Nas suas lembranças escrita por dayane


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Eu quase perdi uma noite de sono, por culpa deste capítulo. E cada vez que o releio, sinto uma mescla de angustia e paixão.



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Carlos colocou um jogo cooperativo e juntos tentamos salvar o mundo de zumbis maldosos. Em grande parte do jogo, ele tinha que me salvar e acabava morrendo. Os sustos que eu levava me faziam saltar do sofá e lutar para pegar o controle antes que ele caísse no chão. Carlos ria de meus sustos, chorando por culpa do riso e gastando munição ao errar o alvo.

Então, decidimos que estava na hora de pararmos de jogar aquele jogo e passamos a assistir um anime que ele já conhecia.

– Você é feliz?

Movi meus olhos para ele. Durante o desenho, Carlos parou de dar risada e ficou olhando fixamente para as cenas.

– Estou em paz. - Respondi. - Por quê?

– Vê estes personagens? Eles são amigos e possuem diversos problemas.

Eu abracei minhas pernas e coloquei a cabeça sobre os joelhos. Até que ponto as pessoas conseguiam se preocupar com as outras?

– Todos possuem problemas. Se formos parar para pensar neles, perderemos parte valiosa de nossa alegria.

– Você tem razão.

Voltamos a ficar em silencio, lendo as legendas e aprendendo uma ou duas palavras novas. O desenho era uma mescla de ação e comédia, tendo uma pitada de romance para prender as meninas que o assistissem.

– Quero que ele fique com a ladra. - Comentei.

– Mesmo? - Carlos fez uma careta. Ele não gostou da minha opinião. - Gosto mais da princesinha.

– Sempre quis uma história onde o vilão fica com a mocinha. - Suspirei. - Não sei porque os malvados precisam ficar bons para ficarem com os mocinhos.

Carlos riu.

– Será que é para mostrar que o mal não compensa?

– Deve ser. - Comentei já sem interesse. - Que horas são?

– Tarde, por quê?



******



Era uma noite fresca, quase fria. Alguns carros passavam pela rua e tivemos que ir até uma rede de fastfood para comprar o sorvete que eu tanto queria tomar. Obviamente Carlos me fez pagar pelo sorvete dele e escolheu o maior e mais caro da loja.

Segundo o porte físico dele, era impossível que alguém tão magro conseguisse comer um sorvete daquele tamanho, mas eu era menor do que ele e estava com um clone de seu sorvete.

Era uma disputa! Quem se renderia ao sorvete gigante?

Voltamos para o seu apartamento de forma lenta. Eu aproveitei o momento para ligar para minha mãe e avisar que dormiria na casa de Carlos.

– Use camisinha. - Desliguei no mesmo momento em que ela me falou aquilo.

– O que sua mãe disse?

– Para não me resfriar. - Respondi prontamente.

– Sei. - Ele tinha desconfiado. Talvez fosse culpa de meu rosto avermelhado ou da forma como tropecei nas palavras, ao dar a resposta. - Sua mãe acha que somos um casal?

Naquele momento meu sorvete quase pulou de minha mão.

– Como?

– Quase todos os meus amigos me perguntaram isso. - Ele explicou. - Acham que somos um casal. - Eu não sabia se aquilo era bom. - Será que daríamos certo?

Não disse nada. Me dediquei a tomar o sorvete que tínhamos comprado, permitindo que aquele assunto morresse em algum canto do passado. Mas, apesar de não compartilhar meus pensamentos com Carlos, era inevitável para mim pensar que, talvez, pudessemos dar certo.

Carlos, com toda sua simpatida, e eu, com minha disposição para escutar – era tudo o que eu podia oferecer.

Quando chegamos no apartamento de Carlos, senti que o sorvete tinha esfriado meu corpo e necessitei de uma coberta quente para me aquecer. O mesmo efeito parecia ter acontecido com Carlos, pois ele correu até o quarto e voltou com um de seus cobertores.

Cobrimos nossas pernas e ficamos sentados, uma ao lado do outro, assstindo os filmes gratuitos da operadora de TV a cabo que ele utilizava. Os filmes eram, em sua maioria, legendados e extremamente chatos. Os de terror eram trashs e eu me pegava rindo sem controle em vez de estar encolhida de medo.

Carlos me acompanhava nas risadas, tendo dores abdominais pelo excesso de riso.

