De Volta Ao Passado escrita por Anna Evans


Capítulo 2
Capítulo 2 - A Mensagem Por de Trás do Enigma




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Enquanto dirigia, Draco tentava pela sexta vez ligar para Malcolm com seu telefone celular, porém, como todas as outras cinco tentativas a ligação caíra na caixa postal. Aquela era uma maldita hora para ele deixar o celular desligado. Draco reprimiu um grunhido de raiva enquanto jogava o celular com raiva no banco ao seu lado. O aparelho caiu por cima da caixa vermelha chamando sua atenção novamente.

Era incrível como uma simples caixa de veludo tinha estragado todo o seu dia. Mas ele prometia a si mesmo que seria só aquele dia. Ele não iria se deixar cair naquela escuridão novamente, não iria.

Sons de buzinas o fizeram voltar a prestar atenção no trânsito o dando um novo susto. Fez uma jogada rápida para a esquerda para desviar de um outro carro. Havia saído de sua faixa e nem sequer reparara. Tudo isso porque se distraíra com a presença daquela caixa.

Achando melhor parar em algum lugar agradável para relaxar, Draco seguiu mais alguns quilômetros a sua frente, estacionou o carro e seguiu para uma praça simpática por qual passava todos os dias a caminho de casa.

O dia em Londres estava frio e nublado. Senhoras passeavam com seus cães pelo parque junto de crianças que corriam de um lado para o outro pelo gramado bem aparado. Draco se apoderou do pedaço mais calmo. Sentou-se na grama tento suas costas apoiadas sobre o tronco de uma árvore solitária na praça.

Fechou os olhos respirando fundo o ar que o rodeava. Quando os abriu de novo se viu com a cabeça inclinada para cima, de forma que encarasse o céu nublado e, então se perdeu ali em seus mais profundos pensamentos.

Sentia-se mais pesado, negativo. Desde que lera aquele pergaminho, cujo ele tinha certeza de que fora Pansy Parkinson que o escrevera, ele se perdeu em si mesmo... Naquele cantinho abandonado dele mesmo que ele tanto temia.

Por mais que não quisesse... Ele sabia muito bem da origem daquela pluma que recebera. Lembrava-se de tê-la usado muitas vezes juntos de Pansy, Crabbe e Goyle... Fora com aquela mesma pluma que eles escreveram diversos insultos para os alunos da Grifinória.

Draco suspirou. Goyle estava morto... E, isso... Isso também era sua culpa. Se não tivesse feito todas aquelas coisas... Se não tivesse arrastado ele e Crabbe para a sala precisa atrás de Harry Potter, Goyle jamais teria lançado o fogo maldito que o matou. Gregory Goyle estaria vivo se Draco tivesse feito escolhas certas. Era de escolhas erradas que se resumia aquele passado perdido. Por isso havia feito tanta questão de esquecer, mas... Agora... Lá estavam suas lembranças o abominando novamente.

Draco dispersou ao ouvir seu celular tocando no bolso de sua calça, de última hora havia decidido carrega-lo para a praça. O visor da tela mostrava que era Malcolm Morgan. Provavelmente ele vira suas chamadas perdidas e agora queria saber o do porque de tanta insistência, mas Draco já não tinha tanta certeza se deveria mesmo contar a ele sobre a caixa. Malcolm era um bom homem, mas... Se ele soubesse sobre essa entrega talvez ele deixasse Draco ainda pior. Draco não queria se aprofundar no assunto... Por isso estava ali rejeitando a ligação de Malcolm.

Não demorou mais de dois minutos para que o celular tocasse novamente. Desta vez, era Louis Roussel. Não tinha vontade de falar com ninguém no momento, mas achou que Louis poderia distrai-lo.

— Aonde você se enfiou, Malfoy? — Louis perguntou assim que Draco atendeu.

Talvez fosse paranoia, mas o tom que Louis usara para falar seu sobrenome também o lembrava os tempos de Hogwarts.

— O que você quer? — Draco quis chegar logo ao ponto.

