And if escrita por Deschain


Capítulo 11
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Peço desculpas pela demora na atualização, tive problemas com a internet e por duas vezes minha tentativa de postar o capítulo foi frustrada. Eu não tive o tempo que gostaria para revisar satisfatoriamente esse capítulo, então se porventura encontrarem algum erro de português ou falta de coesão, já sabem o motivo (ainda assim ficaria grata se pudessem avisar caso encontrem algo errado). Agradeço a todos que comentaram no último capítulo, me ajudaram a tomar uma decisão quanto as "insinuações" entre Kagome e Inuyasha. Um dos comentários, no entanto, me deixou apreensiva e para evitar dúvidas no futuro vou colocar uma observação. Estou tendo problemas com o próximo capítulo (referente a continuidade e sequência), então TALVEZ demore um pouquinho, mas vocês sempre podem dar um boost na velocidade do escritor comentando a história.

Obs.: Haverá hentai? Não. Como deixei claro desde o início, essa história foi feita para ser o mais leve possível de modo que qualquer pessoa, independente da idade, possa ler. Ainda assim o relacionamento dos personagens vai se desenvolver ao longo da história e eu não vou criar empecilho só porque não quero aumentar a censura, então TALVEZ insinuações físicas como a do capítulo anterior (no momento que Inuyasha carregou Kagome até suas roupas roubadas) apareçam com mais frequência e existe a possibilidade de usar um apelo maior, mas pretendo não passar disso.

Chega de conversa, tenham uma boa leitura.



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Capítulo 10

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Quando voltou a si, estava deitada em um futon. Levantou-se com dificuldade, levando uma mão até o ombro dolorido, percebendo só então as bandagens que envolviam seu torso. Levantou o rosto assim que ouviu a porta se abrir.

– Kagome-san! Finalmente acordou! – A princesa Tsuyu sorriu ao vê-la.

– O que aconteceu...?

– Kagome-san desmaiou durante a luta contra o yokai que possuiu o corpo do meu senhor. – Sentou-se próximo a Kagome, colocando a bandeja com comida ao lado. - Eu estava escondida o tempo todo do lado de fora e ouvi sua conversa com a pulguinha, então consegui arranjar um pouco de sake. Quando voltei Inuyasha-sama estava a um passo de matar meu senhor, mas eu pedi para que ele esperasse. Derramei o sake no chão em volta do meu senhor e ateei fogo. Com o calor o demônio decidiu fugir. – Nesse pedaço da narrativa ela fez uma pausa como se lembrasse de algo terrível. - Inuyasha-sama estava furioso. Assim que o demônio-sapo abandonou o corpo do meu senhor, Inuyasha-sama o matou.

– E o Nobunaga?

– Ele está deitado em outro quarto descansando. Já está melhor.

Kagome acenou para a mulher. Levantou-se de vez do futon, procurando pela camisa do uniforme, sem sucesso.

– Minha roupa... ?

– Ah! Está aqui. – A princesa correu até um canto do quarto e pegou a camisa de Kagome, dobrada com extremo cuidado, apesar do estado. A princesa tentou oferecer roupas novas, mas a colegial não aceitou; ainda que sua roupa estivesse rasgada e manchada, seria mais confortável do que qualquer kimono que a princesa Tsuyu poderiar lhe dar. Por isso pediria a Inuyasha para voltarem ao vilarejo: precisava de roupas novas e aproveitaria para trazer de sua era todos os itens que sentira falta e que pudessem facilitar sua jornada.

Essa linha de raciocínio levou à outra: não tinha noção de quanto tempo passara no seu tempo desde que voltara com Inuyasha para a era feudal e nem se preocupara em falar com seus garotos da gangue quando estivera por lá da última vez. Shino com certeza fora ao templo atrás dela, mas o que sua família teria lhe dito? Que desculpa poderiam dar, aos seus amigos ou professores, para o sumiço dela? Era mais um motivo para voltar a seu tempo o mais rápido possível.

A garota se vestiu perdida em pensamentos e logo depois saiu do quarto a procura de Inuyasha. Encontrou-o na varanda, como a princesa lhe dissera que encontraria: com cara de poucos amigos e extremamente quieto.

