Drake Whitewood

Por que raios eu não consegui me controlar e não ter beijado Amy? Eu nem sabia direito porquê eu tinha beijado ela.

A viagem inteira de volta para a mansão teve um clima tenso. Foi horrível.

Eu não queria perder a minha melhor amiga por causa de um beijo. Eu tentei consertar, falando que não era nada demais – o que foi a desculpa mais tosca que eu consegui encontrar para uma situação dessas – mas eu vi que iria demorar muito para Amelia voltar a falar comigo.

Será que ela pensa que eu era como o Eric? Será que ela se sentiu tão repudiada pelo meu beijo?

Também não era assim, né? Eu não beijo mal.

Suspirei e enfiei minha cabeça nas mãos. Quando chegamos na mansão, eu rapidamente fui para o meu quarto arrumar as coisas.

Depois eu fiquei jogando videogame com Sam. Nem preciso dizer que ele arrebentou comigo porque eu não conseguia prestar atenção na tela na minha frente.

— Certo — Sam desligou o videogame e virou-se para mim. — Agora me conte o que diabos está acontecendo com você, Drake.

Eu suspirei. Não estava muito a fim de falar sobre aquilo.

— Desculpa, Sam, mas eu não estou muito a fim de falar sobre meus assuntos.

Foi a vez de Sam suspirar.

— Tudo bem. Vamos esfriar essa sua cabeça então para a festa de hoje à noite — eu nem me lembrava que tinha festa — Então... vamos ao mercado que eu quero comprar umas cervejas.

Assentindo, eu fui pegar as chaves do meu carro no meu quarto.

Chegamos ao mercado que, por um milagre, não estava cheio. As pessoas deveriam ainda estar curtindo o feriado fora.

Eu fiquei olhando para as prateleiras enquanto Sam escolhia sua cerveja.

— Ora ora ora — uma voz indesejada falou atrás de mim — Como vai Drake?

— Trevor — eu tentei esconder a raiva de minha voz. — Vou bem. E você?

— Iria melhor se você não estivesse aqui.

Eu já estava estressado o bastante antes de Trevor aparecer. Agora, com ele aqui, acho que eu iria simplesmente explodir.

— Pois é né — dei de ombros — uma pena — eu andei reto. — Tenha um bom dia.

Trevor segurou minha mão e sibilou para mim.

— Se você acha que você vai viver feliz da vida enquanto meu irmão está na cadeia, pode parar.

Eu soltei meu braço do dele e segurei fortemente o seu, pior até do que ele estava fazendo comigo.

Eu simplesmente estava cheio, cheio do Trevor. Ele é um merda que se tivesse um único senso naquela cabeça ele saberia que o único babaca filho da puta é o irmão dele, e não eu.

Virei para ele com chamas nos olhos e eu percebi que ele engoliu seco. Eu quase soltei uma risada de escárnio.

— Olha Trevor, vamos deixar as coisas bem explícitas aqui, certo? — eu apertei mais o seu braço que já estava branco por causa da circulação — Eu não sou o babaca sem coração, não fui eu que atropelei um garotinho só porque eu era um otário drogado. Se você quer briga — minha voz estava nessa hora já um sussurro cheio de ódio — Pode vir, que eu estarei mais do que feliz de quebrar a sua cara porque você é um egoísta filho da puta que só pensou em como seu irmão foi preso e não em como ele matou O MEU IRMÃOZINHO.

Minha cara já estava vermelha de raiva, eu percebi pelo quanto de calor que eu estava sentindo.

— Agora — eu voltei a sussurrar — suma da minha frente antes que, ao invés de te mandar pra prisão, eu te mande pro pronto-socorro.

Não só o braço de Trevor estava branco, mas como o seu rosto também. Ele simplesmente tirou seu braço do meu aperto e saiu para fora do mercado.

Eu suspirei e virei-me para Sam que tinha a cerveja em mãos.

— Venha — ele disse — vamos nos embebedar.

***

Nós não nos embebedamos. Quero dizer, Sam tomou duas cervejas, mas eu decidi não beber nada, eu queria tentar aproveitar um pouco a Festa da Clareira.

Pouco tempo depois, todo mundo já estava pronto para ir.

Eu olhei tentando procurar Amy, mas vi que ela estava ocupada demais conversando com os gêmeos.

Percebi o quanto ela estava linda em roupas simples e o quanto sua aparição fazia meu coração bater mais rápido.

Eu congelei no lugar e depois grunhi.

— O que foi? — perguntou Cordelia confusa.

— Eu acabei de descobrir que eu estou apaixonado.

***

Era isso, eu ia me embebedar até não lembrar mais do meu nome e depois eu ia simplesmente ignorar Amy até minha mente conviver com isso.

Eu não podia simplesmente chegar nela e falar: “oi, Amy, então eu acabei de descobrir que estou apaixonado por você, sabe...”, não, não dava pra eu fazer isso.

Ela provavelmente iria sair correndo como na vez em que eu a beijei.

Suspirei e comecei a tomar copos e copos de cerveja.

Foi então que eu encontrei uma pessoa que eu nunca pensei que encontraria.

— Hey Drake.

— E aí, Jeremy? — eu disse sentando-me ao seu lado.

— Tudo bem?

— Na verdade não. E com você?

— Também não.

— Saúde! — eu levantei meu copo em homenagem a nossa desgraça.

