And if escrita por Deschain


Capítulo 6
Capítulo 5




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Capítulo 5

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Quatro dias sem tomar banho era algo que ela não poderia permitir. Por sorte a velha Kaede sabia de um lago próximo a vila que ninguém conhecia, onde ela poderia tomar banho tranquilamente e apesar da água ser fria o suficiente para congelar seus ossos, ainda era melhor que continuar com o sangue, a terra e o suor secos na pele e nos cabelos.

Enquanto nadava recordava das discussão que tivera com Inuyasha na tarde anterior. O hanyou ficara furioso ao descobrir que partira a Shikon no Tama em milhares de pedacinhos. Só conseguiram colocar juízo na cabeça do meio-Yokai depois que a velha Kaede gritou furiosa que apenas com a ajuda da garota ele conseguiria todos os pedaços da joia.

Ela ainda se irritava com o jeito que o hanyou a tratava, como se fosse nada mais que um estorvo. Nunca tinha sido tratada dessa maneira na vida, sempre fora independente, então não conseguia controlar a raiva que crescia dentro de si.

Emergiu quando o ar lhe faltou. Sentada em frente a uma fogueira estava a sacerdotisa, terminando de estender suas roupas recém lavadas. A idosa poderia parecer concentrada no trabalho, mas Kagome sabia que a cabeça dela estava ocupada pensando nas múltiplas situações desastrosas que poderiam surgir graças a seu erro. Graças a sua mira péssima.

Suspirando, a garota se ergueu, caminhando em direção a margem. Por simples acaso levantou a vista e no mesmo instante teve seu olhar capturado. Do alto da montanha às costas da velha sacerdotisa, estava Inuyasha, a observando fixamente. Seu primeiro pensamento foi chamá-lo de pervertido, mas mesmo daquela distância ela sabia que não era Kagome quem ele estava fitando. Quebrou o contato visual sem muito esforço e voltou-se para a velha.

– Minhas roupas ainda estão molhadas?

– Vão demorar um pouco para secar completamente.

– Desculpe o trabalho que estou lhe dando... – Curvou-se para pegar as roupas que Kaede trouxera consigo. Vestiu-se sem muita dificuldade: já estava familiarizada com as roupas de sacerdotisa, seu avô sempre a fazia se vestir de modo igual para realizar as atividades do templo. Não percebeu o sorriso triste que ficou estampado em seu rosto.

– Inuyasha, não quer se juntar a gente? – A idosa gritou, sem nem ao menos lançar um olhar para ele. Logo depois o rapaz pousava ao seu lado, graciosamente, com uma cara de poucos amigos. – Passou esse tempo todo esperando um momento para pegar o fragmento?

O hanyou apenas bufou em irritação, vendo que seu plano desde o início não tinha chance de sucesso.

– A ideia de trabalhar junto comigo te desagrada tanto assim? – E o desapontamento em sua voz atraiu a atenção dele.

Ela percebeu o leve arregalar de olhos e a paralisia que o abateu. Ele a fitava de um modo diferente, mais intimamente, mais persistente, como se tentasse gravar os detalhes. E mesmo que o calor nos olhos dourados a fizessem querer que sim, Kagome sabia que aquilo não era para ela, que mais uma vez o que ele via era um fantasma do passado.

Forçou-se a balançar a cabeça, espantando aqueles pensamentos. Ela queria que aquilo fosse para ela? O hanyou era o mais teimoso dos teimosos, infantil ao extremo. Completamente diferente da única pessoa por quem tinha se apaixonado. E mesmo assim...

E mesmo assim ela ainda conseguia ver o rosto de Darsh nas expressões irritadas, no leve repuxar de lábios de um sorriso sarcástico. E aquilo era demais para ela e talvez ela entendesse o que Inuyasha sentia quando a velha Kaede teve que se retirar e ele falou:

– Tire as roupas.

Quando voltou-se para ele, não foi para protestar ou chamá-lo de pervertido. Quando virou-se e o encarou sem restrições, sem medo, sem vergonha, foi para imaginar as roupas que Darsh vestia quando o viu pela última vez. Não foi o quimono vermelho que ela via em Inuyasha e sim a blusa escura de manga que ela encharcara de lágrimas. E aquilo doeu.

