A garota misteriosa de Sweet Amoris escrita por Samy Chan


Capítulo 11
Capítulo 11 – Depois de tudo...


Notas iniciais do capítulo

Oe pessoinhas me desculpem pela demora! ^^



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Sarah abriu os olhos, ouviu algumas batidas na porta de madeira de seu novo quarto. Limpou algumas lagrimas que escorriam de seus olhos, e abriu a porta devagarinho. Viu alguns fios de cabelos ruivos que batiam por conta do vento, e uma mãozinha que tentava alcançar meus olhos. Lá estava meu novo irmão... Ele sorria e logo me abraçou.

– Nee-chan, você não vai descer pra jantar? – Ele disse me soltando e sentando em minha cama, ele observava cada canto do quarto, e apontou para um quadro que estava em cima da televisão grudado na parede. – Sabe aquele quadro Nee-chan? Fui eu quem fiz.

– Sério? – Eu disse fechando a porta e sentando ao seu lado. – Você tem talento. – Eu disse mexendo em seus cabelos com minha mão, assim bagunçando um pouco. Seus olhos verdes direcionaram-se para meus pulsos... E ele piscou algumas vezes.

– Ei, Nee-chan... Como você se machucou? – Ele apontou para o curativo. – Eu nunca vi um curativo desse tamanho, e nunca vi alguém cobrir o braço inteiro...

Eu engoli em seco, não sabia em que resposta eu daria para um garotinho de sete anos. Ele não intenderia...

– Bem... – Eu comecei. – Eu não posso te mostrar agora, se não ira dar um problemão no meu braço! – Eu disse – Mas prometo que, assim que eu tirar eu te mostro.

– Sério Nee-chan? – Ele sorriu. – Bem, Nee-chan... Vou avisar pra mamãe que você não vai descer agora. Bem até mais. – Ele disse saindo e sorrindo. Então me deitei em minha cama, que era macia. Ela fechou os olhos, e respirou fundo.

[...]

– Mamãe!! – Eu vi Lara correndo e me abraçando, eu estava no mundo novamente. Ela sorriu com os olhos, era como o meu novo irmão sorria... Vi Bob lá atrás me mandando tchau com a mão e eu apenas sorri.

Maybel veio correndo me abraçar junto a Lara, mesmo sabendo que eu não era nada delas eu ficava bem ao seu lado. Logo vi Oliver e Alice lá no fundo junto com Bob... Meus olhos arregalaram-se. Eles estavam aqui, eles estavam sorrindo agora... Droga, não chora! Eu segurei as lagrimas enquanto eu me afastava das meninas. Eu corri com os olhos cheios de lagrimas, eu estava morrendo de saudades desses filhos da puta!

– Sarah-Chan! – Disse Alice correndo e me abraçando. Ela estava chorando também... – Sarah-Chan, que bom que você veio. – Ela me apertava mais e mais. Quando finalmente me soltou pegou em minhas mãos assim vendo os curativos, seus olhos ficaram baixos. – Sarah-Chan... Você esta bem?

Eu neguei com a cabeça, enquanto meus olhos enxiam-se de lagrimas, ela sorriu tentando me animar, e me abraçando novamente. Ela começou a passar mão bem devagarinho nas minhas costas.

– Vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem. – Ela disse, beijando minha bochecha. – Por que não vai dar um abraço no Oliver e no Bob? Eles ficaram com saudades da ultima vez que você veio.

Eu limpei minhas lagrimas concordando com a cabeça, fui na direção dos dois e pude ver uma coisa diferente nos olhos de Oliver. Seus globos oculares estavam lá, um lindo azul... Oliver não estava mais cego, ele enxergava perfeitamente agora.

Oliver e Bob sorriram assim que me viram, e Oliver abriu seus braços. Eu corri e o abracei, ele me apertou como Alice fez, quando finalmente me soltou dei um abraço em Bob, que fez a mesma coisa que Alice: Passou a mão devagarinho em minhas costas e dizendo que vai ficar tudo bem.

– Bem vinda ao mundo dos mortos Sarah-Chan! – Disse Alice e eu levantei uma de minhas sobrancelhas.

– “Mundo dos mortos”? – Perguntei e ela olhou para Bob com um pouco de desprezo.

– Você ainda não contou a ela, Bob? – Bob olhou para o chão e negou com a cabeça.

[...]

– Sarah? – Disse ouvindo batidas na porta de madeira.

– Sim? – Ela disse.

– Seu jantar esta na porta, estou no meu escritório se precisar de algo chame os empregados ou me chame. – Disse o homem, meu novo “pai” – Se você quiser saber, meu nome e Dave.

– Muito obrigada, Dave! – Eu disse ouvindo seus passos pesados ecoando no piso de madeira indo em direção ao primeiro andar. Fiquei arrumando minhas coisas, roupas, alguns livros que eu tinha, meus remédios e por sorte consegui pegar a lamina antes de vir. Assim que terminei olhei para ela, mas sabia que não podia mais... Não agora. Respirei fundo e fui em direção ao banheiro, e tomei um longo banho.

