O príncipe estendeu o braço para que Lira o envolvesse, e foi o que a garota fez, enlaçou-se a ele como nunca fizera antes.

– Então, Lira não é? – ele perguntou e ela assentiu. – Como era sua vida antes de chegar ao palácio?

– Confesso que não muito diferente, não posso dizer que assim como as outras garotas, gosto da comida e de todas as coisas materiais, nunca me faltou nada. Sou aqui de Angeles mesmo, e sou uma dois, apesar de não entender muito bem esta separação por castas, acho completamente inapropriado denominar alguém por um número ou por sua função em sua província. Mas minha vida sempre foi tranquila, sempre ajudei meu pai em seu trabalho e aqui até sinto um pouco de falta disso, falta dele, da minha mãe e até mesmo da minha casa, mas isso é comum, com o tempo nos acostumamos. – ela respondeu e ele sorriu.

– Fico feliz em saber que está gostando de ficar aqui. – ele falou irônico e ela sorriu nervosa.

– Não foi isso que quis dizer. – ela dizia enquanto eles andavam até os jardins suspensos.

O príncipe já não sabia se aguentaria aquele encontro, estava cansado de tudo o que acontecera ontem e até mesmo naquela manhã, a discussão com sua família o deixou abalado e esperava que o encontro melhorasse as coisas, mas aquilo só o fazia se cansar ainda mais. Não que a garota não fosse interessante, mas ele esperava algo mais, algo como uma vida completamente diferente da dele, algo que o intrigasse e o fizesse refletir e perceber que havia um mundo lá fora, onde não existiam brigas em família e nem mansões ou palácios enormes onde as pessoas pudessem se perder dentro. Só uma casinha no meio do nada, em que desse pra sobreviver e sorrir o tempo todo ao lado daquele que julga ser o amor da sua vida.

– Sei que não, só estou um pouco nervoso hoje, mil perdões. – ele pediu e ela sorriu, mais aliviada. – Mas me diga, o que mais gosta de fazer?

– Gosto de decorar o nome das rosas, acho elas flores realmente incríveis. Gosto também de cavalgar e de poder observar o ...– quando ela finalmente iria abrir a boca pra falar, America passa correndo entre os dois.

– Perdão pela minha irmã. – ele pediu e ela assentiu, sem graça.

– Théo, ai está você. – disse a pequena princesa. – Tinha que te avisar algo, mas acho que esqueci. – ela disse e ele sorriu. – Ah, sim. Seu encontro com Elleanor foi adiantado para esta tarde, teremos uma reunião a noite, papai disse que tem algo muito importante para dizer, e quer todos nós lá as 18:00. – ela falou e voltou a correr, mas dessa vez para o lado oposto.

– Obrigada, gatinha! – ele agradeceu e ela se virou para lançar um sorriso.

Lira e o príncipe continuaram sua caminhada até os jardins suspensos, chegando lá conversaram mais um pouco, e ele perguntou tudo o que podia sobre sua vida em Angeles.

Lira estava ficando chateada por Théo não estar lhe dando a devida atenção, apesar de entender que ele estava com muita coisa na cabeça. Ela o encarava esperando que ele perguntasse algo, e ele não falou mais nada. Eles tinham pouco mais de 10 minutos e o assunto acabara ali. Então a garota decidiu que era sua vez de perguntar.

– Você é sempre assim tão preocupado? – ela perguntou e ele riu.

– Só ás vezes, quando estou com problemas quase de estado em minhas mãos. – ele respondeu brincalhão.

– Problemas de estado. Como o que? As castas? A fome? O sistema de saúde? Contratos com outros países? – ela perguntou e ele riu.

– Não! Pior. – ele respondeu e ela ergueu uma de suas sobrancelhas sem entender. – Ter que escolher uma entre vinte e nove garotas, para passar o resto da vida ao meu lado.

– Isso sim é que é problema de estado. – ela brincou e ele sorriu.

– Achei que não te ouviria fazer uma piada hoje. – ele zombou e ela riu.

– Não sou assim tão sem graça quanto pareço, é só o nosso primeiro encontro. – ela argumentou e ele concordou.

– Pena que só mostrou isso no final do encontro, tenho que ir. Não posso me atrasar, mas ainda tenho tempo de leva-la até seu quarto.

– Ah, obrigada alteza. Mas não será necessário, irei almoçar. E acho que a próxima selecionada não vai querer ficar esperando. – ela disse e ele concordou de prontidão.

– Não a conheço bem o suficiente, mas sei que principalmente ela não gostará nada de esperar. – ele brincou e ela sorriu.

– Vai se encontrar com Ashley ou com Annabelle? – ela perguntou em tom de zombaria e ele sorriu.

– Acertou na mosca, Ashley!

Ela sorriu, lhe fez uma reverência e ele foi se afastando, até sair do local.

Théo não conseguia parar de pensar no que America dissera, era algo importante, mas o que poderia ser de tão importante para que seu pai convocasse a família toda para uma reunião tão em cima da hora? Será que eles falariam sobre Amberly e seu ex-futuro-noivo? Ou falariam sobre a futura noiva de Phillip e sobre como devemos trata-la. Théo acreditava que se fosse sobre a noiva de seu irmão mais velho eles não mudariam sua programação, arrumariam um horário mais oportuno ao invés de praticamente cancelar um de seus encontros, era quase uma falta de respeito com as selecionadas.

