Annabella Starks

Sabe aquele estranho momento em que você vai para a casa de seu irmão e quando ele pede para abrir a porta as últimas quatro pessoas que você esperaria estão lá?

Não?

Pois bem, eu sei. Ou melhor, acabei de descobrir.

Ao abrir a porta, eu congelei no lugar ao reconhecer as quatro pessoas.

Innocent MaDnEsS estava bem a minha frente.

Não, eu não comecei a gritar ou a chorar.

Não, eu não era uma fã obcecada por eles.

Eu amava a música deles e não eles. Eu apenas os admirava. Quem não?

Tommy e Rory estavam conversando, então não me notaram plantada como uma batata na porta. Dylan estava num dos primeiros degraus da escadinha que levava a porta. Ele me viu e deu um dos sorrisos mais fofos que já vi na vida. Mas quem eu realmente percebi, foi quem eu vi na minha frente.

Leon estava bem na minha frente.

E ele parecia incomodado.

— Agora que já parou de checar nossa beleza, será que dá pra abrir passagem para a gente entrar? Sabe, estamos carregando malas.

Como ele ousa me tratar assim? Goiaba.

— Hey — eu chamei quando ele passou por mim — será que dá pra ser mais educado, Sir Bonito?

Ele rolou os olhos.

— Peter fica trazendo um monte de vadias retardadas... — ele murmurou balançando a cabeça enquanto colocava sua mochila no chão.

— Hey, para sua informação, eu não sou uma das vadias de Peter. E para sua informação novamente, eu não gosto de ser tratada com desrespeito por quem nem me conhece.

— Para a sua informação, eu não ligo — ele disse com um sorriso diabólico enquanto sentava no sofá, colocando as mãos atrás do pescoço.

Alguém limpou a garganta atrás de mim. Eu me virei, e vi que Dylan estava sorrindo para mim.

— Peço perdão pelo comportamento de Leon — ele disse estendo a mão — eu sou Dylan.

— Annabella — eu disse retribuindo o sorriso e apertando a mão.

Alguém do nada me abraçou forte.

— Hey, Annabella, eu sou o Tommy — ele disse enquanto me abraçava.

Depois vi que Rory estendeu a mão e deu um sorriso galante.

— E eu sou Rory.

Rolei os olhos, mas sorrindo. E o cumprimentei.

— Meu irmão já deve estar descendo. É que ele parece uma menina quando se trata de organização.

Dylan e Rory riram.

— E nós sabemos disso muito bem — Rory disse.

— Hey, espera — Tommy virou-se chocado — você é a irmã de Peter?

Assenti com a cabeça, hesitantemente.

— Ohhh... — os três disseram me olhando atentamente.

Percebi pelo canto do olho que Leon também me olhava com uma sobrancelha arqueada. Ignorei.

Ouvi passos na escada e depois de alguns segundos, Peter estava na sala cumprimentando os meninos.

— E aí, garotos? — ele disse com um enorme sorriso.

Todos eles responderam. Percebi que eles eram bastante íntimos.

— Peter — eu disse com os braços cruzados — cozinha. Agora.

— Mas...

— Cozinha!

E sem dizer mais nada, saí dando passos fortes, com Peter logo atrás de mim.

— O que foi, Bell? — ele perguntou confuso.

— O que foi? — eu sussurrei agitada — o que foi é que quatro dos meus músicos favoritos estão na sala da casa do meu irmão. O que foi é que você é melhor amigo deles E NUNCA ME CONTOU!

Ele suspirou.

— Na verdade, eu sou o empresário deles.

— O QUE? — agora, eu gritei.

— Eu tenho sido desde que vim para Londres. Por isso, eu me mudei.

— E por que nunca me contou? — fiz uma cara de choro.

— Como é que eu ia adivinhar que você era uma fã? Isso é tão não você.

Revirei os olhos.

— Isso é porque eu não sou uma fã! Eu sou uma admiradora do trabalho deles. Eu não gosto deles e sim da música deles.

Ele deu um sorriso doloroso.

— É muito bonita, não? Como a do papai...

Assenti olhando para baixo.

— Hey — ele disse apertando suavemente meu ombro, dando um sorriso — vamos voltar para lá. Tenho certeza que você vai gostar deles.

É. De todos menos um.

Leon bastardo.

— Estamos de volta — Peter anunciou com um braço em volta do meu pescoço.

Leon estava conversando com Dylan e eles pararam quando nos viram. Tommy estava tacando almofadas no Rory que estava revidando os ataques e também pararam quando nos viram.

Parei para dar uma olhada nos garotos. Eles realmente eram bonitos. Eu nunca sabia se uma pessoa era bonita ou não pela internet. Eu não confiava na mídia. Photoshop é capaz de muitas coisas, baby.

Tommy tinha olhos verde-água e cabelo preto com um corte que eu gosto muito, com sua franja de lado e ao mesmo tempo o cabelo bagunçado, dos quatro era o que tinha mais traços jovens e suaves. Rory tinha o corte de cabelo diferente, mas bagunçado também que lhe cai muito bem. Seu cabelo é castanho bem claro, quase loiro escuro e olhos azuis, com uma pele um pouco bronzeada. Dylan tinha a mesma cor de cabelo e de olhos, mas seus traços eram totalmente diferentes de Rory e sua pele era um pouco mais pálida. Leon tinha olhos azuis totalmente diferentes dos meus, eram de um azul turquesa muito intenso. O corte de cabelo era parecido com o de Tommy, mas lhe caía melhor. Seus traços eram suaves e fortes ao mesmo tempo e seu cabelo era preto.

