Don't Touch My Cookies escrita por ApplePie


Capítulo 20
Capítulo 18 - Culpa e traumas


Notas iniciais do capítulo

Hello muchachas do meu kokoro!!!!
Cara, vocês vão me amar por isso, mas como hoje é Halloween e eu não tive aula, eu consegui (tive que mover moinhos por causa disso, mas tudo bem) fazer dois capítulos pra hoje, um de DTMC e um de IM. Então minhas DUAS fics serão lançadas hoje. Olha que fofa eu =D
I hope you enjoy,
Kissus



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Drake Whitewood

Enquanto eu falava com Amelia, parecia que minhas memórias estavam me puxando para um replay, para um flashback. Como acontecia com “Hazel” em “O Filho de Netuno”.

Quando eu era mais jovem, vivia saindo com meus amigos, incluindo Trevor. Naquela época, ele não era um babaca completo. Sam já era meu amigo, mas nem tanto, pois não suportava Trevor que quase sempre estava comigo.

Naquela época, meus pais já viajavam demais. Eu e meu irmão sempre tínhamos uma babá em casa para cuidar de nossas coisas.

Eu tinha quinze anos e meu irmãozinho, Tyler, onze.

Meus pais tinham ido para uma reunião de emergência pro Canadá e a babá não estava ainda em casa. Trevor tinha me ligado falando que tinha uma festa muito interessante. Uma garota de quem eu gostava, Nataly, ia aparecer.

Eu falei para ele que eu não podia ir. Eu precisava ficar tomando conta de Tyler. Naquele tempo, eu morava numa casa na mesma rua da casa de Trevor. Era muito perto e eu e meu irmão sempre íamos lá para brincar.

— Ah, qual é, cara? — ele disse no telefone — Tyl tem onze anos. É só colocar o menino pra dormir que fechou!

Eu, sendo o garoto babaca que era, aceitei.

— Eu só vou até lá na casa do Trevor, mas eu já volto — eu disse a Tyler antes de fechar sua porta.

A festa estava uma zona. Eu não conseguia achar ninguém que eu conhecia naquele lugar. A maioria daquelas pessoas eu sabia que eram amigos do irmão mais velho de Trevor, Paul. O cara era um completo babaca e ele se envolvia com drogas. Eu sempre tentava ficar longe dele.

— E aê, meu camarada! — gritou Trevor quando eu finalmente achei ele, ou melhor, ele finalmente me achou.

Eu dei um sorriso que não alcançou meus olhos.

— Cadê a Nataly?

— Ah — ele balançou a cabeça negativamente para mim — ela não pode vir, foi visitar o namorado — ele praticamente sussurrou a última parte como se ele não quisesse que eu ouvisse.

Suspirei.

— Olha cara, eu realmente não deveria estar aqui. Essa gente toda amiga do Paul...

— Relaxa, Bro! Meu irmão falou que eles já vão embora.

Tive vontade de revirar os olhos. Trevor acreditava demais em seu irmão. Ele não conseguia enxergar o que estava bem a sua frente.

— Eu preciso mesmo ir.

Fui em direção à entrada da casa. Trevor me chamava tentando me alcançar.

Foi então que aconteceu.

Foi tudo muito rápido.

Eu estava na porta, quando vi Tyler, que estava parado na rua em frente à casa de Trevor, gritar meu nome dizendo que não conseguia dormir, o carro vindo e um grito agonizante.

Só pude perceber depois que esse grito era meu.

Tyler jazia parado no chão. O carro estava lá e quem saiu dele foi Paul.

Eu fui até Tyler, ele não estava respondendo. Eu gritava, esperneava para alguém chamar uma ambulância.

Foi então que a polícia chegou. Provavelmente algum dos vizinhos deveria ter visto a zona que estava a festa ou deveria ter percebido meus gritos pedindo socorro.

Eu contei tudo para os policiais. Eu queria que Paul se fodesse, queria que ele sentisse a mesma dor que eu. Não me importava que o acidente tivesse sido sem querer. Minha raiva não era saciada, então eu não estava satisfeito.

Trevor chegou logo depois e viu Tyler em meus braços. Ele arregalou os olhos.

Porém Paul desmentiu tudo. Disse que não foi ele, foi outra pessoa e que eu estava colocando a culpa nele porque eu não conseguia admitir que a culpa era minha. E Trevor acreditou nele, não em mim.

