O Colar do Parvo escrita por Marko Koell


Capítulo 45
A influência




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E ali estavam eles. De frente a nós como se tivessem descoberto algo de muito importante. E nós super ansiosos para saber o que seria.

– Bem, o que queria falar? – perguntei Kauvirno.

– A Corte está entrando no caso dos Soberanus. – disse Nathan.

– Como? – perguntou Marcelo, eufórico.

– Tecnicamente eles disseram para todos tomar cuidado e liberou alguns feitiços para defesa, pediu que nós protegêssemos amigos e parentes não-mágicos e disseram que logo estarão chegando uma Brigada Portuguesa e outra Inglesa. – eu disse.

– As coisas estão sérias então. Para a Corte entrar nessa luta, é algo de grave aconteceu...

– Assis! – eu soltei, tentando relembrar do acontecido.

– Ah, sim. eu havia me esquecido de Assis. – disse Kauvirno – A coisa então esta sendo levada por esse lado, mas creio que não devem ter falado nada sobre o colar?

– O chefinho lá não deixou escapar nada. – disse Adrian.

– Certamente que não deixaria. Imagine uma lenda sendo trazida a tona. Seria devastador.

– Sim, e não comentaram sobre Os Vigilantes também.

– Esse com certeza será um assunto para tratarmos daqui a pouco. Estávamos conversando muito durante o dia, como bem puderam perceber. E eu queria dizer, que Joaquim e sua esposa Mariana, pais de Mario, Gilberto e Andressa, pais de Sara agora fazem parte, oficialmente do grupo. No entanto, devemos abolir o nome Os Vigilantes, isso já deixou de ser inicio há muito tempo... está tudo bem Kayo? – me perguntou Kauvirno, eu estava com um pouco de enjôo.

– Sim, pode prosseguir.

– Como eu dizia, cada um de nós temos deveres dentro da ordem aqui em questão. E vocês, crianças também terão. A forma como enfrentaram aqueles tigres no Museu de Assis, demonstram que estão mais do que preparados. Obviamente que farão parte se assim, quiserem.

– Lógico que queremos... – disse Eduardo. Mario e Sara concordaram com a cabeça.

– Está bem, então. Não temos tempo para a inicialização. E eu acredito que nem mesmo seja preciso fazê-la. Seria um processo demorado, e tempo é algo que não temos. Precisamos realmente saber onde se encontra a Taça do Erudito, e devemos todos juntos pensar. Argumentar sempre foi uma boa solução para se chegar a uma conclusão. Kayo tem certeza de que está bem?

– Eu já disse que sim. Só estou estranho, meu estomago dói um pouco. Eu vou me deitar, pode ser?

– Sim, pode sim!

– Eu te levo até o quarto.

– Não precisa Eduardo.

Subi até meu quarto e tranquei a porta. Meu estomago doía mais do que quando eu senti as dores de morte de Ana Bela. Eu comecei a soar frio e percebi que minha visão estava ficando muito embaçada. Eu levantei e fui ao banheiro, onde eu abri a torneira da banheira. Eu precisa tomar um banho, talvez eu melhorasse. Fui até o espelho e fiquei ali me olhando. Sentia um gosto amargo na boca, como se algo tivesse apodrecendo ali. O que estava acontecendo comigo?

Corri até a porta e gritei por ajuda, umas duas vezes. Até que meu pai, junto com Kauvirno chegarão e perguntaram o que estava acontecendo.

E então eu cai no chão, de joelhos e com os braços para trás e gritava de dor. De muita dor. Lembro de ter colocado o rosto no chão e minha visão ter ficado completamente escura.

– O que esta havendo com ele? O que esta havendo com meu filho?

– Fique aí Carla, não venha para cá...

– Mas é meu filho Kauvirno...

Meu pai e Kauvirno me pegaram do chão e me levaram para dentro do quarto, lá fecharam a porta, apenas Marcelo entrou depois.

– O que aconteceu a ele? – gritava alguém do lado de fora.

– Amarre os braços dele na cama... rápido...

Eu queria saber o que estava acontecendo, mas eu não conseguia. Eu gemia, urrava de dor, e sentia que eu estava me debatendo na cama. Eu não conseguia identificar as vozes no quarto, depois disso. Eram todas iguais, que se confundiam com outras duas, e uma risada.

Diga-me onde ele está.... – dizia uma voz assustadoramente gélida.

– Meu senhor, porque judia tanto de um corpo sem alma? Por que? – dizia a outra voz, desgrenhada e rouca.

Açoite-o! – disse a voz mais altiva.

Nesse momento eu ouvi um forte som de chicote batendo em algo e um grito. Mas eu senti as dores.

Mais uma vez, aonde ele está?

–Longe... muito longe, meu senhor. Me de algo para comer... eu suplico....

