tira Rose Tyler dos seus pensamentos, por que ela não saia? Ele apenas atropelou e quebrou a sua perna, só isso! Nada mais! Não é como se fosse, do dia para a noite esquecer toda a sua dor e se apaixonar novamente por uma garota sexy que ele quase matou, não era assim que as coisas funcionavam, não para ele pelo menos.


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