Aquela foi uma noite terrível para os quatro amigos. Rosa não parava de chorar, fazia de tudo para chorar em silêncio, mas a vontade de gritar era maior. Julia, a cada barulho que ouvia no corredor tinha vontade de correr para ver se seu amigo e namorado estavam bem. Alvo estava uma pilha de nervos usando óculos, pronto para atacar o traidor se este levantasse um músculo da cama. E nem é preciso falar sobre Scorpius.

    Acordar -ou quase isso já que nenhum havia realmente dormido- foi a melhor coisa que fizeram. Enquanto colocavam o uniforme, Alvo e Corp ouviram Alex acordar sorridente. Se não fosse por um relutante Potter, Alex estaria do tamanho de um agulha preso dentro de um pote de vidro dentro do malão de Scorpius. “Não podemos fazer nada até contarmos a alguém o que ouvimos.” Disse Alvo.

    Os dois meninos saíram acompanhados por Alex que por algum motivo, tinha decidido que iria passar o dia com eles. Julia ainda não havia saído de seu dormitório e Alvo disse para esperarem por ela.

    -Estou com fome, por que você não a espera e eu e Scorpius vamos para o Grande Salão? –Disse Alex, com cara de inocente.

     -Não! –Gritou Alvo, e só depois percebeu a idiotice que tinha feito. –Quer dizer, Julia já deve estar saindo.

    Alex olhou para Alvo curioso, Al tentava fingir que nada estava errado, graças a Merlin Julia saiu de seu dormitório logo depois e dispersou um pouco a confusão.

   -Bom dia pessoal. –Disse a menina, que por sinal sabia fingir que nada estava acontecendo muito melhor que os dois. Julia deu um beijo em Alvo. –Vamos, estou com fome.

    -Eu também. –Os quatro passavam pela porta do Salão Comunal da Sonserina.

    -O que me lembra, por que esta aqui Alex? –Scorpius olhou para a garota com uma cara que dizia: “Por que você disse isso?”. Ela “respondeu” com um olhar: “Não te mete que eu sei o que estou fazendo!”

     -Fazia muito tempo que nós não andávamos juntos. –Respondeu o grego.

    -Não me convenceu... Mas tudo bem, eu sei que você estava é com saudades da Rosa, –Disse Julia ficando na ponta dos pés para poder falar no ouvido dele. Ele riu e não respondeu nada. –Fica tranqüilo não vou falar para o namorado dela. –Alex fechou a cara. Julia segurou-se para não rir.

    -Nossa, que mudança repentina de humor. –Disse Julia em voz alta, virando para esquerda no corredor.

   -Para onde vocês vão? –Perguntou Alex desconversando.

   -Vamos buscar a minha namorada. –Disse Scorpius enfatizando o ‘namorada’.

    -Ah! Desisto de vocês, depois a gente se encontra. –Alex continuou seu caminho para o Grande Salão.

    -Que cara idiota! Julia Souza, o que você estava fazendo agarrada nele?!

    -Eu não estava agarrada nele, Alvo Severo, estava apenas tentando fazê-lo ir embora.

    -Pelo menos deu certo, não é? –Disse Corp tentando impedir o que seria uma briga ridícula e chata.

    -É. –Falou Al baixinho.

    -Alvo! Não acredito que você esta com ciúmes de um idiota que quer matar o meu melhor amigo! Vocês garotos são muito complicados.

    -Eu não estou com ciúmes e as garotas que são complicadas! E você não pode sair gritando por ai que Alex quer matar o Scorpius!

    -Scorpius!!!

    Uma ruiva saiu da Corvinal, correu e se jogou em cima de Scorpius, ela estava com uma maquiagem exagerada, mas com olhos vermelhos que denunciavam o choro. Ela começou a beijar o loiro e chorar ao mesmo tempo, ainda bem que a maquiagem era mágica.

    -Eu disse, as garotas com certeza são complicadas. Não era para Rosa estar feliz por Corp. –Julia deu um tapa em Alvo.

   -Deixa de ser insensível! Não ta vendo que ela esta muito preocupada, passou a noite chorando! –Disse Julia baixinho.

    -Como você sabe?

    -Não vê os olhos delas? É obvio que estava chorando!

    -Ei! Vamos logo, estou morrendo de fome! –Disse Rosa

    -Estávamos só te esperando. –Falou Alvo e os quatro começaram a se dirigir ao Grande Salão. –Espera! –Alvo parou de andar, deixando os outros confusos. –Alex!

    -Merda! –Exclamou Scorpius.

    -O que? O que ele fez?

    -Calma Rosa, ele não fez nada, ainda. Mas resolveu que vai passar o dia com a gente. –Falou Julia. –O que faremos?

    -Deixa eu pensar... O que faremos... –Alvo começou a andar de um lado para o outro do corredor. - Ahnn... Corp, você tem alguma aula sozinho com o Alex?

    -Sozinho?

   -Sem um de nós quatro?

    -Acho que não... Não, com certeza, não tenho nenhuma uma aula sozinho. Mas amanhã nós cinco temos Astronomia, o que significa voltar para as masmorras à quase uma da manhã com o castelo deserto.

    -Será que ele... –Rosa não conseguiu terminar a frase, estava prestes a chorar. Julia explodiu.