E saber que não havia esquecido aquele dia doía. E saber que conseguia se lembrar até mesmo de seu perfume doía.

– Desculpe, minhas roupas ainda estão molhadas. – Ela olhou para suas roupas estendidas em frente a fogueira e caminhou até sua bokuto, apoiada ao lado delas. Curvou-se apanhando sua espada e segurando-a próxima ao peito, fechou os olhos e quase conseguia ouvi-lo.

[Sempre carregue minha bokuto com você. É a única forma que eu tenho de te proteger agora, então independe do que ocorra nunca se separe dela. Eu só quero que você tenha em mente que eu sempre vou estar com você.]

E aquilo lhe fez lembrar que aquele não era o seu lugar. Voltou-se para Inuyasha.

– Tenho que voltar para casa.

– O que? Você não pode ir!

– Não foi você que disse que não precisava de mim?– Kagome sorriu divertida.

Percebendo seu erro, Inuyasha virou o rosto, do mesmo modo que uma criança birrenta.

– Feh! Eu não preciso de você! Mas se você vai pra casa me dê o fragmento da joia! – Estendeu a mão.

– E quem me garante que você não ficará louco como o corvo e que acabe matando alguém?

A ideia pareceu irritá-lo, mas ela não ficou para discutir. Deu-lhe as costas, pegou suas roupas ainda molhadas e dirigiu-se para a floresta. Sentiu que Inuyasha a seguia e sem pensar muito acabou dizendo:

– Senta!

E o som de algo chocando-se com força com o chão foi o suficiente para que ela soubesse que ele não a seguiria mais.

Já havia caminhado bastante quando finalmente viu o poço come-ossos. Segundo a velha sacerdotisa, o poço tinha esse nome porque dentro dele jogavam todos os restos de Yokais que surgiam na vila, restos esses que, estranhamente, após alguns dias sumiam.

Apertou a espada de madeira com força, tentando buscar coragem para fazer o que tinha que fazer. Se lançar dentro do poço por livre e espontânea vontade, correndo o risco de encarar novamente a mulher-centopeia, era quase um ato suicida, mas se queria voltar era o único jeito.

Segurou a borda de madeira com força, olhando atentamente para o fundo do poço. Estava a ponto de passar as pernas para o lado de dentro quando viu um reflexo no ar. Sob um olhar mais atento percebeu que se tratava de um fio de cabelo esticado e, já sendo algo estranho, percebeu que não se tratava apenas daquele fio. O local todo possuía fios de cabelos esticados, presos uns aos outros.

– Passe a joia para cá. – A voz feminina a sobressaltou. A dona estaria flutuando no ar se Kagome não tivesse enxergado o fio de cabelo em que ela se equilibrava. A mulher usava uma roupa extremamente curta e decotada, tinha um corte chanel e os lábios avermelhados.

– Quem é você?

– Eu sou Yura. Yura do cabelo demoníaco, mas você não precisa gravá-lo já que morrerá logo. – O sorriso maldoso tomou-lhe as faces. – Me dê a joia.

E com alguns movimentos dos dedos dela, Kagome sentiu a pequena bolsa que carregava dentro do quimono ser puxado para fora. Estava preso em um fio de cabelo controlado por Yura. Com um puxão, a bolsinha laranja chegou a mão da mulher. Yura abriu a bolsa, despejando seu conteúdo na palma da mão esquerda. Ao ver o pequeno fragmento suas sobrancelhas se curvaram em desagrado.

– O que você fez com a Shikon no Tama?

Kagome a analisou com cuidado, assim como o ambiente a sua volta. Estava cercada por fios de cabelos. Tentou se movimentar, mas ao encostar levemente em um dos fios sentiu a pele se abrir em um corte. Não conseguiria se defender daquela mulher, mas talvez se atacasse e a pegasse de surpresa...

– Onde está o resto da joia?– Yura perguntou com impaciência.

– Não sei onde está... – Com cuidado levou a mão até a bokuto.

– Sendo assim... Você pode morrer agora!– Ela se lançou em direção a Kagome segurando uma katana.

