And if escrita por Deschain


Capítulo 16
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Ainda estou viva.
Espero que os leitores dessa história também.



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Capítulo 15

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No dia seguinte, Kagome não teve tempo de se despedir de seu avô, pois Inuyasha não queria esperar até o senhor chegar do hospital. Tentou discutir recebendo a ajuda de sua mãe e seu irmão, mas o hanyo era mais teimoso que todos eles juntos, então se contentou em se despedir dos dois, pedindo para que se desculpassem com seu avô por ela.

Queria deixar um recado para Shino, mas com o meio-yokai no seu pé era difícil de pensar em alguma mensagem para que sua mãe passasse para o rapaz. Sabia que o amigo queria perguntar algo desde a conversa na cozinha do dia anterior, onde Inuyasha a repreendeu por voltar para essa era. Precisava explicar para ele tudo o que tinha acontecido até então para acalmá-lo. Esperava que tivesse a oportunidade no futuro.

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Quando finalmente saíram do poço, já na era feudal, Shippo jogou-se nos braços da garota e toda a preocupação com a era atual desapareceu da mente dela. Percebia que Shippo tinha se tornado tão importante para ela quanto seu próprio irmão.

— Também senti sua falta, Shippo... – Ela sorriu, abraçando forte o garoto e dando um beijo no alto de sua cabeça.

Inuyasha bufou, olhando irritado para os dois. Antes que tivesse tempo de dizer algo, o velho Myoga surgiu em cima de seu ombro.

— Senhor Inuyasha, precisamos consertar a bainha da Tessaiga.

Lembrando-se só então da luta com os irmãos relâmpago, Kagome lançou um olhar curioso para a Tessaiga presa a cintura de Inuyasha. A bainha continuava trincada. Parecia-lhe que a luta ocorrera a meses e não dias...

Sem qualquer aviso, Inuyasha a jogou sobre um ombro, enquanto segurava Shippo embaixo do outro braço. Correu para a vila e entregou a menina, junto com o filhote de raposa, aos cuidados da Senhora Kaede. Ele trocou um olhar rápido com a colegial antes de partir, junto com Myoga.

Detestava ser mantida de fora desse modo, como se fosse um peso morto, mas o olhar que o hanyo direcionou para ela antes de ir a acalmou o suficiente para que segurasse a irritação. Era o mesmo olhar que tinha lhe lançado sobre a construção na madrugada do dia anterior, quando surgiu, junto com seu irmão, para salvá-la do Yokai. Era a prova de que ele ainda remoia os eventos, de que ainda não tinha a perdoado por ter se arriscado a ser absorvida e destruída. Era prova da preocupação que sentia por ela ainda não ter entendido, de todo, a diferença entre ele e os monstros com quem lutavam; e ela, uma humana.

Mas é claro que ela entendia a diferença entre eles. Ela só não se importava.

Como o senhor Myoga tinha avisado que demorariam alguns dias antes de retornar, a garota aproveitou a oportunidade para aprender mais com a idosa. Ajudava nos serviços da vila, ao mesmo tempo que desfrutava da rara paz. Shippo a acompanhava aonde quer que fosse, fazendo companhia e animando-a durante as caminhadas para recolher ervas ou para visitar algum paciente da velha Kaede.

Quase duas semanas depois, Inuyasha surgiu com a bainha da Tessaiga completamente reparada. De acordo com Myoga, apenas a cera das abelhas de aço conseguiriam fazer algo assim.

Impaciente por ter adiado a busca pelos fragmentos por tanto tempo, o hanyo fez com que voltassem à estrada no mesmo dia, dessa vez pegando emprestado uma canoa com um dos pescadores do vilarejo. Seguiriam pelo rio que contornava a vila, economizando tempo e esforço.

O céu estava azul e sem nuvens, era um ótimo dia para sair, então Kagome não tentou discutir. O rio brilhava refletindo os raios do sol, a água tão límpida que podiam ver os peixes nadando em contraste com o fundo arenoso.

— Que lindo... – Kagome sussurrou fascinada.

Inuyasha lançou-lhe um olhar divertido antes de ralhar com Shippo.

— Shippo, um verdadeiro Yokai como você não deveria sentir enjôo.

— Eu... estou... mal... – O garoto murmurou encostado na beirada da canoa, pronto para vomitar.

— Inuyasha, acho melhor pararmos. Uma hora será o suficiente para ele melhorar; a velha Kaede me deu raiz de gengibre, já prevendo que isso poderia acontecer... – Kagome aproximando-se do menino preocupada.