    -Puta que pariu, Rosa! Você só sabe chorar garota? Tem certeza que você não ta de TPM? Nós precisamos dar um fim naquele desgraçado, não afogá-lo em lagrimas!

   Todos olharam para a garota assustados (literalmente todos, até as pessoas que estavam apenas passando), para não dizer nunca, raramente Julia explodia desse jeito, ainda mais com Rosa. “E depois eu é que sou o invencível!” Pensava Alvo.

   -Gente, estávamos tentando ser discretos lembram? –Disse Alvo. –Vamos continuar andando.

    Eles continuaram, e por mais alguns momentos nenhum dos quatro falou nada. Alvo não parava de pensar no que fazer. Rosa só pensava em quais terríveis mortes dolorosas um grego poderia querer para seu namorado. Julia, tentava lembrar de como fazer uma poção Veritaserum para acidentalmente colocar no suco de abobora de Alex,  “Não lembro como faz, mas não adianta, demora um ciclo lunar inteiro para ficar pronta!” Scorpius, o mais nervoso, tentava lembra de todos os feitiços que poderiam ser úteis em um duelo contra Alex.

    O grupo continuou andando em silêncio e acabou esquecendo de que teriam que montar mais um ‘plano’ de sobrevivência antes de chegar ao Grande Salão. Como disse eles se esqueceram e tiveram que se separar para tomar o café da manhã.

    Rosa foi para sua mesa e os outros para a Sonserina, todos tentando fingir que estava tudo na mais perfeita ordem, porém Julia era a única que conseguia, ainda sim esta cometia seus deslizes.

    Alex, como somente os três puderam perceber, estava estranho, diferente. Ele agia como se fosse melhor o amigo dos três, desde sempre. Al, Ju e Corp sentiam tanta vontade de fazer aquele idiota em pedacinhos, mas não podiam, não iriam descer até o nível dele.

    Terminaram o café e foram para a aula de Transfiguração junto com a Lufa-Lufa, na qual muito convenientemente Alex era bom. Já era a terceira aula que a professora estava ensinando aos alunos como transfigurar a si próprio, todos estavam adorando, era muito divertido ver os amigos com cabelos de cores e formas estranhas.

    A professora havia pedido que os alunos tentassem ficar o mais parecidos possível de seu parceiro na dupla. Alvo estava loiro quase-branco, mas seu olhos continuavam verdes profundos como os do pai, por trás dos óculos. Scorpius estava tentando concertar a bagunça que estava seu cabelo, agora marrom, mas quase no meio das costas. Julia depois de varias tentativas, conseguiu fazer com que seu cabelo ficasse de uma cor de loiro parecido com a da colega (já tinha passado por loiro marca-texto até loiro escuro, quase castanho).

     Depois de dispensados os quatro (contando o intrometido Alexander), foram juntos até suas respectivas aulas, Alvo e Julia para Adivinhação (que tinhas escolhido por ser ridiculamente fácil), Scorpius -e Rosa- para Estudo dos Trouxas, qual o loiro achava extremamente fascinante, e Alex para Aritimância.

     ***

     -Odeio aula de voo!

     -Fala sério Rosa, é a melhor aula que nós temos por aqui. É facil, divertida e não temos testes!

     -Eu gosto da terra, e dos testes Malfoy.

     -Só por que você não sabe voar Weasley. -A ruiva iria retrucar mas foi calada por um beijo de Scorpius.

     Os dois continuaram seguindo sozinhos para a aula de Estudo dos Trouxas, conversando e rindo, como se ninguém estivesse planejando matá-los.

    ***

     Alvo e Julia estavam se divertindo na aula de Adivinhação, a professora -totalmente pirada- tinha mandado que os alunos se sentassem em dupla e tentassem ver o futuro pela bola de cristal. Os dois fizeram o impossível; previram o futuro dos colegas, depois o da professora, imaginaram os filhos de Scorpius e Rosa, inventaram profecias e até inventaram que no futuro Alex seria transformado em elfo doméstico (ele seria o único a qual a F.A.L.E. não poderia ajudar) e depois seria mandado aos avós do Scorpius (esse sim era um destino cruel).

     A professora que escutou a última parte, disse:

      -Oh queridos! Isso sim é talento para a arte incerta e desconhecida da Adivinhação! Esplêndido! Dez pontos para a Sonserina!

     Quase que Ju e Al não se agüentam de rir.

     -Mas então Al, o que vamos fazer? –Perguntou a morena saindo da aula e indo para Historia da Magia junto com o namorado.

     -Olha, pra ser sincero, eu não faço a menor idéia. Deveríamos contar para alguém, mas lembra de quando falamos para  a McGonagall, ela achou que nós éramos malucos e que ninguém poderia estar contra um aluno de Hogwarts. Mesmo com aqueles ataques acontecendo.

     -Ok, desculpa. É que é você sempre que faz os planos e organiza tudo. Acho que só podemos esperar e ver o que acontece.

     -É... Por hora é isso, mas não podemos esquecer de amanhã. É obvio que Alex sabe que será uma hora perfeita para matar alguém!

     -Estou com medo Al, por Scorpius, e também por Rosa, e você!

     Alvo puxou a menina pela cintura e pressionou seu corpo contra o dela num abraço reconfortante.