Se beleza fosse crime, eles estariam na guilhotina.

A voz de Rory me trouxe para a realidade.

— Então, essa é a famosa irmãzinha do Peter? — ele disse, me olhando atentamente.

E toda a atenção voltou para mim novamente.

E eu odeio que as pessoas fiquem me encarando.

— É. E como assim famosa? — eu perguntei.

— Ah — Dylan disse com um brilho de divertimento no olhar — isso é porque Peter vive falando de você. Sobre como você estuda música, sobre como você é apegada às pessoas, sobre como você se parece com seu pai e assim por diante. Quando nos conhecemos ele ficava contando histórias sobre vocês.

Corei ao pensar que Peter ficava espalhando minha vida alheia para as pessoas.

— É engraçado e fofo — Tommy disse com um sorriso enorme no rosto.

— É um saco — Leon disse como se estivesse entediado.

Eu fiz uma careta para ele, mostrando meu repúdio, mas não falei nada. Olhei para Peter e vi que ele tinha um sorriso diabólico no rosto. Olhei confusa para ele que deu apenas de ombros.

— Bem — ele juntou as mãos — vamos garotos, deixe-me mostrar seus quartos.

A casa de Peter tinha 5 quartos – sabe-se Deus porquê. Eu estava ocupando um, Peter outro, Rory e Tommy dividiam um e Leon e Dylan o outro. O quinto cômodo era onde Peter colocava seus equipamentos de música.

Peter era meio que o faz-tudo dos meninos. Ele era o empresário deles, mas ao mesmo tempo ajudava na parte técnica das gravações. Peter sabia tocar um pouco de violão e teclado, mas era algo muito raro desde que nosso pai morreu.

Todos estavam no andar de cima. Eu apenas dei de ombros e fui para a sala de TV jogar “Bioshock Infinite”. Eu dei load game no do Peter e comecei numa parte que eu preciso matar um monte de carinhas num depósito.

Estava sentada no chão, afinal eu não gostava de sentar no sofá para jogar jogos de ação. É um jogo muito intenso para se jogar como se eu tivesse assistindo TV. Afina, eu sempre tive a mania de me mexer enquanto jogo.

Eu estava usando a metralhadora em todos os malditos, quando eu ouvi a porta da sala abrir. Sem tirar os olhos do jogo – afinal você nunca deve desviar os olhos dos inimigos, ainda mais se eles estiverem carregando milhares de armas apontadas para você – ouvi passos e vi que a última pessoa que eu queria sentou-se no sofá.

Eu senti os olhos de Leon atrás de mim, mas não fiz nem falei nada. Apenas o ignorei e esperei até matar todos os carinhas para dar pause.

— Quer alguma coisa? — perguntei virando-me para vê-lo.

Leon estava olhando intensamente para mim, e seus olhos quando encontraram os meus suavizaram.

Devo estar ficando louca.

— Hm? — ele pareceu ter acordado de um transe.

— Eu disse: quer alguma coisa? — perguntei com um tom ignorante.

— Eu quero que você cale a boca e jogue, se não eu vou tomar esse console de você — e com isso a expressão fria voltou.

Eu. Odeio. Ele.

Continuei a jogar e vi que os outros meninos entraram na sala.

— Ah, aí está você, Bellinha — Tommy disse animado — estávamos te procurando.

Sorri com o apelido. As pessoas geralmente me chamavam de Anna. Mas isso me incomodava porque meu nome não é Anna.

— Por quê? — perguntei enquanto apertava todos os botões de uma vez, pois eu estava quase morrendo.

— Ah... Por que... Não tínhamos nada para fazer — ele disse e fez uma expressão confusa, mas ao mesmo tempo fofa — agora que já achamos você estamos sem nada para fazer.

Dei uma risada.

— Então, sente-se aqui Tomtom — eu disse me levantando e apontando para o sofá — vamos jogar algum jogo para eu chutar a bunda de vocês.

Tommy estava me olhando com os olhos brilhando.

— Vocês ouviram o que ela disse? — ele perguntou maravilhado.

— Que ela vai chutar nossas bundas no jogo? — Leon perguntou confuso para Tommy.

— ELA ME DEU UM APELIDO! — e com isso ele correu para me abraçar e eu não aguentei tanta fofura e acabei gargalhando.

Os outros meninos – menos Leon, claro – também deram risada, mas pude perceber que Leon não estava com a expressão dura dele.

Progresso?

Quando nossos olhos se encontraram, sua expressão voltou a ser fria.

É, acho que não.

Tommy me largou e dei o outro console para Rory que estava pulando de alegria porque ganhou no par ou ímpar com Tom para jogar primeiro.

Depois que eu ganhei de Rory o qual estava passando o console de cabeça baixa para Tommy que tinha um sorriso maldoso no rosto, parei para olhar os meninos.

Leon parecia perdido em seus pensamentos, Dylan estava rindo de Rory e Tommy estava pegando o console dele.

É, parece que minhas férias vão ser bem diferentes.