And if escrita por Deschain


Capítulo 3
Capítulo 2




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Capítulo 2

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A amarraram e colocaram-na sentada no que parecia ser o centro da vila. Várias pessoas a rodeavam com curiosidade e receio, pareciam aguardar alguém, mas isso não importava realmente. Ela estava cansada e seu braço emitia ondas dolorosas por todo o corpo. Não estava em condições de raciocinar. Ela queria apenas dormir.

Um pequeno tumulto formou-se em sua frente e Kagome levantou as vistas para ver a tempo uma velha senhora espremendo-se por entre a multidão. A senhora era estranha, gorda e usava um tapa-olho, de modo que precisou usar de todo o seu controle para não rir.

– Então, esta é a espiã que vocês encontraram na árvore do Inuyasha? – A velha perguntou ao líder do grupo que trouxera Kagome a força até a vila.

– Sim.

A velha a olhou.

– Ela não aparenta ser uma espiã.

– Com o seu perdão, senhora Kaede, mas nenhum espião aparenta ser. – O líder falou com uma certa impaciência.

– Claro que não. Mas por que um espião viria até nossa vila? Não somos ameaça para ninguém, mal conseguimos nos proteger dos ataques de Yokais. Não temos nada de valor que outra vila pudesse se interessar. Então me diga, Ryou-kun, o que um espião iria querer conosco?

O líder olhou para a garota sentada e de volta à velha. Ficou alguns minutos revezando seu olhar entre as duas até que decidiu falar.

– Então o que ela estava fazendo na árvore sagrada?

A velha sorriu e deu de ombros, tirando um pequeno saco que mantinha amarrado à cintura. De dentro pegou uma boa quantidade de pó e sem aviso prévio lançou-o sobre Kagome.

– Mas... O que... Pensa que está... Fazendo? – A garota tentava desviar o rosto do caminho do pó que a velha insistia em continuar jogando sobre ela.

– Isso comprova que fantasma você não é. – Agachou-se em frente à menina e sorriu. – Ninguém vai à floresta do Inuyasha, então o que uma menina...– Sua fala cessou tão subitamente que não apenas chamou atenção da garota como de todos que estavam em volta.

– Senhora Kaede? – Ryou, o líder, aproximou-se preocupado.

– Garota, levante seu rosto. – A velha a fitava seriamente, então decidiu não contrariar. Por um instante ela analisou a face de Kagome. – Você se parece bastante com minha irmã Kikyou...

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Estava na cabana da velha que na verdade era a sacerdotisa da vila. Após a pequena troca de palavras no centro da cidade, fora levada para lá, de modo que a velha pudesse tratar adequadamente seu braço ferido. O líder Ryou passara o caminho todo até a cabana lhe pedindo mil desculpas, que fora um tolo por não perceber que ela era... Bem, alguém muito parecido com a irmã mais velha da velha Kaede.

Kagome não ligava muito, apesar de achar estranho que as pessoas achassem que ela se parecia com alguém que teria no mínimo mais de 70 anos, mas decidiu nada comentar. Não era como se as coisas estivessem fazendo muito sentido ultimamente e seu braço realmente doía, ao ponto de deixar as indagações para depois.

A sacerdotisa Kaede a acomodou em sua cabana, pedindo para que esperasse enquanto buscava as ervas, saindo pouco depois. Kagome analisou o lugar por alguns momentos, mas foi vencida pelo cansaço. Estava dormindo profundamente quando a senhora voltou.

Kaede preparou tudo: amassou e cozinhou as ervas, adicionou os óleos certos, colocou tudo em uma pequena cuia, levando-a até a menina. Enquanto limpava e aplicava panos com o medicamento no ferimento, lembrava-se de sua irmã.

Muitos anos passaram após a última vez em que pensou em Kikyou e em sua morte. De fato, a menina que se chamava Kagome, sabia agora, se parecia demasiado com Kikyou. A semelhança era assombrosa. Elas eram como irmãs gêmeas. Kaede era muito nova quando sua irmã deixou esse mundo, mas lembrava de como era a antiga sacerdotisa. Ela era doce, gentil, mas reservada e fria, não podia negar, algo muito próximo do que Kagome transmitia.

