Nas suas lembranças escrita por dayane
Notas iniciais do capítulo
Muuuuito tempo depois....
Eu juro que não quis demorar para colocar o próximo capítulo, mas entrei em um momento de inspiração que, quando eu terminava de digitar, já era tarde e eu precisava dormir para ir trabalhar no outro dia....
Em fim, vou ver se consigo colocar m outro capítulo em breve. =)
Até mais ...
Carlos tinha uma casa modesta e bem arrumada. As paredes eram excepcionalmente brancas, tendo os moveis coloridos e combinando entre si. Na cozinha, havia uma mescla de panelas e louças coloridas com eletrodomésticos de ultima geração. No ar, havia um cheiro fresco de limão que parecia acalmar o pequeno cachorro branco, que estava deitado na sala e escutava o radio que ficara ligado.
Quando chegamos, Carlos me apresentou a casa e depois me permitiu ficar como eu bem entendesse. Enquanto ele fazia algumas ligações, fiquei sentada no tapete da sala, brincando com Rusk, o cachorrinho sem raça que Carlos tinha adotado como companheiro.
Algumas horas depois dois amigos de Carlos chegaram e fomos apresentados. Um deles era João e o outro se chamava Daniel. Prontamente os dois ligaram a televisão e o vídeo-game, passando a batalhar em partidas de futebol. Eu os observava com cautela, mantendo o mínimo de conversa e procurando dar carinho para Rusk. Toda a minha dificuldade com pessoas, era proporcional à minha facilidade em conviver com os animais. Eu temia patos, mas todos os outros animais eram extremamente bem vindos em minha vida.
Pouco depois da chegada dos meninos, a pizza que Carlos tinha encomendado chegou e foi neste momento que nós quatro tivemos a oportunidade de conversar de verdade. Carlos, procurava por assuntos que me envolvessem e assim me incentivava a participar constantemente da conversa.
Daniel era extrovertido e diversas vezes demonstrava sua felicidade com caretas e contato corporal - quando ele descobriu que torcemos pro mesmo time de futebol, ele me agarrou em um abraço apertado e bagunçou meus cabelos alegando que se casaria comigo caso eu fosse uma boa jogadora de vídeo-game. Já João mantinha menos contato e uma conversa mais mansa, rindo com extrema facilidade e com capacidade para conversar sobre quase todos os assuntos que eu conhecia. Aparentemente ele era o dono do vídeo-game que estava na casa de Carlos e era outro amante de livros.
Depois do almoço começamos um breve campeonato de futebol, que durou aproximadamente uma hora e meia. Logo, percebemos que jogos de dez minutos eram extremamente rápidos e não tinhamos tempo de nos recuperar do gol sofrido.
Enquanto discutíamos o tempo perfeito para uma partida – ou seja, enquanto eu escutava os argumentos de Carlos, Daniel e João – Rusk correu até a cozinha e puxou do lixo uma borda de pizza abandonada.
Quase uma hora depois, enquanto eu e Carlos perdíamos de seis a quatro, todo mundo se arrependia de ter colocado uma partida de noventa minutos. A pizza que comemos já tinha entrado em faze de digestão e nossos corpos estavam moles.
– Este jogo não acaba? - Carlos resmungou. - Eu nem gosto de futebol.
– Como não? - Perguntei assustada. - Todo homem gosta! Até eu gosto!
Daniel saltou do sofá, apertando o botão para pausar o jogo.
– Eu tô quase te pedindo em casamento!
Meu rosto começou a esquentar e Carlos apontou o controle do vídeo-game para Daniel:
– Tire os olhos dela! Ela já tem dono.
Todos nós olhamos para o dono da casa, até mesmo o pequeno Rusk.
– Não me lembro disso.
Provavelmente eu olhava Carlos com uma sobrancelha erguida e no rosto a mescla entre o nojo e a curiosidade. Enquanto a tensão crescia, minha mente bolava as possíveis respostas dele, menos a mais óbvia de todas:
– Está olhando pra ele.
Minhas bochechas esquentaram assim como minha respiração. Se eu fosse uma pessoa normal, estaria entrando na brincadeira; mas eu era um toco de anormalidade, que não aguentava brincadeiras e que tentava vencer a pressão de estar em um ambiente fechado e com dois desconhecidos extremamente divertidos e simpáticos.
Apertei o controle do vídeo-game e declarei nervosamente:
– Preciso ir ao banheiro.
***
Carlos bateu na porta três horas depois que eu me tranquei no banheiro de sua casa.
– Você está bem?
Sua voz saiu baixa, mas transpassou a porta.
– Estou.
– Já consegue sair daí?
Não era a primeira vez que eu enfrentava aquela situação, mas era mais complicado do que qualquer outra vez. Eu estava na casa de Carlos, ocupando o único banheiro do local e deixando-o sem saber como agir. Ergui meu corpo do chão e olhei meu reflexo no espelho. Quem me visse acharia, apenas, que eu estava com sono e não que eu tinha chorado desesperadamente.
Respirei fundo e destranquei a porta. Carlos me olhou preocupado, como se estivesse pedindo desculpas.
– Desculpe o inconveniete. - Pedi envergonhada.
– Não precisa se desculpar.
– Preciso sim. É só que...
Era complicado. No começo parecia que tudo ia dar certo. Daniel era o mais ousado, mas eu estava conseguindo aguentar suas investidas; contudo, sem saber o motivo, escutar Carlos dizendo que eu tinha dono e que este dono era ele, mexeu mais comigo do que eu poderia imaginar.
Eu tinha duas hipóteses. Primeiro, eu sabia que Carlos não havia dito com o sentido que eu desejava. Depois, a frase me passou a imagem de que eu era um simples animal de estimação que Carlos adotou. Eu não queria ser um bicho qualquer, largado em um canto e que, mesmo procurando por carinho, só receberia quando ele quisesse dar.
Eu queria ser sua companheira, amiga, apoio e confidente.
– Acho que você chegou no seu limite. - Ele me sorriu com vergonha. - Como você não reagiu mal aos avanços de Daniel, acabei me descuidando.
Carlos segurou minha mão e me guiou até a sala. Rusk estava dormindo sobre o sofá e nem mesmo se deu ao trabalho de mover um músculo quando sentamos ao seu lado. Os meninos tinham ído embora e eu me senti mal com a partida deles.
– Preciso ir embora. - Declarei. - Já está ficando tarde e minha mãe vai ficar preocupada.
Carlos acariciou meu cabelos e pediu:
– Fique. - Meu coração acelerou. - Só esta noite.
E eu senti que estava perto de acordar do mais belo sonho que um dia tive.
O que sabemos do futuro? A distancia está lá, escondida em algum canto obscuro.
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