MELLANIE

– Tem a ver com o que a ver com o que aconteceu em 2011. - ele suspira.

– T-Ta falando do que? - sofri um acidente de carro nesse ano...

– Mel, estou falando do acidente, seu acidente de carro.

Eu entro em choque obviamente.

– O que sabe sobre isso? Quem te contou? Jake... chega de pausas, eu quero saber logo, tudo.

– Tem que ter calma, é importante que você saiba de cada detalhe.

JAKE

Meu medo é eu contar, e ela duvidar. Mas tem os pais dela pra provar que é verdade.

Durante mais um período de silêncio que se faz, ela deita sua cabeça em meu colo. Confesso que isso foi estranho, mas é claro que eu gostei.

– Continue - ela fecha os olhos como se eu fosse contar uma história.

– Você se lembra do dia do acidente?

– Bom, apesar de fazerem só dois anos, eu não me lembro com detalhes. Os médicos disseram que foi uma pancada forte.

– Mas então, me conte do pouco que se lembra. - ela se levanta e olha pra paisagem.

– Bom, lembro que era um dia quente, e que eu não estava em casa. - ela volta seu olhar para mim– Não sei exatamente de quem era o carro, mas eu estava sentada no banco da frente.

– É só? - questiono.

– É, tudo que consigo me lembrar. - ela respira fundo, e solta o ar devagar.

– Não se lembra de quem estava com você?

– Lembro vagamente de risadas antes da batida. A última lembrança que tenho é do som das risadas se esvaziando em meio ao som da buzina e da forte freada do caminhão que vinha em nossa direção. - ela se volta novamente à paisagem – mas não me recordo de quem eram as pessoas comigo.

– Seus pais não disseram quem era, ou então pelo menos, as pessoas devem ter ficado no hospital com você. - ela ficou em coma, mas não custava perguntar né.

– Papai disse que era um táxi, e que eu estava sozinha. Mas... se era um taxista comigo, por ríamos? Essa uma dúvida que me persegue.

– Mellanie!!! - ouvimos alguém gritar.

– Aah! É o Lass! - ela dá um sorriso radiante.

O cara, que ela disse Lass, e ela correm e se abraçam, e fazem um tipo de toque estranhamente estranho. E sinto um leve ciúme.

– Jake esse é Lescott Johnson, meu melhor e único amigo. Lass, esse é Jake, e eu estou descobrindo aos poucos quem ele é.

– Olá Jake - ele me encara. Parece ser simpático, mas comigo não foi. - mas e o Dylan?

– Ah... saiu tem um pouco mais de uma hora.

– Claro... - ele vira pra ela– estava com saudades maninha.

– “Estava com saudades maninha” - ela faz uma voz imitando-o– é isso que você diz, mas não sai daquela pista de kart, nunca mais veio me ver.

– Faz duas semanas... seja menos dramática. E na boa, você passa seu tempo com o Dylan, e agora tem ele... o... Jason, não é?

– É Jake. – eu digo, um pouco irritado.

– Isso.. o Jake.

MELLANIE

O celular de Jake toca.

– Alô? – ele atende– só um instante.... Mel, preciso atender okay?

– Ah.. claro. Vou esperar aqui com o Lass. - ele sai.

– Por que ele te chamou de Mel? - Lass pergunta.

– É isso que eu estou tentando descobrir desde que o conheci. Ele disse que sempre me chamou assim.

– Mellanie, como assim? Já não pensou na hipótese de ele estar a fim de você, e tá fazendo isso pra te impressionar? - ele franze a testa.

– Mas ele tem provado que me conhece...

– Como?

– Bom, minha mãe, ao vê-lo, o abraçou, e ele disse quanto tempo.

– Isso não prova muita coisa.

– Lass, ele já sabia do acidente. E isso já fazem três anos.

– Desculpa Mellanie, mas esse tipo de informação não é tão difícil de conseguir.

– E o que me diz sobre ele saber da casinha que meus pais tiveram de pedir emprestada, para uns amigos quando eu era bebê? - ele parece espantado.

– Hey, fala baixo. Ninguém sabe disso.

– Pois é, ninguém sabe, mas ele diz saber e ainda mais, disse que é filho da Jennifer e do Eliot Gringer.

– Pede pra ele te provar.

– Ahh... claro, quer que eu peça pro garoto me entregar seu RG?

JAKE

– Eu não preciso de permissão para vê-la.

– Por que depois de três anos decide aparecer? - Hellena do outro lado da linha.

– Olha, não quero ser mal educado. Mas eu sempre te liguei pra dizer que queria vê-a, e você sempre dizia que não era uma boa ideia - suspiro– eu a amo! E você sabe disso, já está mais do que na hora dela saber toda a verdade.

– Jake, gosto muito de você como pessoa. Você sabe disso, e te respeito muito. Mas isso é loucura, ela não te reconhece. O que acha que vai acontecer? Um milagre?

– Eu acredito em milagres.

– Faça o que quiser, mas não a force a nada.

– Parece até que não me conhece.

– Até logo Jake. - eu desligo.

LASS

– Olha, sinceramente, achei ele um cara legal...

– Claro! Você sempre gosta das pessoas, e as pessoas sempre te amam e blá blá... isso não é novidade. - dou um soquinho no ombro dela.

– Não me interrompa (risos). Como eu dizia; você pode conhecer mais dele sim, afinal você tem todo o direito. Mas mana, por favor, não faz besteira.

– O que acha q sou? - ela parece irritada – não vou pegar o Jake. Eu só estou curiosa pelo fato dele saber tanto sobre mim.

– Hm, tudo bem. Qualquer coisa, sabe que eu sempre estou aqui.

– Ou na pista treinando...

– Idiota. - nós rimos.

–Voltei - é o tal de Jake– Mellanie, preciso terminar de te contar.

– Tá.. Continue.

– Lass tem que ouvir?

– É Lescott. - falo, sem arrogância, mas com ironia.

– Não tem, mas ele pode, não pode? - Mellanie pergunta.

– Bom, você que sabe mas, com certeza sem ele eu ficaria mais à vontade.

JAKE

– Jake! Você tá parecendo um doido, falando todo sério, fazendo suspense. Olha eu cansei. - Mel fala irritada.

– Mas é importante, não estou exagerando.

– A é? Se é tão importante, então vai pra casa. A noite vou fazer um jantar para você, Dylan e Lass. E então você conta, na frente de todos.

– Tudo bem, - concordo, apesar de estar com medo. - então até mais tarde.

Vou andando em direção ao carro. - Poxa, isso é tão complicado. Falar só pra ela já é difícil. Agora, só de imaginar ter que falar isso na frente do namorado, e do melhor amigo, fala sério!