— Isabelle está a mil por hora aqui — explicou-se Louis — Ela me contou sobre a sua reação após receber a entrega e está irritada por você ter deixado ela esperando no refeitório.

Draco suspirou cansado.

— Draco — Louis o chamou — Meu amigo, se você estiver com algum problema... Qualquer que seja... Mesmo com a Isabelle sendo tão explosiva ou o Elliot tão desligado, somos seus amigos. Se tiver algum problema nos fale que tentaremos ajudar. E não venha me dizer que está bem porque você perdeu a primeira aula e em seguida fugiu do campus.

— Já estou voltando.

Fora tudo o que Draco dissera antes de finalizar a ligação. Durante o caminho de volta, Draco pensava na inocência de seus amigos ao acharem que realmente poderiam o ajudar. Ele sequer poderia os contar a verdade. E, mesmo assim... Mesmo que não fosse tão estranho, algo tão fora do comum para eles saber que tinham um amigo bruxo, mesmo se pudesse... Não contaria a eles... Eles o conheciam, mas eles conheciam o novo Draco Malfoy. Eles conheciam o Draco Malfoy de vinte anos, centrado e simpático, descontraído e divertido, mas eles nunca, nunca deveriam conhecer o Draco de dezessete anos. Aqueel garoto amargo e derrotado pela vida. Aquele garoto não existia mais... Não deveria existir pelo menos.

Quando Draco finalmente chegara ao quarto do alojamento da universidade se deparou com Louis logo no entrada. Louis Roussel era um francês alto e pálido. Tinha olhos bem pequenos e azuis. O cabelo era escuro e estava sempre arrepiado. Louis apesar de ter uma aparência meio intimidadora por conta das sobrancelhas grossas e o queixo largo, era um bom rapaz.

Louis o examinou por um tempo,e entrou no quarto junto de Draco sem dizer uma única palavra. Lá estava Isabelle caminhando de um lado para outro e Elliot sentado na cama entediado. Dizia Elliot gostar de grandes aventuras, mas era ele o primeiro a correr a qualquer sinal de perigo. Era magricelo com cabelos castanhos cacheados. O nariz tinha uma grande elevação graças a sua primeira e única tentativa de jogar Rugby.

— Deveria sair daqui, Isabelle — Draco falou colocando a caixa vermelha em sua cama — Aqui é o alojamento dos rapazes.

Isabelle o olhou com fúria.

— Não somos mais crianças, Draco. Que se dane se este é ou não o quarto dos rapazes. — Jogou as mãos para o alto com indignação. — E, você? Aonde estava quando na verdade deveria estar lá no refeitório como me falou que estaria?

Draco balançou a cabeça sentando em sua cama ao lado da caixa.

— Não quero falar sobre isso.

— O que tem nessa caixa? — Elliot pôs os olhos na cama de Draco achando algo interessante pela primeira vez no dia — Fiquei louco para dar uma conferida assim que a peguei na porta, mas...

— E continuará — Rebateu Draco sem perder tempo — Se você abrir esta caixa eu juro que acabo com você!

Louis pigarreou no canto do quarto.

— Não acha que deve nos contar algo?

Draco o encarou começando a ficar irritado.

— Não!

Deitou na cama de qualquer jeito.

— Sabe — Começou Isabelle — Queremos te ajudar, mas você, idiota do jeito que é não permite tal coisa!

— Vocês não podem me ajudar! — Draco gritou com Isabelle voltando a se sentar na cama. — Está muito além do alcance de vocês.

— Se você nos disser o que é talvez...

— Eu não sou obrigado a falar dos meus problemas com vocês, tudo bem? — Suspirou — Não quero falar sobre isso... É passado.

Isabelle sentou ao lado de Draco.

— Meus pais me diziam sempre uma coisa.

Elliot pôs o travesseiro sobre o rosto e Louis sentou-se revirando os olhos. Os pais de Isabelle diziam muita coisa.