Claro que a polícia sabia a verdade e o fato de Paul carregar maconha no bolso de sua calça não iria diminuir sua sentença.

A polícia chamou a ambulância, mas era tarde demais.

Paul foi para a prisão, sabe-se Deus quantos anos, eu não cheguei a perguntar, eu apenas torcia para ele morrer sofrendo antes de ele ser liberto.

Trevor começou a me odiar. Ele pensava que era minha culpa que seu irmão tinha sido preso. Minha culpa que sua família estava com o nome “sujo”, minha culpa que seus pais tiveram que explicar para muitas emissoras de televisão como o filho deles foi ser assim.

Talvez até fosse minha culpa, eu não ligava. A única coisa que eu ligava era que Tyler estava morto. E tudo porque eu fui egoísta demais.

Soltei o ar tentando me acalmar. Eu não podia chorar, não numa situação daquelas, eu não chorava faz um bom tempo.

Eu estava desesperado por um cigarro, mas continuei a contar minha história.

— Depois disso, meus pais ficaram arrasados, mas eles não me culpavam. Eles me mandaram para a terapia, pois eu parecia um morto-vivo. Foi uma das únicas épocas em que meus pais não saíram de meu lado, afinal eles achavam que se saíssem, eu iria morrer como Tyl ou então iria me matar. Eu fiquei melhor — dei de ombros, como se meu estado não fosse importante, a verdade era que nem eu sabia exatamente como eu estava, se eu estava bem ou não. Esse era o tipo de pergunta que fazia tempo em que eu não me perguntava —, mas não consegui parar com meu vício de fumar, um vício que eu acabei desenvolvendo enquanto eu estava na terapia, pois para mim o cigarro me acalmava mais que o remédio.

Virei-me para Amelia que até então chorava silenciosamente.

Amelia Del Crucci

Depois de ter contado sua história para mim, Drake teve que pegar um cigarro. Eu sempre odiei cheiro de cigarro, mas eu sabia que ele precisava daquilo, então relevei.

Eu não pude deixar de chorar enquanto ele me contava sua história.

— Não é sua culpa — foi tudo o que eu consegui dizer enquanto ele soltava fumaça pela boca e junto uma risada sem humor.

— Você não é a primeira pessoa a me dizer isso, Amelia, mas você precisa entender que é sim, se não fosse por mim...

— Drake! — eu exclamei exasperada — você nunca poderia ter imaginado que Tyler iria morrer. A culpa foi de Paul, e ele está na prisão agora.

Ele ficou quieto enquanto tragava seu cigarro.

— Você precisa entender, Drake — eu falei suavemente — que as pessoas morrem. Eu sei que seu irmão se foi cedo demais, mas talvez era preciso.

Então eu choquei Drake e talvez até a mim mesma envolvendo meus braços ao seu redor e dando um abraço de urso. Ou pelo menos tentando, visto que ele era bem maior do que eu.

— Mas espera — eu disse esticando meu pescoço para olhar para ele — onde Jeremy entra nessa história?

Drake suspirou.

— O pai de Jeremy foi o juiz do caso de Paul. Eu não sei que tipo de ameaça os pais de Trevor fizeram, mas muitas das merdas que Paul fez simplesmente desapareceram nos arquivos. Então o pai de Jeremy deu a menor sentença possível para o caso dele. Jeremy se sentiu culpado porque ele sabe que a culpa é de Paul e porque ele era meu amigo.

— Ele não é mais seu amigo?

— É complicado — Drake apagou seu cigarro com o braço que estava livre do meu abraço — Jeremy se afastou por vergonha e eu acabei me afastando de todo mundo por causa da situação. Eu não culpo Jeremy, mas é estranho falar com ele hoje em dia. Ele parece um estranho.

Bati as palmas como se tivesse uma ideia.

— É isso! Vocês precisam voltar a ser amigos.

Drake balançou a cabeça negativamente.

— Amelia, não é assim que funciona. Eu não vou ficar melhor ou me sentir menos culpado só por ter uma amizade de volta. Você precisa entender isso.

Grunhi irritada.

— Você precisa entender, Drake, que a culpa, para ser esquecida, precisa ser trabalhada. E é isso que nós vamos fazer. Nós vamos trabalhar esse seu lado negro.

Ele deu um sorriso triste.

— Se você diz...

Assenti com a cabeça determinada.

— Sua vez.

Olhei para ele confusa.