Ela sentou-se ao seu lado, esperando que ele lhe dissesse alguma grosseria e a acusasse de atrapalhar a viagem deles, mas ele apenas a fitou por um momento e virou o rosto para o lado contrário.

– Como está o ferimento?

A humana o fitou espantada por um momento antes de respondê-lo.

– Já está melhor.

– Por que não me disse que não estava se sentindo bem?– Ele ainda fitava o outro lado, de modo que ela não conseguia ver seu rosto.

Ela deu uma risada fraca, chamando a atenção do hanyou que a observou curiosamente.

– Eu sou humana, Inuyasha. Qualquer ferimento daquele vai me deixar fraca... Humanos não têm a mesma velocidade de cura que você.– Falou suave e pacientemente, como se estivesse conversando com uma criança. Talvez estivesse mesmo, talvez estivesse conversando com aquele mesmo garotinho perdido que encontrara preso na mulher-nada. – Mas só porque eu não estava me sentindo bem, não quer dizer que não podia fazer algo para ajudar.

– Você não precisava... – Ele sussurrou, mas não chegou a completar a frase.

Kagome deu um meio sorriso.

– Ei, Inuyasha... – Quando o hanyou virou o rosto para atender ao chamado, ela agarrou a gola de sua vestimenta e o puxou para ela, dando um leve selinho. – Não precisa se preocupar, fui eu que te salvei a primeira vez, lembra? Ainda posso bancar a heroína algumas vezes. – Ela piscou um olho marotamente enquanto via o rosto do meio-yokai mudar de expressão aos poucos, conforme processava o que ela tinha acabado de fazer.

Inuyasha a olhava chocado, o rosto em um meio-tom de vermelho. Primeiro tocou o lábio de leve, então quando percebeu que ela o fitava divertida, esfregou com força a boca.

– Por que você fez isso?!– Ele perguntou irritado.

– Se não gosta, então não baixe tanto sua guarda... – Ela riu, levantando-se da varanda. – Quando é que voltaremos a estrada?

– Feh! – O hanyou resmungou enquanto seguia o exemplo dela e também se colocava de pé. Cruzou os braços e sem dizer mais nada caminhou em direção aos portões.

Kagome sacudiu a cabeça levemente enquanto suspirava. Ela tinha que se controlar mais e parar de ser tão impulsiva com o meio-demônio. Ele poderia ser parecido, mas não era o seu Darsh... Decidiu procurar a princesa e Nobunaga para se despedir, mas quando entrou no quarto o garoto já estava fazendo o mesmo com a princesa. Ao que parecia Nobunaga não tinha chance alguma com a princesa já que ela se apaixonara pelo senhor feudal e o sentimento era correspondido... Kagome sentiu simpatia pelo rapaz, mas mesmo assim quebrou o momento a sós dos dois.

– Princesa Tsuyu... – Chamou a atenção dos dois para ela. – Vim agradece-la por cuidar de mim e avisar que eu e Inuyasha já estamos de partida. – Fez uma pequena reverência.

– Já vão? – O tom era triste, mas Kagome percebeu um quê de alívio na voz dela. – Nobunaga acaba de me dizer o mesmo...

Kagome observou o rapaz que apenas fez um aceno em direção a ela, um cumprimento triste. A garota respondeu do mesmo jeito.

– Eu que tenho que agradece-los por tudo que fizeram por mim e meu senhor. Não há nada que eu possa fazer pelos dois?

Nobunaga negou sem pensar duas vezes, mas Kagome analisou bem a princesa antes de perguntar se ela poderia arrumar provisões para a viagem. Ela sempre encontrava frutas e animais pela estrada, mas comer alguma coisa decente de vez em quando era sempre bem-vindo. A princesa prontamente conseguiu uma quantidade razoável de comida, o suficiente apenas para alguns dias, o que era muito devido ao tempo de conservação da comida naquela época.

Antes de deixar o castelo e seguir o hanyou, Kagome ainda tentou dar uma palavrinha com o senhor, mas a princesa havia dito que o homem estava ocupado demais tentando consertar as besteiras que fizera enquanto yokai.