Lembrou-se do amor de sua irmã por Inuyasha. Lembrou-se da dor dela pela traição de Inuyasha. Lembrou-se da morte dela por culpa de Inuyasha.

Kagome fora encontrada ao lado dele, não foi mesmo? Que prova maior poderia existir? Ela só poderia ser a reencarnação de sua irmã.

A menina remexeu-se abrindo lentamente os olhos.

– Me desculpe. – Bocejou – Não queria dormir, mas o braço estava incomodando demais... – Levantou-se lentamente enquanto observava o trabalho da velha. – Parece que a senhora teve muito trabalho enquanto eu dormia. – Kagome sorriu constrangida.

A sacerdotisa sorriu de volta, sacudindo a cabeça como se dissesse para que ela esquecesse aquele detalhe.

– Como o braço está agora?

– Muito melhor. Não sinto dor alguma... Aliás, não sinto nada. – Riu divertida.

Kaede sorriu, mas sua expressão ficou séria abruptamente.

– Quem é você, Kagome?

– Eu sou...

Um tremor de terra chamou a atenção das duas. Gritos foram escutados do lado de fora da cabana enquanto o som de objetos se quebrando aumentava. Ambas se levantaram para ver o que acontecia do lado de fora. A velha suspendeu parcialmente o forro que cobria sua porta liberando a visão para o caos que se instalara na vila.

Elas saíram de vez da proteção da cabana quando uma casa ruiu ao lado. Viram homens correndo daquela direção, seguidos por algo que rastejava sob a terra. Mulheres gritavam correndo atrás das crianças quando o mesmo monstro que puxara Kagome para o poço saía de dentro de uma casa em ruínas com um boi morto na boca.

– Merda... Você de novo não... – O sussurro da menina passou despercebido para todos menos para a velha que estava ao seu lado. Segurou forte sua bokuto. Estava com o braço direito imobilizado, não poderia fazer muito, mas não poderia ficar parada enquanto aquela coisa machucava aquelas pessoas.

O monstro jogou seu enorme corpo de centopeia sobre os homens, tirando-os do seu caminho. Continuava com o boi morto na boca, mas olhava para todos os lados, como se a procura de algo. Até que seus olhos recaíram sobre Kagome.

– Você! – Jogou o boi morto sobre elas, mas Kagome saltou para trás puxando Kaede. – Me dê a Shikon no Tama! – Lançou-se sobre a menina como horas atrás havia feito. Kagome mais uma vez saltou para trás, mas dessa vez empurrou a senhora, do melhor jeito que pôde, para que saísse do caminho da coisa.

– Você está com a Shikon no Tama?! – Kaede estava assustada, mas Kagome não notou, estava tentando pensar em algum modo rápido de tirar aquela coisa da cidade.

– Eu vou atrair a atenção dessa coisa, vocês tentem colocar ordem na vila antes que alguém saia ferido sem necessidade. Eu consigo dar conta dela sozinha. – Sem esperar respostas saiu correndo em direção à floresta. – Ei coisa feia! – Gritou. – Se você quer tanto a pedrinha, venha buscar! – Olhou sobre o ombro apenas para ter certeza de que a "mulher" a seguia, aumentando a velocidade quando teve certeza. Embrenhar-se-ia no meio das árvores, se escondendo e a atacando enquanto estivesse desprevenida. Não gostava de agir tão covardemente, mas não tinha tanta firmeza nos movimentos do braço esquerdo e só possuía uma espada de madeira. Foi a melhor estratégia que pôde formar naquele momento.

Mas depois de meia hora correndo, percebia uma pequena falha no seu pequeno plano. Ela não conseguia colocar uma distância suficiente entre elas para que tivesse tempo de se esconder.

– Merda... Merda... Merda... – Arfava enquanto corria e se desviava como podia dos ataques da centopeia. Eu não posso morrer assim, eu não posso morrer agora... Merda! Souta... – A imagem de seu irmão surgiu em sua mente tão nitidamente que seu coração teve um sobressalto. Sentiu algo libertar-se dentro dela.

Ao mesmo tempo, não muito longe dali, um garoto acordava.

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[E agora tudo se repete.]


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