Conseguiu se desviar por pouco, abaixando-se. Liberou a bokuto do enlace e acertou a empunhadura no estômago da mulher. Yura se curvou minimamente, a katana já em arco para cortá-la, Kagome tentou esquivar-se novamente, mas seu pé escorregou e ela tombou para dentro do poço.

A escuridão a engoliu.

A consciência voltou aos poucos. Estava deitada no fundo do posso, mas não enxergava os ossos que deviam estar ali. Levantou a vista e em vez do céu azul enxergou um telhado de madeira. Agarrou-se as paredes do poço, içando-se com facilidade, já sabendo quais falhas devia procurar e onde colocar os pés. Em pouco tempo estava saindo do poço, não para a floresta e sim para a pequena construção que sua família criara em volta do poço.

Estava de volta.

Saiu da casinha, correndo em direção a casa principal. Já estava escurecendo, sua mãe não estaria ainda, mas seu irmão e seu avô com certeza já deviam estar em casa. Abriu a porta com tanta força que a madeira se chocou com a parede e o barulho fez com que as cabeças de seu avô, seu irmão e sua mãe aparecessem da cozinha. Ao vê-la, todos os três correram e a cercaram, gritando, chorando e abraçando, tudo ao mesmo tempo.

Kagome sorria quando pediu para que eles se acalmassem.

– Onde você esteve, Kagome? Você sumiu durante três dias! Nós quase morremos de preocupação!– A mãe segurava o rosto dela entre as mãos, os olhos cheio de lágrimas.

– Talvez vocês não acreditem em mim... – Ela começou, mas foi interrompida.

– Eu te pedi para levar as caixas até o poço e você some! Menina! Quase matou todos nós!

– Vovô, mamãe, escutem! - Os dois se calaram para ouvi-la. – Eu levei as caixas até o poço como você me pediu vovô. Mas saiu uma mulher-centopeia de dentro do poço e me puxou! Esses três dias eu passei em um lugar estranho onde existiam Yokais perigosos e um hanyou idiota. E se vocês acham que eu estou ficando maluca...– Acrescentou vendo a descrença no olhar dos dois. – Como me explicam essa roupa e esse ferimento?– Subiu a manga do braço direito até o ombro, mostrando o lugar onde a flecha de um dos homens de Ryou a havia acertado no primeiro dia.

O avô pareceu acreditar nela, a mãe ainda tinha uma expressão duvidosa, mas foi para Souta que ela voltou sua atenção.

– Eu acredito em você, onee-san.

Kagome não pôde evitar sorrir aliviada e abaixou-se para abraçar seu irmão apertado.

– Eu senti sua falta, Souta.

Souta retribuiu o abraço e quando eles se soltaram Kagome viu que ele chorava.

– Eu achei que você tinha ido embora como o papai... – E a voz dele se quebrava, enquanto tentava segurar o choro.

Kagome o puxou novamente para perto dela e sussurrou em seu ouvido.

– Não importa o que aconteça, eu nunca vou deixar você, Souta. Eu sempre, sempre, sempre vou voltar para o seu lado.– Acariciou os cabelos dele, sentindo o cheiro de shampoo de criança. Aquilo a reconfortava de tal modo que a fazia quase chorar. Quase.

– Vá tomar banho, Kagome. Eu vou preparar o jantar. Vamos esperar você na cozinha. – A mãe a empurrou em direção as escadas, segurando a mão de Souta antes que ele corresse para perto da irmã.

Ela assentiu e subiu para tomar um banho quente. Bem demorado.

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Secava os cabelos quando o avô sentou ao lado dela.

– Lacrei o poço. De algum modo aquele poço estava conectado a era feudal, mas coloquei os pergaminhos mágicos de proteção mais fortes que existem e o lacrei. Definitivamente.– O senhor bebia chá calmamente enquanto falava com a neta.

Kagome apenas o observou em silêncio. Apesar de tudo se sentia mal, como se houvesse traído a confiança da velha Kaede. E ainda havia perdido o único fragmento da joia que tinham encontrado. Inuyasha com certeza ficaria furioso quando descobrisse.