Assim que alcançou o meio-demônio ele tomou a provisão de suas mãos, ela sabia que era só o jeito dele de evitar que ela forçasse o machucado e por isso sorriu para ele. Inuyasha apenas resmungou e fechou a cara quando viu o sorriso dela, andando mais rápido para se manter à frente no caminho. A adolescente colocou a mão sobre a boca para abafar a risada, mas percebeu as orelhinhas no topo da cabeça do companheiro se mexerem levemente, seguidos de mais um resmungo do hanyou. Obrigou-se a parar de rir ou aquilo se transformaria em um círculo vicioso.

Andavam já a algum tempo quando o meio-yokai decidiu parar para que pudessem comer. Kagome observou o campo de batalha e depois fitou curiosamente o meio demônio.

– Você vai conseguir comer aqui? O cheiro não vai te incomodar? – Observou os corvos por um momento antes de voltar a fita-lo.

– Se o cheiro de humano morto me incomodasse ao ponto de não conseguir comer, morreria de fome.– Ele resmungou.

Ela deu de ombros, sentou-se ao lado dele para dividirem uma parte das provisões. O senhor Myoga apareceu mais uma vez, perguntando agora sobre o mundo de Kagome.

– É comum mulheres usarem espada em sua época?

– Não é comum, mas eu não sou a única. Na minha época as mulheres têm liberdade de escolher o que querem fazer ou não. Eu decidi aprender a usar uma espada e pronto.

– Você tem que lutar contra yokais também?– Ele indagou curioso.

– Não existem mais yokais no futuro.– Inuyasha e o senhor Myoga arregalaram os olhos em espanto. – Bem, talvez existam, mas todos os humanos acham que vocês são na verdade uma lenda.

– Mas então você luta contra quem?

– Ah...– Ela coçou a cabeça um pouco envergonhada. – Como eu vou explicar isso pra vocês...– Pensou por um instante. – Digamos que eu não aprendi a lutar por necessidade, mas apenas por precaução? – Soou mais como uma indagação, pois ela estava com dúvidas se eles entenderiam e se realmente estava dizendo a verdade.

Inuyasha manteve-se quieto a conversa toda. Por um momento levantou a cabeça e olhou ao redor, como se procurasse algo, mas depois voltou a comer. Kagome ainda conversava com o velho quando a região escureceu de repente. Todos levantaram de seus lugares, procurando a fonte da sombra.

– Vocês... Estão com a joia de quatro almas. Entreguem!– Um redemoinho gigante de fogo azul surgiu no céu, junto com uma voz estranha que ecoava por todo o lugar impedindo que captassem sua fonte.

– Isso é fogo de raposa... – O senhor Myoga disse calmamente.

O redemoinho estranho desapareceu em uma nuvem de fumaça e em seu lugar uma forma estranha que mais lembrava um grande balão rosa com olhos mal desenhados surgiu. A voz ainda ecoava.

– Entreguem-me a joia... Ou matarei vocês!

Kagome segurou o riso. O grande balão flutuou até Inuyasha e se prendeu em sua cabeça, o olhar do hanyou era impagável: uma mistura de irritação e incredulidade. Se o que diziam na era dela era verdade, que raposas usavam truques para ludibriar as pessoas, então esse yokai não deveria ser problema para eles.

Inuyasha coçou a cabeça três vezes, tentando controlar a raiva, antes de acertar um tapa no balão, que para a surpresa da menina soltou um grito. Mais uma vez uma nuvem de fumaça surgiu cobrindo o balão e no seu lugar uma criança raposa apareceu, choramingando e segurando a bochecha avermelhada.

– Hum... Ele tem um rabo. – Inuyasha puxou a criança-yokai pelo rabo felpudo. – É só um filhote de texugo tentando nos enganar. – Resmungou.

– Sou um filhote de raposa! – O garotinho gritou tentando se livrar do aperto do hanyou.

Kagome observou o menininho encantada.