— Eles me diziam que todos tem o direito de ter segredos. Porém, eles também diziam que existiam segredos que vinham para o bem e outros que vinham para o mal. Alguns segredos são tão obscuros que o que realmente nos destrói não é o fato, mas sim a ocultação deste fato... Entende o que estou falando Draco?

Draco encarou a caixa de forma amargurada.

— O que tem aí dentro?

Draco olhou para Isabelle como se pedisse desculpas. E então ela soube que ele não pretendia dizer. Ela podia ver a diferença em seu rosto. Estava muito pensativo, calado e triste. Draco não era assim, pelo menos ela não se lembrava de um Draco assim.

Louis suspirou na cadeira.

— Isso é muito chato... Não poder saber o que está acontecendo... Estou me sentindo fora da jogada.

— Acredite — Draco sorriu fraco — Isso é bom.

Elliot se levantou em um salto.

— Chato é a matéria que estou estudando este semestre... — Ele caminhou até a escrivaninha e pegou o caderno — Porque tudo tem que ser tão enigmático?

Draco dispersou de seus pensamentos e encarou Elliot.

— Como?

Elliot deu de ombros revirando alguns papéis... Havia perdido suas canetas novamente.

— Pensamos que é algo, mas depois... Depois que desistimos descobrimos que é aquilo que menos esperávamos. É tipo o Efeito Borboleta eu acho.

Louis puxou uma caneta do bolso da calça e ofereceu a Elliot. Que deu um tapinha de leve em suas costas como agradecimento.

Draco virou o rosto, encarando Louis... Não o estava observando, na verdade sua mente estava funcionando a mil naquele momento.

Louis franziu a testa e riu.

— Não lembra desse filme Draco? — Perguntou — Efeito Borboleta … Aquele em que o cara voltava no tempo...

Draco continuou pensando sozinho.

— É... Elliot concordou indo rumo a porta — A resposta estava no começo de tudo, antes mesmo do início do próprio filme.

E foi aí que Draco finalmente entendeu. Encarou a caixa de veludo ao seu lado de uma forma diferente.

— É isso! — Falou — É um enigma... A resposta está no início, bem antes de tudo isso.

Isabelle e Louis olharam para Draco confusos.

— Tem certeza de que está bem? — Ela quis saber.

Draco pegou a caixa levantou-se e seguiu até Elliot na porta.

— Tenho que fazer algo... Depois falo com vocês. — E então passou por Elliot saindo do quarto.

A verdadeira resposta estava oculta no pergaminho, a pluma era apenas uma distração. Vindo de Pansy toda essa ideia era novidade.

Enquanto caminhava com a caixa nas mãos pelo campus Draco se lembrava claramente agora. Aquela pluma dentro da caixa estava sendo usada por ele no dia em que estavam fazendo uma das pesquisas de Snape na sala comunal da Sonserina... Pansy havia derramado toda a tinta no pergaminho por acidente. Porém, o que ela não sabia naquele dia é que aquele pergaminho sobre a mesa estava enfeitiçado. Um dos testes inusitados de Blaise Zabini. Assim que a tinta percorreu todo o pergaminho uma mensagem fora revelada... Uma mensagem que até então ninguém sabia que havia sido escrita.

Caro Draco, acredito que se ainda for um de nós, como eu acredito que seja, saberá claramente o que fazer com isto que lhe envio nesta caixa.

Era isso que se referia aquela mensagem dentro da caixa. Pansy se questionava se ele se lembraria daquele dia. Caso não lembrasse... Jamais saberia como ver a mensagem... A verdadeira mensagem daquele pergaminho.

Distraído com seus próprios pensamentos Draco esbarrou em alguém.

— Me desculpe! — Olhou então para a pessoa a sua frente.

Era Elizabeth Miller, uma das alunas de medicina e grande interesse amoroso de Elliot. Era uma garota bonita, cabelos loiros até o ombro e olhos esverdeados. Apesar de conhece-la os dois não se viam com frequência, se cumprimentavam por educação, apenas.

— Draco? — A voz de Elizabeth saíra num sussurro enquanto ela examinava Draco a sua frente.