Riu com o pensamento. Nada daquilo fazia parte de sua vida agora. Por puro acaso havia conhecido aquelas pessoas, mas agora teria que viver sua vida como sempre fora: protegendo Souta e mantendo a gangue unida.

Estava jantando com a família, quando ele entrou de supetão na cozinha.

Os cabelos prateados, a roupa vermelha, a pose altiva e a maneira irritante de falar, como se ela fosse dele.

– Quem disse que você podia voltar?!

– Inuy-Inuyasha?! Como você chegou aqui?

– Pelo poço, por onde mais?

– Impossível! O poço está lacrado com os pergaminhos mágicos usados na família a gerações! – O avô gritou, imperativo.

– Pergaminhos mágicos? Você quer dizer esses papéis inúteis? – Mostrou um dos pergaminhos que o senhor havia colocado em volta de todo o poço.

O velho o fitou chocado, a boca caída. Inuyasha não lhe deu maior atenção, andou até onde a garota estava sentada e agarrando seu pulso a fez levantar.

– Temos que voltar. – E já a arrastava de volta ao poço quando a mãe dela gritou para que esperasse.

Inuyasha ficou duro como pedra quando a mãe de Kagome surgiu tão próxima a ele que seus narizes quase se tocavam. E Kagome imitou-o quando viu a mãe levar a mão até as orelhas parecidas com as de cachorro que ele possuía no topo da cabeça. Como se não bastasse, ainda levantou Souta, para que ele também pudesse alcançar e pegar nas orelhinhas.

Vendo a cara de Inuyasha, levou a mão a boca para esconder o riso, mas Inuyasha viu e lançou um olhar irritado que prometia um castigo que ela nunca mais se esqueceria. Engoliu o riso e desviou o olhar, mas um brilho o atraiu para o ombro do rapaz.

– Inuyasha? Onde você conseguiu esse cabelo? – Apontou o comprido fio de cabelo negro, que estava em seu ombro.

– Que fio?– Inuyasha olhou para o lugar, mas logo depois voltou o rosto para ela, desconfiado. Tanto a mãe como o irmão perguntaram do que é que ela estava falando.

Estendeu a mão para o ombro de Inuyasha e com cuidado tirou o fio, segurando-o firmemente entre as mãos. Para seu espanto o fio se mexeu sozinho, envolvendo sua mão e apertando o laço de modo que quase a cortou.

– Merda!– Voltou-se irritada para o hanyou. – Esse cabelo se move sozinho e você o deixou te seguir até aqui! Vem! – E segurando o pulso dele, levou-o até o poço.

Suas dúvidas foram confirmadas quando de dentro do poço longas mechas de cabelos negros surgiram, se movendo furiosamente. A família os seguia quando ela voltou-se e fechou a porta da pequena casinha do poço.

– Esperem aí fora!

Mas antes mesmo que pudesse se voltar, umas das mechas se lançou para cima dela. Sentindo o movimento, conseguiu se desviar de modo satisfatório, apenas para ver que o hanyou havia sido pego do outro lado. Inuyasha cortou as mechas sem dificuldade, mas em vez de pararem de se mexer, os fios se juntaram novamente, formando novas mechas, e voltando a atacar o meio-Yokai. Quanto mais Inuyasha cortava, mais mechas apareciam e cada vez se tornava mais penoso para que ele se livrasse do aperto.

Kagome procurou alguma coisa para ajudá-lo, e só então percebeu que havia um fio em comum para todas as mechas. O fio que controlava o movimento daquelas coisas.

– Inuyasha! Você tem que cortar aquele fio! – Apontou para o fio que saía do poço. Mas como antes, Inuyasha não conseguia enxergá-lo.

Sem outra alternativa, Kagome saltou para perto do poço, segurando com ambas as mãos o fio. Como previra, o fio se mexeu, como se tivesse vida própria. Kagome aumentou a força até que sua pele se rompeu, fazendo com que sangrasse e melasse o fio que segurava.

– Inuyasha!

– Agora estou vendo! – O hanyou gritou. Libertou-se das mechas e com um golpe partiu o fio vermelho sangue.

No mesmo segundo as mechas caíram ao chão se desmanchando em pó. A garota fitou a tudo com o cenho franzido. Estava preocupada.