O meio-yokai, contudo, não a ouviu.

— Teias de aranha? – Inuyasha murmurou, chamando a atenção da garota.

Teias atravessavam o rio, presas, de um lado a outro das margens, nos troncos das árvores. Inuyasha levantou-se da canoa golpeando um grosso conjunto de teias no caminho que seguiam. Olhou com preocupação para os fios que ficaram presos em sua mão.

— Algum problema, amo Inuyasha? – O senhor Myoga perguntou, saindo dos cabelos cheios do hanyo.

— Não, problema nenhum, Myoga... – Ele começou, mas parou no meio da fala, olhando para um ponto na montanha próxima à margem direita do rio.

Kagome acompanhou o olhar do hanyo, percebendo que uma garota andava para a beirada do penhasco, na parte mais alta da montanha. Estranhamente, ela andava de costas, como se estivesse sendo acossada por alguém e tentasse manter distância, sem se atrever a desviar sua atenção. Como caminhava sem olhar por onde pisava, logo veio o momento que um de seus pés atingiu o vazio ao finalmente alcançar o limite do penhasco. A garota caiu gritando.

O hanyo saltou no mesmo instante, agarrando-a ainda no ar. Kagome mal conseguiu ver o movimento do rapaz. Ele pousou com delicadeza em uma pedra no rio, ainda olhando para o ponto na montanha de onde a menina tinha caído, a expressão fechada.

— Me deixa em paz, seu Yokai! – A garota gritou, se debatendo nos braços dele e acertando um tapa em seu rosto.

Pego de surpresa, Inuyasha perdeu o equilíbrio ao tentar desviar do golpe, caindo no rio junto com ela. A colegial observou divertida os dois brigarem na água. Pegou um dos remos e levou a canoa até a margem do rio, para que pudesse cuidar do enjôo de Shippo, enquanto Inuyasha e a garota se recompunham e saíam da água. Percebeu que a menina mantinha a maior distância possível de Inuyasha, enquanto segurava o próprio braço com uma expressão de dor.

— Venha até aqui – chamou, assim que a garota passou por ela.

A garota não atendeu o pedido; analisava com desconfiança Shippo deitado próximo à Kagome. Sem alternativa, a colegial apanhou a sacola com medicamentos que a velha Kaede tinha lhe dado e caminhou até a menina. Com gentileza, pediu para olhar o braço dela: não tinha nenhum osso quebrado ou sinais de cortes e hematomas, então colocou um emplastro, esperando que fosse apenas um problema muscular de menor grau.

— Quem é que estava lá em cima? – Kagome puxou assunto, enquanto terminava de ajeitar o emplastro no braço dela.

— Um Yokai chamado kumogashira.... – respondeu desconfiada, observando Inuyasha e Shippo ao canto. – Eles têm aparecido por aqui desde a primavera e já atacaram muitos dos nossos vilarejos. – Parou por um momento, como se tivesse lembrado de algo, mas logo continuou com uma expressão mais séria. – Tomam posse das cabeças dos mortos... Muitas pessoas já foram comidas. São yokais horrorosos.

Kagome observou a garota por um tempo, antes de voltar-se para Inuyasha.

— Podemos ajudar?

— Sentiu alguma aura da Shikon no Tama? – perguntou prontamente, sem nem lançar-lhe um olhar.

— Não senti nada...

— Então vamos embora, vamos deixar essa montanha antes do anoitecer. – Levantou-se e acrescentou com um tom irritado. – Você sabe que não luto com yokais para ajudar humanos.

Alguma coisa na maneira como Inuyasha se comportou ao falar aquilo chamou sua atenção. Ele parecia mais nervoso que o normal e a insistência em sair do local também a incomodava. Não parecia ter pressa em continuar a jornada em busca dos fragmentos da Shikon no Tama, ao contrário, como mantinha o olhar fixo na montanha, parecia só querer sair dali e fugir dos yokais...

Kagome balançou a cabeça para afastar o pensamento, rindo internamente.

Impossível.

— Vou embora para minha casa. – A menina começou, levantando-se irritada. – Eu dispenso a ajuda de Yokais!

— Mesmo depois de ser salva, ela ainda é mal agradecida. – Shippo comentou, levantando-se com uma aparência bem melhor do que a que estava até então.

