O Colar do Parvo escrita por Marko Koell


Capítulo 61
o Aviso de Júnior




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Talvez essa fosse à pergunta que mais estava me atormentado. Era estranho, pois, aquela saudade de meus pais, e de Matheus, e até mesmo minha preocupação com Kauvirno simplesmente sumiram.

Obvio que kauvirno não saberia nada sobre a Espada do Soldado Derrotado, ou até mesmo qualquer outro. Não havia registros dessa lenda, contada pelos elfos, já que bruxos e elfos não se davam bem. E A LIMINE não era tão antiga assim a ponto de saber sobre a lenda, já que Haldrer havia comentado que isso aconteceu há séculos atrás, e que nem mesmo os primeiros elfos estavam mais vivos.

Haldrer parecia intrigado com minhas expectativas de encontrar a espada, mesmo ele não concordando muito com as minhas idéias, pela primeira vez, desde que eu cheguei.

– Está louco, não é mesmo? – disse ele.

– Haldrer, a espada existe, não é possível que ela não esteja por aí, em algum lugar.

– Eu não me refiro a ela não existir, obvio que ela existe, mas já pensou nos riscos que vai correr para encontrá-la?

– Haldrer, por favor, falando dessa forma, me lembra Kauvirno.

– Não, eu não estou sendo igual a ele, no entanto se os bruxos a pegaram, ela deve estar muito bem escondida.

– Ou talvez, eles não saibam da existência dela. Veja, se soubessem, eles a usariam para derrotar os Soberanus, e mais, a usariam para dominar o mundo.

– Faz sentido. Eu farei o seguinte, eu irei até a torre sul, nós temos uma bela biblioteca lá, eu volto mais tarde. Eu até o levaria, mas só se contentaria com a bela construção, de nada entenderia nossa escrita.

–Tudo bem. Eu poderia ir ver Bela?

– Seja cauteloso, não deixe que ninguém o veja. Sugiro ir a pé, alem de uma boa caminhada passara despercebido pelo vale. Eu estou indo, não tarde a voltar.

Haldrer saiu como louco, pela porta, indo até a tal torre sul. Montou em seu cavalo e num piscar de olhos sumiu no horizonte.

Já do lado de fora eu comecei a tal caminhada, até o casebre onde Bela estava. Era triste vê-la daquela maneira, como a vi ontem. Talvez se ela pudesse ficar um pouco mais com o colar, se sentiria bem.

– Kayo, você precisa voltar! – disse Júnior subitamente atrás de mim.

– Que susto, Júnior. – eu dei um pulo para trás, duas crianças que passaram do meu lado começaram a rir.

– Não foi a minha intenção amigo, mas precisa voltar. O mais rápido que puder.

– O que esta acontecendo?

– Apenas volte, por favor, eu suplico.

– Júnior, Haldrer foi buscar informações de onde pode estar a espada, você sabe o quanto ela é importante para o fim dessa guerra, eu não posso. Eu não cheguei aqui por obra do acaso.

– Realmente, o colar lhe trouxe aqui, porque Bela esta aqui. No entanto você precisa voltar!

– Depois que Haldrer voltar, quem sabe. Talvez seja melhor eu ficar um pouco mais, quem sabe assim eles possam me valorizar um pouco.

– Kayo, seu cabeça dura. Pare com isso e volte rápido!

– Eu já disse que depois eu faço isso. – eu disse rispidamente.

Junior sumiu da mesma maneira como apareceu.

Eu fui caminhando tentando não mostrar aonde eu iria, já que Haldrer havia comentado que não era todos os elfos, que sabiam da presença de um morto-vivo em suas terras, e que se soubessem que eu, a teria trazido de volta, poderiam até mesmo me condenar a morte.

Virando ali e aqui, logo eu cheguei ao casebre, onde Bela estava. Ali ainda tinha os mesmos cinco soldados elfos, parados em guarda.

– Olá! – eu disse a eles – Será que vocês me permitiriam entrar?

O mais alto deles, se aproximou. Eu não consegui ver direito seu rosto, já que ali estava bem escuro.

– É o amigo de Haldrer, entre! – disse ele com sua voz encantadora.

Eu dei alguns passos e abri a porta, como era de se esperar, tudo estava escuro, apenas aqueles tocos de velhas acesas, que mal iluminavam a sala. Eu mirei no canto da sala, onde Bela tinha aparecido no dia anterior.

– Bela, esta aí? – eu disse quase que sussurrando.