– Inuyasha, solta o garoto. – Ela segurou o menino nos braços quando o hanyou o soltou. – Se machucou? – Ajoelhou-se colocando o menino no chão, fazendo referência ao modo como o hanyou tinha o segurado momentos atrás.

– Hanyou idiota...– O filhote de raposa resmungou.

Kagome viu que Inuyasha tinha escutado e que iria atacar a criança mais uma vez, então levantou-se rapidamente e colocou a mão sobre seu peito, impedindo-o de dar um passo à frente.

– Eu sei que você não gosta que te chamem assim, mas é apenas uma criança, não adianta querer espanca-lo... – Sussurrou o mais suavemente possível.

– Claro! Deixe o moleque fazer como quer! – Apontou para o menino que fugia carregando o vidrinho com os fragmentos que Kagome carregava amarrado no pescoço. Sem esperar por uma resposta dela, saltou até o menino e o acertou com um cascudo, recuperando o vidrinho.

A garota correu até o garoto lançando um olhar irritado para Inuyasha, que fechou ainda mais a cara.

– Qual o seu nome?– Ela sentou-se à frente dele.

– Meu nome é Shippou...– Ele disse emburrado.

A garota procurou nas coisas que carregavam pelas ervas que a princesa Tsuyu havia lhe oferecido para usar como cataplasma em seu ferimento. Entre elas sabia que tinha uma que a velha Kaede usava para luxações, decidiu que era uma boa ideia aplicar no lugar onde Inuyasha acertara o garoto. Foi cuidadosa ao colocar um pouco da pasta da erva sobre o local machucado, recebendo um olhar desconfiado do garoto.

– Por que você quer os fragmentos da joia, Shippou? – Sempre gostou de crianças e como sentia falta de Souta, conversar com Shippou era quase um alívio.

– Meu pai... - Ela pôde dizer o quanto lhe doía dizer aquilo. – Eu queria vingar o meu pai... – O menino se encolheu por um momento.

– Usando o poder do fragmento da joia.– Inuyasha o interrompeu.

A garota lançou um olhar irritado em direção ao meio-Yokai, mas sua atenção voltou ao garoto quando ele negou veementemente e continuou a falar, dessa vez inflamado pela raiva.

– Os Irmãos Yokai Relâmpago estão matando todos os Yokais com fragmentos da joia. Eles mataram o meu pai! Eu queria usar o fragmento como isca. Eu não...

– Nós entendemos, Shippou.– Ela colocou a mão sobre a dele, que estava apertada em punho. O tom doce pareceu acalma-lo um pouco. – Não se preocupe, ninguém está te acusando de nada, não é mesmo, Inuyasha? – Fitou-o como se o desafiasse a contradizê-la. Ver o hanyou virar a cara emburrado foi resposta o suficiente. Voltou-se para o menino. – Nós não podemos te entregar esses fragmentos, mas como estamos buscando outros fragmentos, talvez encontremos esses Irmãos Relâmpago... Se você quiser, pode vir com a gente.

– Esse pirralho só nos atrapalhará! – Inuyasha gritou irritado.

– Não se preocupe...– Sorriu, mais uma vez desafiando-o. – Eu assumo a responsabilidade por ele.– Observou o menino esperando por uma resposta.

– Eu... Eu acho que vocês vão precisar de um Yokai pra protege-los... Então como pagamento pelo... er... – Ele apontou para o local onde ela tinha aplicado as ervas. – Eu acompanho vocês.

Kagome sorriu, divertida pela atuação orgulhosa do pequeno Yokai raposa.

– Até porque... – Continuou altivo. – Um meio-Yokai inferior nunca conseguiria derrotar os Irmãos Yokai Relâmpago. Não sei porque se mete em assuntos de Yokais quando nem ao menos é um.– Comentou observando Inuyasha com desgosto.

A garota não deu tempo a Inuyasha para que pudesse responder, rápida como sempre, acertou um cascudo em Shippou do mesmo jeito que fazia com Souta quando mais novo.

– Seu pai com certeza te criou melhor do que isso. – Repreendeu-o. O tom levemente desapontado teve o efeito esperado: o garoto ficou surpreso, mas não tentou retrucar.