Mas, quando começamos a assistir algum outro filme de terror, Carlos suspirou e perguntou:

– Será que daríamos certo? - Engoli minha saliva e respirar passou a ser uma atividade complexa demais para meus pulmões. - Só queria saber se daríamos certo.

Abri meus lábios e senti que estavam secos demais. Passei a língua sobre eles e tentei expelir alguma frase, alguma coisa que gerasse alguma reação. O problema era que eu não sabia o que eu queria gerar.

Carlos deixou o rosto cair na minha direção. Pela minha visão periférica, pude notar o quão importante seria minha resposta. Eu deveria acabar com as possibilidades ao responder que não, ou deixar claro que eu queria tentar algo?

Senti minhas narinas dilatarem. Um gemido escapou de meus lábios, um gemido que deveria ter sido uma resposta com nexo.

– Não sei, o que pensar. - Eu seinta que tinha demorado quase uma hora para soltar aquela frase.

Os dedos de Carlos mergulharam em meu cabelo, acariando meu couro cabeludo.

– Acha que podemos tentar?

A pouca distancia que havia entre nós, pareceu encurtar mais ainda. O perfume dele se tornou mais intenso e o calor de sua mão era aconchegante. Era como se meus sentidos buscassem aquele momento. Como se meu corpo e minha alma dedicassem todas as suas habilidades ao momento.

Eu não era capaz de responder. Meu coração batia tão forte, que eu não me assustaria se Carlos o escutasse.

Os dedos de Carlos guiaram meus olhos para os olhos dele.

– Você me permite arriscar?

Na minha visão periferica o filme fazia com que a televisão piscasse em uma cena de ação, onde os moçinhos fugiam dos vilões.

– Não. - Respondi sem conseguir controlar meus impulsos.

E nada mais pôde ser feito. Não depois de Carlos sorrir prazerosamente pelo poder que lhe fora concedido.

O que era que tanto o atraía para mim? Por que será que havia este fascinio bobo dele sobre mim?

A testa de Carlos tocou a minha e eu fechei meus olhos. A respiração dele estava entrecortada, assim como a minha. Seus dedos deixaram meu cabelo e correram por minhas bochechas. Os lábios roçaram nos meus levando ao meu corpo o arrepio que somente os apaixonados podem sentir. Seus dedos continuaram correndo por meu rosto, escorregaram por meu pescoço e deslizaram por meus braços. A boca roçou em meu pescoço enquanto as narinas dele sugavam meu perfume.

Um gemido escapou de meus lábios quando senti a respiração dele sobre minha orelha. O desejo que eu sentia era indescritível. Se eu estivesse em pé teria caído sobre ele sem nenhuma forma de manter-me firme.

O meu corpo ansiava por mais daquele toque e, quando nada mais senti, abri meus olhos. Carlos me olhava com o desejo estampado em cada centímetro de seu corpo. Os olhos estavam dilatados e o rosto levemente rubro. Ele me devorava mentalmente, tentanto acalmar o próprio corpo.

E por algum motivo, não escondia isto.

Como um esfomeado, ele aproximou os lábios dos meus, mordiscando meu lábio inferior e sorrindo de forma prazerosa. O susto que eu tinha levado me fez arregalar os olhos, mas quando a tensão do momento passou, investi contra Carlos, cedendo ao que eu tanto desejava.

A aquele que eu tanto queria.

O beijo fora perfeito. Era intenso, calmo e quente. A boca de Carlos era tão macia, que acomodava meus lábios na mais perfeita das camas. As mãos dele grudaram em minha cintura, puxando-me para ele e me roubando outro gemido.

Não houve controle.

De forma suave, Carlos me deitou sobre o sofá e correu os dedos pelo meu corpo, explorando o caminho desconhecido e desejando mais do que um simples reconhecimento. Os olhos dele abriram-se no momento em que ele interrompeu o beijo que trocavamos.

“Desculpa, estou a ponto de não conseguir me controlar” O corpo dele me sussurrou. “Posso?”

Engoli minha saliva;

E confirmei.

Permitindo que naquela noite, nossos corpos se conhecessem da forma mais íntima e profunda que conseguissem.



Eu temo a distancia. Temo o frio que a acompanha e o abandono que a assola.




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Notas finais do capítulo

Está é uma história contada por Paula. Logo, é impossível saber o que se passa na cabeça de Carlos.



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