Eu tomei um gole e ele fez o mesmo.

— Então, por que você está assim? — perguntei.

— Eu estou apaixonado.

Engasguei. Eu estava com o mesmo problema.

— Idem — falei depois de tossir.

— Sério? — ele arregalou os olhos. — Quem é a grande garota?

— Você me diz a sua, que eu falo a minha.

Ele suspirou e olhou para o copo.

— Eu amo a Adelina.

Eu ouvi um amém? Tentei acalmar meu coração, quase que eu pensei que era Amy.

Agora tudo fazia sentido, por isso ele tinha desaparecido por alguns dias. Ele não queria encarar Adelina, afinal estava na cara que a garota tinha uma queda por Frederick.

— Sabe, ela tem sido muito legal comigo — ele disse sonhando acordado — ela sempre sorri para mim e ela é uma pessoa muito bonita e legal.

Assenti. Eu sabia de tudo isso, mas mesmo assim era meio estranho para mim. Acredito que seja porque Adelina era como uma irmã para mim.

— E você? — ele perguntou.

— Amy.

— Ah — foi tudo o que ele disse.

— Como assim, Ah? — eu pergunto — O que quer dizer com isso?

— Eu quero dizer que você é a pessoa mais fácil de se ler nesse mundo Drake. Você e ela.

Eu comecei a olhar para a fogueira que estava meio longe dali.

— Eu a beijei. Só que ela saiu correndo.

Jeremy riu.

— Não ri caralho — soquei de leve seu ombro — não é legal.

— É apenas cômico, Drake. Sabe, cada pessoa tem uma reação diferente para um ato. Só porque ela fugiu não significa que ela vai te ignorar pelo resto da sua vida ou então que ela não gosta de você. Se eu me lembro bem, vocês depois eram bem próximos.

Assenti, porém quando eu ia falar alguma coisa, uma voz atrás de mim me parou.

— Drake — Alexa ronronou — posso falar com você?

Não, eu queria responder. Mas eu sabia que ela não iria me deixar em paz. Eu dei de ombros e a segui.

— O que foi? — eu perguntei já irritado — Trevor se cansou de você e você quis vir falar comigo.

Ela fez um beicinho escroto.

— Drake, querido, você sabe que você sempre foi único para mim.

Sim, eu sempre soube que ela não via a hora de pular para dentro das minhas calças dado o meu conflito com Trevor.

— Você quer fazer ciúme no Trevor — isso não foi uma pergunta, não era preciso.

Ela bufou.

— Ele está com aquela vadia da Margarette — ela sibilou — quero revanche. E eu soube da sua briga no mercado, então...

— Então o que, Alexa? Isso não significa nada.

— Me beije — ela implorou — Só uma vez. Trevor está ali — ela apontou para um ponto bem próximo de nós, e eu vi que de fato ele estava e que estava com a mão na cintura de uma morena alta.

— Belo namorado você tem — eu murmurei só que Alexa me ignorou.

— Apenas me beije e eu prometo de deixar em paz. Prometo nem ao menos falar com você.

Isso que é desespero! Eu conhecia Alexa faz bastante tempo já, eu sabia que, por mais vadia e mentirosa que ela fosse, ela não voltava atrás em suas promessas – por isso quase nunca as fazia.

— Certo. Um beijo. No canto da boca ainda.

Ela revirou os olhos.

— Tá, tá.

Eu me aproximei dela e beijei o canto de sua boca, porém, sendo a vadia que ela era ela empurrou seus lábios nos meus e me puxou fortemente.

— Drake! — eu ouvi alguém gritando atrás de mim.

Eu me desvencilhei de Alexa e vi Amy parada com uma expressão chocada e machucada.

— Droga! — eu gritei antes de Amy sair correndo.

Virei-me para Alexa e joguei toda a minha raiva nela.

— Vai se fuder, Alexa! Agora suma da minha frente! — eu gritei.

A menina estava congelada e saiu correndo logo depois disso. Eu suspirei.

Eu só me fodo nessa merda.

***

Depois de poucos segundos, eu corri atrás de Amy.

A garota, sendo idiota como era, correu para a floresta. De noite!

E tudo por minha culpa. Agora por que diabos ela ficou daquela forma?!

Um minuto depois eu a encontrei sentada no tronco de uma árvore.

— Olha, Amy...

A ruiva se levantou num estalo e começou a gritar comigo.

— Por que você não ficou lá, ein? Se esfregando com aquela morocotéia — isso existia? — Não precisava parar não, só porque eu apareci.

— Escuta, Amy! — eu comecei a gritar também — Aquilo — eu apontei pro nada — foi um favor! Ela apenas queria se vingar de Trevor e era pra ser um beijo simples...

— E você escuta uma vadia? Quão inocente você é, Whitewood?

— Eu não sou inocente. Aquilo apenas não representou nada...

— Assim como nosso beijo? — ela pergunta machucada.

— Não! É claro que não...

— Mas você disse...

— Eu sei o que eu disse! — eu exclamei o mais alto que pude — eu menti pra você...

— Mas por que...

Eu estava muito estressado, não estava sendo um bom dia. Eu queria explodir.

— PORQUE EU ESTOU APAIXONADO POR VOCÊ, DROGA! — eu gritei.

Amy abriu a boca em choque e eu queria desaparecer.

Era oficial: eu só me fodo nessa merda.