Levantou-se, batendo na parte traseira da saia para tirar a poeira que se agarrara ao tecido. Inuyasha fitava algo do lado oposto e por isso ela não pode ver sua expressão. Lançou um olhar rápido em direção ao senhor Myoga, que estava no ombro do hanyou, mas este apenas suspirou. Finalmente voltou-se para Shippou, que ainda estava sentado no chão, fitando concentrado as próprias mãos.

– Vamos? – Chamou.

Depois que o garoto anuiu, voltaram a estrada, tomando o mesmo rumo que seguiam quando pararam para comer. Inuyasha fez algumas perguntas ao garoto: desde quando fora a última vez que vira os irmãos até como eles mataram o pai dele. Shippou respondeu às perguntas que quis e da forma mais mal criada possível, a adolescente até chamou sua atenção algumas vezes, mas com o tempo percebera que era apenas o jeito do menino. Ele provavelmente passara o período pós-assassinato do pai sozinho, tendo que desconfiar de tudo e todos, sem ter alguém em quem confiar.

Por impulso, ela pegou o Yokai e o segurou entre os braços, passando a carrega-lo enquanto andavam. Percebendo o olhar confuso do garoto e a tensão no corpo pequeno, sorriu simpática.

– Seus pés estão doendo, não é mesmo? Descanse um pouco.

O menino pareceu surpreso o que aumentou ainda mais o sorriso no rosto dela.

– Achou que eu não perceberia? Meu irmão tem a mesma mania de disfarçar a dor... Ele nunca conseguiu me enganar. – Piscou brincalhona. – Aproveite e descanse, você não disse que a gente precisaria de um Yokai para nos proteger? – Acrescentou, já sentindo o garoto relaxar em seus braços.

O garoto adormeceu não muito tempo depois. Inuyasha vez ou outra lançava um olhar em direção a eles, mas virava o rosto, bufando irritado quando encontrava com o olhar dela. Kagome não conseguia entender essas alterações de humor, mas se divertia. Ainda puxava conversa, vez ou outra com o senhor Myoga, mas evitava fazer muito barulho para não despertar a criança.

Já estava no meio da tarde quando Shippou finalmente acordou. Kagome sorriu, perguntando se ele tinha dormido bem, o que deixou o garoto envergonhado. Inuyasha bufou dizendo o quanto o filhote de texugo não ajudava em nada e atrasava o já lento passo da humana. O senhor Myoga chegou a repreendê-lo por falar daquele modo com a senhorita, mas logo depois estava pedindo desculpas, sendo esmagado entre os dedos do meio-Yokai.

– Eu já posso andar agora, senhorita...– Ele sussurrou ainda meio envergonhado.

– Pode me chamar de Kagome.– Sorriu colocando-o no chão.

– Kagome. – Inuyasha a chamou. Tinha parado de caminhar e parecia farejar o ar. – Algum Yokai está por perto. Pegue o garoto e fique por perto, seu ferimento ainda não se curou totalmente, consigo sentir o cheiro de sangue desde que você começou a carregar o moleque.– Ele estava irritado, mas de um modo diferente, dando a impressão de que a repreendia.

Shippou a fitou preocupado, mas ela sorriu.

– Não se preocupe. Estou bem, Inuyasha que é um dramático...

O hanyou bufou, saltando para a árvore mais próxima antes de correr em direção ao sul. Kagome ficou parada ao lado de Shippou; como não encontrou sinal da pulga, deduziu que o senhor Myoga fora com Inuyasha.

Ainda esperavam pelo retorno dos dois quando Shippou disse ter ouvido algo. Ambos foram olhar a fonte e encontraram um grande Yokai na beira de um lago. Ele parecia entretido passando a mão na cabeça e observando o próprio reflexo, sem notar que não estava mais sozinho. Decidida a sair dali virou-se para Shippou, mas qual foi sua surpresa ao não encontrar o garoto? De repente ouviu um grito e quando percebeu o menino já tinha corrido em direção ao grande Yokai em fúria cega, acertando um chute nas costelas do mesmo. A diferença de altura entre os dois era tamanha que, se em outra situação, Kagome teria rido. O chute não fez qualquer efeito a não ser chamar a atenção do Yokai.