– Eu já me cansei de seus dicas inúteis... eu quero uma clara...

Eu podia ver com dificuldade um homem ajoelhado no chão, e outro de pé. Com roupas escuras, e branco feito cebola, cabelos grandes e loiros, olhos terrivelmente negros, suas mãos de dedos compridos, pareciam mais enormes com as unhas imensas e amareladas. Esse homem de pé pegou o que estava de joelho e esmurrou sua cabeça. O homem nada vez, parecia que não podia sentir dor alguma. No entanto eu sentia, suas dores.

– Quem é você? – perguntou Kauvirno.

Em minha visão eu vi o homem me olhar, surpreso com alguma coisa.

Eu sou Átimos, quem mais seria... eu o vejo, homem... eu sinto o seu cheiro...

–Impossível, você não está aqui! – disse Kauvirno espantado.

– Estou sim...

Átimos então ergueu o pescoço do homem de joelhos, e aquele rosto me pareceu familiar. Era Edvan Taurino, meu bisavô.

– Tampe o rosto dele, imediatamente. – gritou Marcelo, e meu pai pegou o lençol e cobriu meu rosto.

Eu podia ver Átimos sorrindo, dando suas gargalhadas e ao fundo Étimos seu filho que apenas observava. Consegui ver com clareza, agora um grande salão dourado, com desenhos de cavalos e luas, no centro um circulo, onde Átimos pisava.

– Sabe o que fazer, garoto... venha até aqui... ou todos eles irão morrer. – disse Átimos, sumindo naquela visão aterrorizadora.

Logo depois eu senti meu corpo relaxar, e senti os abraços e beijos de minha mãe.

– O que houve? – eu perguntei a minha mãe.

Lentamente eu abri os olhos, e vi Kauvirno, minha prima e minha tia ali, junto de minha mãe que ainda estava deitada comigo.

– De alguma forma, Átimos conseguiu invadir sua mente... – disse ela.

– Você viu alguma coisa? – perguntou Kauvirno.

– Não! – eu disse relutando em dizer sim. eu não queria por ninguém em perigo, pois quando Átimos disse que eles iriam morrer, Átimos me mostrou todos eles, da ordem.

– Tem certeza? – perguntou minha mãe, aflita.

– Kauvirno, você poderia me fazer um favor?

– Claro, Kayo.

– Reforce as defesas da mansão. Todos vocês... e... mande reforços para o Matheus também... e não esqueça de pegar os pais de Eduardo...

– O que pretende fazer, garoto?

– E eu estou em condições de fazer alguma coisa? Justamente por isso estou pedindo isso... e se puderem me deixar sozinho um momento... eu preciso ficar sozinho.

– Está bem faremos isso agora mesmo...

– Eu te amo, meu anjinho.

– Também te amo, mamãe.

Todos saíram do quarto e então eu olhei para a trinca, onde com um simples movimento com os olhos, a porta se trancou. Eu sentei na cama, e respirei fundo. Fui até a cômoda e abri a gaveta, e ali estava o Colar do Parvo. Coloquei-o no pescoço e fui até a janela, onde um clarão atrás de mim reinou em todo o meu quarto.

– Sabe o que fazer, não é? – eu disse.

– Sim, meu senhor! Mas tem certeza de que eles ficarão bem?

– Só o tempo e minhas atitudes dirão. Mas eu voltarei.

Atrás de mim, falando comigo, estava meu soldado de fogo. Eu estava com medo sim, ainda mais do que eu tinha sentido a pouco, ouvido e visto. Mas eu não podia mais arriscar. Ser o Guardião do Colar do Parvo era aceitar riscos, e eu não iria colocar mais ninguém no meio de tanta violência. Eu iria conseguir, era meu mantra. E naquele momento, eu também sabia que aquilo só aconteceu porque o colar deixou que acontecia. Não sei dizer, sabe aquelas intuições que sempre tive? Essa foi mais uma delas.

Ao ver Kauvirno e os outros do lado de fora com suas varinhas e cajados apontando para uma linha criada ali para a proteção da casa, meu corpo pegou fogo e rapidamente voei dali, passando por eles tão rápido quanto um piscar de olhos.

Na minha frente ia meu soldado, que agora se dividira em dois. E eu atrás seguindo-os e deixando o meu instinto falar mais alto. Se for eu que Átimos queria, então ele iria ter.

–Senhor, este salão dourado é algum lugar muito escondido... como iremos achar? – disse meu soldado.

Flutuando no céu em forma de chama, eu peguei o colar na mão e logo tive uma visão de onde seria o salão. Voamos mais um pouco mais até chegar em Assis, onde pousamos no centro da cidade.

– O Salão Dourado não existe mais, porem... existe um lugar onde ele permanece guardado.

Estávamos em frente ao Museu de Assis.


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