Se a tal da Yura estava a seguindo ou ao Inuyash ela não sabia, mas se a mulher conseguira trazer os cabelos até tão perto de sua família, seria perigoso demais ignorá-la.

– Vamos voltar. – Ela se aproximou do poço.

– Mudou de ideia? – E ela não chegou a ver o sorriso sarcástico no rosto dele.

– Não posso deixar minha família se envolver nisso...

Se surpreendeu quando sentiu algo tocá-la. Olhou para o meio-Yokai apenas para ver que ele havia tirado o quimono para cobri-la.

– É feito de pelo de rato-de-fogo. É mais forte que qualquer armadura. Sua pele é fraca demais, isso vai te proteger. – Ele não a olhava enquanto falava.

– Mas e você?

– Eu sou mais forte que qualquer humano, mulher.– Ele saltou irritado para a borda do poço. – Vamos!

– Espere! – Kagome correu até a porta, abriu e passou pela família confusa. Voltou minutos depois com a bokuto presa firmemente a cintura. – Assim que pularmos o poço, feche a casinha e o lacre, vovô.

O senhor confirmou, sem discutir. Ela lançou um último olhar para Souta, correu de encontro a Inuyasha e os dois saltaram em direção ao fundo do poço. Momentos depois estavam saindo na era feudal.

A garota viu todos os fios em volta do poço, mas procurou o fio-mestre, assim como antes. Logo que o localizou guiou Inuyasha, que seguiu seus comandos sem reclamar, pela primeira vez. Pouco tempo depois encontraram um acampamento no meio da floresta. Todos os humanos estavam mortos, sem a cabeça e presos em fios de cabelos, Inuyasha não mostrou interesse, mas Kagome pediu para ele parar um momento. Tinha visto algo importante.

– Não sei para quê pegar algo que não sabe usar.– Inuyasha comentava enquanto voltava a correr, segurando a garota firmemente.

Kagome não se importou em respondê-lo, apenas apertou o arco mais forte e ajeitou a aljava direito. Sua bokuto sempre a havia protegido, mas contra aquela mulher não tinha chance. Estaria em desvantagem em uma luta a curta distância, mas se conseguisse lançar uma flecha direito, talvez fizesse a diferença.

– Cuidado, Inuyasha! A sua esquerda! – Ela gritou assim que viu uma mecha gigante surgir no caminho. Eles finalmente haviam chegado ao esconderijo dela.

Inuyasha se desviou com facilidade da mecha, mas Kagome não teve como avisá-lo de todas as outras. O hanyou foi capturado e não conseguiu segurá-la por mais tempo, fazendo com que a menina caísse. A sua frente surgiu Yura dos cabelos demoníacos.

– Então você é Inuyasha...

– Como sabe quem sou? – Perguntou irritado tendo seus movimentos limitados devido aos fios que prendiam seus pulsos e tornozelos.

– Dizem que um meio-Yokai se tornou escravo da reencarnação da sacerdotisa Kikyou.

– Eu? Escravo daquela inútil? Você quer morrer?! – Os lábios se repuxavam mostrando os caninos. – Você vai se arrepender!– Libertou-se das mechas saltando para cima dela, as garras prontas para cortá-la em pedaços.

No entanto, Yura desviou-se com facilidade do ataque e usando um pente de cabelo fez com que uma mecha três vezes maior que a anterior engolisse Inuyasha no meio do movimento, prendendo mais uma vez. Usando os fios que se espalhavam por todo o lugar, ela se movimentou até chegar as costas do hanyou.

– Uma pena que cabelos tão lindos sejam tão mal cuidados...

– Cala a boca!– Gritou atacando-a de surpresa.

Por pouco ela conseguiu escapar mais uma vez do ataque. Pulou sobre um dos fios que se esticou sob seu peso. Pegando impulso, Yura se lançou em direção ao rapaz, retirando a katana da bainha. Inuyasha nem teve como se defender. De repente um corte profundo sangrava em seu peito. A mulher parou um momento para analisar seu trabalho, lambeu maliciosamente a lâmina da katana e mais uma vez se lançava em direção ao hanyou.

