Ao acordar, Rose ficou deitada na cama. A cirurgia havia começado a doer, talvez ela não estivesse doendo antes por causa da emoção. Qual? Saber que John havia a tocado de forma carinhosa sem ficar daquele jeito estranho depois. E droga! Eles iam se beijar, novamente! Por que ela havia demorado tanto? Ela poderia ter tomado a iniciativa, mas como sempre Rose vivia em seu mundo de contos de fadas, ela sempre esperava que eles tomassem a iniciativa.

Com muito esforço, Rose ficou de pé e segui para o banheiro da sua casa. Não era como a enorme mansão do Dr. Smith, mas era a melhor coisa que tinham conseguido. Um apartamento com dois quartos em uma área não tão valorizada.

Rose tomou banho, tomou bastante cuidado para não molhar o novo curativo que sua mãe havia feito alguns minutos antes. O banho não foi demorado, afinal ela estava atrasada para ir para a faculdade. Rose havia entrado na faculdade com alguma dificuldade, mas agora ela finalmente estava se formando, depois de quarto longos anos.

Ela encontrou-se com Clara na entrada. A melhor amiga da loira sorriu ao ver a amiga. Ela olhou para o curativo e para o novo formato que o rosto da loira havia ganhado.

— Quem fez a cirurgia? — Clara perguntou.

Rose fez uma leve careta com a pergunta. Naquela manhã ela tomou uma importante decisão em relação a John, ela iria desisti dele. Ela iria conviver normalmente com ele, mas estava decidida a não senti mais as coisas que sentia. Ele não merecia!

— O Dr. Smith — Rose respondeu sem emoção.

Clara percebeu a tristeza nos olhos da amiga e também em sua voz. Ela detestava quando Rose estava triste, Clara sabia da história de Rose, na verdade tinha sido ela a primeira pessoa a saber, se não fosse por Clara, Jackie estaria até hoje sem saber ao certo o que aconteceu naquela noite de sexta-feira.

— O que aconteceu? — Clara perguntou preocupada.

— Não aconteceu nada. Por que você acha que aconteceu?

— Porque eu te conheço, Rose. Você não é assim... você tá gostando do Dr. Smith? — Clara disparou a pergunta. Rose arregalou os olhos, ela sabia muito bem que Clara a conhecia melhor que sua mãe, mas sempre pensou que ninguém iria perceber o sentimento que aos poucos crescia e era nutrido por falsas esperanças dentro de Rose. — Não adianta menti, você sabe que eu te conheço melhor que a sua mãe.

Rose suspirou frustrada. As lágrimas vinheram aos seus olhos rapidamente. Ela deu um giro com a cabeça, tirando a imagem do médico da sua cabeça. Ele sempre aparecia, mesmo sem permissão da loira. Rose colocou o peso do corpo para o outro pé, sua cirurgia começou a doer novamente.

— Ah... talvez sim! — Rose confessou, ocultando grande parte da verdade que ela não queria mais aceitar.

— Como assim talvez? — Clara sentou no banco perto delas, Rose acompanhou a morena. — Eu vi o jeito que você ficou ao falar o quase nome dele. Rose, você o ama, não é?

Rose arregalou os olhos. Aquela baixinha tinha um dom, não era possível existi outra coisa além daquilo. Mesmo assim Rose negou com a cabeça.

— Quantos anos ele tem? — Clara perguntou.

Rose deu de ombros. Aquilo era verdade, ela não fazia a mínima ideia de quantos anos John tinha.

— Ele deve ter os seus 40 anos.

Clara pensou um pouco. A diferença nem era tão grande, claro! Eram 13 anos, mas o que importa? Os pais de Clara tinham 23 anos de diferença e mesmo assim eram incrivelmente felizes.

— Mas e ele? — a morena perguntou chegando mais perto de Rose. As vezes a curiosidade da morena irritava Rose, mas aquele era o jeito da amiga e Rose não poderia reclamar.

— O que tem ele?

Clara suspirou e olhou para o céu.

— Quero saber o que ele sente por você!

— Eu não faço a mínima ideia. A irmã dele disse que ele não me queria por perto...

— Mas por que ele veio te deixar naquele dia aqui na faculdade? — Clara perguntou confusa.

— Eu não sei. Ele é meio imprevisível.

— Bom, conte-me toda a história!

Rose negou, Clara insistiu. Aquilo foi repetido no mínimo umas 10 vezes, até que Rose desistiu e contou toda a história. Desde o dia do acidente até o anterior na igreja. Ao final da história, Clara olhou para a melhor amiga, ela não sabia exatamente se ficava feliz ou triste. Ela preferiu ficar feliz!

— VOCÊS SE BEIJARAM? — Clara gritou, os mais próximos a olharam. Rose sentiu o rosto esquentar de leve, olhou para a amiga a repreendendo.

— Íamos nos beijando, é bem diferente! — Rose corrigiu.

— E por que não se beijaram?

— Porque sempre tem alguém que interrompe. Primeiro foi a irmã dele e depois um amigo.

— No primeiro quase-beijo vocês estavam em uma piscina... bem romântico!

Rose sorriu. Aquela havia sido a primeira vez que John havia sido carinhoso com ela, e ela nunca iria esquece do quase-beijo entre eles dois.

— Eu desisti! — Rose confessou. As lágrimas voltando a preencher seus olhos, uma caiu, mas Rose logo tratou de passar a mão. Não queria que Clara a visse daquele jeito.

— Desistiu de quê?

— Dele.

— Por quê? — Clara virou completamente o seu corpo para a loira. Rose estava com o rosto meio vermelho, os olhos brilhavam graças as lágrimas.

— Ele não merece — Rose disse.

A conversa havia sido longa e ela não poderia entrar mais na primeira aula. Mas mesmo com o pequeno prejuízo causado pela conversa, Rose precisava conversar com alguém, desabafar tudo que estava sentindo por causa de John.

Clara levantou e foi ao banheiro. Enquanto isso Rose ficou sentada, olhando para os outros estudantes e pensando em John, ela sempre pensava nele e sempre se perguntava se ele também pensava nela a todo instante.