— Sua vez de contar seu passado obscuro.

— Opa! Acho que Damien está me chamando, eu preciso ir...

— Amelia — ele disse firmemente com seus olhos azuis me encarando fixamente.

Suspirei e mexi no meu cabelo por causa do desconforto.

— Eu não sei se você já sabe... Mas eu sofro de alguns problemas...

Ele assentiu, como se dissesse para eu prosseguir.

— Como hiperatividade e problemas com ansiedade — suspirei de novo — e por causa disso minha mãe sempre me tratou como se eu estivesse quebrada. Ela nunca enxergou mais nada além dessas coisas. Eu só tinha meu pai, até que eles se separaram porque ele não aguentou mais.

Sentei na cama, pois eu estava plantada que nem uma árvore no outono (piadinha de novo sobre meu cabelo, eu precisava parar com isso).

— Quando eu fui para o colegial conheci meus dois melhores amigos, Eric e Carl. Eles eram uma das únicas pessoas que conseguiam me fazer rir e esquecer de todos esses problemas que eu tinha. Ainda no primeiro ano do colegial, eu me apaixonei por Eric. E no segundo ano do colegial ele me pediu para ser sua namorada.

Eu me mexi desconfortável no sofá.

— Namoramos por um ano. Porém, no terceiro ano do colegial, eu não sei o que aconteceu com ele. Eric se transformou. Ele virou uma pessoa chata e obsessiva. Ele queria saber o tempo todo aonde eu estava e quando eu estava com ele, ele... Ele era muito grudento, sabe? — eu não sabia como explicar direito — ele não queria mais me levar para o shopping, e sim ficar na sua casa comigo praticamente sentada em seu colo, beijando a tarde inteira. Parecia que o amor dele tinha virado apenas luxúria — tudo bem, isso era bem desconfortável para se falar, eu deveria estar parecendo um tomate — ele não tentou me obrigar a nada — expliquei rapidamente antes que Drake pensasse que eu e Eric fizemos relação sexual ou que ele me estuprou — mas ele simplesmente não desgrudava de mim.

Suspirei tentando pegar fôlego e fazer com que minhas bochechas voltassem ao normal.

— Quando as férias de verão passaram, eu não aguentei. Tentei terminar com ele — estremeci com a memória —ele não conseguiu aceitar. Primeiro ele começou a gritar comigo, depois ele começou a quebrar tudo que tinha pela casa e antes que eu pudesse ligar para alguém, ele começou a me beijar com força e a desferir tapas em mim quando eu não respondia.

Tentei fazer minhas mãos pararem de tremer, mas não consegui.

— Nosso amigo, Carl, era vizinho de Eric e entrou na casa para buscar um jogo. Ele viu o que estava acontecendo e rapidamente conseguiu ligar para a polícia. Até hoje eu não sei se eles colocaram Eric num manicômio ou na prisão. De qualquer forma, era muita coisa para eu suportar então eu vim para Oxford.

Drake silenciosamente pegou minhas mãos e as envolveu com as suas. As mãos dele eram quentes e macias, diferente das minhas que eram cheias de calos por causa dos desenhos. Vida de artista não é fácil.

Eu permiti que o conforto das mãos de Drake me acalmasse, e sem pensar no que eu estava fazendo, eu puxei ele para a cama, como se estivesse pedindo silenciosamente para que ele ficasse ao meu lado. Drake deitou-se na cama ao meu lado, ainda segurando minhas mãos e eu encostei minha cabeça levemente em seu ombro.

Nenhum de nós dois falou nada, ficamos apenas ouvindo os barulhos abafados de fora enquanto nos permitíamos a calma depois de um grande desabafo.

***

HAPPY HALLOWEEN!!! *_*


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Notas finais do capítulo

Gente O.O eu quase comecei a chorar enquanto eu escrevia. Eu já tinha decidido desde o começo da fic o passado deles e mesmo assim quase que eu mudei ontem de tão Dark que acabou ficando, hahahaha =P
Anyway, espero que tenham gostado.
Eu acho que mereço recomendações e favoritos depois de ter revelado tanta coisa importante em um só capítulo =P Brincadeirinha. MAS recomendações, comentários e favoritos são sempre bem-vindos!! (*_*)
Bem, é isso. Gente, infelizmente o próximo capítulo deve sair semana que vem, pois eu lancei duas semanas seguidas IM =) Até lá,
Byebye