Assim que eu sai coloquei meu pijama e abri a porta, lá estava meio jantar. Não era um prato muito cheio, mas dava para encher a barriga. Assim que terminei coloquei o prato onde estava e fechei a porta. Peguei um dos meus mangas do Kuroshitsuji que estava perdido em minhas coisas, e que eu não lembrava de ter comprado. O manga já estava velho e gastado. Mas dava para ler.

Ela não estava muito concentrada naquilo, lembrou-se do mundo. O que Alice quis dizer com ”Mundo dos mortos”? Isso seria tecnicamente impossível... E o que Bob tinha pra me falar? Droga... Estou tão curiosa que mal consigo respirar.

“Fico feliz que eles estejam lá...” – Pensou consigo mesma sobre Alice e Oliver estarem lá no mundo... Olhou para seu pulso, ela queria tirar logo seus curativos... Mas teria que esperar mais um pouco. Respirou fundo e colocou seus fones, ignorando um pouco o mundo a sua volta. Ela fechou os olhos e acabou dormindo.

[...]

“Eu vivo minha vida na miséria

Eu sacrifiquei esse mundo para te abraçar

Sem fôlego restante dentro de mim

Vidros despedaçados continuam caindo.“

– Sarah-Neechan. – Ouvi uma voz doce e um pouco baixa sussurrando em meus ouvidos. – Vamos tomar café?

Eu abri meus olhos e vi Isabela, sorrindo e me abraçando. Seus cabelos curtos e ruivos bagunçados por causa de ter acabado de acordar.

– Bom dia, Nee-chan. – Disse sorrindo com os olhos que estavam com um pouquinho de remela, eu cocei meus olhos por alguns minutos e finalmente pude olhar para ela.

– Bom dia, Isa-san. – Eu disse sorrindo. – Dormiu bem?

– Sim! – Ela disse sorrindo e se levantando junto comigo. – E você Sarah-Neechan?

– Bem... – Eu parei um pouco, e sorri para ela. – Isa-san, você poderia me esperar lá embaixo? – Ela concordou com a cabeça sorrindo, enquanto eu fui para o banheiro. Me sentei no chão de costas para porta, e fiquei pensando um pouco... Como eu cheguei lá... Como eu sai do coma, e por que não me lembro de nada... Coloquei minhas mãos sobre meus joelhos e encostei minha cabeça. Lagrimas saíram sem que eu percebesse, eu já estava cansada de chorar...

Levantei-me e escovei meus dentes, penteei meus cabelos e desci para a cozinha.

– Ohayo Nee-Chan! – Disse Jack sentado comendo uma torrada com geleia.

– Bom dia Jack. – Eu disse sorrindo e me sentando a mesa.

– Bom dia, Sarah. – Disse Dave sorrindo.

– Bom dia, Dave. – Eu retribui o sorriso.

– Bom dia... – Disse Selina.

– Oi. – Eu disse a olhando com desprezo. – Onde esta a Isa-San? – Perguntei para Jack.

– Ela esta se arrumando pra ir à escola, nossa escola é enorme Nee-Chan! Ela é bem maior que você, o papai e a mamãe. – Ele disse tentando me fazer adivinhar, eu dei um risadinha.

– Não duvido nada. – Eu disse comendo apenas uma maçã e subindo novamente.

– Nee-Chan me espera! Vamos subir juntos! – Eu o esperei na porta, ele engoliu rapidamente a sua torrada e pegou em minha mão. – Nee-Chan... Ainda bem que você é legal! – Ele sorriu com os olhos.

Subimos juntos e fomos para o nosso quarto.

[...]

– Vamos crianças! – Disse Dave na porta, descemos correndo eu segurando nas mãos de Jack e de Isabela. Entramos no carro, e ficamos em silencio um pouco. Ate chegarmos à escola de Jack e Isabela, e depois no escritório de Dave. E então eu fiquei sozinha com Selina, segurando o meu ódio por ela. Nosso silencio e troca de olhares faziam meu extinto querer mata-la. Eu não sabia aonde eu tirei tanto ódio...

Ela parou em frente à escola, finalmente! Já não aguentava ver seus olhos rubros como sangue. Sai do carro apressadamente, saberia que ela iria me buscar no final da aula, mas tudo bem, eu não me importo com ela.

Fui pro meu armário coloquei minha bolsa e peguei meus livros. Fui direto para minha sala, as primeiras aulas seriam... De música! Droga passou tanta coisa que nem tive tempo de estudar, Sarah você é uma merda disfarçada de gente.

Olhei para a janela, ignorando o olhar do professor. Eu iria me lembrar de Alice me dizendo que achava o professor bonito, e depois daquilo ela morreu. Limpei apressadamente minhas lagrimas e respirei fundo. Por um minuto percebi que estava sozinha com ele, seus passos ecoavam pela sala em direção à lousa. Apagando a lição que estava lá, colocou alguns instrumentos nas mesas antes do sinal tocar.