As selecionadas. Théo recordou-se, iriam falar que assim que ele tivesse um encontro ruim mandasse a garota para casa, que precisavam agilizar isso, que ele precisava casar antes de sua irmã mais nova. Amberly só poderia se casar depois que ele se casasse, e para isso ele teria de escolher sua esposa, o que não estava nem perto de fazer.

O príncipe estava uma pilha de nervos, mal conseguia acreditar em tudo o que estava acontecendo em sua vida em menos de um mês.

Quando chegou próximo a piscina, avistou-a e não pode deixar de olhar, ou melhor, babar. Ashley estava de biquíni, e ao ver o príncipe saíra da água, com seus seios avantajados a mostra, era só o que o príncipe conseguia olhar. Ele podia ser um príncipe, mas de bobo não tinha nada.

– Alteza! – ela cumprimentou-o, e ele sorriu. Era só o que conseguia fazer.

– Gostaria de parabeniza-la. – ele disse ela caiu na gargalhada.

– Posso saber porque?

– Por ser a selecionada com mais bom gosto para roupas de banho. – ele respondeu e ela riu ainda mais.

– Obrigada. – foi só o que ela disse.

Théo era perspicaz, sabia como tratar cada tipo de garota, desde a mais certinha até a mais atirada. Era complicado, mas ele tinha o que alguns chamariam de “dom”.

Ele estendeu uma toalha para ela, e ela sorriu em agradecimento. Sentou-se á mesa e ele acompanhou-a.

– Então, me diga, o que mais gosta de fazer? – ele perguntou e ela voltou a rir.

– Se quer mesmo saber, gosto de moda, de desenhar, cantar e amo filmes românticos. – ela continuou a rir e ele não entendeu muita coisa. – Mas como sei que não quer saber, e que só está me perguntando isso porque precisa, eu prefiro não responder perguntas deste tipo.

– Então me diga, que tipo de perguntas gostaria de responder? – ele perguntou e ela sorriu.

– Pergunte-me qual é minha cor de esmalte favorita. – ela disse e foi a vez dele rir.

– Mesmo se você dissesse eu não saberia do que está falando. – ele respondeu e ela sorriu seca.

– Gosto de responder a perguntas interessantes, sobre moda, esmaltes ou até mesmo fofocas.

– Então já que sabe tanto sobre esse assuntos, me diga qual é a fofoca do momento, porque eu estou por fora. – ele zombou e ela sorriu, satisfeita.

– É claro que é sobre a volta do seu irmão e a futura noiva dele, já viu como ela é bonita? – ela perguntou e ele fez que não.

– Não sei nada sobre ela. – respondeu o príncipe.

– Tem várias revistas que falam sobre ela, recomendo a “Royalty ?” é incrível, não fala só sobre ela, mas sobre várias coisas. É bom para um príncipe como você ficar por dentro dos assuntos, ainda mais quando se trata de você, sua família ou até sua possível futura esposa. – ela zombou e ele sorriu concordando.

– Tem razão. – ele respondeu em seguida.

Ficou pensando nisso durante todas as conversar que tiveram, e acabou mal tocando na comida, enquanto Ashley comia sua salada de sempre.

Quando o encontro acabou, o príncipe já tinha sua opinião formada sobre a garota. Ela era definitivamente diferente de todas as outras, e era isso o que ele queria. Estava cansado das mesmas garotas, apesar de se parecer com algumas garotas com quem ele já tivera algum tipo de relacionamento, Ashley tinha algo que a tornava diferente, algo que dizia que além de toda aquela maquiagem e corpo e roupas bonitas e até mesmo além do ar fútil e um pouco hostil, havia uma garota por quem ele poderia se apaixonar. Ele só não sabia direito o que lhe dizia isso.

Saiu da piscina e deixou Ashley na porta de seu quarto, despedindo-se com um beijo na bochecha da garota e indo direto até o local onde era gravado o Jornal Oficial. Sabia de apenas dois lugares onde tinha certeza que teriam a maior quantidades de revistas e jornais possíveis, o salão das mulheres e a sede do Jornal Oficial, e como não podia entrar em sua primeira opção, foi até lá. Estava vazio, o que era bom, pois seria estranho se Will o visse lendo uma revista de fofoca ou qualquer coisa do tipo, mesmo que explicasse, o amigo nunca iria esquecer.

Théo pegou a revista “Royalty?” nas mãos e começou a folheá-la, já se espantando com a capa e as manchetes e curioso com algumas matérias.

Era estranho ver fotos de Ashley Forbes de biquíni e pensar que acabou de vê-la pessoalmente daquele jeito, ou até mesmo ainda mais bonita. E continuando sua afinca leitura, o príncipe também descobrira mais sobre sua futura cunhada, ela era princesa da França e seu nome é Charlotte, parece ser muito amada por seu povo e ser muito inteligente. Mas o que mais surpreendeu Théo foi sua beleza, assim que viu a foto da garota quase caiu para trás, suas selecionadas eram incrivelmente lindas, mas aquela princesa passava de qualquer limite, Philip tinha sorte em tê-la como esposa se ela realmente fosse tudo o que descreviam ali.

Aquela matéria sobre Ashley mudara um pouco o conceito que Théo criara sobre ela, ele também já havia feito coisas erradas em sua vida, quem nunca havia feito nada que não se arrependesse? Mas só o que ele queria era o melhor para Illéa e estava preocupado se Ashley seria.