— Cala a boca! – A garota gritou afastando-se do grupo. – Eu odeio Yokais! – resmungou enquanto se agarrava a uma planta na base da montanha e tentava se içar para o local de onde tinha caído.

A planta, contudo, cedeu ao seu peso. A garota tombou, machucando o tornozelo. Com um suspiro Kagome voltou-se para Inuyasha tentando convencê-lo a pelo menos levar a menina até em casa.

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Depois de muito esforço, Kagome conseguiu fazer tanto Inuyasha quanto a menina colaborarem, apesar de ambos manterem a cara fechada um para o outro durante todo o caminho. A situação se tornava ainda mais engraçada porque a garota não conseguia andar e portanto fora carregada pelo meio-yokai durante todo o trajeto.

Guiados pela estranha, chegaram as escadarias de um templo no meio da mata. Kagome analisou o local com uma certa apreensão... Não sabia dizer quando isso tinha começado, mas passara a se tornar sensível para as "auras" dos locais e a aura daquela região não era nada boa. Lançou um olhar preocupado para Inuyasha, mas ele parecia não ter sentido nada demais. Se fosse um Yokai o hanyo com certeza já teria percebido. Relaxou um pouco.

Quando finalmente chegaram ao topo da escadaria, foram recebidos por um senhor de idade em vestes de monge. Mantinha as mãos nas costas, a postura recurvada e o rosto sério, com ar de cansado.

— Nazuna... Quem são essas pessoas? – Perguntou, a voz rouca e fraca.

— Senhor Osho! – A garota apressou-se em correr até o senhor, acertando uma cotovelada em Inuyasha enquanto tentava sair de suas costas.

Correr com o tornozelo machucado não foi uma ideia muito boa: sem o aparo necessário, ela tombou em frente ao monge, batendo com força o joelho no chão. Kagome fez uma careta ao imaginar a dor aguda que o choque deveria ter provocado.

— Você foi atacada por um kumogashira... – Preocupado, o monge andou até a menina para ajudá-la a se levantar.

— Eu fui colocar flores no túmulo e acabei trazendo esses yokais para o templo. Eu quero que o senhor me desculpe, por favor... – Nazuna mantinha a mão no tornozelo e o rosto escondido, evitando olhar para o idoso.

O monge pareceu só então lembrar-se do grupo que a tudo observava. Os olhos arregalaram-se ao analisar Inuyasha.

— Você é um Yokai.

Inuyasha virou o rosto irritado.

— Não se preocupe, já vamos embora.

— Não, não. Vocês vão pelo menos passar a noite aqui no templo. – O monge apressou-se em dizer.

— Senhor Osho?!

A indignação na voz de Nazuna chamou a atenção de Kagome. Alguma coisa naquela história não estava certa, mas ela não sabia dizer exatamente o que era.

O monge colocou a mão sobre o ombro de Nazuna, em um gesto para que se calasse.

— Agora vá preparar o jantar, por favor. Vá.

— Sim... – A garota caminhou em passos lentos em direção ao templo, parecendo desanimada.

O velho observou a menina se afastar antes de voltar-se para eles.

— Por favor, perdoem as grosserias dela. Os pais de Nazuna foram mortos pelos kumogashiras e desde então ela vive aqui. Tenho cuidado dela, mas ela ainda não conseguiu perder o medo dos Yokais.

Kagome acenou.

— O senhor poderia me dizer se há alguns desses kumogashiras por aqui? – perguntou, tentando entender como tinham chegado tranquilamente até ali, se pouco antes a garota tinha sido atacada.

— Quanto mais pessoas morrem na guerra, mais deles aparecem por aqui. Muitos e muitos deles.

E no entanto lá estava aquele senhor, cuidando de uma garota enquanto estavam sozinhos num templo enorme cercado pela mata onde "muitos e muitos" yokais viviam. A menina tinha acabado de ser atacada e o homem a mandou fazer o jantar, por Deus!

— Inuyasha... – Ela começou, sussurrando para o hanyo, mas obrigou-se a parar.

O que diria? Que não se sentia bem ali e que queria colocar a maior distância possível entre eles e aquele senhor frágil e simpático?

— Passaremos a noite aqui. – Inuyasha concordou antes mesmo que ela pudesse dizer algo. – Por que eu ficaria com medo de yokais patéticos como aqueles?

Aquele tom forçado de prepotência soou como uma alarme em seus ouvidos. Cada vez mais se incomodava com aquela situação.