Kagome já tinha a flecha encaixada no arco, mirando a mulher. Assim que ela se preparava para atingir Inuyasha mais uma vez, a garota liberou o aperto. A flecha dessa vez foi rápida e firme, atingindo de raspão o peito da Yokai, fazendo com que ela parasse o movimento.

Assim que Yura voltou sua atenção para ela, Kagome já estava com outra flecha pronta no arco.

– A próxima não vai passar de raspão. Solte-o.

– Então você quer que eu solte o hanyou? Vocês já estão assim tão íntimos?– Perguntou maliciosa.

– Sua idiota! O que está fazendo aqui ainda?! Por que não correu para se esconder?

Kagome se segurou para não mirar nele. Viu Yura rir e preparar mais uma vez a katana. Não esperou, soltou a flecha.

Yura se esquivou com facilidade, apenas movendo a cabeça para o lado. Sorriu zombeteira até que ouviu o som de algo caindo. Ao voltar-se viu o bolo de cabelos que antes estava compacto, se desmanchar, revelando as caveiras que estavam protegidas por ele. Voltou-se para ela.

– Vou matá-la. – E com um simples movimento das mãos lançou mechas incendiárias em direção a ela.

Kagome incendiou como uma fogueira. Se encolheu no chão, tentando se proteger das chamas. A mulher já tinha perdido o interesse nela, dando-a como morta. Estava mais ocupada em ferir Inuyasha e tentar cortar a cabeça dele. Mas o hanyou levou as mãos ao sangue que melava a vestimenta sobre o peito e com um grito a atacou:

– Hijinketsusou! – Lâminas vermelhas como sangue cortaram o ar atingindo Yura, mas ela se recompôs.

– Não tem como um meio-Yokai me derrotar. – Ela riu, como se achasse patético o esforço que o rapaz fazia para atacá-la. – Um hanyou não faz nada direito. Coitadinho... É por isso que você queria a Shikon no Tama, não é mesmo? Para virar um Yokai completo...– E o deboche só serviu para atiçar a raiva dele.

O fogo foi se extinguindo, mas sem a ter ferido de qualquer maneira. Surpresa, a garota analisou todo o corpo. Então lembrou-se do que Inuyasha havia dito.

[É feito de pelo de rato-de-fogo. É mais forte que qualquer armadura. Sua pele é fraca demais, isso vai te proteger.]

Yura havia perfurado um dos braços do hanyou com a katana, quando Kagome viu a caveira. Era vermelha e estava presa junto as outras no bolo de cabelos que ia se desmanchando mais e mais. Mais uma vez pegou o arco e encaixou uma flecha. Viu com o canto dos olhos Inuyasha perfurar o peito dela, mas sem qualquer efeito. Yura estava pronta para usar a katana no pescoço do hanyou, quando Kagome soltou a flecha enquanto gritava.

– Não!

A flecha fez um movimento perfeito, atingindo a caveira vermelha entre os olhos negros. Yura congelou no meio do movimento, os olhos esbugalhados olhando assombrada para ela.

– O que você fez...?

O brilho que tomou conta do bolo foi idêntico ao brilho que dominou o céu quando ela havia quebrado a Shikon no Tama. A caveira se desmanchou e Yura, junto com seus cabelos, começaram a desintegrar.

Em um último esforço, a mulher lançou a katana em direção a Inuyasha. Mas Kagome já havia se aproximado no meio tempo e, usando a bokuto, desviou o ataque.

Depois de tudo, encontraram a bolsa contendo o fragmento ao lado de um pente vermelho.

– Essa é provavelmente a forma real dela. Em tempos como esse, não é difícil imaginar um pente se transformando em um monstro...– Curvou-se com um gemido.

– Inuyasha! Você está bem? – Correu até ele, mas antes que o tocasse ele já estava em pé novamente.

– Vamos embora daqui, Kagome.

Ela não se moveu contudo. Manteve-se no lugar, analisando-o.

– O quê?

– Por que você é sempre tão malcriado?– Suspirou cansada. Por um momento ele soou tão parecido com Darsh, mas era apenas sua mente pregando peças mais uma vez.

Kagome Higurashi era uma boba.

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[Talvez nem tanto...]


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