— Você está bem? Eu...

— E-eu... Eu estou bem, desculpe. Tenho que ir!

Draco deu de ombros vendo-a seguir outra direção. Resolveu ignorar o ocorrido e seguir até o estacionamento. Aquela hora ele estaria vazio, ás seis da tarde ocorriam diversas aulas. Inclusive, Draco estava perdendo a sua.

Já no estacionamento, vazio como previsto, Draco abaixou-se no chão entre dois carros. Abriu a caixa vermelha e retirou com cuidado o pergaminho amarelado e o pequeno pote de tinta. Deitou o pergaminho no concreto e estava prestes a jogar a tinta sobre ele quando um barulho o fez levantar.

Draco olhou para os lados e então lá estava ela novamente.

Elizabeth estava entre uma árvore e um carro prata não muito distante no estacionamento. Quando ele a encarou confuso ela seguiu até onde ele estava. Apressado, Draco saiu do lugar para que ela não visse o pergaminho ou a caixa e então foi ao encontro dela também.

— Não sabia que estava por aqui — Ele falou primeiro.

Ela ia dizer algo, ele notou. Mas ao no lugar disso ela se aproximou ainda mais e tocou seu rosto completamente desconcertada.

Ele franziu a testa, confuso com o gesto.

— Você está tão diferente...

— Elizabeth — Ele disse lentamente com um sorriso sem graça nos lábios — Nós nos vemos semana passada.

Ela balançou a cabeça retirando a mão de seu rosto.

— Claro! Semana passada... — Ela se atrapalhou com as próprias palavras — Eu, eu... Eu disse isso porque...

— Ficou chateada pelo esbarrão que te dei? — Draco quis saber — Se for por isso, desculpe, não foi minha intenção. Eu estava distraído e...

— Não, não — Ela negou — Eu quem peço desculpas... Eu... Bom, nos vemos por aí.

Ela acenou brevemente e se afastou apressada para fora do estacionamento.

Draco confuso demais voltou para o lugar no qual estava antes. As coisas ainda estavam ali no chão.

Antes de tentar qualquer coisa, olhou a sua volta certificando-se de que estava sozinho para que ninguém o atrapalhasse e então se abaixou novamente derramando a tinta sobre o pergaminho e esperou que ela se espalhasse.

Lentamente a curta mensagem vista no pedaço de pergaminho sucumbiu a tinta negra jogada sobre toda parte. E então, bem lentamente, pequenas movimentações começavam a surgir riscadas sobre o preto da tinta, fazendo marcas amareladas... Letras... E então Draco observou a verdadeira mensagem aparecer lentamente.

Quando ela estava lá, completamente visível ele levantou-se com o pergaminho manchado nas mãos e o leu:

Fico feliz que esteja lendo esta mensagem, Draco. De verdade. Aquele dia na sala comunal foi só mais um em meio a tantos outros que tivemos juntos. Fico feliz que apesar de tudo não tenha esquecido dos dias mais simples. Porém, escrevo-lhe esta mensagem com outro interesse. Não só eu, como muitos outros, queremos que volte. Precisamos que lute ao nosso lado. Lute se é que ainda se importa. Sei que seu sangue já não é mais tão puro quanto foi um dia, mas volte. Ou será que prefere viver essa mentira, essa desvantagem que você mesmo lhe ofereceu? Será mesmo Draco que você prefere ficar aí? Rodeado de trouxas? Você tinha tanto nojo e tanta repugnância quando falava sobre eles... O que está fazendo aí? Onde foi parar o seu orgulho sonserino? Você sempre disse que éramos nós, bruxos de sangue-puro que tínhamos valor... E, ninguém muda assim de repente, Draco. Largue essa vida medíocre que viveu durante esses três anos e retorne para a sua verdadeira casa... Ela precisa de você.

Atenciosamente,

Pansy Parkinson.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Em breve postarei o capítulo três. Como disse, vou adiantar ao máximo esta fanfic.
Beijos!



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