– Ora, vejam só! Se não é o filhote de raposa...– O Yokai chegava a ultrapassar a altura de Kagome. Ele tinha a constituição forte, mas a cabeça era duas vezes maior do que o normal, talvez três; passaria por um humano se não fosse pela cabeça. – Seu pai tem me mantido quentinho.– Sorriu em deboche, pisando no rabo de Shippou que ainda estava caído depois do chute. Kagome viu que o Yokai passava a mão em uma pele ao redor da cintura e com horror percebeu do que se tratava. – Vou juntá-lo a coleção, talvez dê para um bom chapéu. – O sorriso ainda continuava em seu rosto quando abriu a enorme boca de sua enorme cabeça.

Uma bola de energia dourada que soava como eletricidade acumulou-se dentro da boca do Yokai. Quando Kagome finalmente entendeu o que ele planejava fazer, agarrou a bokuto desajeitadamente, ainda sentindo as dores do ferimento anterior, e se jogou em direção a ele. Conseguiu acertar o lado esquerdo da enorme cabeça em tempo de desviar a trajetória da bola de energia, que explodiu no meio da floresta.

Os dois se observaram por um tempo.

Com a espada de madeira numa posição meio estranha viu claramente os fragmentos na testa do Yokai.

– Shippou, venha pra cá. – Mandou sem tirar os olhos do Yokai.

O garoto se levantou, mas quando deu o primeiro passo o Yokai estendeu as garras em direção a ele. Kagome quase não conseguiu desviar o ataque, sentiu que forçara demais e sua estamina caía rapidamente. Agarrou o pequeno frasquinho com os fragmentos de joia que levava em volta do pescoço e o passou para o pequeno demônio raposa.

– Vá atrás de Inuyasha. Agora! – Ela gritou vendo que o garoto não se mexera.

Quando viu o pequeno frasco o Yokai sorriu. Assim que Shippou começou a correr em direção à floresta e percebendo a fraqueza da garota, jogou-se em direção a eles. Sem alternativa, Kagome decidiu acertá-lo no meio dos olhos para que pudessem fugir sem serem seguidos, mas o Yokai esquivou, já prevendo o seu ataque. No meio do movimento, no entanto, ela conseguiu desviar o caminho da espada e de algum modo o acertou na cabeça.

O Yokai parou.

Kagome viu, surpresa, o Yokai passar a mão sobre a cabeça desesperadamente. Ela sabia que seu ataque não causara qualquer dano: mais da metade de sua força fora desperdiçada antes de acerta-lo, por isso não conseguia entender as lágrimas que surgiam nos olhos dele nem seus gritos incompreensíveis.

O Yokai abriu a enorme boca, dessa vez acumulando mais energia, o chiado de eletricidade cada vez mais alto. Kagome correu em direção a Shippou, que tinha parado de fugir quando ouvira o som familiar. Agarrou-o ainda correndo, seguindo em direção à floresta, mas o ataque a pegou antes mesmo que pudesse se esconder.

A força da explosão a jogou em direção a um tronco de árvore. Tentou mudar a posição de modo que o impacto não passasse para a criança, o que resultou em um baque terrível nas costas quando esta se chocou com o tronco.

O ar escapou de seus pulmões. Ela arfava, tentando respirar desesperadamente, sentindo o corpo reclamar. As vistas estavam embaçadas e não conseguia ouvir nada, preocupada como estava em tentar conseguir um pouco de ar.

Conseguia sentir o toque de Shippou em um de seus braços e aos poucos enxergava o rosto preocupado do menino a sua frente. Ele falava algo, mas ela não conseguia entender. As vistas escureciam mais uma vez.

Juntando todas as forças que lhe restavam, ela segurou o garoto pelos braços e o empurrou em direção à floresta.

– Fuja... Encontre Inuyasha... – Sussurrou dolorosamente.

Só quando o perdeu de vista permitiu-se desmaiar.

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[Espero que o garoto não tenha se ferido...]


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