Eram duas aulas, as aulas de musica não seriam mais engraçadas sem Alice. De repente comeu a chover, o céu ficou um pouco mais escuro. A quadra que antes seca estava molhada, parecia que se você pisar nela iria cair. Mas pude ver bem de longe um corpo de alguém, não sei se era um homem ou uma mulher, mas afinal... Estava morto?

Logo pude ver dois homens correndo em direção à porta, eles vestiam uniforme de policiais, estavam com capas de chuvas e suas botas estavam melecadas de lama. Olhei para o instrumento que estava na minha mesa, uma flauta... Será que eu conseguia tocar?

Algumas batidas na porta amarela desconcentraram alguns dos alunos, aqueles policiais que estavam na porta não tinham boas noticias para o professor Faraize.

– Eu sinto muito... – Disse um dos policias com a mão no ombro do professor. Ele fingiu não ligar para isso, sua filha tinha acabado de morrer. Seu coração parou, como um simples truque de magica. – Iremos recolher o corpo antes da aula acabar, se o senhor...

– Não. – Disse o professor interrompendo o policial. – Eu gostaria de vê-la primeiro. – O policial concordou com a cabeça fechando a porta atrás de si.

[...]

Há vinte minutos estou esperando Selina. Selina sabia que minhas aulas acabavam as cinco e meia e há vinte minutos ela não apareceu. Tentei ligar para seu celular, mas estava fora de área. Tentei ligar para Dave, mas nada...

“Talvez eles esqueceram?” – Pensou Sarah consigo mesma, ainda dentro da escola. A chuva caia apressadamente como o vento que estava muito forte. Sentou-se no banco do pátio e esperou olhando para a entrada assim, assim vendo a chuva passar.

Várias pessoas iam em direção aos quarto e Sarah pode ver o corredor de seu quarto. Sorriu quando se lembrou da primeira vez que voltou a se cortar, mas tudo bem. Ela esta um pouco melhor agora.

Já eram seis e dez. Nada de Selina chegar ou Dave. Eles estavam atrasados e isso deixava Sarah irritada! Colocou a touca de seu moletom branco e saiu em direção ao cemitério. Respirou fundo quando viu algumas estatuas de anjos dormindo e em cima deles estava escrito o nome do cemitério: “Cemitério principal de Géa Kul”. Entrou lá e subindo uma pequena rampa cheia de lapides, pobres pessoas...

Crianças, idosos, jovens, adultos... Todos morreram por uma morte trágica ou não, da menos dolorida ou da mais dolorida. Todos morreram, sem escolher. Será que só eu estou querendo morrer? Tentando encontrar a morte em algum lugar...

As ultimas duas lapides do cemitério, ao lado de algumas covas sem lapides ou se quer um corpo. La estavam seus nomes e algumas flores. A terra molhada por conta da chuva que agora estava um pouco fraca manchava meu tênis.

– Olá Alice-Chan, olá Oliver-Chan. – Eu disse passando a mão em suas lapides. – Como esta ai em baixo? – Eu perguntei esperando uma resposta, mas sabia que não iriam me responder. – Eu quero muito saber o que vocês me escondem... Alice-Chan o que você quis dizer com “Bem-Vinda ao mundo os mortos”? Quer dizer que vou morrer em breve? – Eu perguntei novamente esperando uma resposta. Pude ouvir alguns trovoes vindo de longe.

– Sarah-Chan, o que esta fazendo ai? Você deveria ter ficado na escola, não aqui. – Olhei para trás e vi Selina com sua mão na cintura. – Venha, vamos buscar o pessoal. E você deve estar morrendo de frio não é mesmo? – Perguntou enquanto me acolhia em seu braço. Fomos em direção ao carro e pude me aquecer. Encostei minha cabeça na janela vendo a rua toda molhada. – Acho que começamos com o pé esquerdo, não acha? – Disse Selina colocando o sinto. – Sei que mal nos conhecemos, e eu fiz isso... Me perdoe Sarah. – Eu fiquei em silencio por um tempo. – Sei que você deve estar com saudades dos seus amigos, e que tirei essa liberdade de você... Mas eu prometo Sarah-Chan... Que vou dar o melhor de mim!

– Esta tudo bem, Selina. – Eu disse coçando meus olhos. – Esta tudo bem... – Paramos em uma escolinha infantil e logo vi duas crianças saindo de lá sorridente. Isabela e Jack, eles entraram no carro e me abraçaram.

– Oi Nee-Chan. – Disse os dois juntos, e riram com a coincidência.

– Olá. – Eu disse sorrindo.

Quando finalmente chegamos em casa fui direto pro meu quarto, tranquei a porta e fui tomar banho, e fiquei por um tempo na banheira.

– Eu vou morrer em breve, certo? – Perguntei para mim mesma, relaxando um pouco...


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Gostaram? Comentem! ^-^



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