O senhor Osho fitou Kagome por um momento, parecendo enxergar através dela. Com um sorriso simpático tentou acalmá-la.

— O templo é protegido por uma barreira feita com o meu poder espiritual, os kumogashiras não conseguem entrar aqui. Descansem e relaxem.

Ela sorriu o sorriso mais difícil de sua vida, concordando com o que ele tinha dito. Não havia barreira nenhuma, ela conseguia sentir.

Foram levados para um dos quartos do templo, onde passariam a noite. Nazuna apareceu algum tempo depois, quando o sol já tinha se posto, com o jantar para todos eles. O monge, contudo, não voltou a aparecer.

— Essa menina Nazuna é mal educada, mas cozinha muito bem. – Shippo suspirou, alisando a barriga estufada e encostando-se em um canto, após ter devorado sua parte.

Kagome sorriu para Shippo.

— Como é que é? Achei que não gostava dela – brincou.

— Uma pessoa que cozinha tão bem, não pode ser ruim...

Kagome continuou sorrindo, tentando esconder o crescente nervosismo que sentia.

Inuyasha não tinha comido nada. Sentara-se na divisória que dava para o jardim desde o momento em que tinham sido alojados ali e não se movera em momento algum. Parecia observar algo no céu com atenção, mas nada de anormal havia ali, ela poderia garantir.

— Inuyasha... – chamou.

O hanyo questionou-a com os olhos.

— Tem algo de errado? – Kagome perguntou.

— Não, nada. – Voltou a olhar para o mesmo ponto no céu.

Perdendo o apetite, ela colocou a comida de lado e engatinhou até o lado do meio-yokai, que estava tão concentrado no que fazia que não percebeu sua aproximação até ela apoiar a cabeça em seu ombro.

— O qu-que foi? – perguntou sem jeito.

— Estou apenas cansada, me empreste seu ombro por um momento.

Ela permaneceu ali, olhando para fora ao mesmo tempo que sentia o calor dele. Sentia-se mais calma: com Inuyasha ali não tinha motivos para se preocupar.

He. Desde quando você se tornou esse tipo de mulher fraca?

Ela sorriu um pouco enquanto jogava o pensamento para o fundo da mente. Só por aquele momento queria aproveitar o conforto do corpo dele e a tranquilidade que sentia ouvindo sua respiração.

— Talvez o amo Inuyasha esteja tão quieto por ter medo de aranhas – comentou de repente o senhor Myoga, pulando no ombro de Kagome e assustando os dois.

Shippo nem ao menos esperou: assim que ouviu sobre o possível medo do hanyo, transformou-se em uma aranha e se jogou em cima dele. Inuyasha não deixou para menos, acertou um soco na cabeça do menino, enquanto o rosto era tomado por uma expressão de incredulidade pela ousadia do garoto e pela frase do velho.

— É claro que não!

Levantou exasperado, dirigindo-se ao jardim do templo.

— Aonde você vai? – Kagome perguntou preocupada.

— Não enche! Eu vou dormir sozinho!

Mas assim que desceu da varanda, o meio-yokai estacou. Kagome percebeu a tensão do rapaz no mesmo instante: ele analisava os muros que cercavam o templo, a mão agarrada à bainha da Tessaiga.

Sem aviso, monstros com corpos de aranha pularam da escuridão para o jardim, em frente a ele. Eram negros, os olhos vermelho-sangue e as extremidades de seus braços pareciam lâminas. Shippo correu até as pernas de Kagome, enquanto o quarto em que estavam, até então, se enchia com os kumogashiras. Estavam encurralados na varanda.

— Eles são muitos, mas não são uma ameaça. – O velho Myoga parecia tranquilo, jantando sobre o ombro do hanyo. – Isso será como um treinamento para o senhor Inuyasha.

Kagome observou a tensão no rosto do rapaz e pensou que talvez o senhor Myoga estivesse errado a respeito disso.

— Maldição... Aquele Osho... O que aconteceu com a barreira dele?!? – Inuyasha gritou, retirando a Tessaiga da bainha.

A garota perdeu o ar. Inuyasha não tinha sentido nada desde cedo e ela confiou que estariam seguros. Ela tinha percebido que a barreira não existia: não falou nada porque pensou que o rapaz já tivesse notado, mas que não se importasse... Tinha se acomodado, achando que o hanyo sempre cuidaria deles e olha o que aconteceu.

Analisou mais uma vez o rosto preocupado de Inuyasha.

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