– Sempre estou as escuras, meu rosto, meu corpo e meu cheiro não agrada.

– Pare com isso, está bem? Não é algo que me incomoda, apareça.

Lentamente, uma figura feminina, rastejante, foi surgindo em meio a luz fraca das velas.

– Bela, eu sinto tanto por colocar você nessa situação.

– Não sinta, meu caro. Você fez o que deveria ter feito.

– Mas eu sinto de que nada valeu, eu ter trazido você de volta... no final, o colar iria me ajudar de qualquer maneira.

– Quem disse isso? Adamastor era um doce, e se puniu por acreditar em mentiras. Mesmo que você não sinta, ele ficou feliz em saber que eu, o perdoei...no entanto, eu já não sei ele fez o mesmo.

– Bela, você nada teve culpa. Sacanearam vocês, isso sim. Nenhum e nem o outro tem culpa de absolutamente nada.

– Meu caro libertador, eu parti com essa duvida e até que chegue o momento, eu ainda a terei. Meu doce Adamastor!

Eu retirei o colar do pescoço e entreguei para Bela. Era como se ela entrava em êxtase quando tocava o coração de seu amado, passava-o no rosto, delicadamente, sentindo todo o seu poder.

Vê-la daquela maneira me lembrou de Matheus. Como eu sentia saudades dele, e comecei a lembrar de nossos momentos juntos. Mas algo então começou a me incomodar, eu não tinha certeza bem do que poderia ser.

– Diga-me Kayo, encontrou o que precisava? – disse ela, de repente.

– Sim! Eu encontrei a Taça dos Eruditos, já esta sob minha posse. Alias, sob a posse de Kau que estou sem noticias há algum tempo. A mansão dele foi incendiada!

– Que triste! Mas espero que encontre seu amigo, e que ele esteja bem. – disse ela, voltando para o seu êxtase no colar.

Um aperto no coração me fez suspirar alto, interrompendo o frenesi de Bela.

– O que te preocupa? – perguntou ela.

– Não sei, mas esta doendo um pouco, eu vou lá fora... eu preciso respirar.

Bela mais uma vez acariciou o colar e depois me entregou, voltando para as sombras da sala.

Ao abrir a porta, me deparei com Halmer, ofegante.

– Ainda bem que eu te achei! – disse ele – Venha comigo, rápido.

– O que houve?

Subimos a pequena colina, e caminhávamos rumo a sua casa.

– Veja, eu tenho uma amiga que me perguntou sobre você. Ela lê mentes, e entrou na minha mente para poder te conhecer melhor. De certa forma, ela consegue ver as pessoas que você conhece, e assim, ela acaba os conhecendo também. Acontece Kayo que ela viu um garoto triste, e pela descrição dela, eu percebi de quem se tratava. Eu posso estar errado, mas eu creio que seja Matheus.

Nesse momento eu parei de andar, e aquela angustia pareceu aumentar.

– Junior me disse pra voltar, eu não dei ouvidos a ele.

– Precisa confiar mais no que ele fala, Kayo, ele o guarda em momentos difíceis.

– Tudo bem, eu vou voltar.

– Eu suspeitei, por isso corri atrás de você.

– Esta bem, avise seu pai que eu tive que ir... ele foi buscar algumas informações sobre a Espada do Soldado Derrotado.

– Eu o aviso.

– E peça a ele, que assim que souber de alguma coisa, que corra atrás de mim e me fale. Eu sei que vocês não entraram nessa guerra, mas duvido que negaram ajuda a mim.

– Jamais faríamos isso, conte com a gente! – disse Halmer.

Conforme íamos caminhando, as belas arvores brancas iam ganhando cor, assim como a terra e suas folhagems e aquele belo lago prateado foi desaparecendo. Rapidamente, eu estava fora das terras dos elfos e então nos aproximamos de uma clareira.

– Como eu faço para voltar até a praia?

– Eu não posso abrir um portal, para um lugar onde eu nunca estive. – disse Halmer – Peça ajuda ao colar.

– Se eu pedir ao colar ele poderá me levar para qualquer lugar. Nem sempre me leva aonde eu quero.

– Transforme-se em fogo novamente... de repente seu amor por ele, o guie.

– Halmer, eu agradeço por tudo, e mande lembranças a sua mãe, e não se esqueça de dar o recado ao teu pai.

– Não esquecerei, agora vá!

Mas uma vez eu me despedi de Halmer e me transformei em fogo, alçando vôo. Aonde eu iria eu tinha certeza, apenas temia se conseguiria.


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